Capítulo 98
2794palavras
2023-02-08 10:34
- Deixei um bilhete para ela com um amigo, do Cálice Efervescente. Lembro que naquela semana havia audiência pela guarda do meu filho... A oitava.
- Recebi o bilhete, dias antes do Cálice Efervescente fechar. Porém, o telefone dele dava desligado, certamente por estar indo para Noriah Sul. Decidi ir para a praia, relembrar os momentos vividos com ele – olhei para Charles – A saudade estava acabando comigo. Coincidentemente, naquela noite, na praia praticamente deserta, tive meu carro roubado, junto do celular, bilhete e tudo mais. Roubo à mão armada. Me mandaram ficar no chão, deitada, contando... De 50 até 0. – Engoli em seco, piscando várias vezes para não chorar – Perdi definitivamente o contato com ele, pois o bar fechou dias depois. Mas a vida me reservou uma surpresa... A melhor de todas... – O olhei.
- Nossa filha. – Charles sorriu, o polegar acariciando minha mão.

- Sim, engravidei de Charles.
- Eu, sem o contato dela, decidi compor uma música para Sabrina e usar a internet para encontrá-la.
- “El cantante procura garotinha”... – Eu ri, pondo as mãos no rosto, envergonhada – Enfim, fiquei sabendo da música e decidi largar tudo e ir ao encontro dele. Mas no dia marcado, quando eu saía de casa, passei mal... E descobri a gravidez, junto de toda minha família: mamãe, papai e Mariane. Foi aí que Jordan Rockfeller decidiu intervir na ordem natural das coisas. Pelo menos eu imaginava, inocentemente, sem saber que ele já havia interferido desde a noite que saí da igreja, indo ao Cálice Efervescente.
- Sabrina nunca chegou ao ponto de encontro, que era na casa de praia, onde havíamos ficado juntos.
- Quando meu pai soube da gravidez, exigiu que eu tirasse o bebê.
- Aborto? – Rosy arregalou os olhos.

- Aborto. Foi enfático: “tira o bebê ou vai embora”.
- Um minuto, Sabrina, por favor... – Pediu Rosy, escutando algo no fone de ouvido, arqueando a sobrancelha – Estamos ao vivo e seu pai ligou para emissora e exigiu que o programa pare de ser transmitido. Convido o senhor Jordan a entrar em contato conosco por telefone, caso queira, podendo assim contar sua própria versão dos fatos. – Olhou diretamente para a câmera.
- Enquanto ele não entra em contato, vou seguir... – eu sabia que tinha que ser rápida, antes que ele conseguisse cortar a transmissão de alguma forma – Eu disse que minha escolha era o bebê e ele me mandou embora da mansão Rockfeller, sem celular, sem dinheiro, somente com a roupa do corpo. A única coisa que pude levar comigo foi a jaqueta que tinha ganhado de Charles. E cheguei ao ponto de encontro tarde demais... Era final do dia... Ele não estava mais lá. Achei que tinha ido embora por imaginar que eu não iria.
- Mas não foi o que aconteceu – Charles continuou, também apressado – Assim que cheguei na casa, recebendo a chave de um amigo meu que cuidava da residência e nos emprestou, alguém bateu na porta. Era uma garota... Que eu nunca vi antes. Enfim, não era Sabrina. Ela se jogou sobre mim, tentando forçar uma relação sexual. Óbvio que eu tentei fugir da situação, especialmente por estar amedrontado de Sabrina chegar e me flagrar com outra mulher. A menina despiu-se... E do nada a casa foi invadida pela Polícia. A menina tinha dezesseis anos, havia dado queixa contra mim no dia anterior, acusando-me de persegui-la... Fingindo que tínhamos um relacionamento – suspirou, dando uma pausa – Ela tinha hematomas pelo corpo, que afirmou terem sido feitos por mim, sendo que jamais a toquei. Fui preso em flagrante... Um carro posto em frente à casa estava em situação de roubo e o motorista me reconheceu como o assaltante. Sem contar o fato de eu estar na casa que não era minha e que tinha um dono, que certamente não entendeu o motivo de alguém como eu estar ali. Se alguém acreditou em mim, quando tentei conta a verdade? Não... Claro que não.

Charles fez uma pausa e tomou um copo de água em segundos. Continuou:
- Então fui julgado e condenado por invasão de propriedade privada, tentativa de estupro contra menor de idade e roubo. Creio que a garota hoje deva estar com mais de vinte anos. O nome dela é Tábata Deoli. E já que estamos aqui hoje, Sabrina e eu, em nome da verdade, gostaria muito de pedir, em rede nacional, que ela pense em tudo que sua mentira me causou... E diga o que realmente aconteceu... Para poder tentar deitar à noite em seu travesseiro e não sentir a consciência pesada. Pois eu duvido que ela consiga viver todos os dias normalmente, sem sequer pensar em mim e imaginar o quanto sua mentira me prejudicou.
- Tábata Deoli... É um pelo e tanto... Quem sabe toque seu coração. – Disse Rosy, visivelmente comovida e certa da inocência de Charles. Eu via nos olhos dela que acreditava nele.
- Meu pai pagou para furtarem os pertences de Charles, certamente já pensando em prejudicá-lo futuramente, com intuito de nos separar. Foi ele também que contratou pessoas para roubarem meu carro e celular naquela noite... Quem confessou foram os próprios ladrões, que encontrei há alguns dias atrás, na cidade onde moro. Sei que parece tudo muito louco e impossível... Mas foi exatamente assim. Acabei partindo do país com ajuda do meu ex noivo, indo parar em Noriah Sul, onde fui acolhida pela família da governanta dos Rockfeller. Tive minha filha, fiquei longe de Charles, da minha mãe... De todos que eu amava. Mas também aprendi a amar as novas pessoas que surgiram na minha vida e me ajudaram. E então conheci o grande amor da minha vida: Melody Rockfeller... Em breve também Bailey. – Olhei para Charles, que pegou minha mão e a pôs sobre a bancada, para que todos vissem que estávamos ali, juntos, contando a nossa verdade.
- Fui tirado da cadeia por Mariane Rockfeller, irmã de Sabrina. A desculpa dela era gostar da minha música, que ouviu anos antes, e tentar me ajudar a ser um cantor famoso. Já havia passado muito tempo e achei que Sabrina pudesse estar com outra pessoa. Mas o fato de me tornar alguém conhecido também era a chance de poder reencontrá-la. E foi o que aconteceu... Nos encontramos num show que fiz em Noriah Sul... E desta noite temos outro bebê, que está crescendo no ventre de Sabrina.
- Mas... Vocês gostam mesmo de fazer filhos... – Brincou Rosy.
- Na verdade, não nos cuidamos mesmo. Sabe aquele pensamento: Comigo não vai acontecer? É tipo isso! – Expliquei.
- Sim... E aconteceu não uma, mas duas vezes. – Rosy olhou para câmera, com olhar divertido.
- Mais ou menos – eu ri – Aproveitando o momento: gente, usem camisinha! Ou podem ter um filho cada vez que fizerem sexo.
- A sorte é que demoraram alguns anos para se reencontrarem... Senão teriam quantos filhos? Já fizeram a conta?
- Quatro provavelmente. – Segui a brincadeira, tentando deixar o momento menos tenso e triste.
- A pergunta é... – Rosy olhou para a câmera - Quem armou para Charlie B.? Como este casal conseguiu seguir cada um com sua vida e se reencontrarem anos depois, fazendo outro bebê? – riu – Como pode um pai mandar a filha escolher entre a família ou um filho? – Ficou séria.
- Mariane jogou na mídia a verdade sobre Charles, porque simplesmente não aceita nosso relacionamento. Ela o procurou, sabendo exatamente quem ele era, pois, antes de sair de casa eu lhe contei que o homem da internet, que procurava a sua “garotinha”, era o pai da minha filha... E que eu ficaria bem, pois estava indo ao seu encontro.
- Porém você nunca chegou ao seu destino... E mesmo que chegasse, Charles não estaria lá. Então, de uma forma ou de outra, vocês não teriam ficado juntos. – Rosy falou.
Afirmei, com a cabeça.
- Tudo que eu quero é saber de Tábata Deoli quem a pagou para mentir... Nada mais – Charles disse – A verdade está dita, mas eu mesmo já sentenciei o fim da minha carreira. Tudo que eu quis foi cantar a minha música... E encontrar Sabrina. E... Todos conheceram minhas composições. “Começo de Algo bom” e “Garota Riquinha”, minhas músicas de maior sucesso, foram feitas para minha garotinha... – tocou meu rosto – Assim como todas as outras. Quero continuar compondo e estou à disposição de artistas que queiram minha ajuda. Mas não voltarei a cantar em shows de grande porte.
- O que você quer, além da verdade por trás da sua prisão, Charlie B.? – Rosy perguntou – Charlie B. tem algum outro sonho além de provar sua inocência?
- Apesar de tudo que houve e a notícia hoje de que todos os meus shows estavam cancelados, isso me forçou a tomar a decisão que eu já deveria ter tomado: viver para minha mulher e... Meus filhos. Se eu tenho um sonho? Sim, eu tenho. Mais do que provar ao mundo minha inocência, porque mesmo que ninguém acredite em mim, Sabrina acredita e isso é o que importa, entende? Ela nunca duvidou de mim... Em nenhum momento. Então meu único sonho é poder conviver com meu filho. Que ele me deixe lhe dar o amor que guardei por uma vida inteira, sem pode expressar.
- E você, Sabrina? Qual seu maior desejo?
- Descobrir a verdade por trás da prisão de Charles Bailey e punir “o” ou “a” culpada.
- Ou seriam “os” culpados? – Rosy me olhou – Eu apostaria em mais de uma pessoa.
Eu não disse nada. Sabia que sim, havia esta possibilidade.
- Agradeço a presença de vocês hoje no programa. Fico feliz em ter sido a primeira... E certamente a última, a ter entrevistado por tanto tempo Charlie B. Desejo do fundo do coração que vocês encontrem os verdadeiros culpados – olhou para a câmera, que focou nela individualmente – Boa noite a todos e na entrevista com estrelas, da próxima semana, após o telejornal, teremos a presença de Heitor Casanova, contando tudo que vocês sempre quiseram saber. Até lá.
A vinheta do final do programa foi tocada e ela levantou, retirando os fones do ouvido e o microfone da camisa.
Eu e Charles nos erguemos das cadeiras e Rosy disse, enquanto tocava o ombro de Charles:
- Espero poder ter ajudado de alguma forma Charlie B.
- Ajudou muito, Rosy. Eu queria poder explicar a todos o que realmente aconteceu. Estou me sentindo mais leve.
- Desculpe por me intrometer – falei – Mas eu precisava falar a parte referente ao meu pai.
- Sinto muito pelo que passaram, Sabrina. Espero que tudo se resolva.
- Obrigada. – Fiquei imensamente grata pelo que Rosy Strassbaum havia feito por nós.
Enquanto embarcávamos no elevador, olhei para Charles, percebendo seu semblante mais leve e feliz.
- Estou orgulhosa de você. – Confessei.
Ele me puxou para perto de si e encarou-me, os lábios próximos, a respiração quente, que eu sentia diretamente na pele:
- É nisto que eu acredito: na verdade. Não em planos mirabolantes, minha garotinha.
Comecei a rir:
- Não fiz planos mirabolantes.
- Fez sim... E esqueceu desta criaturinha aqui dentro. – Pôs a mão na minha barriga.
- O que acha que vai acontecer agora?
- Acho que seu pai vai vir para cima de nós com tudo... E tentar nos transformar em pó. – Ele tentou rir, mas percebi sua preocupação.
- Estava na hora de todos saberem quem é Jordan Rockfeller. E posso apostar que agora virão mais pessoas denunciar outras atrocidades que ele deve ter feito por aí.
- Espero que sim. E que a menina que me pôs atrás das grades se compadeça de mim.
- Acha que ela faria isso? Não mudou o depoimento por anos. Por que mudaria de ideia agora?
- Porque é adulta... Talvez tenha filhos... E porque o mundo sabe o nome dela.
Suspirei, abraçando-o com força, deitando a cabeça em seu ombro:
- Agora a coisa vai pegar fogo... E espero que JR me deixei entrar na gravadora, não me barrando.
A porta do elevador abriu-se e o sinal sonoro dela se fechando soou assim que saímos. Me dirigi para o saguão quando senti a mão dele puxando-me para o outro lado, adentrando num corredor:
- Aonde vamos? – Perguntei, curiosa.
- Transar no banheiro do prédio da maior emissora de TV de Noriah Norte. – Ele falou no meu ouvido, sem parar de caminhar.
Arqueei a sobrancelha:
- Isso é brincadeira?
- Não. – Ele garantiu, entrando no hall do banheiro masculino e se dirigindo comigo rapidamente para dentro de uma cabine.
Fechou a porta e me olhou, sorrindo:
- Preciso fodê-la... Agora!
Os olhos de Charles imediatamente ficaram brilhantes, a luxúria exposta em cada milímetro do seu rosto.
Empurrou-me contra a parede e foi se abaixando lentamente, não deixando de mirar dentro dos meus olhos. Ajoelhou-se e abriu o botão da minha calça jeans, baixando lentamente o cós, sem abrir o zíper.
Senti seu dedo indicador macio fazer o contorno da calcinha, fazendo com que me arrepiasse imediatamente.
- Sabe que não aguento muito tempo, não é mesmo? – Falei baixinho, sentindo minha intimidade encharcada.
- Então se prepare para gozar no mínimo duas vezes, garotinha.
Fechei os olhos, enquanto o zíper da calça foi aberto e o tecido encorpado descendo de forma firme, até a altura dos joelhos. Charles puxou a calcinha rendada para o lado e passou a língua por toda minha extensão, fazendo com que eu gemesse imediatamente.
Olhei-o e ele pôs o dedo indicador nos lábios, pedindo silêncio. Assenti com a cabeça, um leve sorriso no rosto. Finalmente Charles deslizou a calcinha a abriu levemente minhas pernas com as mãos, enfiando a cabeça entre elas, saboreando-me sem pressa.
Minhas mãos involuntariamente puxaram seus cabelos, trazendo-o para mim de forma mais profunda ainda.
A língua entrava e saia ritmada e por vezes meu clitóris era levemente mordido, fazendo-me estremecer de prazer. Ouvimos a porta do banheiro se abrir e fiquei ainda mais excitada, percebendo a presença de alguém no recinto.
Na nova enfiada da sua língua, gozei, entrelaçando sua cabeça entre minhas pernas, com força, enquanto fechava os olhos. Fiz aquilo para não gemer alto com o orgasmo.
Ficamos assim, sem nos mexer. Até que a pessoa saiu e vagarosamente abri as pernas, soltando-o.
Começamos a rir e ele disse:
- Creio que ainda vou morrer entre suas pernas, garotinha!
- Era isso... Ou um gemido intenso demais, “el cantante”.
Estava puxando minha calça de volta quando ele me impediu:
- Ei, o que significa isso?
- Não... Vamos embora?
- Não antes de você resolver isso, meu bem... – Levantou-se, pondo minha mão sobre sua calça volumosa.
Charles desceu a calça, junto da cueca, e sentou-se sobre o vaso sanitário. Sentei-me de costas para ele, deixando seu pau deslizar profundamente. Suas mãos alcançaram meus seios, por dentro da blusa, sob o sutiã, acariciando-os de forma leve. Nos transformamos num só corpo, onde meus movimentos de sobe e desce fazia com que nos extasiássemos de prazer, naquele cubículo proibido, o que tornava tudo absolutamente perfeito e devasso.
- Eu amo você... – Charles sussurrou no meu ouvido – Amo foder você...
- Sabe que isso faz eu ficar ainda mais doida por você, não é mesmo? – Respondi, a voz quase inaudível.
- Então goza novamente para mim, meu amor... Não em silêncio... Ninguém está aqui. Quero ouvi-la... Sua melodia, nossa canção... – Implorou, com a respiração acelerada e quente no meu pescoço.
Não precisou muito para eu chegar ao êxtase em forma de orgasmo. Charles tinha a capacidade de me fazer gozar até com suas palavras obscenas. Ele me causava: desejo, tesão, lascívia...
Senti seu orgasmo logo em seguida do meu. Nossos corações batiam no mesmo ritmo, frenético, intenso. Os corpos, completamente satisfeitos, relaxaram. Os braços de Charles me envolveram de forma carinhosa, e fiquei ali, até que conseguisse o controle das minhas pernas trêmulas para conseguir enfim levantar.
Ele pegou papel e limpou-me cuidadosamente, enquanto perguntei, preocupada:
- Como saímos daqui agora?
- Da mesma forma que entramos: com a nossa cara de pau. – Ele riu.
- Sabe que devem ter inúmeras câmeras de seguranças neste lugar, não é mesmo?
- Não fizemos nada errado, meu amor. Foi só amor... – Brincou.
Respirei fundo e confessei:
- Eu sou louca por você, Charles.
- E eu por você, garotinha. – Ele deu-me um beijo longo e apaixonado, a língua ansiosa pela minha.
Naquele momento, percebi que a magia do que sentíamos não acabaria jamais. Porque era como o ar que respirávamos, era vida, era amor.