Capítulo 11
1214palavras
2023-02-12 04:04
- Alguns meses antes, minha irmã Cláudia levantou a bandeira de que estávamos vivendo em pecado e deveríamos nos casar. Ela passou a me atormentar com isso. Antes da Mariane fugir, tivemos uma conversa muito séria. Falei pra ela que nós nem namoramos, não tínhamos intimidade, ela nem conhecia minha família e nem eu a dela. Apenas demos bobeira, ficamos grávidos e vivíamos juntos. Que eu não ia me casar com ela e achava melhor a gente nem morar mais juntos, porque eu não tinha sentimentos pra ter um casamento.
Aí a Mariane fugiu, tivemos tantos problemas até o assassinato, minha mãe veio ficar com a gente pra cuidar da Aisha enquanto ela estava enlutada. Mas a vida não voltava ao normal, ela não melhorava e não via na nossa filha uma motivação, eu precisava voltar pra casa muitas vezes do serviço porque ela endoidava e dizia que ia matar quem tirou a filhinha dela. Minha mãe não conseguia conter ela e cuidar da Aisha, então eu tinha que pedir saída. Um dia minha mãe ligou desesperada, porque ela tinha saído com uma faca de cozinha. A depressão dela estava ficando perigosa, então tive que me demitir e voltar pra Minas com ela. Não melhorou muito, pelo menos ela não estava se colocando em perigo querendo desafiar bandido. Aos poucos ela foi melhorando, meus irmãos filhos do meu pai biológico ajudavam a gente, eu fazia alguns bicos, mas passavamos necessidade. Então eu sugeri voltarmos e ela disse que não viria morar aqui nunca mais. Achei que estávamos colocando um fim naquela relação, mas ela disse que eu poderia vir pra trabalhar e mandar o dinheiro.
Fizemos assim por uns 4 meses, até eu conseguir me levantar e ir ver minha filha uma vez por mês. Meu pai até quis ajudar, mas minha irmã Tamiris não permitia. Ela dizia que eu adotado não tinha direito a nada que os pais dela tinham. Ela me odiava porque fiz a besteira de perguntar se o pai mexia com ela. Fez um escândalo, disse que eu estava acusando o paizinho dela, que era tão bom. Naomi casou cedo também para fugir, mas até hoje tem problemas psicológicos por tudo o que passamos. Eu perdoei meu pai, mas acho melhor esse distanciamento que a Tamires colocou e Pedro não se mete. Em seis meses que estava aqui, com toda a dificuldade, senti ela melhorando, então falei novamente sobre a separação. Ela surtou, chorou, disse que eu associava o corpo da filha dela a ela. Voltou a depressão. Então eu vinha trabalhar, comecei a sair com outras mulheres por aqui e deixava ela pensando que estava tudo bem. Em um ano não a toquei, mas quando ela descobriu de uma moça que estava saindo, surtou de novo. Virou um círculo vicioso e foram 5 anos assim. Toda vez que eu ameaçava de que não éramos um casal, ela surtava. Todas as moças com quem saí nesse tempo, avisei da situação. Avisei que ela surtava, chingava a mulher, fazia escândalo nas empresas que elas trabalhassem. Até eu conhecer você.
Minha família odeia ela. Minha mãe e meus irmãos acham que ela me manipula e não me deixa ser feliz. A Cláudia tentou falar com ela, pra ela ir viver a vida dela e me deixar viver a minha por causa do pecado. Ela simplesmente disse pra minha irmã que ela ia ser a vencedora, eles não vão ficar comigo e eu vou voltar pra Minas ficar com ela. Que mesmo passando fome, nós vamos ficar juntos até o fim.
Eu não tive coragem de te contar, achei que não seria nada entre nós. Mas de repente eu estava te amando, envolvido com sua família, posição de comando na sua empresa e não conseguia mais voltar atrás. Depois de dois anos que estávamos juntos, fui firme colocar um fim na situação.
Disse pra ela que se surtasse, eu ia internar ela, pois já tinha se passado 8 anos e se ela ainda estava louca, deveria ser internada.
Ela não surtou, mas a chantagem mudou. Ela me disse que o pai dela ofereceu de ela ir estudar fora do país pra esquecer o que aconteceu e ela iria embora com minha filha. Eu tive tanto ódio dela, que peguei todas as minhas coisas da casa dela, enfiei no porta malas e vim embora. Achei que ela estava blefando, mas dois dias depois chegou uma declaração pra eu assinar autorizando Aisha a sair do país. Procurei um advogado pra tirar a guarda da minha filha. Mas...
- Foi orientado de que é um pai ausente, que só a visita uma vez por mês, e a perca psicológica da mãe em perder outra filha seria muito desfavorável a você. Nenhum juiz te daria sua filha, mesmo você tendo mais condições financeiras que ela.
- Como você sabe disso?
- Sou advogada, lembra? Só pego causas com no mínimo 70% de chances de ganhar. E essa é uma causa perdida. Ela deve ter se consultado com um advogado e sido instruída. Pode ser depressiva mas não é burra. E sim, sua família tem razão. Ela te manipula.
- Pior que depois dessa, eu tive que ser o marido dela de verdade. Não vou mentir que não a toquei mais, porque ela passou a ser exigente. Ela sabia que eu não ia deixar ela levar minha filha pra mais longe de mim ainda, e consegue tudo o que quer de mim. A cerca de uns 6 meses, com o nosso noivado chegando, comecei a trabalhar na mente dela que não queria mais. E então ela desconfiou que era outra mulher e mais séria. Procurei um dos seus parceiros pra me consultar e ele me disse que o ideal era segurar por mais um ano e trabalhar na mente da minha filha.
- Quando Aisha tiver 12, pode escolher com quem quer ficar...
- Sim, mas não é isso. Por mais que Sirlene seja louca, eu não consigo fazer essa maldade com ela. Aisha é a razão da vida dela e tudo o que ela tem. Ela ainda lava banheiro dos outros, não tem ambição na vida, não quer sair daquela cidadezinha pequena, estudar no exterior é só uma ameaça pra me tirar minha filha ou me manter no cabresto. Preciso garantir o amor da minha filha sem ela perder a mãe. Seria uma maldade sem tamanho. Eu só preciso convencer minha filha de que eu sou o pai dela independente de ser marido da mãe dela. E quando ela tiver 12, pode viajar sem a supervisão da mãe...
- Entendi. E onde eu entro nisso?
- Um ano, Bianca. Estou te pedindo um ano pra convencer minha filha e ela poder vir me visitar sem eu precisar ir lá.
- Se eu te der esse um ano, você vai continuar viajando pra Minas como marido da Sirlene e fodendo com ela esses 3 dias?
- Não. Vou conversar com ela. Ela já sabe de você. Não vai tentar te destruir. Só preciso conversar com a Aisha de não aceitar ir embora.
- Acho que se eu falar com ela é mais efetivo.
- Ela nem te conhece
- Mas é uma mocinha. Mulheres se entendem. Você continua cuidando do escritório. Vou amanhã pra Minas conversar com ela.