Capítulo 89
2142palavras
2023-02-08 10:29
Antes que eu dissesse qualquer coisa, Melody abriu a porta e me puxou, envolvendo os braços na minha cintura, saudosa.
- Oi, meu amor. – Peguei-a no colo, abraçando-a.
- Sou Charles. – Ele apresentou-se, pela janela do carro.

Colin desceu e o encarou. A noite estava escura e um vento fresco soprava do mar, congelando minha espinha.
- Colin Monaghan. – Respondeu meu ex noivo, de forma firme.
- Imaginei que fosse... – Charles olhou-me seriamente – Onde está Yuna?
- Ela acabou de sair do carro... Tivemos uma série de problemas. Mas eu lhe conto tudo depois. Por hora, preciso de um banho... E descanso.
- Oi, Colin. – Melody sorriu para ele, acenando.
- Olá, Medy. – Ele retribuiu o sorriso.

- Você quer jantar conosco? Papai trouxe pizza, que é o prato preferido da mamãe.
- É? Eu... Não sabia disso. – Ele sorriu, balançando a cabeça, confuso com a situação.
- Obrigada por tudo, Colin. Nos falamos sobre os processos.
- Ligo para você quando precisar de mais informações para dar entrada nos processos. E... Bem, não era minha intenção ficar para o jantar, não se preocupe. – Sorriu e entrou no carro, dando a partida.

Assim que ele se foi, enquanto olhávamos os faróis se afastando pela estrada escura, Charles perguntou:
- Quanto tempo ficou sozinha com ele?
- Menos de cinco minutos, “el cantante”.
- Era necessário?
- Charles, se eu quisesse ficar com Colin, teria feito isso há quase seis anos atrás.
Ele passou a mãos nos cabelos, demonstrando nervosismo:
- Por que não outro advogado, porra?
- Papai, não pode dizer palavrões... – Melody recriminou.
Charles sorriu e a pegou no colo:
- Acho que papai precisa de castigo... Melody vai decidir qual vai ser o castigo. O que acha?
Ela riu:
- Sim! – Levantou os bracinhos para cima, feliz, mostrando os dentinhos brancos, que brilhavam na escuridão.
- E mamãe também vai levar um castigo... Por pegar Medy no colo. O que acha? – Ele fingiu cochichar no ouvido dela.
Ele foi andando com ela em direção à casa e fiquei alguns passos para trás. Eu entendia o ciúme dele... Talvez sentisse a mesma coisa, se fosse ao contrário a cena. Mas estava cansada demais para justificar-me. Minha cabeça ainda doía.
Logo ele começou a andar mais devagar e quando os alcancei, passou o braço sobre mim, puxando-me de encontro a eles. Melody sorriu e disse:
- Papai, mamãe e Medy se amam... Para sempre.
- Para sempre. – Confirmei.
- Para sempre. – Ele deu um beijo no topo da minha cabeça.
Assim que entramos em casa, Yuna estava com uma caneca de chá fumegante:
- Antes de tudo, sente-se e beba isso. Vai relaxar um pouco. – Ela garantiu.
Sentei e fiz o que ela mandou, sem contestar.
- O que houve? – Charles perguntou.
- Não contou a ele? – Ela me olhou.
- Não deu tempo.
- O que aconteceu? Por que não deu tempo de contar? – Melody perguntou.
- É assunto de adultos, meu amor.
- Papai conheceu Tuga, Solitário I e Hamster. Eu matei a saudade da nossa casinha. E agora a gente tem um carro... E visitamos a vovó do Gui e a mamãe dele também.
Olhei imediatamente para Charles:
- Como assim?
- Não deu tempo de contar. – Ele repetiu minha frase.
Suspirei, bebendo o chá quase fervente aos poucos, queimando levemente os lábios quando sorvia sem assoprar antes.
- Eu vou levar Melody para o banho... – Yuna a pegou no colo – Depois podemos pedir algo para comer. Você precisa se alimentar... – Me olhou.
- Papai trouxe pizza. – Melody lembrou.
- Pizza não é muito saudável... – Yuna falava enquanto levava Melody dali.
- Meu carro... Conseguiu trazê-lo?
- Vir dirigindo seria demorado demais. Eu não quis passar a noite toda com Melody na estrada. Nem achei seguro. Providenciei para que ele chegue amanhã, sem falta.
- Obrigada.
- Sua casa é aconchegante... Tem seu cheiro. – Ele puxou uma cadeira e sentou-se na minha frente, encarando-me.
- Isso é bom ou ruim? – Sorri.
- Você tem um cheiro único... – ele aspirou o ar próximo de mim – Aroma de amor da minha vida.
Eu ri, em meio ao caos que estava minha mente:
- Só você para me fazer sorrir, “el cantante”...
- Sua cara está péssima.
- Tenho algumas coisas pra lhe contar.
- Ruins? – ele suspirou, jogando-se para trás no acento, a cabeça apoiando-se nos braços.
- Por que foi vê-las?
- Eu precisava saber se Guilherme voltou para casa.
- E voltou?
- Sim, mas pegou o resto das suas coisas e foi embora definitivamente.
- Droga!
- Não... Eu achei isso ótimo. Ele precisa sair daquele lugar para crescer.
- E Kelly?
- Eu não a via há anos...
- E...
- E... Que eu implorei para ela contar a verdade ao nosso filho, sobre o passado, tudo que houve...
- Ela não aceitou. – Imaginei de antemão.
Ele me olhou por um tempo, sem dizer nada. Sim, eu tinha adivinhado. Não me passou pela cabeça que as duas fossem facilitar as coisas.
- Ela vai me foder por toda sua existência. – Ele respondeu.
- Charles, eu preciso lhe contar uma coisa.
Ele se aproximou e me encarou:
- Pode começar, Sabrina... Sou todo ouvidos.
Iniciei pela parte de ter convencido Colin a mover o processo contra Rachel Roberts e requerendo minha parte na herança dos Rockfeller. Depois expliquei sobre o casal que vi na cafeteria e toda nossa busca desenfreada, mas ao mesmo tempo com sucesso, atrás de informações sobre o que faziam ali, anos depois de terem roubado Charles.
Quando acabei, Charles continuou um tempo imóvel, sem dizer nenhuma palavra, parecendo digerir ainda todas as atrocidades que eu havia lhe contado.
- Charles, fale alguma coisa... Por favor.
- Você... Quer pizza? – Ele olhou para o lado, sorrindo enquanto Melody corria para seus braços.
“Pizza”? O que ele disse depois de tudo que lhe contei foi se eu queria “pizza”?
- Aluguei um carro, caso o seu demore a chegar – me explicou – E peguei pizzas no caminho, com Melody. Devem estar frias já, mas podemos esquentar e... – Saiu, confuso, aturdido, fechando a porta, com Melody no colo.
Yuna me olhou, questionadora.
- Ele não disse absolutamente nada. – Expliquei.
- Vou ficar com Melody esta noite. Vocês precisam conversar e ela não permitirá que isso aconteça se eu não chamar a atenção dela para alguma coisa.
- Sim... Está completamente apaixonada pelo pai.
- Esperou muito tempo por este momento. E ele é exatamente como ela esperava.
- Sim... – Sorri, vendo-os entrar novamente, com duas caixas contendo as pizzas.
Charles as colocou no forno enquanto Yuna pôs a mesa. Logo nós quatro estávamos jantando. No meu caso, tentando. A comida ainda não descia, depois de tudo que houve.
Quando acabamos, Charles disse para Melody:
- Agora escovar os dentes e cama. Já é muito tarde... Na verdade, tarde demais para menininhas da sua idade estarem acordadas.
Ela suspirou e deu um beijo nele e depois outro em mim, enquanto subia no meu colo para um afago.
Depois Yuna fez-lhe o convite para dormirem juntas e minha filha adorou a ideia.
Levantei, sentindo meu corpo cansado. Estava me dirigindo à escada quando senti os braços de Charles me envolverem, enquanto me pegava em seu colo. Subiu as escadas me segurando firmemente contra seu corpo, enquanto eu passava os braços em torno do seu pescoço, revivendo uma cena de quase seis anos atrás, exatamente naquele lugar.
Chegando ao quarto, ele me pôs gentilmente sobre a cama, enquanto retirava a camisa, deixando o tronco exposto e nu.
- Preciso tomar um banho... – Falou, enquanto se dirigia ao banheiro.
Ouvi o som do chuveiro ligando e levantei, retirando minha roupa. Eu também precisava de um banho. O vidro do box estava vaporizado e ele não me viu. Sorri e abri a porta lentamente, surpreendendo-o.
Ele me fitou por um longo período de tempo, enquanto a água caía sobre sua cabeça, descendo de forma que parecia emoldurar o corpo perfeito. Sim, havia sido um dia cheio, mas eu ainda sentia desejo do corpo dele junto do meu.
- No mundo inteiro, não existe mulher mais perfeita do que você, Sabrina. – A voz dele saiu rouca de desejo, os olhos incendiando de tesão.
- Estou longe de ser perfeita, “el cantante”.
- Eu já disse o quanto me excito quando você me chama assim? – Aproximou-se, até deixar-me sem saída, escorada na parede úmida e fria.
Senti seu pau duro roçando em mim e sorri, provocante, enquanto tocava seu peito, mordendo os lábios.
Charles tocou minha boca e puxou meu queixo para cima, fazendo-me encará-lo:
- Morri de ciúme ao vê-la com Colin.
- Senti o mesmo quando o vi com Mariane.
- Não tive paz até ter certeza de que Guilherme não havia tocado em você.
- Tem noção que toda nossa separação no passado não foi coincidência?
- Eu cheguei a pensar, quando você me contou, que nada importava... Afinal, estamos juntos. Mas depois fiquei cego de raiva. E fui pegar a pizza para não levantar e ir atrás de Jordan Rockfeller e fazer justiça com minhas próprias mãos.
- Ele destruiu qualquer possibilidade de ficarmos juntos.
- Em nome de que, afinal?
- Sobrenome? Dinheiro? Me pego a pensar se isso realmente é tão importante assim para uma pessoa, mais do que qualquer outra coisa.
- Inclusive jogar um homem inocente atrás das grades por quatro anos. Eu não tenho dúvidas de que foi ele, Sabrina. Mariane não está envolvida nisso.
- Mas ela encontrá-lo na cadeia não foi coincidência, Charles. É impossível isso ter acontecido da forma como ela contou.
- Eu mataria seu pai se o visse neste instante.
- Charles, mas quando estávamos na loja de conveniência eu liguei para ele, para garantir que estava bem. Naquele dia lhe roubaram. Ou seja, quando eu liguei, ele já sabia exatamente onde e com quem eu estava. A pergunta é... Como?
- Mariane? – Ele enrugou a testa.
- Não... Ela não tinha como saber. Eu saí da igreja sem contar a ninguém onde eu ia... Aliás, foi impulso eu ter chegado no Cálice Efervescente.
- Impulso? – Ele pegou meus pulsos, levantando-os para cima, enquanto os imobilizava com uma só mão.
- Eu... Não quis dizer exatamente isso. – Sorri, enquanto tentava beijá-lo, sendo que ele se afastava, para castigar-me.
- Gosto das nossas conversas sérias...
- Jura? – Empurrei meu corpo de encontro ao dele, sentindo o quanto aquilo o enlouquecia.
- São tão sérias quanto a forma como eu a fodo... – Mordeu o lóbulo da minha orelha.
Da orelha, ele deslizou os lábios pela minha bochecha, beijando lentamente cada parte da minha pele. Fechei os olhos, ainda com os pulsos imóveis. Pareceu levar uma eternidade para ele chegar à minha boca, que salivava pela dele.
O beijo foi lento, nossas línguas num encontro calmo e tranquilo, em busca do sabor do outro. Finalmente ele soltou meus pulsos e consegui abraçá-lo, sentindo o corpo firme e musculoso de encontro ao meu.
Aquele homem era perfeito. E se não bastasse, me amava. Sim, o amor da minha vida, finalmente estava junto de mim, depois de tudo que foi feito, com êxito, para nos separar por anos.
Eu estava completamente excitada. Minha intimidade clamava pelo pau dele.
Mesmo com o beijo doce e apaixonado, peguei seu pau e direcionei-o na minha entrada, não disposta a esperar para ser possuída só depois das preliminares.
- Apressadinha... – Ele falou no meu ouvido, a voz aveludada, o hálito quente, enquanto se enfiava dentro de mim.
- Preciso que me foda, “el cantante”... Urgentemente.
Ele levantou-me pela bunda, empurrando-me contra a parede enquanto me estocava com veemência, sem dó nem piedade do meu corpo que fervia, mesmo na água.
Firmei-me ao corpo dele, passando as pernas por seus quadris, sentindo-o ainda mais fundo. Nossos corpos se chocavam, úmidos, ecoando pelo banheiro. Um uníssono de amor e tesão, incontroláveis.
Fechei meus olhos, sentindo que chegaria ao ápice do meu prazer, ao mesmo tempo que apertei seus ombros com força, cravando as unhas na carne macia.
- Goza, garotinha... Goza para mim... – Falou no meu ouvido, a voz baixinha, lenta, enquanto amparava meu corpo trêmulo.
Gozei e logo senti seu jato quente, conforme as estocadas iam ficando mais espaçadas, o gemido intenso dele a cada “botada” com força. Charles só parou quando a última gota de porra ficou dentro de mim, meu corpo já completamente amolecido, escapulindo entre seus braços.
Pronto, acho que agora estávamos preparados para ter uma conversa séria. Porque, independente das atrocidades que fizeram no passado para nos separar, estávamos juntos.