Capítulo 81
1952palavras
2023-02-06 11:28
Não lembro de tê-la visto tão suscetível a mim desde que nos conhecemos. Bárbara tentava sempre se manter forte e firme, mas ela também tinha suas fraquezas. E a bebida talvez fosse uma delas.
- Eu nunca mais vou beber vinho... Nunca, a vida inteira. Minha cabeça dói... E tudo está rodando... Muito rápido.
Levei-a ao box e abri o chuveiro, deixando a água gelada. Ela gritou e tentou se afastar assim que sentiu a água.

Retirei sua roupa, tentando não ficar duro. Mas foi impossível.
- Vamos fazer amor agora? – ela arqueou a sobrancelha debochadamente.
- Depois. – Me ouvi dizendo.
Caralho, quem é você, Heitor? Quando na sua vida recusou uma mulher nua querendo você?
A questão é que ela não era qualquer mulher. Ela era a mulher da minha vida, a única que eu amava e não sei se sentiria por outra o que eu sentia por ela.
A empurrei levemente para baixo do chuveiro e ela acabou aceitando a água gelada. Levou quase cinco minutos para apertar a bisnaga de shampoo, parecendo não saber como fazer aquilo. Peguei uma escova dental e cobri de creme, entregando-lhe. Ela começou os dentes e se não fosse eu retirar a escova das mãos dela, não sei se me devolveria até o final da noite.

Desliguei o chuveiro e a enrolei na toalha, pegando-a no colo e depositando-a na cama. Claro que eu queria poder enxugá-la... Mas meu corpo não responderia por mim.
- Ei, desclassificado, é agora que você me come? – ela perguntou, acompanhando-me com o olhar debochado enquanto eu deitava ao lado dela.
Me afastei um pouco. Estávamos ambos nus, usando somente toalhas para nos cobrirmos.
- Não... Não agora – alisei o rosto dela. – Acho que castigar você pode não ser tão ruim assim.

- Desclassificado da minha vida... Pode dizer que me ama? – me olhou. – Mesmo que seja só nos meus sonhos...
- Eu amo você, Bárbara. E isso não é a porra de um sonho.
Ela fechou os olhos e suspirou:
- Eu amo você, Heitor. E eu consigo dizer isso... Pelo menos nos meus sonhos – sorriu. – Estou cansada... E com sono.
Nunca imaginei que palavras pudessem ser melhor do que sexo. E sim, eu “eu te amo” saindo daquela boca perfeita, bem desenhada e macia talvez fosse melhor que a tê-la chupando meu pau.
- Então durma. – Alisei seu rosto, quase não conseguindo terminar a frase.
- Quando eu acordar a gente vai fazer amor? – questionou mais uma vez, certamente não lembrando que já havia dito aquilo.
- Como eu queria que sim... Queria que fizéssemos amor todos os dias... Várias vezes a cada dia, na minha cama, na sua cama, na nossa cama.
- Você vai ficar com a minha calcinha? – Não abriu os olhos, parecendo quase apagando.
Eu ri:
- Vou, vou ficar com sua calcinha.
- Mas... Agora não tem mais anel... Você devolveu. Ou não? Acho que... Posso estar confusa.
- O anel é o de menos. Posso comprar outro. Fica comigo... Não parta. Seja minha mulher.
Ela não respondeu. Toquei o rosto dela novamente e não houve reação.
- É bom poder dizer coisas que você não vai lembrar amanhã – beijei os lábios dela. – Me dá uma coragem insana.
Ela gemeu e virou para o outro lado, deixando a toalha destampar seu corpo. Suspirei e levantei, indo até a poltrona novamente. Abri as pernas e peguei meu pau duro feito pedra, movimentando-o apertado na minha mão, como se estivesse dentro dela, sentindo sua pele macia pegando fogo, a boceta molhada e quente.
Eu conseguia sentir exatamente como se estivesse tocando-a... Meu pau cabia perfeitamente na sua boceta e imaginava-me comendo-a de quatro. Não levou muito tempo para eu gozar.
Eu era um homem que podia ter qualquer mulher e estava na porra do motel mais caro do país, me masturbando enquanto a mulher que eu queria dormia. Tudo porque eu não queria tocá-la sem que ela estivesse ciente do que estava fazendo.
Tomei um banho, troquei de roupa e parei na frente dela. Dei-lhe um beijo nos lábios e ela nem se mexeu:
- Amo você. Boa viagem. Que você encontre o que tanto busca... E volte logo para mim.
POV BÁRBARA
Assim que abri os olhos, minha cabeça doeu, como se tivesse uma faca cravada do crânio até a testa.
Olhei ao redor e reconheci a suíte da North B., que eu havia estado com Heitor há tempos atrás. Como fui parar ali?
Sentei e olhei ao redor. Não havia sinal de ninguém ali. E se eu fechasse os olhos, só via Heitor na minha frente e a leve impressão de ter estado com ele... Lembrava de sua voz mansa e delicada... Sua mão no meu rosto, ternamente.
Olhei para o lado e vi três comprimidos numa bandeja, junto de uma taça com uma garrafa de água e uma rosa vermelha, levemente florescendo, saindo de um perfeito botão. Um bilhete:
Tome os analgésicos e se sentirá melhor. Espero que tenha pelo menos leves lembranças de tudo que me falou na noite passada. Antes que queira me matar por se encontrar nua, juro que nada aconteceu, a não ser alguns beijos, que simplesmente não resisti.
Eu queria muito que você ficasse, mas como sei que isso não vai acontecer, desejo que tenha uma boa viagem. Espero que não me esqueça, independente do tempo que passar. Do seu desclassificado mor.
Eu não lembrava exatamente de tudo que eu havia dito... Porque para mim tudo não passava de um sonho. Mas eu tinha dito que o amava... Porra, eu disse. Lembro exatamente daquela frase, porque achei que ele não estava ali de verdade.
Eu sabia que não havíamos transado. Meu corpo sentia. Porque já fui tocada enquanto estava bêbada ou mesmo dopada... E sempre soube exatamente o que tinha acontecido quando acordava.
Eu estava aturdida, confusa em como tinha parado ali. Lembrava de ter ido ao cemitério, levada por Daniel. Então abri o vinho... E tomei a garrafa inteira sozinha, a minha parte e a da minha mãe. Depois tinha lembrança de Heitor, seu colo e... Alguns flashes. Como ele sabia que eu estava lá? Como parei ali?
Tomei um banho e pus minha roupa. Óbvio que não tinha calcinha. Ele tinha levado. Pelas minhas contas, era a quarta que ele pegava. Mas tinha me devolvido 3. Então precisava de 9 novamente.
Me peguei rindo sozinha. Como eu queria poder me entregar de corpo e alma àquele homem que era verdadeiramente o amor da minha vida. Mas eu era a porra de uma mulher que ficou forte como uma rocha... Mas não queria passar por aquele turbilhão de novo. Eu estava num momento da minha vida que não era sobre estar com alguém. Mas sobre estar comigo mesma e me dar o amor que eu precisava e merecia.
Assim que saí na recepção, uma atendente veio imediatamente até mim:
- Bom dia!
- Bom dia. – Retribui a cordialidade e o sorriso sincero dela.
- A senhora quer que leve o café da manhã à sua suíte? Não precisava vir até aqui. Poderia pedir pele telefone. – Sorriu novamente.
- Não... Eu... vou embora.
- Mas... O café daqui é fabuloso. Não vai se arrepender.
- Eu tenho um compromisso. – Menti.
- Sem problemas. Mas o senhor Casanova orientou que assim que acordasse, lhe enviasse o que houvesse de melhor na nossa cozinha. E junto... Bem, tem certeza de que não vai provar o café?
- Tenho. – Enruguei a testa, confusa.
- Aguarde um minuto, por favor.
Fiquei ali, sozinha, esperando no hall. Um casal saiu pela porta interna e me afastei um pouco, indo para o lado da pequena sala de estar.
O homem era uns vinte anos mais velho que a garota. Por vezes eu até esquecia que aquilo ali era um Motel, ou seja, um lugar destinado ao sexo.
Em minhas escassas experiências conheci um Motel espelunca com o prostituto ladrão e o outro que representava o que havia de mais caro e luxuoso em Noriah Norte, o Palace. E inacreditavelmente era a segunda vez que eu ia até ali com Heitor Casanova.
A recepcionista apareceu com um enorme buque de rosas vermelhas e me entregou:
- Senhor Casanova mandou entregar junto do seu café da manhã. Mas como não quis provar... – sorriu, parecendo tão feliz quanto eu.
Peguei aquelas rosas vermelhas perfeitas, junto da solitária que estava com o bilhete, ainda na minha mão. Eu tive a impressão que o meu coração poderia parar naquele momento, devido aos espaçamentos entre uma batida e outra. Parecia que ele tentava se acostumar com aquele novo sentimento que surgia dentro de mim. Eu nunca ganhei um buque de flores em 27 anos de vida.
Meu rosto ficou ruborizado e quase mandei agradecer pela moça que certamente não veria Heitor novamente.
- Eu... Preciso ir. – Foi o que consegui dizer.
- O carro está esperando pela senhora. – Afirmou.
- Como assim? – era para ser um pensamento, mas saiu em palavras.
- Carro com motorista. – Ela sorriu, explicando melhor.
Sim, eu estava confusa. E ela parecia acompanhar cada momento da minha confusão mental.
Ei, você é a fada madrinha? Me perguntei.
Ela foi até a porta e abriu-a para mim:
- Foi um prazer recebê-la no Palace Noriah Norte. Volte sempre! – o sorriso sincero voltou.
- Eu espero poder voltar – confessei. – Com ele...
Que diabos eu era? Parecia que precisava tirar uma colher da bolsa e me juntar sozinha por um homem que sequer estava ali.
Dei alguns passos e ela disse:
- Ei, senhora?
Virei em sua direção, tapando o sol que ofuscava meus olhos com a própria mão.
- Algumas mulheres já vieram aqui com ele... Mas nenhuma usou a suíte principal do nosso Palace. O valor é altíssimo. E... Nunca ele deu flores ou se importou com qualquer uma delas quando o dia amanhecesse – sorriu timidamente. – Eu não devia estar dizendo isso e não é da minha conta... Mas creio que você seja especial para ele.
- Obrigada... Obrigada... – meio que gaguejei.
O carro preto não passaria despercebido em lugar algum que estacionasse. Anon desceu e veio até mim, usando óculos escuros de grife, com um sorriso estampado no rosto:
- Bom dia, senhora Bongiove.
- Bom dia, Anon 1. – Respondi, em estado de estapafúrdia.
Entrei e sentei no banco de trás. Anon tomou a direção e partimos.
Eu tinha coisas para falar com o motorista e segurança de Heitor. Mas simplesmente não saíam palavras da minha boca. Olhei novamente para as flores e tinha um minúsculo cartão, dentro de um envelope branco, grudado com clipe no papel transparente levemente brilhante. Quando fui retirá-lo, percebi meus dedos trêmulos.
Bom dia, Bárbara
Que todas as minhas desculpas caibam nestas flores.
Sequer sei que tipo de flores você gosta e isso me fez refletir que talvez você tenha razão em algumas coisas, especialmente quando diz “você não me conhece”. Infelizmente, tarde demais para descobrir quem é Bárbara Novaes.
Que encontre longe daqui o que tanto procura.
Heitor C.
Ok, eu estava completamente confusa e com o coração apertado como se fosse partir ao meio. Mesmo antes de tudo aquilo acontecer, eu já me sentia assim com relação a deixá-lo de bandeja para a Barbie das Trevas, cuja forma de renda era dançar no pau do meio do pole dance.
- Seu chefe me deixou completamente confusa e insegura, Anon. – Confessei.
O rosto dele voltou-se rapidamente para o espelho, mas seus olhos estavam cobertos pelos óculos.
- Acho que a senhora causa o mesmo nele. – Afirmou.