Capítulo 7
1719palavras
2023-01-19 07:34
Woojin queria falar com ele. Woah, o quão louco era aquilo, a constar que ele vinha lhe evitando.
Jungso reparou bem naquele sorriso e ficou ainda mais alerta. Sabia que algo a mais tinha ali, e suas desconfianças levavam a apenas um caminho.
Retornando então, o caminho foi silencioso. O assunto sobre Ryeon querer falar algo e Jungso não julgar, não voltou à tona, o que para o mais novo foi um alívio.

Quando enfim chegaram ao hospital, mal deu tempo de estacionar e Ryeon já estava saltando para fora do veículo. Caminhou alegre já sabendo qual era o quarto em que o outro estava, e sentiu-se nervoso quando parou em frente à porta exata.
ㅡ Não irei ficar. ㅡ Jungso avisou. ㅡ mas retirarei Sun-ha, já que tenho certeza que ela não dará privacidade a vocês.
Novamente Ryeon viu o modo calmo em como o homem falava consigo e o viu ir, adentrando o quarto. Suas mãos já suavam, não sabia como iniciar uma conversa com Woojin, ou se era possível indagar o porquê dele ter ingerido toda aquela droga, mas engoliu em seco quando ouviu as vozes dos pais dele e logo em seguida eles saindo. A mulher a contragosto, e o homem a guiando para fora assim mesmo.
ㅡ Ele tem que me contar. ㅡ ela falava sussurrando, evitando que o filho ouvisse.
ㅡ Deixe-os livre. ㅡ Jungso pediu, e andou mais alguns passos com ela. ㅡ estaremos lá na área de alimentação.
Ryeon assentiu, forçando um sorriso para ambos e os esperando sair até que não os visse mais.

Novamente olhou para a porta, e pediu aos céus que não desmaiasse logo agora, que estava prestes a ficar a sós com Woojin.
Segurou e girou a maçaneta devagar, e assim que adentrou, teve a visão da pessoa que mexia consigo, sentada sobre a cama.
Seu coração bateu forte.
Lucy estava sentada sobre a cama, com as mãos juntas sobre as pernas. Sua derme tremia com um pouco do frio que lhe vinha ainda, mas seus olhos brilharam quando viu Park adentrar e parar ao seu lado.

Nenhum dos adolescentes sabia o que falar de início, parecia que as vozes haviam se perdido em meio a toda a tensão que os cercavam, mas Lucy chamou por Ryeon, e sentia que havia feito a coisa certa.
ㅡ E-Eu... Hm, eu queria te agradecer. ㅡ a garota deu início, sem conseguir fitar Ryeon nos olhos.
ㅡ Tudo bem... ㅡ Ryeon respondeu baixo, tentando normalizar a respiração. ㅡ Mas você me assustou.
ㅡ Me desculpe por isso. ㅡ falou brincando com os dedos, tomada por vergonha. ㅡ eu não tive culpa... Sequer sabia que isso iria me acontecer.
ㅡ Então você não tentou suicídio?
Ryeon sentia o amargo na sua garganta ao perguntar aquilo, mas queria saber o porquê de Woojin ingerir aquilo e quase morrer.
ㅡ Não. ㅡ respondeu com uma risada fraca. ㅡ Acho que não.
ㅡ Então por quê? ㅡ sentou-se no colchão, não ligando se era apropriado ou não. ㅡ Por que você fez isso Woojin?
ㅡ Exatamente por isso. ㅡ respondeu já controlando o choro. O choro que há minutos atrás, foi posto para fora junto a toda verdade. ㅡ eu não aguento mais isso Ryeon...
E então as lágrimas vieram. Ryeon ainda continuou a olhando sem entender, mas abraçou-a e amparou-a, com medo de que a sua paixão estivesse machucada.
Não aguentaria ver Woojin machucado. Ryeon não seria capaz de trazer o sorriso morno de todas as manhãs dele.
ㅡ E-Eu vivo presa.
Ryeon franziu o cenho para a fala de Woojin, mas tocou-lhe os fios grandes e acarinhou-os, implorando a si mesmo que aquele choro parasse.
ㅡ Woojin... ㅡ chamou fechando os olhos, sentindo o cheiro próprio dele. ㅡ não chora assim...
ㅡ Não me chame assim, por favor. ㅡ pediu, afastando-se e com dificuldade, o olhando.
ㅡ E como eu devo chamar?
Lucy respirou fundo, cansada física e emocionalmente de tudo. Sabia que ainda poderia manter sua máscara, mas não para todos.
Não para Ryeon.
Sentia-se culpada demais guardando sentimentos por ele, quando ele nem gostava de si. Talvez precisasse contar, pois, mesmo bom demais desde quando se conheceram, Ryeon não merece viver com alguém que não queira.
Sequer é obrigado a manter a forte amizade. Mas essas constatações ainda quebravam em pedaços bem pequenos o coração dela.
Então ela recuou, por segundos, abaixando a cabeça, e pensando em como seria a reação dele.
Somente as piores, ela presumiu.
ㅡ Ei. ㅡ Ryeon tocou-lhe a face, acariciando a pele morna e sorrindo quando os olhos vermelhos e inchadinhos os fitaram. ㅡ eu posso te falar uma coisa que descobri há muito tempo?
Lucy ainda se sentia inconsistente, mas continuou observando o garoto, esperando que depois de sua fala, ela tivesse passe para enfim revelar quem é de verdade.
ㅡ Você se lembra daquela sexta à noite?
ㅡ A que comentamos sobre aquele filme ruim? ㅡ forçou um sorriso. ㅡ Qual era mesmo o nome...?
ㅡ Não, a noite em que eu te beijei... Lembra-se?
Os olhos de Lucy tornaram a se perder, junto a seu coração que acelerou desenfreadamente.
ㅡ Você se lembra? ㅡ Ryeon insistiu.
ㅡ Por que está falando disso agora?
A garota ainda sentia a mão de Ryeon tocar-lhe como um anjo que pluma pelas nuvens, mas sabia que se voltasse a olhar, com certeza choraria outra vez.
Por que tudo tinha que ser tão difícil?
ㅡ Porque eu nunca me esqueci daquela noite. Sabe qual foi meu verdadeiro primeiro beijo ali?
ㅡ Você me disse que tinha beijado Sun. ㅡ mordiscou o lábio inferior.
ㅡ Sim, mas beijo mesmo, foi com você. Eu me senti como um pássaro livre.
Lucy não sabia o porquê, mas Ryeon havia se sentido como ela havia se sentido naquele dia. Seus olhos teimosos ergueram-se e fitaram o rapaz que sorria de modo calmo e reconfortante.
Ryeon não ousou deixar de acarinhar Lucy por um só segundo, mesmo com seu peito acelerado demais, que chegava a doer.
ㅡ Eu me senti assim também. ㅡ Lucy foi sincera, buscando apoio para seguir, mesmo sem saber como. ㅡ eu me senti enfim eu.
ㅡ Woojin... ㅡ os olhos da garota voltaram a fechar, incapaz de ouvir como ele costumava lhe chamar todos os dias. Mas Ryeon não sabia. Na verdade, ele não fazia ideia, e era consumido por medo de estar fazendo algo errado e por de toda uma vez a amizade de ambos abaixo.
Desconfiava que Woojin tinha uma namorada, mas precisava agir, já que se esconder não era muito do seu feitio.
Então ele ergueu sua outra mão, tendo agora o rosto rechonchudo de Lucy sobre seu toque, e observando como ele era perfeito.
ㅡ Eu gosto de você. ㅡ sussurrou.
A garota sentiu sua derme eriçar, fazendo seus nervos tremerem ao ouvir aquilo, e foi incapaz de não liberar lágrimas de dor.
Seus olhos já estavam cansados, e não pelo trágico momento em que ela passou, e sim porque todos os seus dias eram resumidos a lágrimas. Ela não queria mais chorar, sentia-se cada vez mais fraca e incapaz de seguir quando o fazia.
Fitou Ryeon com sua lamúria visível, mas continuou vendo o sorriso dele ali. Mesmo que suas lágrimas molhassem seus dedos, fazendo com que partes deles tornassem uma.
Ryeon afastou todo o líquido salgado dali, enxugando as bochechas rosa dela, e se aproximou, ficando a centímetros.
ㅡ Estou apaixonado por você.
E assim, cedeu-se um beijo.
Tão pequeno, e calmo, mas tão puro, que fez a garota culpar-se por tudo o que ela sentiu com aquilo.
Ryeon ofegou, apertando mais as bochechas de Woojin, e querendo chorar, por enfim ter tido coragem de se declarar.
Mas Lucy se afastou.
Tão brusca, e ligeiramente que Ryeon ficou desnorteado por segundos.
ㅡ Você não pode. ㅡ ela disse num súbito, juntando suas pernas e afundando o rosto entre, querendo sumir de uma vez por todas.
ㅡ Mas... Por quê? ㅡ Ryeon piscou atordoado, com medo de que tivesse agido realmente errado.
ㅡ Porque não pode. ㅡ Lucy quis gritar aquilo, mas conteve-se. ㅡ Eu não sou o que você quer, Ryeon!
ㅡ Diz isso por eu ser homem?
Os olhos dele já se enchiam, prestes a inundar tudo, vendo a tormenta que o outro passava à sua frente.
E Lucy negava, de modo frenético, de modo em como ela odiava fazer, mas tentava fazer com que Ryeon entendesse.
A psicóloga disse: Você não é um erro, apenas nasceu de uma forma em como alguns ainda não entendem. Não tente se esconder, você é muito bonita para cometer tal erro.
E ela não queria, mas quando ergueu os olhos molhados e fitou de volta Ryeon com os seus prestes a liberar suas próprias lágrimas, parecendo sem chão quanto a tudo.
ㅡ Me desculpa. ㅡ ela pediu. ㅡ Por favor, Ryeon, me desculpe.
ㅡ Woojin, não.
ㅡ Porque tudo é difícil assim? ㅡ lamentou-se outra vez, atrevendo-se a tocar uma última vez o rosto no qual amava. Sabia que Ryeon lhe deixaria logo em seguida.
ㅡ Eu quero você. ㅡ Ryeon confidenciou-a, não sabendo mais como intervir nos próprios sentimentos. ㅡ eu quero tocar, namorar e cuidar de você Woojin.
ㅡ Mas você não pode. ㅡ respirou fundo, findando o toque no outro. ㅡ eu não sou o Woojin que você se apaixonou.
ㅡ Claro que é. ㅡ Ryeon sorriu, se aproximando outra vez. ㅡ Seus olhos são únicos, e eu só consigo enxergar o brilho deles.
ㅡ Mas eu, não sou eu, Ryeon. ㅡ tentou de toda uma vez findar aquele momento.
ㅡ o que quer dizer?
ㅡ Quero dizer que eu não sou esse Woojin que você tanto enxerga. Eu não sou e nunca fui.
ㅡ Eu não estou entendendo, Woojin...
Lucy buscou as mãos de Ryeon e segurou-as fortemente. Tentou buscar apoio, e encontrou ligeiramente ali. Naquele toque.
Olhou outra vez nos olhos dele, e tentou de uma forma única, fazer com que ele entendesse.
ㅡ Eu não sou Woojin.
Ryeon permaneceu observando-o, tentando processar o que lhe era dito.
ㅡ Então... Quem é você?
A garota sorriu, ainda sentindo o toque aveludado das mãos pequenas de Ryeon, e por fim, falou o que estava preso em si durante toda uma vida.
ㅡ Meu nome é Lucy. Apenas Lucy.