Capítulo 46
2094palavras
2023-02-05 08:43
Ryeon caminhou com ela em direção ao corredor dos banheiros, mas no fim havia uma porta extra, então o Park passou por lá e levou Lucy consigo, passando por um corredor ainda menor e enfim saindo dentro da escola.
Lucy ofegou por nem sequer saber da existência daquela passagem, mas Ryeon arrastou-a mais, indo até o elevador e chamando-o, levando-os para o último andar, a biblioteca.
ㅡ Oppa, você não está pensando em...

ㅡ O quê? Te beijar aqui? Seria bom, não é? ㅡ ele olhou para Lucy rindo. ㅡ Mas não, eu quero te mostrar um lugar. Talvez eu te beije lá.
Lucy negou, mas viu Ryeon caminhar até o fundo da biblioteca, passando outra vez por uma porta e subindo uma pequena escada no fim. Lucy sentiu o vento frio assim que ele abriu uma última porta e o céu escuro lhe agraciou.
Outra vez a garota ofegou surpresa, encolheu-se quando passou por Ryeon e reparou o Lugar.
ㅡ Como... Como você descobriu esse lugar? ㅡ Lucy perguntou absorta com tudo.
ㅡ Todas as escolas têm um terraço, eu apenas demorei um pouco para descobrir como chegava até aqui.
ㅡ É incrível. ㅡ Lucy comentou olhando a cidade.

Ao fundo dava para ver a grandeza do mar. Estava escuro, apenas era iluminado por os poucos postes de luz que havia no início e um imenso farol que Lucy sabia ficar muito longe da costa.
Não havia tantos prédios, não era como uma grande capital, mas ainda assim era uma cidade bonita para ver-se à noite. Ryeon aproximou-se e segurou-a por trás, tocando-a sobre a cintura e enquanto Lucy envolvia seus braços em torno das mãos dele.
ㅡ Não estamos a um palmo de distância. ㅡ ela riu.
Ryeon repousou sobre o ombro dela e deixou-lhe um selar bem abaixo de seu lóbulo.

ㅡ Você me permite quebrar essa regra?
Lucy riu outra vez, mas assentiu. Os jovens puseram-se em silêncio, apenas apreciando a noite e ouvindo o som baixo da festa que, mesmo longe, ainda era bastante notório. Tocava My Oasis de Sam Smith e Burna Boy.
Lucy virou-se e parou de frente ao corpo de Ryeon. As mãos do garoto ainda estavam em seu corpo, já as suas foram parar sobre seus ombros, tocando os fios alaranjados em uma sutil carícia.
Sorriram juntos antes de aproximarem as bocas. Os corações estavam quietos, não aceleravam como antes, mas as borboletas que aquele toque fazia aparecem em ambos os estômagos estavam em sintonia.
Ryeon arrastou mais suas mãos, amarrando-a mais em si e Lucy abraçou-lhe mais, envolvendo-se.
O beijo era lento, cheio de coisas que eles não sabiam decifrar, mas tão bom que poderiam passar minutos daquela forma.
Lucy sorriu quando se afastaram pela ausência de oxigênio e ainda perto demais, encarou os olhos de Ryeon. A garota encontrou-se ali mais uma das tantas vezes. Sua cintura balançou devagar enquanto a música ainda adentrava seus ouvidos e a fez sorrir mais quando os olhos de Ryeon desceram e pararam sobre.
"My Oasis. There's nothing I can do when it comes to you".
"Meu oásis. Não há nada que eu possa fazer quando se trata de você".
E de fato, não havia. Ryeon riu baixo, mas não era um riso divertido, ele apenas gostava de senti-la daquele jeito e acompanhou seu corpo. Dançavam então juntos naquele terraço.
Beijaram-se outra vez, perdendo-se mais e intensificando os sentimentos.
ㅡ Eu gosto de você. ㅡ Ryeon sussurrou tocando a ponta de seu nariz ao dela.
Não era necessário falar, Lucy já sabia daquilo. Mas Park queria, ele queria falar. Tinha necessidade de falar. Talvez fosse pelo simples fato de que aquela não ser a frase correta para descrever o que seu peito exalava pela garota, mas era o modo em como ele conseguia se expressar.
ㅡ Eu também gosto de você, bobinho.
Park riu, avançou sobre os lábios da outra e riram juntos. Foram tantos minutos perdidos ali que eles eram incapazes de contar, mas passava da meia-noite quando Lucy pediu para que voltassem e assim não preocupar ninguém, já que Jaesun havia lhe mandado cerca de três mensagens perguntando onde ela estava e se já havia ido embora.
Voltaram pela biblioteca e passaram pelo corredor dos banheiros. Lucy parou ali, e fez Ryeon parar também. Sentiu sua bexiga apertar e suplicar para que ela entrasse, mas o impasse entre as placas que indicavam "feminino" e "masculino" deixou-a atordoada.
Não queria entrar no banheiro masculino, mas ainda não podia entrar no feminino, era um garoto para aquela instituição ainda. Infelizmente.
ㅡ Pode ir, eu vigio para você. ㅡ Ryeon avisou.
Lucy suspirou e pensou se não aguentaria até que chegassem a casa de Daniel, mas provavelmente ainda teriam mais uma hora ali na festa até que fossem para lá, então provavelmente sua bexiga não aguentaria tanto.
ㅡ Eu não devia ter bebido tanto refrigerante. ㅡ praguejou-se.
ㅡ Eu juro que não deixo ninguém entrar. ㅡ Ryeon garantiu.
Lucy por fim sorriu, assentindo e mesmo contra sua vontade, ela adentrou o banheiro masculino.
Olhou o lugar parcialmente escuro com certa implicância, nunca havia entrado ali enquanto estudava, sempre evitava e segurava suas vontades até estar em casa. Mas desta vez não dava para segurar vontade alguma, então viu a última porta aberta e foi até lá.
O processo até conseguir retirar parcialmente sua meia e sua roupa íntima foi demorado, erguer aquele vestido também. Mas Lucy conseguiu aliviar-se e então tratou de vestir-se outra vez ainda na cabine.
Saiu e caminhou até as diversas pias a sua frente. A garota abaixou-se minimamente para lavar as mãos e até mesmo olhou-se no espelho, mas ela não contava com a segunda porta do banheiro abrindo-se e Sungwon saindo de lá.
O garoto assustou-se de início, não sabia que tinha companhia no ambiente, mas quando viu Lucy ali, vestida daquele modo no banheiro masculino, ah... o garoto sorriu.
Sungwon foi também até as pias, lavou suas mãos com calma e Lucy viu a oportunidade para ir para longe.
Caminhou rapidamente até a porta de saída, mas Sungwon pôs-se a sua frente, olhando-a na mesma altura e sorrindo ainda mais.
ㅡ Você tem medo de mim? ㅡ ele perguntou.
Lucy deu dois passos para trás, olhando-o e negando.
ㅡ Apenas quero sair.
ㅡ Você viu que esse é o banheiro masculino, certo?
A garota respirou fundo e odiou-se por estar ali. Mas seu medo de levar uma advertência ou ser denunciada pelas outras garotas que provavelmente estavam em grupos no outro banheiro, fez-lhe optar pelo que parecia a opção mais correta para a escola.
Apenas para a escola.
Lucy tentou passar outra vez e Sungwon pôs-se à sua frente outra vez. A garota olhou-o nos olhos e travou o maxilar.
ㅡ Se não me deixar passar eu vou-
ㅡ Vai o quê? ㅡ o garoto se aproximou. ㅡ gritar? Pensa que alguém vai mesmo te ouvir com o som tão alto?
ㅡ Me deixe ir.
Sungwon aproximou-se e segurou Lucy pelo punho. Havia uma porta aberta bem atrás da garota e seus pensamentos foram os piores.
ㅡ Você é um viadinho perturbado? ㅡ Sungwon perguntou baixo, Lucy engoliu em seco e sentiu-se petrificada. ㅡ Gosta de se vestir de mulher? Você também gosta de ser tocado como uma?
A repulsa veio a garota quando o homem apertou seu pulso com mais força e tocou seu corpo com o dela. Lucy queria gritar, mas sua voz não saiu. Seus olhos estavam arregalados e ela sentia Sungwon puxar-lhe para dentro daquele banheiro enquanto sorria olhando-a.
O corpo da garota tremeu, ela tinha os olhos abertos e a respiração desregulada. Nada saia de sua garganta, sequer sua voz, estava com medo e sentia-se violada por apenas ter-lhe tão perto e tocando-a no pulso.
Ela conseguiu mover-se para o lado, num movimento de impulso e largou a mão dele de seu pulso. Lucy encolheu-se e desviou os olhos, estava muito assustada, seu peito doía com o desrespeito que passava. Sungwon tocou-a outra vez, desta em seus braços e segurou-a por ambos, encarando-a de frente com o sorriso que causou náuseas instantâneas a ela.
Ele outra vez tentou puxá-la para dentro daquela cabine e já pensava como podia se divertir com o corpo bonito que a Jeon tinha, mas antes mesmo que ele pudesse carregar o corpo em choque da garota para dentro, a porta principal foi aberta e Park assim que pôs os olhos a cena assustou-se.
Ele havia entrado apenas para verificar a demora de Lucy e preocupou-se em ouvir o ambiente ali dentro muito quieto. Temeu que ela estivesse mal e então entrou para ajudá-la.
Viu o modo em como Sungwon tocava os braços de Lucy e olhou-a, encontrando os olhos abertos e repletos de lágrimas da garota. Seu semblante era assustado e não bastou muito para Ryeon entender que ela estava assustada e sendo violada pelo outro garoto.
Não precisou que palavras fossem ditas para explicar a situação atual ao ruivo. Ryeon, sem pensar, avançou contra Sungwon, fazendo-o largar Lucy e cair de costas com força no piso gélido. Ryeon, no entanto, caiu sobre ele também. Vendo tudo ao redor apagar-se e apenas o ódio fazer com que Sungwon fosse visualizado no chão, ele ergueu o punho e acertou em cheio o rosto do outro.
Os socos que o Park desferia contra o queixo e a bochecha do outro não eram leves, o som atormentava ainda mais a garota quieta no canto, encolhida e de costas para todos.
Sungwon nem sequer conseguiu se defender.
Ryeon desferiu socos pesados nele, sua raiva explodiu em um grito alto no cômodo e Lucy encolheu-se mais, cobrindo os ouvidos com o medo que apenas aumentou.
O sangue logo manchou os nós dos dedos de Ryeon e sujou o chão branco. A camisa que Sungwon usava também era clara e o sangue que era jogado juntos aos movimentos também sujou-a.
Sungwon não conseguia mais sequer se mover, seus olhos abertos fitavam Park, e temia pela primeira vez.
Outros garotos entraram ali, o som alto chamou atenção de quem estava próximo ao banheiro e logo estavam retirando Ryeon a força do corpo de Sungwon.
Alguns amigos do garoto foram até seu corpo caído no chão e ergueram-no, assustado com os cortes fortes que Ryeon deixou sobre o queixo, bochecha e testa do outro. Puxaram Sungwon até uma das pias e tentaram lavar o sangue que descia, mas era tanto que apenas continuava caindo.
ㅡ Precisamos levá-lo a um hospital, é muito sangue. ㅡ Um deles avisou, mas Sungwon negou, tentando ficar de pé por si só.
Jaesun foi levado a curiosidade do porquê de tantas pessoas estarem na porta do banheiro masculino e assustou-se quando encontrou Ryeon sendo segurado por três garotos, Lucy encolhida ainda assustada e no canto e Sungwon sangrando.
O garoto abriu os olhos ao notar melhor sua amiga e seu impulso foi apenas de retirá-la dali. Segurou Lucy pela mão, mas a garota soltou-se rápida e ainda mais assustada. Jaesun não entendeu, mas não a tocou outra vez daquele modo, ele foi para a frente da garota, tentando olhar em seus olhos e fazê-la notar-lhe ali.
Lucy demorou, não conseguia sequer pensar algo além de que Sungwon iria tocá-la sem permissão, iria violar seu corpo e que ela não conseguia defender-se sozinha.
Mas Jaesun abaixou-se minimamente à frente dela, ficando bem pertinho para que a garota notasse-o, e assim que Lucy notou-o, a garota abriu mais os olhos e desesperou-se. Jaesun viu o modo rápido em como ela começou a respirar, seu peito balançava com força e seus olhos começaram a chorar de modo compulsório.
A garota ergueu as mãos e Jaesun viu como estavam trêmulas. Tocou-as devagar e Lucy dessa vez não impediu. Ele tomou firmeza sobre o toque e trouxe para perto.
ㅡ Oppa, ele, e-ele ia me… ia fazer…
Jaesun negou para ela, não era mais preciso palavras para que ele entendesse. Ele tentou retirá-la dali, mas Lucy debruçou-se sobre a pia e vomitou, seu estômago retraía com força, o nojo do toque de Sungwon ainda estava presente em si, e ela não conseguia apagar.
Vomitou mais duas vezes, completamente enojada, e Jaesun apenas esperou pacientemente, segurando seus cabelos e não largando sua mão.
Lavou a boca da garota, ouvindo-a voltar a chorar baixo e enxugou da maneira em como pode, levando-a enfim para fora daquele ambiente e vendo Mark buscar Ryeon, que ainda olhava com ódio para Sungwon.
Os adolescentes deixaram o banheiro e logo passaram pelos outros, que, sem precisar falar algo, ergueram-se e caminharam para fora da festa também.