Capítulo 47
1229palavras
2023-02-05 08:43
Jaesun levou Lucy até o jardim que ficava na frente da escola. A garota buscou pelo colo dele, encolhendo-se lá e chorando mais.
Ryeon soltou-se dos braços de Mark que ainda o segurava com medo de que voltasse e continuasse a bater em Sungwon e enfim respirou fundo, passando as mãos por seu rosto e cabelo, parecendo completamente puto.
Ryeon olhou Lucy chorando alto no peito de Jaesun e ouviu o barulho dos amigos de Sungwon carregando-o até um carro que não estava tão longe de onde estavam.

Ryeon fitou outra vez o garoto e caminhou a passos pesados em direção, queria bater mais, bater até que o garoto sumisse e que a dor que ele causou a Lucy também sumisse, mas Mark parou a sua frente, impedindo-o de ir e Noah ajudou-o a barrar.
ㅡ Deixe-o, cuidaremos dela agora. É quem de fato importa. ㅡ Mark disse.
Ryeon respirou fundo por várias vezes, acalmando-se outra vez e assentiu para o amigo.
Kuan olhou Ryeon, depois Lucy e por fim Sungwon com o sangue em seu rosto e roupas adentrando aquele carro.
ㅡ Espera... você bateu nele? ㅡ perguntou para Ryeon, Daniel ao lado assustou-se quando também olhou para Sungwon. ㅡ Por que não me chamou?
ㅡ Kuan! ㅡ Noah brigou e o garoto bufou.

Jaesun sentiu quando Lucy enfim se afastou um pouco de si e tentou respirar, mas o ar parecia pouco para o quanto seus pulmões de fato precisavam.
ㅡ Respire com calma. ㅡ Jaesun pediu olhando-a nos olhos. Suas mãos afagaram as bochechas dela enquanto ele tentava mostrar como Lucy deveria respirar.
A garota tinha sua atenção sobre ele, tentava respirar com calma e conseguiu depois de alguns minutos tentando.
ㅡ Vamos embora. ㅡ Jerry falou. ㅡ Podemos levá-la para a casa, ela está abalada demais.

ㅡ Não! ㅡ Lucy pediu logo. ㅡ m-meu pai não p-pode me ver assim, ele v-vai atrás d-do…
ㅡ Tudo bem, tudo bem. ㅡ Jaesun interrompeu-a quando percebeu o modo afoito em como ela falava. Os soluços atrapalhavam as frases, isso lhe partia o coração.
Jaesun tentava apenas acalmar sua amiga, era a metade da sua alma sofrendo ali, mas guardava para si aquela dor também e tinha certeza que um dia deixaria-a marcada na cara de Sungwon.
ㅡ Vamos para a casa do Daniel. ㅡ Jaesun falou e todos ao redor assentiram. Noah, Kuan e Mark retiraram seus celulares do bolso para pedir o carro por aplicativo, já que apenas um não levaria todos.
Jaesun enxugou as lágrimas constantes que voltavam a descer sobre o rosto bonito e triste de sua amiga e enfim olhou para Ryeon. O garoto tinha os olhos sobre eles, mas especificamente sobre Lucy.
Jaesun ficava feliz por entender que o impulso de Ryeon foi apenas para proteger Lucy, mas temeu que aquilo tivesse machucado-os tanto que o medo agora fosse maior que qualquer outro sentimento existente.
Os carros chegaram com pouca diferença de tempo. Esperaram até que todos - principalmente Lucy, estivesse devidamente dentro de um dos automóveis e enfim seguiram para a casa de Daniel.
Lá tudo estava quieto, Juntaram-se outra vez no terraço. Jaesun estava sentado num canto, sobre lençóis e almofadas e tinha o corpo de Lucy entre suas pernas. Ele acariciava os cabelos cumpridos e deixava pequenos beijos para calma-lá ainda mais, enquanto Kimi tocava a mão de Lucy numa carícia tão casta quanto a de Jaesun.
Estavam notoriamente preocupados, ainda mais por todo o silêncio. A noite que parecia ser a mais bela para todos, principalmente para a garota, parecia ter se tornado um pesadelo.
Passava das quatro da manhã e a maioria já dormia ao redor. Jaesun estava sonolento, mas ainda segurava Lucy consigo. Os olhos escuros da garota fitavam o céu que ainda se mantinha escuro e sua cabeça, agora vazia de pensamentos, doía com força.
Ryeon enfim resolveu aproximar-se, continuava completamente preocupado com ela, e queria ver de perto que ela estava bem, completamente bem.
Bom, não completamente, já que seu psicológico havia sido bruscamente abalado por um sem noção, mas ele queria tocá-la, queria dizer que estava tudo bem agora e queria poder protegê-la mais.
Ele sentia-se culpado por não ter entrado antes naquele banheiro, talvez sua garota não estivesse tão atordoada agora. Talvez aquele filho da puta não tivesse tocado-a e insinuado coisas absurdas. Talvez tudo fosse diferente.
Mas Ryeon apenas parou ao lado dela, encolhendo seus joelhos e olhando-a.
Jaesun olhou-o e sorriu para ele. Lucy respirava com calma agora, e a garota reparou a aproximação de Ryeon ali.
Ela não o olhou, estava completamente envergonhada, mas tinha seus dedos pairando no ar e devagar buscou levá-los até Ryeon, pousando-os sobre o joelho do garoto.
Ryeon respirou fundo com o simples toque e olhou-a com seu peito machucado. Ele nem sequer havia levado um soco, apenas suas mãos ainda estavam vermelhas e com um pouco de sangue, mas não era seu, então não doía tanto.
Vagarosamente ele se aproximou mais, e sem que falassem algo, Lucy ergue-se fraca e arrastou-se até que pousou sobre o peito dele.
Jaesun olhou-a ainda por minutos afins, mas foi até o namorado que dormia quieto e abraçou-o de frente, sentindo Mark apertar-lhe na cintura e trazê-lo para mais perto, apenas para se acomodar melhor.
Ryeon relutou, mas tocou Lucy devagar. Tinha agora um medo em si de fazer qualquer que fosse o movimento de machucá-la ou assustá-la, mas quando pousou os braços ao redor dela, tudo o que Lucy fez foi encolher-se mais ali e ajeitar-se nos braços dele.
A garota sempre se sentiu segura com Ryeon, foi assim desde criança. Era melhores amigos desde sempre pelo simples fato de sempre estarem em sintonia e se entenderem, e não foi diferente ali, mesmo com os abalos e as feridas agora abertas em Lucy, ela sentiu-se protegida por ele.
Ryeon ficou quieto com a garota entre seus braços e sentiu quando a quietude dela informou que enfim havia dormido. Isso deixava Ryeon aliviado, ao menos a mente dela podia descansar um pouco junto com o corpo. E quando apenas ele estava acordado ali, ele permitiu que lágrimas deixassem seus olhos e lavassem a dor que ele também sentia.
Ryeon sentia-se enraivecido ainda, mas ele sentia ainda mais por saber que talvez Sungwon não fosse o primeiro a tentar tal coisa com ela.
Além do preconceito que Lucy talvez fosse passar por anos de sua vida, ela ainda passaria pela perversidade do ser humano e teriam vários que tentariam se aproveitar de seu corpo como se fosse um simples pedaço de carne. Um pedaço de carne sem voz, sentimento ou vontades.
Ryeon sentiu-se enjoado com o pensamento sobre pessoas daquele tipo.
Mas ele protegeria sua garota. Protegeria quantas garotas pudessem cometer aquele erro. Ainda tinha mãe, tinha amigas e tinha conhecidas. E até mesmo as desconhecidas, ou pessoas do mesmo sexo que si, homens e mulheres, Ryeon tinha certeza que se pudesse, protegeria todos que passassem pelo mesmo.
O garoto enfim descansou, cedendo ao sono e abraçou Lucy quando o fez.
Os diversos jovens espalhados naquele terraço tinham um único intuito na noite: diversão. Tudo acabou de modo contrário, mas ainda permaneceram juntos, o que, no fim, era o mais importante no grupo.
Apoiavam-se mesmo nas horas ruins, e o acontecido anterior serviu apenas para provar isso. Eram vários por um e um por vários. Eram verdadeiros amigos.