Capítulo 94
2203palavras
2023-02-06 11:37
Senti meu corpo amolecer:
- Preciso de colherinha – Falei, sem querer.
- Tenho várias... Mas minhas mãos podem fazer isso também – me encarou. – Retire a calcinha e derreta nos meus braços, Bárbara Novaes.

- Espera... Quarta pergunta... – falei, com dificuldade.
- Eram três.
- Eu não cumpro combinados.
- E eu não sei disto? – Riu.
- Você está bêbado?
- Não muito... – Confessou.

O empurrei em direção a cama, enquanto ele caiu sentado.
- As respostas não eram exatamente o que eu esperava... Mas me pareceram sinceras.
- Fui sincero, mesmo com as suas perguntas sendo as mais loucas que já me fizeram na vida.
- Vou dançar para você... De calcinha... No pau do pole dance. – disse, colocando a música novamente.

Os olhos dele não desviavam dos meus, enquanto eu dançava no ritmo cantando enquanto olhava nos olhos dele: “Palavras não vem fácil para mim, como posso encontrar uma maneira, para você ver que eu te amo, palavras não vem fácil.”
- Quer acabar comigo, desclassificada? – Perguntou, sem se mover de onde o coloquei.
Toquei no metal circular e fino que a Barbie das trevas deve ter tocado várias vezes, enquanto dançava para ele. Girei em volta, ficando um pouco tonta. Mas segui com minha coreografia sensual e original.
- Como estou me saindo? – Perguntei.
- Bem... Muito bem. – Ele disse.
Escorei-me no metal, deixando minha bunda tocá-lo, abaixando-me de forma sexy, com as mãos escorregando de cima para baixo, sendo observada por ele como se quisesse me engolir com os olhos.
Ok, não era mesmo difícil. Eu tiraria Cindy não só do quarto de Heitor, mas da sua vida e da Babilônia. Dançar naquela porra de pau gelado era legal.
Fui me soltando e Heitor vez ou outra ria, mas parecia estar gostando. Fui ficando cada vez mais confiante. Até que tentei dar um giro me segurando com força no poste, que veio na minha direção, desprendendo do teto, fazendo com que eu caísse e aquilo se chocasse contra meu rosto, causando uma dor insuportável.
- Que porra! – Heitor correu até mim, levantando o poste.
Senti uma dor horrível na testa e gemi, fechando os olhos.
- Está sangrando? – perguntei, amedrontada.
- Não... – ele me pegou no colo, levando-me para fora do quarto.
- Onde estamos indo? Não quero ir ao hospital, por favor. – Implorei, enquanto me segurava a ele.
- Vou só buscar um gelo, Bárbara. Não se preocupe.
Ele desceu as escadas rapidamente. Atravessamos a sala e a cada ambiente que íamos, as luzes se ligavam automaticamente. Paramos numa cozinha enorme, preta, parecendo de filme de Hollywood, não só pelo tamanho, mas também pelo design diferente. A dor era horrível, mas a curiosidade de saber como vivia aquele homem que tomava conta do meu coração era maior.
Heitor me colocou sentada sobre o mármore branco gelado de um dos balcões e foi até o freezer, pegando um gelo e colocando um saco plástico. Botou sobre a minha testa, enquanto tentei me afastar. Ele segurou minha cabeça, impedindo-me de mover-me:
- Me perdoa, Bárbara... Faz tempo que eu tinha desparafusado a porra do poste para mandar tirar do quarto... E acabei esquecendo – tocou meu rosto. – Tem um galo e vai ficar um hematoma... Feio.
- Droga.
- Em nada vai combinar com seu rosto perfeito. – Alisou minha face de forma delicada.
- Se está desparafusado... Ninguém usa o poste? – Levantei os olhos na direção dele.
Ele riu:
- Ninguém usa.
Vi Nicolete aparecer e imediatamente coloquei o corpo de Heitor na minha frente. Eu estava só de calcinha e ele, de costas para ela, completamente nu.
- Deus, o que houve? – ela perguntou, sem se mover.
- Está tudo bem, Nic – ele não virou para ela – Pode ir.
- Mas... Não acredito que você a perdoou, Thor. – Ela pareceu descontente.
- Nic, eu não quero brigar com você. – Ele falou entredentes.
Ela saiu, balançando a cabeça, visivelmente insatisfeita.
- Ela... Vê você nu? – perguntei.
- Sim, desde que nasci, quando ela trocou minhas fraldas – ele riu – Não precisa ter ciúme dela, Bárbara.
- Vou tentar... – me ouvi dizendo.
- Me perdoa pelo descuido. Me sinto culpado por você ficar assim. – tocou o galo na testa, que doeu, fazendo-me gemer.
- Está tudo certo. Se não fosse trágico não seria eu. Ainda assim, digo: qualquer pessoa pode dançar na porra daquele pau.
- Vamos voltar para o quarto? – Ele me olhou.
Assenti, com a cabeça, envolvendo meus braços no pescoço dele, que me pegou no colo novamente. Eu sabia que tinha que voltar para casa. Maria Lua voltou para minha cabeça. Olhei para ele, que subia a escada comigo em seus braços e fiquei com uma dúvida cruel: o desclassificado ou a nossa filha? Que porra você fez, Heitor? Por quê? Mentiu... Não usa camisinha. Não se cuida. O que realmente aconteceu entre você e Salma? Eu não sei... E talvez nunca saiba. O certo é que vocês fizeram sexo e ela engravidou. E quantas “Salmas” podem estar por aí, com filhos seus nos braços?
- Por que não quer ter filhos? – perguntei, quando estávamos no último degrau da escadaria em vidro, quase no quarto novamente.
- Porque não.
- Isso não é resposta.
- Você talvez não possa ter. – Encarou-me.
- Sim, mas eu quereria. – Arrisquei.
- Talvez eu também quereria. Se fosse com você.
Respirei fundo. Aquilo acertou bem dentro do meu coração. Sim, podemos ter uma filha... Já nascida. E quem sabe dizer que é “nossa” seja a melhor alternativa.
A porta do quarto se abriu e ele me depositou na cama, gentilmente. Andamos praticamente nus pela casa, sendo que a babá dele ou seja lá como ele a definia, estava também em casa.
Enquanto ele me olhava, perguntei:
- Ficou feia a minha testa?
- Sim. – Ele riu.
- Pode jogar este poste de pole dance fora? – Pedi.
- Posso – confirmou – Embora não signifique que eu tenho lugar para você aqui.
Aquilo foi como uma facada no meu peito:
- O que quer mais de mim?
- Eis a questão: eu não quero mais nada de você, Bárbara. – falou seriamente.
- Você está bêbado? – perguntei, enquanto deixava minha cabeça descansar sobre o travesseiro, tentando encontrar uma resposta para tudo aquilo.
- Talvez um pouco. Mas a imersão na banheira me deixou um pouco melhor e lúcido.
- Por que você bebe tanto? – encarei-o, abrindo as pernas, involuntariamente, enquanto meus braços iam para trás da cabeça.
- Porque eu gosto. Porque eu tenho a porra de uma vida que não me deixa viver de verdade.
- Eu sei que não posso chegar aqui do nada e pedir que me perdoe pelas coisas ruins que fiz. Eu disse palavras horríveis para afastá-lo de mim. Passei por momentos difíceis.
- “Você” torna os momentos difíceis – ele sentou sobre a cama, ao meu lado – Porque quer. Porque não aceita ser feliz. Porque acha que não merece. Eu tentei lhe dar todo o meu amor e você não aceitou.
Deixei uma lágrima escorrer, limpando-a imediatamente:
- Não posso dizer que está errado. Eu sei o que quero, mas não sei se posso ou devo... Eu me boicoto, com medo do futuro. A dor do passado vem sempre me surpreender, quando penso que está tudo bem. Parece que preciso me punir para sempre, entende? Por ter sido tão idiota, tão burra... Ao mesmo tempo que o medo de acontecer novamente me assola mais do que qualquer outra coisa.
- Eu não sou ele – pegou minha mão, estendo meu braço totalmente sobre a cama, enquanto os dedos passavam levemente sobre a pele, que ficava arrepiada ao seu toque.
- Diga isso para a minha mente, para todos os meus medos... Foram oito anos... Não oito meses, nem oito dias... Eu fui injusta com você com relação a sentimentos, desde sempre.
Ele arqueou a sobrancelha:
- Jura? Pode ser mais clara?
- Eu não quero estragar a sua vida, mas talvez eu estrague.
- O estrago foi causado quando você apareceu naquele corredor da Babilônia, tão bêbada quanto eu.
Eu ri, lembrando:
- Sim... Somos dois idiotas. E agora, tem...
- Tem... – ele me incentivou a falar.
Eu me calei. Tem Maria Lua nas nossas vidas. Não... Não saía. Mas talvez eu realmente devesse contar logo. Ele precisava saber e lembrar de Salma. E assim que soubesse que tinha uma filha, se encantaria por ela. E se o amor entre nós acabasse, ele me afastaria da pequena, porque eu não tinha o sangue dela.
- Eu amo você, Heitor. – E não, eu não estava bêbada. Mas aquilo precisava ser dito, de uma vez por todas, com ele sabendo que meus sentimentos eram reais e sinceros.
- Você me destruiu com suas palavras, no telefone e no bilhete com as flores. – Foi a resposta dele.
Antes que eu pudesse me defender, ele trancou meu pulso numa algema, prendendo na cama. Fiquei confusa, com a cabeça para trás ao perceber que trancou o próprio pulso também.
Tentei retirar o braço e o dele foi até a cabeceira, trancando. Encarei-o, a procura de respostas.
- Continue falando. Estou gostando. – Ele disse.
- O que é isso? – puxei o braço novamente.
- Isso é você... Algemada a mim... Para sempre.
- Me desculpe por ter magoado você.
- Não, eu não disse que desculpava.
- Estou pedindo agora... Que me desculpe.
- Não sei se consigo.
A mão livre dele tocou minha testa, de forma carinhosa. Afastei-me um pouco, não conseguindo disfarçar a dor no local.
- Esta dançarina de pole dance não está contratada para a Babilônia. – Ele riu divertidamente.
- Sei que sou um fracasso. Pelo menos eu canto bem.
- Quem lhe disse isso? – gargalhou.
- A máquina que pontua no Karaokê.
- Ela dá pontuação boa para todo mundo.
- Não mesmo. Eu e Ben sempre tiramos as melhores notas.
- Devem trapacear. Você canta tão mal quanto dança.
- Desclassificado idiota.
- Amor da minha vida. – A mão dele desceu para o meu pescoço e as palavras fizeram meu corpo queimar de desejo.
Não suportei e me aproximei o máximo que pude, puxando seu lábio com meus dentes, carinhosamente, ouvindo um gemido dele.
A mão livre de Heitor desceu pelo meu peito, massageando o seio de forma sensual até descer pela barriga, chegando na minha intimidade encharcada por dentro da calcinha. Ele puxou-a, mas não conseguiu tirá-la, pois a algema impedia.
Tentei retirar, mas não saía da altura dos joelhos. Ele colocou o pé dentro dela, conseguindo deslizá-la pelas minhas pernas.
- Talvez deva retirar as algemas. – Sugeri.
- Não. – Foi enfático.
- Por que usar algemas?
- Para que você não possa fugir.
- E a sua?
- Para que eu não fuja... Mesmo sabendo que devo.
- Por mais que eu fuja... Tudo me leva sempre a voltar pra você.
Ele me beijou, abraçando-me com a mão livre. Sua língua era doce e gentil. Passei minha mão pelo seu peito quente, chegando ao membro endurecido, que pulsava.
- Senti falta de você. – falei, com a voz baixa e trêmula.
- De mim ou do meu pau? – foi dando chupões pelo meu pescoço, até chegar no ombro, que mordeu com força.
- Ai! – reclamei. – Vou sair daqui e acharão que fui espancada deste jeito.
Dois dedos entraram na minha intimidade, fazendo-me gemer e fechar os olhos, sentindo as sensações que só ele sabia me proporcionar.
- Os dois. – falei. – Senti saudade de você... E do seu corpo. Da sua língua... – o beijei rapidamente. – Do seu cheiro. – Lambi o pescoço.
- Da nossa cama – ele disse, enfiando o terceiro dedo, enquanto o polegar apertou meu ponto de prazer. – Goza para mim, Babi... – falou no meu ouvido.
- Babi... Diga de novo. – Pedi, em transe.
- Goza Babi, minha Babi, minha Bárbara, minha desclassificada.
- Posso gozar só com suas palavras – ofeguei – Amo você, Heitor desclassificado mor.
- Diz de novo... – mordeu o lóbulo da minha orelha.
- Amo você... – Gemi enquanto explodia de prazer, seguindo a masturbá-lo.
Senti ele se derramar na minha mão, quente, o coração batendo forte.
Meu corpo ficou completamente relaxado, ao que ele disse:
- Nunca gozei tão rápido na minha vida.
Ele deslizou o corpo para o lado e pegou uma chave, abrindo a algema dele e em seguida a minha.
- Pode tomar um banho se quiser antes de ir embora. – falou.
- Está... Me mandando embora? – sentei na cama, confusa.
- Sim – ele confirmou – Não sou alguém que satisfaz seu corpo ou seu ego quando está necessitada.
- Não pode estar falando sério. – Levantei, aturdida, tentando imaginar que era uma brincadeira.
- Estou. E da próxima vez que quiser me usar, vai ter que pagar, como fez com o prostituto que a roubou.
- Você... Não pode fazer isso comigo.
- Eu posso.