Capítulo 55
2193palavras
2023-01-13 08:20
- Não consigo imaginar você num relacionamento onde as coisas fogem do seu controle e não são como você quer, Bárbara. – falou, alisando meu colo delicadamente, com os dedos.
Eu sentia a respiração quente dele no meu pescoço, enquanto aconchegava as costas ao seu peito, brincando com a espuma perfumada.
- Me tornei esta pessoa que você vê agora... Que teme a mínima situação que possa me fazer perder o controle.
- Me pergunto como... Aguentou tanto tempo.
- Eu também. Mas foi a prova de que nada é ruim para sempre. Um dia as coisas mudam. E tudo me fortaleceu de alguma forma. Tenho orgulho de quem sou hoje, mas sou grata àquela “eu” que passou tudo que passou para me transformar.
- E depois que ele morreu? O que você fez? Sofreu a morte dele, de alguma forma?
- Depois que ele morreu, eu abri um espumante e comemorei. Era o fim da vida dele, mas o início da minha. Eu já morava com meus amigos, Ben e Salma. Eles acham que os dois anos seguintes foram de luto para mim, mas não... Foi de autoconhecimento.
- Não conheceu ninguém neste tempo? Nos dois anos?
- Conheci... Mas não me envolvi com ninguém. Sequer beijei na boca. Acho que consegui me apaixonar por mim mesma... E recuperei a autoestima. Então veio a porra do prostituto... Que me roubou.
- Então... Eu sou o segundo depois do seu ex controlador?
Eu ri:
- Ah, Heitor, quem dera eu pudesse chamar Jardel de “controlador”... Isso é um elogio para ele. E sinceramente, acho que o “prostituto” não conta.
Ele riu:
- Em outros tempos eu acabaria com você em razão deste prostituto. Sabe disto, não é? Não a deixaria em paz.
- Tudo que disser no futuro sobre isso poderá ser usado contra si mesmo, Heitor Casanova. Mas agora me conte sobre você. Já que abri meu coração... Abra o seu para mim.
- Ele já está aberto, Bárbara. Completamente... – a mão dele desceu pelo meu colo, fazendo uma rápida parada no seio, que ele apertou, descendo pela barriga, abdômen, até chegar na minha intimidade.
Sorri, sem ele perceber, e subi sua mão, parando novamente no seio submerso :
- Conte sobre você e posso ir descendo sua mão, conforme eu for achando interessante.
- Não é justo... – reclamou, levantando meus cabelos e beijando meu pescoço demoradamente, fazendo eu sentir sua língua quente e convidativa.
- É muito justo, Casanova.
Me puxou ainda mais contra seu corpo, me envolvendo pela barriga com as mãos, carinhosamente:
- Ok, vamos lá. Órfão de mão cedo, ainda um menino. Meu pai viveu o luto se jogando no trabalho. Fiquei aos cuidados de minha babá, que antes disso era governanta da casa e melhor amiga da minha mãe. Nicolete me criou... Me deu amor e tudo que uma criança pode precisar após sofrer a perda da mãe tão repentinamente. Não demorou muito e Allan Casanova apareceu com Celine. E em meses os dois se casaram.
- Eu não gosto dela. – Confessei.
Ele riu:
- Ela não é má pessoa. Mas tem seu jeito altivo, personalidade forte.
- É mais que isso.
- Bem, ela tinha uma filha, que morava com o pai. Neste caso, Milena. Tínhamos meses de diferença de idade eu e ela. Inicialmente ela vinha à nossa casa nos finais de semana. Depois de um tempo ficou definitivamente. Aos dezessete anos tirei a virgindade dela, de forma consensual. Éramos adolescentes e fomos pegos pelo calor do momento. Eu estaria sendo hipócrita se dissesse que eu queria namorar com ela ou jurar fidelidade. Neste tempo eu andava com todas as mulheres.
- Jura? – comecei a rir. – Agora não? Quando é que você mudou? Que porra, Heitor, você tem várias mulheres desde sempre? Como posso acreditar em você?
- Eu vou provar que eu posso mudar, Bárbara. E você verá isso nas minhas atitudes, com a nossa convivência.
- Onde Sebastian entra nesta história?
- Por que você está perguntando isso? – ele afrouxou os braços e percebi que toquei num assunto que ele não gostava.
- Heitor, eu sei que Sebastian e Milena tiveram algo. Só não tenho certeza do que e com qual intensidade foi o que aconteceu.
Ele demorou um pouco a responder:
- Sim, tiveram.
- Por que acabou?
- Ele... Falou sobre isso?
- Não. “Ela” falou.
- Você... Falou com Milena?
- Sim.
- Quando?
- Quando fui na mansão Casanova, conversar com Celine sobre ela ter pago aquele garoto para roubar a minha ideia na seleção da North B.
- O quê? – Ele me largou e levantou da banheira. – O que você está dizendo?
Relatei brevemente sobre o garoto ter aparecido na Perrone, enquanto o fazia sentar novamente. Ele estava muito furioso. Eu já havia resolvido a situação com Celine e não queria que ele pensasse que eu esperava alguma atitude por parte dele. Então, para amenizar a situação, virei para ele, sentando de frente, enquanto minhas pernas enlaçaram seu corpo.
Sim, daquela forma ele estava completamente entregue a mim e eu sabia que não levantaria mais.
- Agora me conte... – envolvi seu pescoço com minhas mãos e o senti já endurecendo debaixo de mim. – Que porra, Heitor! – reclamei.
Ele começou a rir, beijando de leve meus lábios:
- Não tenho culpa de você ser tão gostosa, Bárbara Novaes.
Me afastei um pouco e olhei nos seus olhos:
- Me conte o que quero saber sobre Sebastian e Milena. E então eu sento em você.
- Vai mesmo me subornar? – tentou me puxar de novo e eu voltei, mesmo querendo sentar imediatamente nele. – Ok, já aceitei o suborno. Mas tem uma condição?
- Ainda vai impor condição? – o encarei, divertidamente.
- Sim. Eu vou contar. E depois de transarmos na banheira, vou prender você.
- Onde?
- Na cama.
- Como assim?
- Não vai poder usar as mãos... Para nada. Estarão imobilizadas. E eu vou estar controlando todo o seu corpo.
Arregalei os olhos, tentando imaginar-me com ele me tocando, enquanto eu estivesse imobilizada. Senti um frio na barriga com tudo que aquele homem poderia me proporcionar.
Eu estava me fodendo para o que ele falaria sobre Sebastian e Milena. Porque agora eu só queria ficar presa à cama.
- Ok, eu aceito. – Tentei fingir que eu não estava completamente ansiosa por aquele momento que ele me oferecia.
- Sebastian e Milena se envolveram quando eu fui para a faculdade. Ela viajou e os dois se conheceram, no país de origem dele. A questão é que a Perrone e a North B. sempre foram rivais... Porque hoje a Perrone comprou um prédio na frente da North B. Porém no passado, quando a North B. era comandada somente pelo meu pai, ele afrontou a Perrone no seu próprio país, tentando produzir o que eles produziam: vinho.
- Allan... Fez isso?
- Negócios, Bárbara... Nada mais que negócios. A questão é que meu pai teve um caso com a esposa de Francesco Perrone.
- A mãe... De Sebastian?
- Sim.
- Neste tempo Milena e Sebastian já estavam juntos?
- Sim. E se não bastasse, meu pai engravidou Soraia Perrone.
- Por meus sais... Como diria Ben.
- Soraia teve um aborto espontâneo e perdeu o bebê. Ou o tirou por vontade mesmo. Não há como saber. Sebastian tomou as dores do pai... Da família. E deixou Milena. Coincidentemente foram estudar no mesmo país depois. Neste tempo eu já fazia faculdade e adivinha quem era meu colega?
- Sebastian Perrone.
- Bingo! O filho do homem que engravidou a mãe dele.
- Que porra de azar!
- Então, já nos odiamos de imediato. Eu por ele ter mandado matar meu pai... Ele por eu ser um Casanova.
- Sebastian... Mandou matar seu pai?
- Ele... O pai dele... Pouco importa. Como acha que meu pai foi parar naquela cadeira de rodas?
- Eu... Devo ficar com medo?
Ele sorriu e alisou meu rosto:
- De Sebastian, sim. Dos Casanova, não.
- Será? Eu... Não imagino Sebastian sendo capaz disto.
- Agora entende porque os Perrone e os Casanova se odeiam? Francesco é o responsável por meu pai estar inválido.
- Allan pode ser qualquer coisa, menos inválido.
- Hoje eu e meu pai andamos sempre com seguranças armados.
- No caso, Anon 1 e Anon 2.
Ele arqueou a sobrancelha:
- No caso, Anon e Otávio. – Corrigiu, confuso.
- E por isso Sebastian e Milena se separaram?
- Ela teve outra pessoa depois... Mas nunca soubemos quem era. Ela não nos apresentou. Numa das voltas da faculdade para casa... Nós transamos. E ela apareceu grávida, alegando que o filho era meu.
Fiquei sem palavras, olhando para ele.
- Talvez... Não fosse meu. Ela tinha um namorado.
- Um filho seu? O homem que não transa sem camisinha? – ironizei, puta da vida.
- Sinceramente, acho que não era meu. Seria muito azar.
- Azar ou falta de preservativo? Aliás, conhece uma coisa que se chama teste de DNA? Acho que não, já que sequer sabe o que é camisinha.
Me afastei, indo para o outro lado da banheira.
- Porra, Bárbara! Eu estou contando a verdade, como você pediu.
- Heitor, não me preocupo em ficar grávida, juro. Mas em pegar um DST de você, sim. Já estou em surto, morrendo de medo...
- Eu não tenho nada, porra! Eu juro.
- Irresponsável.
- Ciumenta.
- Descuidado.
- Manipuladora.
- Desclassificado.
- Gostosa.
- Gos... – olhei para ele. – Estou falando sério.
- Eu também. Você é ciumenta, manipuladora, usou de sua beleza e sedução para me fazer contar tudo. Depois fica morrendo de ciúme e me trata feito...
- Feito...
- Um irresponsável.
- E não é?
- Não julguei você, Bárbara. Eu poderia ter dito que você participou do relacionamento tóxico com seu ex porque quis. E você, usou camisinha com ele? Usou com o “prostituto”?
Levantei e saí da banheira, furiosa. Ele foi atrás de mim e me pegou pelo braço:
- Você não vai fazer isso! Não hoje. Foi uma noite longa e difícil e você sabe disto. Não foi fácil chegarmos neste ponto. Eu tenho um passado e ele é cheio de problemas.
O encarei:
- Acho que não mais que o meu. – Baixei a cabeça. – Não transei sem camisinha com Jardel... Porque sabia que poderia sim, contrair uma doença. Então, dentre os oito anos que passei com ele, a única vitória que tive foi esta. Não usei camisinha com o prostituto porque não houve penetração.
- Não houve penetração?
- Só oral...
- Você nele?
- Ele em mim.
- Quem em sã consciência não comeria você... Bem comida?
O jeito de falar dele acabou comigo completamente:
- Me come, Heitor... Bem comida... Amarrada na cama. – Implorei, olhando para o lugar onde há pouco tempo transamos.
Nossos lábios se encontraram violentamente, como se pudéssemos morrer caso não nos beijássemos. Ele me pegou no colo, ainda nua e molhada, e me jogou na cama, sem descuidar da língua na minha, exigente, selvagem. Mordeu meu lábio inferior, puxando com os dentes vagarosamente, abrindo os olhos e me encarando enquanto a mão tentava encontrar algo no chão.
Me soltou e pegou uma caixa branca, que eu sequer havia observado ali. Retirou um par de algemas de couro, pretas, e colocou num dos pulsos, passando a corrente por detrás da cabeceira da cama, fechando a outra no pulso esquerdo.
Tentei retirar meus braços, que ficaram trancados, com movimentos completamente limitados.
- Você... Já havia previsto isso? – perguntei, um pouco temerosa.
- Sim... Desde o dia que a vi pela primeira vez. Pensei: preciso domar esta mulher. Ela vai ver quem comanda.
- Eu comando. – Afirmei.
- Não... “Eu” estou no comando agora. – Ele retirou da caixa uma venda preta em cetim e sorriu, sedutoramente. – Vou acabar com você, Bárbara Novaes. Me vingar por tudo que me fez até hoje. Inclusive pelo que faz...
- Eu...
- Antes de eu cobrir seus olhos, quero que confesse que morre de ciúmes de mim.
- Eu não vou fazer isso... Até porque... Eu não tenho ciúme de você.
Ele levou o dedo ao meu clitóris e começou a fazer movimentos circulares, fazendo eu gemer e me contorcer de forma veemente.
Comecei a umedecer instantaneamente, abrindo minhas pernas.
- Quer meus dedos ou meu pau? – perguntou, apertando e movimentando mais rápido.
- Os dois. – gritei, sentindo que eu iria gozar.
- Agora?
- Agora, porra!
Ele retirou o dedo e lambeu o dedo enquanto me olhava:
- Não existe melhor sabor que o seu, Bárbara. Quer provar?
- Eu... Quero você... – meu coração estava explodindo e o sangue fervia nas minhas veias.
- Então confesse que sente ciúme.
Fechei as pernas e senti minha respiração cada vez mais ofegante. Porra de homem dos infernos:
- Eu morro de ciúme de você, seu desclassificado. Sou louca, completamente louca por você.
Ele deu um meio sorriso, satisfeito, colocando gentilmente a venda. Então tudo se escureceu à minha volta.