Capítulo 54
2556palavras
2023-01-13 08:20
- Eu... Não sei nadar. – Confessei, envergonhada, tentando recuperar o fôlego.
- Me perdoa, Bárbara. Eu não sabia. – Ele estava preocupado, as mãos seguravam meu rosto entre elas.
De repente o medo deu lugar à graça e começamos a rir.

- Ok, camisinha estourada, eu quase afoguei você... O que mais pode acontecer?
- Eu botar fogo no pau do pole dance? – não me contive.
- Pode botar fogo em tudo, Bárbara. Mas só depois que formos embora e acabarmos a nossa noite. Quero acordar com você ao meu lado.
- Que horas são? – fui para frente, enlaçando meus braços no pescoço dele, encostando nossos corpos submersos na água morna.
- Não quero saber da hora... Não quero nem que passe o tempo, para dizer a verdade.
- Eu...

Porra, por um segundo eu quase disse que eu estava completamente apaixonada por ele. Olhar no fundo daqueles olhos verdes era um convite para dizer verdades escondidas dentro do coração.
- Você... – ele me incentivou a continuar.
- Quero de novo... Tudo de novo.
Ele riu e me puxou para dentro da água novamente. Meus pés não alcançavam o fundo, mas ele me segurava com seus braços, com nossos corpos grudados.

Ficamos no meio da piscina, abraçados. Deitei minha cabeça no ombro dele, olhando para a lua, tão distante de nós, mas ainda assim iluminando a noite e enfeitando nosso momento.
Heitor lambeu meu ombro, com sua língua quente. Não aguentei e encarei-o. E nossas bocas se encontraram novamente, num beijo sem pressa, com nossas línguas já entrelaçadas num mesmo ritmo. A boca dele devorava meus lábios, como se fosse me comer. Segundos e ele já estava duro novamente, pronto para o segundo round e eu para o terceiro.
Eu nunca soube o que era cansar de fazer sexo. E com ele eu imaginava que poderia não haver cansaço, visto que eu gozava sempre. Só se eu cansasse de tanto gozar. Eu tinha certeza de que nunca, em toda a vida, fui tão bem tratada por um homem.
Sim, justo o desclassificado que tanto aprontou para mim, agora conseguia ser o homem mais perfeito que eu já conheci. Era sexo selvagem, completamente louco, mas ao mesmo tempo tinha sentimento. E por mais que eu não quisesse me iludir, eu sentia que ele gostava de mim, tanto quanto me desejava.
Abri minhas pernas e segurei meu corpo à cintura dele, que foi andando em direção às escadas, sem me soltar.
Saímos da piscina morna e fomos para a cama, completamente molhados. Ele me deitou e pôs seu corpo sobre o meu. A virilidade e força dele me excitavam completamente. Paramos de nos beijar porque faltou o ar. A boca dele estava a avermelhada e eu sentia a minha ardente pela barba, dele que estava um pouco crescida.
Mas ele não parava nunca. Sua boca saiu da minha e foi para meu pescoço, onde ele brincava com a língua, lambendo sem pressa.
Me arrepiei e ele deu uma mordida leve no meu ombro:
- Gostosa!
- Quero mais. – falei num fio de voz, enquanto mordiscava seu lóbulo da orelha e minhas mãos afundavam em seus cabelos úmidos.
- Seu pedido é uma ordem, Bárbara. – falou no meu ouvido, baixinho, me deixando completamente louca.
Ele apoiou os braços na cama e me penetrou, vagarosamente. Gemi baixinho e fechei meus olhos:
- Não tenho certeza se gosto assim, devagar... Ou se prefiro que você leve meu corpo junto com o móvel. – Confessei, sorrindo.
Ele puxou meu lábio com os dentes e foi penetrando-me bem devagar, fazendo meu coração palpitar e o estômago se contrair, num frio na barriga.
- Hum... Quer dizer que você não sabe se gosta assim... – Falou entre meus lábios. – Ou... Assim... – Estocou com força, levando meu corpo com o dele, enquanto os olhos me encaravam. – Como você me quer, Bárbara?
Se ele soubesse o poder que aquele “Bárbara” saindo da boca dele tinha sobre mim... Meu coração se desmanchava ao ouvir meu nome com sua voz.
- Eu quero você de qualquer jeito... Desde que não pare... De me foder. – Confessei.
- Não sabia que você era uma mulher louca por sexo... – falou, gemendo enquanto entrava mais fundo e mais forte.
- Nem eu... Até conhecer você. – Peguei na bunda dele pela primeira vez, sentindo os músculos enrijecidos.
- Safada... Tarada... – mordeu novamente meu lábio inferior, puxando levemente.
- Desclassificado... – tentei emitir som entre sua boca.
Minhas pernas o envolveram e fechei meus olhos, sentindo todas as emoções que aquele momento me proporcionava. Mas não... Eu não queria ser somente uma passiva de pau. Creio que eu queria ser ativa... E testar coisas que até então eu não tinha feito.
Aproveite seu momento, Bárbara! Se aproveite desta máquina de sexo que é Heitor Casanova!
Saí debaixo dele com dificuldade, deitando-o de costas na cama. Ele ficou me olhando, confuso.
Levantei os braços dele para cima e segurei suas mãos enquanto sentei sobre sua barriga, beijando-o enlouquecidamente, provando tudo que aquele homem delicioso tinha para me oferecer.
Depois desci a boca pelo seu pescoço, dando chupões fortes, intensos, que certamente deixariam a pele dele com grandes roxos quando amanhecesse. Cada chupada e eu arrancava um gemido alto dele. Desci a língua pelo abdômen sarado, bem definido, duro e musculoso.
Aquele homem não foi esculpido por Deus. Ele era um pecado... Certamente veio do inferno, com todo aquele fogo que não acabava nunca.
- Vai me matar assim, Bárbara. – falou, com a voz fraca.
Sentei sobre o pau dele, fazendo-o gemer alto, quase num grito.
- Caralho... Vai... Me fode você, sua tarada, safada...
Senti todo ele dentro de mim e me vi no lugar dele, quando não sabia se fodia devagar, aproveitando cada centímetro, cada segundo, ou cavalgava com força e rápido, deixando o prazer me consumir como o fogo do inferno.
- Quer devagar... – fiz movimentos circulares com meu corpo, sentindo seus testículos na minha bunda. – Ou rápido. – levantei e sentei, várias vezes.
- Porra, porra, mil vezes porra! – ele gritou, enquanto pegava minha bunda, apertando os dedos com força na minha pele.
- Não, seu desclassificado. – Tirei as mãos dele e botei nos meus seios. – Eu comando agora. – falei enquanto continuava com ele dentro de mim, com meu corpo em movimentos circulares sobre ele.
- Você é deliciosa, Bárbara! Eu... Estou completamente louco por você...
Tapei a boca de Heitor enquanto me remexia sobre ele, deixando todo o prazer tomar conta de mim. A respiração dele estava ofegante muito ofegante.
Quando senti que iria gozar, apoiei minhas mãos na cabeceira da cama.
- Eu vou gozar... – falei quase sem voz, apertando meus dedos com força na superfície almofadada.
Ele apertou minha bunda com força e gemi alto, sentindo em seguida ele gozar dentro de mim, mais uma vez.
Escorei minha cabeça na cabeceira da cama, tentando recuperar meu fôlego, sem saber nem mesmo o que dizer daquilo. Prazer, intenso, sem palavras, maravilhoso... Sem tempo para camisinha?
- Ok, a primeira vez foi acidente... E agora? – ele perguntou, rindo.
- Agora eu não sei... Eu posso não ter lembrado... E você?
- Eu posso ter querido gozar dentro de você, Bárbara...
Retirei minha cabeça da parede, ouvindo meu coração batendo forte. Meu rosto estava quente e eu sentia que meu corpo começava a suar levemente. O encarei, sem saber o que dizer. Minha cabeça sabia que eu tomava anticoncepcional, então, de alguma forma, eu estava tranquila quanto a engravidar. Mas sobre pegar alguma DST eu não estava.
- Eu faço exames regularmente... E não transo sem camisinha. – Tentou me consolar.
- Eu... Pude perceber. – Debochei, saindo de cima dele e deitando sobre a cama completamente desarrumada, quase sem lençóis.
- Eu quero gozar em cada parte do seu corpo... – alisou meus seios.
Peguei o dedo dele e chupei avidamente, o encarando, enquanto ele fechou os olhos e mordeu o lábio, louco de desejo.
- Eu posso querer que você comece por aqui... – chupei até o fim e soltei.
- Você... Faria isso?
- Claro. Assim que você me garantir que terminou com suas mil mulheres.
Ele deitou ao meu lado e virou o rosto para mim:
- Terminei, Bárbara. Eu quero você... Só você. Sei que pode parecer precipitado, mas eu... Eu... – ele tirou os olhos dos meus. – Eu posso estar gostando de você.
A minha vontade era de gritar. Mas eu me contive. Então meu coração decidiu sair de ritmo, parecendo me trair. Eu conseguia vê-lo batendo intensamente, no meu peito, do lado de fora. Acreditar ou não? Deus, ele parecia tão sincero. Eu mesma estava gostando dele... Me apaixonando... Talvez até amando.
Alisei seu rosto:
- Eu não tenho vocação para ser a outra, Heitor. Eu já fui traída... Muitas e muitas vezes. E sei que quando transamos no elevador, você era comprometido. Mas saiba que só estou aqui porque acreditei que eu seria a única na sua vida. E só me terá por completo quando eu me certificar de que o que você está dizendo é verdade.
- E o que significa ter você por completo, Bárbara.
- Significa te dar o meu coração, sem medo, sem ressalvas. – Confessei, olhando nos olhos dele.
- Como algum homem que teve você em seus braços foi capaz de traí-la... Sequer tocar outra mulher?
- Porque ele era um homem sem escrúpulos, um ordinário, desprezível... Doente. Ele era muito mais que um desclassificado... Ele era... Um monstro.
- E agora ele está morto?
- Sim.
- O que aconteceu com ele?
- Overdose. – falei, envergonhada.
- Quanto tempo vocês ficaram juntos?
- Oito anos... Os piores de toda a minha vida... Aqueles que eu queria poder apagar para sempre da minha mente.
- Só de pensar que alguém possa ter feito mal a você, eu sinto tanta raiva... Que nunca pensei sentir. E eu nem o conheci.
- Passou. Demorou, mas passou. E aquela Bárbara não existe mais. Ela deu lugar à outra, forte, que não segura palavras ou pensamentos.
- Eu gosto muito desta Bárbara. – Ele sorriu. – Ela é diferente das mulheres que faziam tudo que eu queria... Porque elas também queriam algo em troca. Esta Bárbara surgiu na minha vida para provar que nem todo mundo está atrás do meu dinheiro. Ou da vida boa vida que eu posso proporcionar.
- Acha que jamais alguém se aproximou de você por sentimento de verdade?
- Não acho... Tenho certeza.
- E... Milena?
- Fez o que a mãe queria. Ela nunca gostou de mim. Nem eu dela. Foi sexo entre adolescentes. Inevitável... Estávamos sempre juntos.
- E a loira do pau do meio?
Ele riu:
- Qualquer dia vou me pegar chamando minha funcionária de “loira do pau do meio”. Ou quem sabe as outra duas de loira do pau da direita ou loira do pau da esquerda.
- Não tire o foco do assunto, Heitor.
- Ok, interesse. E talvez Cindy seja a mais interesseira de todas.
- Se sabia disto... Por que continuou?
- Sexo de qualidade e uma funcionária que rende muito dinheiro a Babilônia. Então eu também tinha interesses.
- O que é sexo de qualidade? – perguntei, arqueando a sobrancelha, curiosa.
Ele levantou da cama, completamente nu, me encarando:
- Sexo de qualidade é algo que eu achava que conhecia... Até hoje.
Antes que eu dissesse qualquer coisa, ele me pegou no colo novamente. Não contestei, até ele entrar comigo na hidro, morna, cheia de espuma, convidativa.
Ele sentou e puxou meu corpo para junto de dele, me colocando entre suas pernas.
Heitor pegou uma garrafa de espumante de dentro do balde de gelo e me entregou uma taça. O som da tampa da garrafa ecoou no ambiente e voou para longe de nós. Vi o líquido claro e borbulhante enchendo a taça. Ele trouxe sua taça e tocou na minha, tilintando os cristais:
- À nossa primeira noite perfeita! – Disse, seriamente.
- A primeira de muitas... – Bebi o líquido, sentindo o sabor perfeito e deitei minha cabeça no ombro dele.
Continuei bebendo ali, recostada nele, rezando internamente para aquele momento não acabar nunca e que quando eu abrisse os olhos no dia seguinte, não fosse um sonho e realmente tivesse acontecido, cada minuto daquela noite perfeita.
Ficamos um tempo sem dizer nada, só aproveitando o tempo que tínhamos juntos. Acho que ele também sabia que aquilo poderia ser um sonho. Heitor encheu a mão de espuma e espalhou no meu colo, acima dos seios, acariciando levemente:
- Me fale sobre você, Bárbara. Eu quero saber a sua história.
Eu ri, amargamente:
- Minha história não é interessante.
- Ainda assim, eu quero saber... Tudo que se refere a você é interessante para mim.
Respirei fundo:
- Minha mãe saiu de casa por causa de um homem, quando ela ainda era muito jovem. Ela pertencia a uma família bem de vida... Estável financeiramente. Abriu mão de tudo por ele. Mas eu não tenho certeza se este homem é o meu pai... Ou se ela conheceu outro depois. Minha intuição diz que sim, que sou filha do responsável por ela ter deixado tudo.
- Ela nunca falou sobre ele?
- Não. Eu sabia que aquilo doía nela. Então nunca quis saber. Mas ela me disse que ele sabia da minha existência.
- Ele nunca procurou você?
- Não. E por isso eu também nunca me interessei em saber sobre ele. Até hoje não me interesso. Vivemos uma vida cheia de altos e baixos, mas com muito amor, só nós duas. Cresci numa casa grande, onde nada me faltava. E achava que a mulher, dona da casa, era parte da minha família. Porém, quando ela morreu, eu soube que ela não era minha avó. Mesmo me tratando com carinho e me enchendo de mimos, ela deixou a herança para os familiares. E eu soube que minha mãe era empregada naquela casa. Procuramos outro lugar para morar e ela arranjou outro emprego. Então passamos para a fase de viver com um pouco de dificuldade. Nunca me faltou nada, mas nos víamos pouco. Ela dava um duro danado para nos sustentar.
- Ela nunca procurou a família, nem em busca de dinheiro?
- Não. Então ela morreu e eu descobri que se não fosse para a casa da minha avó, mãe dela, teria que morar num orfanato. Eu era adolescente... Foram tempos complicados.
- E sua avó de verdade... Como era?
- Perfeita, dócil, gentil e cheia de carinho e paciência. Tentei ser rebelde um tempo, mas ela não se importava. Sempre estava lá, para o que eu precisasse. Então conheci Jardel...
- Com quem ficou oito anos.
- Sim. Eu tinha dezessete na época. Ele era legal quando nos conhecemos. E eu, completamente carente, me joguei naquela relação. A família dele me acolheu e me apaixonei por eles também. Então o pai dele conheceu outra mulher e foi embora de casa, abandonando-os. E a partir dali ele mudou completamente.
- E se jogou nas drogas.
- Sim... E eu não consegui me desvencilhar daquele relacionamento tóxico, que acabava comigo, de todas as formas possíveis. E não me pergunte o motivo, porque eu não saberia explicar.