Capítulo 22
2150palavras
2022-12-24 14:34
Peguei a garrafa da mão dele.
- Agora tente de novo, com as duas mãos. Você consegue. É homem... Deve ter força pelo menos. É o mínimo...
- Não sou um homem acostumado a fazer força, senhorita Novaes. Ao menos não para abrir elevadores. – Me olhou, sarcástico.

- E como pretende abrir a porta do elevador, se não vai usar sua força? Acha que ele obedecerá a seus belos dedos? – ironizei.
Ele olhou para os próprios dedos e depois para mim:
- Fico impressionada com a forma como me observa e sabe tudo sobre mim, “Bárbara”.
- Senhorita Novaes, por favor. – Pedi. – Sem intimidades.
- B-á-r-b-a-r-a. – ele soletrou vagarosamente, para me irritar.
- Pois bem, “H-e-i-t-o-r”, saia daí que eu vou abrir esta porcaria.

Coloquei a garrafa no chão e tentei abrir a porta, usando toda a minha força. Mas não tinha nem como enfiar os dedos na fenda, de tão pequena.
- Use seu celular, porra. – falei para ele.
- Não está comigo. – Se escorou na parede de vidro, cruzando os braços.
Abri minha bolsa e peguei o meu celular, olhando-o com ar de vitoriosa:

- A chave da salvação.
Tentei ligar para Ben. Sim, porque ele, mesmo do outro lado da cidade, era o único que poderia me salvar da pior noite da minha vida. Porque era isso que se tornaria aquele tormento ao lado de Heitor Casanova.
Olhei várias vezes para me certificar que estava mesmo sem sinal.
- Não vai me dizer que está sem sinal. – Debochou, de braços cruzados.
- Está... Droga.
Ele pegou o celular da minha mão e olhou:
- Porra!
- Por que pegar meu celular? Por acaso acha que eu estaria mentindo?
- Acho.
- Por que eu faria isso, seu desclassificado?
- Para poder ficar mais tempo comigo, presa aqui.
Olhei-com desdém e gargalhei:
- Só pode estar louco. Estar no mesmo ambiente que você é simplesmente horrível, me dá até falta de ar... Náuseas...
- Por isso usou este vestido para vir na minha casa? – observou meu corpo de forma libidinosa, passando a língua pelos lábios.
- Se me tocar, eu vou gritar.
- O elevador é a prova de som. – Começou a rir.
- Processo você.
- Jura? Eu digo que é mentira. Que só quer ganhar dinheiro às minhas custas.
- Eu provo...
- Eu não vou deixar marcas... Nenhum vestígio.
Me encolhi num canto, bem longe dele, o máximo que consegui, amedrontada.
- Não vou tocar você, Bárbara... Não se preocupe. – Ele disse, fechando os olhos e respirando profundamente. – Aliás, eu já disse que você não me interessa e não faz meu tipo?
- Não disse. E pouco me importa. Eu não gosto de você e ponto.
- Eu sei... Porque sou um desclassificado, metido, que se acha melhor que tudo e todos e bla, bla, bla... – continuou de olhos fechados, parecendo cansado.
- Decora minhas palavras agora?
- Só as mais importantes. – Seguiu do mesmo jeito.
Sentei no chão, com as pernas estendidas e uma mão fechava a fenda do vestido:
- Ok, sei que logo alguém vai querer usar o elevador e então vamos sair daqui... Porque saberão que estamos presos.
- Ninguém usa este elevador a não ser o meu pai.
- Mas... Darão falta de você, não é mesmo. Afinal, é o seu aniversário.
- Ninguém vai dar falta de mim... Se depender disso, morreremos aqui.
- Aposto que sua namorada vai lembrar que existe um Heitor Casanova nesta casa. – Me escorei na parede gelada.
- Milena não sentirá minha falta. Achará que caí de bêbado por algum lugar da casa ou do jardim...
- Mas... Você está bêbado?
- Só um pouco. – Ele abriu os olhos. – A ponto de ver duas de você na minha frente.
Comecei a rir.
- Não ria... Uma de você já me importuna e me enche a paciência... Duas de você é castigo... Ainda mais no meu aniversário.
Levantei os braços e comece a mexê-los:
- Sou uma Bárbara com quatro braços?
- Você é estranha. – Ele fez careta.
Heitor pegou a garrafa e sentou ao meu lado, oferecendo-me:
- Pode beber... Vamos ficar um tempo aqui... Tendo que dividir o mesmo ar.
- Tenho medo de me intoxicar bebendo onde você tocou a sua boca. – Peguei a garrafa e bebi até acabar com todo o líquido que havia dentro dela.
Ele olhou a garrafa vazia e disse, seriamente:
- Ofereci um gole, Bárbara.
- Para ficar presa com você no elevador por não sei quanto tempo, preciso da garrafa inteira, acredite. Eu sou ansiosa, tomo medicamentos inclusive.
- Agora entendo sua insanidade. Eles devem afetar sua parte cognitiva e de discernimento.
- Arrogante ridículo... – não olhei para ele.
- Tomei uma garrafa inteira de uísque sozinho... Uma de espumante... Mais meia... Porque você tomou o resto. Então pode falar o que quiser, pois amanhã eu não vou lembrar sequer que estive aqui com você.
- Para quem não vai lembrar de nada, você não esqueceu nenhuma dose do que tomou até então. – Observei, levantando, sem querer tocando o pé na garrafa, que girou até a fundo do elevador.
- Desajeitada e desastrada... – ele levantou. – O que vai fazer, Bárbara? Gritar?
- Vou tentar abrir esta porcaria de novo. Não quero ficar aqui com você... Desclassificado, bêbado. Aliás, por que você mandou pichar a fachada do meu prédio? Eu não paguei o conserto do carro? Acha justo a forma como agiu? Como se tivesse vinte anos... – o encarei.
- Você é bonita, Bárbara! – ele me olhou profundamente, parecendo não ter me ouvido.
- Você é... Um idiota.
- Acho que você já me chamou duas vezes de idiota. Então o seu repertório está acabando.
Fui para o mais longe dele que consegui, mesmo naquele mísero espaço que nos separava.
- Tem medo de mim, Bárbara? – ele se aproximou, fazendo meu coração bater descompassadamente.
- Claro que não. “Você” deveria ter medo de mim, Heitor.
- Tenho medo mesmo... De você destruir meu coração. – Ele colocou a mão no peito, debochando da minha cara.
Cruzei meus braços:
- Está de brincadeira comigo, Heitor Casanova?
Ele negou com a cabeça, olhando no fundo dos meus olhos.
- Senhor Casanova, diga-me uma coisa, por favor.
- Até duas, Bárbara... – continuou imóvel, os olhos sem desgrudar dos meus.
- O senhor tem colherinha por aí?
- O quê? – ele balançou a cabeça, confuso, enrugando a testa.
Preciso ser juntada, seu idiota. Você acaba de derreter meu corpo e o que restava de cérebro... Que porra está acontecendo comigo? Eu odeio este homem.
- Acho que posso estar um pouco bêbada. – falei seriamente, pois meus pensamentos estavam confusos.
Voltei para a porta, tentando abrir novamente, com força. Precisava sair dali imediatamente.
- Pode me ajudar, senhor dono da porra toda?
- Senhor não... Dono da porra, sim. Se é toda, já não sei...
- Deus, me deixar presa com ele já é castigo... Mas bêbado? Jura que acha que mereço isso? – levantei meus olhos, encarando o teto.
Ele parou ao meu lado:
- O que quer que eu faça, Bárbara?
“Bárbara”... O jeito que ele falava era estranho... Parecia irônico, mas não era... Eu não sabia identificar. O certo é que meu nome saindo dos lábios dele soava diferente.
- Eu vou puxar um lado da porta e você o outro, ok? Colocamos toda nossa força e puxamos para as laterais.
- Acha que vamos conseguir abrir uma porta de elevador? Eu e você? – ele riu.
- Vamos pelo menos tentar, não é mesmo? Conhece trabalho em equipe?
- Não somos uma equipe... Somos uma dupla.
- Que seja, porra. Vai me ajudar ou não?
- Eu vou... Mas isso não vai adiantar. Não vamos conseguir abrir a porta.
- Heitor, vamos tentar, por favor. – falei calmamente, para ver se ele entendia que era uma tentativa.
- Ok, Bárbara.
- Quantas vezes você vai dizer “Bárbara”, porra?
Ele riu. Coloquei meu corpo de um lado e puxei a porta na minha direção e ele fez o mesmo. Ela nem se mexeu...
- Tenho outra ideia. – ele disse. – Você fica na frente e eu atrás de você. Empurramos os dois juntos, ao mesmo tempo.
O olhei, tentando entender a ideia dele.
- Ok.
Tentei colocar meus dedos na frenda e ele parou atrás de mim, colocando as mãos acima. Senti seu corpo tocar o meu e quase fiquei sem ar.
Ok, Bárbara, não leve para o lado sexual. Ele só sugeriu abrir a porta com você. Não tenha um ataque antes de acontecer algo. Se ele tentar abusar de você, dá uma joelhada no enorme pênis dele e pronto.
Assim que botei minha força para tentar abrir, senti o zíper do vestido estourar. Só podia ser piada dos céus. Ok, Deus, eu me rendo! Vou à missa, ao culto, a puta que pariu... Mas faça com que seja um sonho... E o zíper ainda esteja fechado.
Senti as mãos de Heitor nas minhas costas, tentando fechar o zíper. Estavam quentes e jamais imaginei que o toque dele pudesse acender meu desejo e fazer eu sentir minha intimidade contrair e umedecer.
- Bárbara... Eu... Acho que não tem conserto... – ele falou em voz baixa, puxando meus cabelos gentilmente e colocando para o lado, desnudando meu pescoço.
- Eu... Eu... Acho que...
Senti os lábios dele diretamente na minha tatuagem. Estavam quentes e úmidos. A ponta da língua tocou minha pele e depois ele beijou cada parte do desenho. Minha respiração acelerou de tal forma que o ar quase me faltava.
Uma mão dele tocou meus cabelos caídos sobre o ombro e a outra minha perna, na parte da fenda, subindo até encontrar o tecido do vestido.
Fechei meus olhos e empinei a bunda, sentindo o corpo dele pressionar o meu contra a porta.
- Você é linda, Bárbara... – ele falou num fio de voz, ainda dedicando a boca à minha tatuagem, enquanto a mão encontrou minha calcinha minúscula, tecida em renda.
- Não... – falei, enquanto todo meu corpo dizia sim.
Eu odiava ele... Mas caralho, era lindo de morrer. Safado, idiota, sexy, nojento, ordinário e completamente desclassificado.
- Sim... – Mordeu meu ombro e senti sua ereção enquanto ele se esfregava em mim, não conseguindo conter um gemido de prazer.
Os dedos ágeis empurraram a calcinha para o lado e ele esfregou-me, sentindo minha umidade. O corpo dele me apertou contra a porta e deixei minha testa escorar no metal gelado, enquanto meu corpo ardia em brasa.
Acho que eu estava bêbada... Muito bêbada. Ou jamais deixaria aquilo acontecer. Com nenhum homem... Principalmente com ele. Afinal, eu odiava o CEO Heitor Casanova. Odiava mesmo? Claro que sim... Ele mandou me prender, não me deu um emprego, me jogou para fora da Babilônia, entrou no banheiro feminino e falou mal da minha tatuagem, que agora ele beijava sofregamente, como se tivesse esperado por aquilo a vida toda.
Seu dedo alcançou meu ponto de prazer, que ele alisou com movimentos circulares, fazendo com que eu nem lembrasse mais quem eu era na porra da minha vida.
Jamais imaginei sentir aquilo num simples toque... A vontade de simplesmente tirar minha roupa e me entregar a ele ali mesmo, sentindo sua boca em cada centímetro da minha pele, gentil e cheio de desejo, como ele estava.
Gemi alto e tentei tirar a mão dele, procurando a consciência no fundo do meu eu. Me surpreendi com o gesto dele, de simplesmente retirar os dedos de dentro da minha calcinha e passar as mãos na minha cintura.
Senti suas mãos, de cada lado da cintura e a boca veio ao meu pescoço, onde ele chupou com força.
- Não faça isso... – falei tão baixo que quase nem eu ouvi minha própria voz.
- Quando o efeito do álcool passar... Terá uma marca para lembrar que isso realmente aconteceu, Bárbara...
- Eu... Não vou lembrar... De nada. – Fechei meus olhos, sem me mover.
A boca dele foi dando beijos leves pelo meu pescoço, descendo pelo ombro direito e contornando o tecido do vestido, até chegar nas costas.
- Quero você, Bárbara. – falou no meu ouvido.
- Não... Estamos bêbados... Muito bêbados. – Tentei me convencer. – E... Sofrendo de uma crise de pânico.
- Eu não sofro de crise de ansiedade ou pânico, Bárbara.
- Mas sofre... De bebedeira...
- Eu quero beijar sua boca... Quero sentir seu gosto...
Virei-me com dificuldade na direção dele, sendo que meu corpo não queria sair da posição que estava, completamente entregue àquele momento.
Nossos olhos se encararam e ele veio na minha direção. Meus lábios se abriram levemente para recebê-lo, ansiosos, quando a luz piscou e o elevador deu um solavanco, descendo.