Capítulo 13
737palavras
2023-04-02 02:10
Antônio
Minha vontade era correr até ela e tomá-la em meus braços.
Era loucura, eu sabia, mas estava tão pulsante em minhas veias que eu queria sentir o gosto dos seus lábios, a textura de sua pele. Ouvir meu nome saindo de sua boca.
Me remexi irritado e assim que deu os 10 minutos eu lavei meu rosto no banheiro e o sequei, voltando a me sentar na poltrona esperando que ela voltasse. Ansioso para que isso acontecesse, porém depois de uma hora eu desisti. Imaginei que Otávio a tenha feito dormir.
Minha mente viajou pelas lembranças de seu rosto quando estava tão perto e seu cheiro voltou ao meu nariz de uma forma assustadora, me deixando bem ciente das vontades de meu corpo.
" Eu estou ficando louco, tenho certeza."
Resolvi sair do quarto agora que nenhum dos funcionários estavam na casa, fui até a cozinha e peguei uma fruta na cesta sobre a mesa, olhando para a janela que me mostrava o breu da noite nublada. Talvez a chuva estivesse próxima.
Me virei para observar a cozinha e me deparei com mais um buquê dentro de um vaso. O primeiro já não tinha a aparência tão bonita, mas esse parecia ter chegado recentemente.
— Aquele bastardo está mesmo querendo arranjar confusão — falei para que de alguma forma o vento levasse minhas palavras até ele. Se ele achava que eu o deixaria conquistar Rose, ele estava completamente enganado. Não porque eu a quisesse. Isso também, mas ela nunca poderia ser mais do que uma amante para mim e tenho certeza de que isso é pouco perto de tudo o que ela merecia. Arthur não poderia tê-la pelo simples fato de não valer nada e as suas más condutas a destruiriam.
Subi as escadas e bati de leve na porta do quarto de Otávio. Ouvi um barulho e ouvi seus passos até lá.
— Oi — falou com um sorriso leve e todas as acusações que eu estava pronto para fazer desapareceram.
Eu não queria mais brigar com ela, mesmo ela não podendo ser minha, eu queria poder ver por mais algum tempo aquele sorriso.
— Só vim ver se Otávio está bem — menti em partes.
— Sim, Otávio está dormindo agora e não quis incomodá-lo mais.
— Você não incomoda, Rose. Fico pensando o que seria de mim se não estivesse aqui — um pequeno sorriso surge em seus lábios e me encostei no batente da porta para olhá-lo melhor.
— Teria achado outra babá — ela falou sem convicção, duvidando da mesma forma que eu.
— Sabe que isso não é verdade. Nenhuma chega aos seus pés.
— Bebeu de novo? — ela falou debochando da minha cara e sou obrigado a concordar que não deveria estar a essa hora na porta do seu quarto exigindo qualquer conversa.
— Sabe que não, vou deixá-la dormir — me endireitei — Boa noite, Rose, durma bem.
— Você também, Antônio. — Sorri com a sonoridade de meu nome em seus lábios. Não era a primeira vez que ela pronunciava meu nome, mas sempre que isso acontecia algo dentro de mim se contorcia em êxtase.
Afastando-me a contragosto, entrei em meu quarto e me deitei na cama, sabendo que o sono não chegaria tão cedo com a quantidade de informações que eu havia conseguido registrar naquela noite.
Primeiro: Rose era ainda mais bela do que eu imaginava. Sua pele de porcelana e seu cheiro de lavanda suave me impactaram.
Segundo: Minha vontade de quebrar a promessa feita a minha esposa, estava ainda mais viva em meu ser, mesmo eu sabendo que me arrependeria.
Terceiro: Eu não podia deixar que aquele idiota se aproximasse mais dela. Ela se iludiria com sua conversa fácil e promessas fazias.
Eu tinha que tomar uma atitude o quanto antes e definir o que eu queria para minha vida. O melhor seria conversar com Álvaro, ele sim saberia o que me dizer, já que Emma era um livro aberto com ele. Talvez ele até soubesse se Rose tinha algum sonho ou vontade que o filho do duque estivesse realizando do qual eu não tivesse conhecimento. Nunca imaginei que ela gostasse tanto de flores e ele já as mandou duas vezes.
— Eu preciso conversar com alguém que saiba sobre promessas e me liberte da minha, do mesmo jeito que eu preciso dar um jeito de mandar Arthur de volta para sua casa.