Capítulo 16
1102palavras
2023-02-14 10:31
Gustavo saiu do escritório de Bianca direto para o RH e formalizou seu pedido de demissão. Assim que saiu, Bianca recebeu uma ligação do chefe do RH informando o ocorrido. Bianca o orientou para aceitar o pedido e informar Gustavo de que ela liberou ele para procurar outro emprego. Que ele poderia cumprir o aviso em casa.
Depois, ela ligou para Justin:
- Pode dar início a segunda fase. Até aqui tudo correu conforme o plano.

- Que rápido!
- Deixe ele assinar a demissão e depois jogue na mídia todo o ocorrido. Não sei porque ele pensa que vai sair daqui, de debaixo dos meus olhos. Ele não vai a lugar nenhum!
Gustavo assinou o pedido de demissão e foi pra casa. Decidiu que iria descansar naquele dia e no outro dia bem cedo dirigiria para Minas. Passaria alguns dias com Aisha.
Mas no dia seguinte, acordou com um monte de repórteres na sua porta. Antes que conseguisse entender, seu telefone tocou. Era Fabrício.
- Que droga, Gustavo. Você não cansa de se meter em confusão?
- Não fiz nada!

- Abra a internet.
Gustavo desligou o telefone e ligou seu notebook. As redes sociais estavam cheias de sensacionalismos. Uma machete chamava a atenção: O QUE O CONTADOR METIDO A DON JUAN PRETENDE FAZER AGORA?
Gustavo leu a matéria que contava que ele seduziu a princesinha da cidade, fingindo um noivado que durou quatro anos e que lhe rendeu a posição de vice presidente dos escritórios mais famosos de advocacia de São Paulo e citava clientes muito importantes. Dizia que às portas do casamento, Bianca Duprat descobriu que ele estava prestes a se tornar bigamo, que a arrogância do Zé Ninguém o fez acreditar que como o pai dela estava com um câncer terminal, ela não se atreveria a deixá-lo quando descobriu que ele vivia uma união estável de quase 15 anos em uma cidade do interior de Minas Gerais. Citava o fato de a doce princesinha do direito ter viajado para acompanhar o tratamento do pai no exterior, onde o enterrou e a mãe permaneceu. E que agora que ela voltou, forte e poderosa, ele decidiu se demitir.
Várias outras manchetes diziam que ele ia voltar para os braços da mulher interesseira que aceitou a bigamia pelo conforto que o dinheiro que ele estava ganhando lhe proporcionava. Outras diziam que ele juntou o dinheiro para voltar para a cidade e abrir uma casa de prostituição semelhante a que ele trabalhava antes de arquitetar o plano de se aproximar de Bianca.

Gustavo lia todas aquelas notícias horrorizado quando seu telefone tocou novamente e ele atendeu sem tirar os olhos da tela
- O que é, Fabrício?
- Não é o Fabrício, é o Justin. Podemos conversar?
- Não é uma boa hora, Justin...
- Por causa do sensacionalismo? Bianca está uma fera. Me deixe te ajudar a apagar o incêndio. Estou na porta de sua casa.
- Estou indo.
Gustavo deu uma olhada pela sala, checando se estava tudo no lugar. Não costumava ser bagunceiro. Uma vida sob o comando do coronel lhe ensinou a não deixar nada fora do lugar. Mesmo assim, não estava confortável com um americano bem nascido, bem criado e estudado na simplicidade da sua casa.
Quando abriu o portão, encontrou um Justin de roupas esporte, tênis sei lá quantas molas no pé, cabelos úmidos e óculos escuros. Encostado numa BMW X5 vinho que era o sonho de consumo de todo homem. De repente, Gustavo se sentiu humilhado só de estar perto de Justin. Percebeu que era só ele, os repórteres tinham sumido. Abriu o portão e notou que ele o observava atentamente, assim como ao seu HB20 na garagem e a toda a sala da casa quando entrou. Pensou que ninguém ensinou regras de boa educação ao americano.
Justin tinha dirigido até a casa de Gustavo se lembrando de qual era seu papel. Tinha pena dele! Bianca tinha um ar de inocência que dava vontade de proteger e cuidar dela. Quando soube de toda a história e o que teria que fazer, não entendeu como um homem pôde ser tão descuidado e conseguido se meter numa encrenca desse tamanho.
Se lembrou de ter conhecido numa situação embaraçosa em que ela o salvou. Contratou seus serviços por um valor absurdo mais salário. Justin ate pensou que seria algo muito errado, mas quando ela começou a explicar, achou que o alvo estaria ferrado.
Justin era esperto, safo. Vivia de dar golpes nas pessoas mais desavisadas. Seu diferencial é que ele era extremamente meticuloso com seus golpes . Estudava cada coisa que ia fazer e usava sua beleza e seu corpo para conseguir o que queria. Não contava que Bianca descobriria e armaria pra ele trabalhar pra ela. Depois que transou com ela a primeira vez, e deixando claro que não fazia parte do pacote de serviços prestados, perguntou como ela o descobriu. Ela apenas respondeu que o jeitinho brasileiro era o melhor...
Eles ficaram 4 meses elaborando tudo, se tornaram muito amigos e transavam de vez em quando. Nada sério e nenhum dos dois tinha ilusões de que se tornaria algo sério. Era um bônus para o trabalho.
Naquela manhã, depois que tudo tinha sido lançado, Bianca estava eufórica. Foi a melhor performance dela desde que eles tinham intimidade. Justin pensava que nem ela acreditava que estava acontecendo e que estava indo tão bem.
Durante aqueles meses de planejamento, ele tinha total confiança no plano dela. Ela não tinha ódio para a vingança, mas mágoa. E é o pior sentimento que alguém pode nutrir. Um combustível altamente inflamável para a vingança. Mas ela tinha alguma outra coisa que nem ele sabia o que era.
Se lembra que a primeira vez que viu a vulva dela, com o nome dele, congelou. Não acreditou que uma mulher fosse capaz de fazer aquilo, colocar a própria intimidade no nome de um cara. Mas ela disse que era pra se lembrar que estava fodendo o Gustavo, e a partir daí até virou uma brincadeira entre eles, do tipo "vamos foder o Gustavo hoje?".
Quando Gustavo o atendeu no portão da casa dele, Justin o achou abatido, mas ele nem imaginava tudo o que estava por vir.
Quando entrou na garagem, viu o carro que ele dirigia e a simplicidade do lugar, ficou abismado em como um homem podia ter dado um puta golpe numa mulher tão rica e não tirado nenhum proveito financeiro e nem sexual, já que Bianca disse que eles só tiveram uma relação sexual.
Pobre Gustavo, uma trepadinha, 4 anos posando de bom moço e uma vida de desgraças...