ㅡ Você não acredita como eu fiquei, Lu, eu quase morri, juro por deus.
Lucy estava jogada sobre o chão do quarto de Jaesun, esparramada no tapete enquanto o garoto rodava sobre a cadeira de sua escrivaninha.
Jaesun tinha a cabeça inclinada para trás e sorria mais do que o habitual.

ㅡ Eu imagino. ㅡ falou a garota olhando-o.
ㅡ O Mark é louco, louquinho de pedra.
ㅡ Não é nada, vai dizer que você não gostou?
ㅡ Gostar? ㅡ ele parou os rodopios e olhou-a, esgueirando-se até o chão e parando sentado ao seu lado. ㅡ ele pediu permissão a minha mãe para me namorar, você tem noção? Permissão?!
ㅡ Eu acho fofo.
ㅡ Eu entrei em desespero. ㅡ disse sorrindo. ㅡ Mas também achei fofo. O Mark veio com um suéter vermelho e calça social, acredita? O cabelo dele estava repleto de gel e ele arrumava os óculos a cada segundo.

ㅡ Ele estava nervoso, é compreensível, mas e então, o que sua mãe disse?
ㅡ Ela falou que primeiro precisava conversar com o papai, que isso ainda é um pouco novo para ele. Mas ela também deixou claro o quanto gosta dele e como acha ele um rapaz educado e que vê como ele é correto e estudioso.
ㅡ Sua mãe é tipo a fã número um dele. ㅡ Lucy falou rindo e sentou-se também. ㅡ mas eu desejo do fundo do meu coração que isso dê certo, tete, você merece muito ser feliz.
ㅡ Nós todos merecemos, lu. Como andam as coisas com Ryeon?

ㅡ Ele não foi pedir permissão para a minha mãe para me namorar, ainda bem. ㅡ brincou e viu Jaesun revirar os olhos. ㅡ Mas está tudo bem, eu acho. Nós sempre conversamos, às vezes nos beijamos, e até saímos um pouco. Hoje marcamos de ir à praia juntos.
ㅡ A praia? Mas você nunca vai à praia!
ㅡ É, eu sei, mas... E se eu for embora? Além de não ter vocês por perto, eu sequer vou ter tempo de me divertir um pouco, e sem falar que as praias mais bonitas da Coreia estão aqui, então não vou ter isso em Seul.
ㅡ Espero que se divirta muito então.
ㅡ Também espero, não vamos nos banhar ou coisa assim, é apenas uma caminhada na areia.
ㅡ Então que a sua caminhada na areia seja boa, e que vocês deem muitos beijinhos, porque eu sei que é isso que você quer fazer.
ㅡ Bobo, eu realmente quero andar um pouco.
ㅡ A quem você quer enganar, Lu? Andar quando se pode beijar o garoto que te faz ficar bobinha? Puff, conta outra.
ㅡ Talvez eu queira dar uns beijinhos mesmo, mas é só talvez.
ㅡ Sei... Mas me diz ㅡ Jaesun chegou mais perto e sussurrou. ㅡ Vocês já avançaram?
ㅡ Avançar? Como assim?
ㅡ Avançar, tipo... Ir além dos beijos?
ㅡ Você fala em... Mãos bobas? ㅡ sussurrou ainda mais baixo, e Jaesun assentiu. ㅡ não. ㅡ negou rápido. ㅡ quer dizer, Ryeon tocou minha coxa, e quando fomos ao cinema, ele... Hm, ele ficou excitado.
ㅡ Mas e então?
ㅡ E então que eu fugi, saí correndo. Eu ainda não sei como reagir a isso oppa.
ㅡ Você não sentiu vontade de... Sabe...
ㅡ Aigoo, como eu posso pensar em algo assim se ainda estou presa nesse corpo? Eu preciso me sentir à vontade, não?
ㅡ É verdade. Mark e eu também ainda não avançamos, ele é sempre cuidadoso, e talvez me respeite demais, porque ele sequer me deu um apertinho na bunda.
ㅡ Jaesun-ssi, seu safado! ㅡ a garota explodiu em riso. ㅡ mas admito que entre mim e Ryeon, a centrada sou eu. Outro dia ele disse que se dependesse dele, nós estaríamos namorando, usando roupas que combinavam e até mesmo insinuou sexo...
ㅡ Sexo? ㅡ perguntou abrindo os olhos em espanto.
ㅡ Eu também me assustei quando ele disse, mas ele então falou que era brincadeira e o assunto logo morreu.
ㅡ Woah, Ryeon é um safado.
ㅡ Mas oppa, me diz... Você já fez sexo, não foi? Com o Kuan?
ㅡ Aigoo, não me lembra disso não. ㅡ disse rindo e se jogou no chão.
ㅡ Foi tão ruim assim? ㅡ ela deitou ao lado.
ㅡ Não, na verdade foi até bom. Mas foi rápido, sabe? Estávamos com tanto medo de fazer algo errado que não conseguimos aproveitar bem.
ㅡ Vocês tinham dezesseis anos, é compreensível.
ㅡ Espero que quando for sua vez, tudo seja tranquilo.
ㅡ Talvez eu só vá fazer sexo aos trinta anos. ㅡ brincou. ㅡ precisarei me sentir bem com o meu próprio corpo e isso vai demorar muito para acontecer.
ㅡ Que bobagem, há tantas formas de se fazer sexo, formas em que sequer precisa haver penetração.
ㅡ Mesmo?
ㅡ Mesmo. Um exemplo é que caso Ryeon te tocasse, ou você tocasse ele lá, vocês estariam fazendo sexo.
ㅡ Às vezes eu penso como isso seria, acredita?
ㅡ Acredito. ㅡ Jaesun respondeu rindo. ㅡ você é uma safadinha, Lu, eu te conheço.
ㅡ falo sério, às vezes eu tento imaginar se eu tocasse lá nele, como seria porque eu não consigo tocar nessa parte em mim que sinto repulsa, e se isso acontecer quando for nele?
ㅡ Acho que são situações diferentes, saeng, mas você só saberá se tocar. ㅡ balançou as sobrancelhas.
ㅡ Você é um pervertido, oppa.
ㅡ Talvez um pouco, mas tenho um pouco de razão, admita. Você sente repulsa porque não identifica essa parte que existe no seu corpo como sua, mas você identifica a outra parte como a de Ryeon, não é?
Ela mordiscou o lábio e assentiu.
ㅡ Quando estávamos no banheiro do cinema e ele me tocou com ele, eu me assustei a princípio porque nunca tinha sentido antes, mas... Eu meio que gostei, sabe, Ryeon se excitou comigo, eu isso me fez sentir bem.
ㅡ Então você não vai repulsá-lo apenas porque repulsa a si mesmo.
ㅡ Espero que sim, apesar de que talvez eu só venha conseguir algo assim quando me sentir realmente bem. Eu quero muito mudar logo isso.
ㅡ Fala da cirurgia? ㅡ Lucy assentiu. ㅡ E você tem mesmo certeza que quer fazê-la?
ㅡ É uma das maiores certezas da minha vida. Eu sonho com o dia oppa.
ㅡ Deve ser dolorida, não?
ㅡ Eu pesquisei, e parece que sim. A recuperação também é bem extensa, mas não me importo, se é para livrar-me logo deste pedaço que não é meu, eu aguento qualquer coisa.
ㅡ E o valor é muito alto?
ㅡ Demais. ㅡ suspirou. ㅡ Eu fiz alguns cálculos e mesmo que eu consiga um emprego lá em Seul e guarde metade do salário base, eu demoraria anos para conseguir o valor.
ㅡ Não se preocupe, todos nós iremos te ajudar quanto a isso. Tenho certeza que até mesmo o senhor jeon compadecerá a isso.
ㅡ Meu pai já vai me ajudar tanto, não quero parecer uma exploradora, oppa...
ㅡ E desde quando ajudar na felicidade da própria filha é ser explorado? Seu pai te adora demais, ele com certeza se juntará a nós e te ajudará, pode acreditar.
ㅡ Eu não sei o que faria sem vocês. ㅡ ela falou abraçando-o.
ㅡ Choraria no banho. ㅡ brincou e recebeu um tapinha. ㅡ Mas ok, eu também choraria, então obrigado por bagunçar e agitar um pouquinho a minha vida.
ㅡ E obrigada por me fazer sempre feliz, oppa, eu amo você.
Abraçando-se no meio do quarto, ambos sorriam feito bobos, distribuindo beijos por as bochechas alheias enquanto o som da risada só se intensificava.
E Jaesun afastou-a quando sentiu os dedos da garota iniciar cócegas ligeiras em sua barriga. Ele ergueu-se e buscou um travesseiro, apenas para acertar na garota e vê-la defender-se de forma agiu, devolvendo o travesseiro nele e assim iniciando uma briga boba com o objeto.