Capítulo 84
2049palavras
2023-02-08 10:26
Despertei envolta nos braços e pernas de Charles Bailey. Sim, parecia um sonho novamente. Era melhor eu ir acostumando que era real, que estávamos juntos e que seria assim para sempre.
Eu poderia levantar, mas preferi ficar ali, acordada, sentindo a respiração quente dele no meu pescoço, mesmo adormecido, segurando-me como se eu pudesse escapar dele.
Suspirei, ainda incrédula de que eu estava completa e feliz, depois de tanto tempo.

Senti um beijo no meu pescoço e sorri, sem mover-me.
- Bom dia, meu amor! – Ouvi a voz dele ainda sonolenta no meu ouvido.
- Creio que seja uma das melhores manhãs que já acordei. – Confessei.
Charles virou-me para si, a cabeça repousava no braço, que apoiava com o cotovelo no travesseiro. Os olhos verdes pareciam mais claros e envolventes. A claridade vinda da janela o deixava ainda mais lindo, com o peito nu e os cabelos bagunçados.
- Vai ser ainda melhor, acredite.
- Devo ficar curiosa?

- Sim... – sorriu – Tenho permissão para beijá-la pela manhã, minha mulher e mãe dos meus filhos?
Eu comecei a rir e toquei seu rosto:
- Tem permissão... Para qualquer coisa.
- Hum, isso me deixa confiante...

Os lábios pousaram nos meus, de forma leve. Mas logo a língua adentrou na minha boca, exigindo que eu a deixasse explorar todos os cantos que encontrasse. Minhas mãos seguraram seu pescoço, trazendo-o para ainda mais perto de mim. Ouvi o gemido dele, abafado pela minha boca, enquanto sentia seu pau endurecer-se contra meu corpo.
Ajeitei-me na cama e quando percebi ele estava sobre mim, ainda sem encerrar o beijo perfeito, com o qual fui despertada. As mãos de Charles começaram a passear pelo meu corpo, sob a camisola fina. A calcinha foi retirada sem pressa, o pé dele deslizando-a para baixo depois que ela passou dos joelhos.
Minhas mãos exploraram suas costas quentes e endurecidas. A bunda redonda e perfeita me fazia ficar ainda mais excitada. Os dentes dele começaram a morder meus lábios suavemente, fazendo minha boceta encharcar-se.
Senti o dedo tocar meu ponto de prazer, circulando-o de forma firme, fazendo escapar outro gemido incontido de mim.
Agora ele me encarava, enquanto os dedos me estimulavam, minhas pernas entreabertas para que ele pudesse tocar-me da forma como quisesse. Mordi o lábio ao sentir dois dedos entrarem na minha intimidade, a boca dele convidativa, enquanto me fitava como se quisesse devorar-me.
- Você é linda, Sabrina. – A voz saiu fraca, embargada de desejo e luxúria.
- A... Porta... – Consegui dizer, sem ter certeza se ele entenderia.
Charles levantou e foi até a porta, passando a chave na fechadura. Quando voltou, abriu as minhas pernas e enfiou-se entre elas, sem penetrar-me:
- Papai e mamãe? – Perguntou, divertidamente.
- Acho que é bom... Pra variar um pouco. – Concordei, enquanto passava as pernas nos quadris dele, que se encaixaram ao meu corpo, penetrando-me de forma firme.
As estocadas já começaram fortes, sem dó nem piedade. A visão de meus seios movendo-se a cada vez que seu pau entrava e saía de dentro de mim, excitava-me. Eu não costumava aguentar por muito tempo sem gozar. Aliás, eu poderia gozar só da forma como ele me olhava.
Apertei com força seus ombros, cravando as unhas em sua pele quando gozei, selando minha boca com força para não gritar. O gemido dele foi contido também, comprimindo os lábios, encharcando-me com seu líquido morno.
O corpo de Charles ficou sobre o meu. E não sei como, mas não pesava. Nos abraçamos, esperando até que as respirações voltassem ao normal.
Charles rolou para o lado, gemendo de forma leve.
- Tudo bem? – Perguntei.
- Acho que você me arrancou um pedaço... – Ele riu, fazendo cara de dor.
Olhei suas costas arranhadas e com vergões e imediatamente desculpei-me:
- Perdão, meu amor... Eu não queria machucar.
- Valeu a dor... Foi bom... – Ele deu-me um beijo antes de levantar.
- Onde vai?
- Onde “vamos” é a pergunta. Levante-se e vista-se. Melody e Yuna também irão com a gente.
Suspirei:
- O que você está inventando, “el cantante”?
- Eu? Nada... Imagina.
Fui tomar um banho antes de vestir-me. Minha cabeça estava a mil, com o show que Charles cancelou, quando iniciaria na J.R Recording, como desmascarar o culpado pela prisão de Charles...
Quando saí do quarto, Melody já estava no colo do pai, no sofá, enquanto ele lhe dava suco na boca, usando uma colher para retirar do copo.
Dei um beijo na minha filha e perguntei:
- Medy está virando um bebê?
- Uhum... – Ela concordou, rindo.
Cruzei os braços observando a cena. Os dois estavam se divertindo. Senti o braço de Yuna sobre meu ombro:
- Ela quer chamar a atenção... – falou baixo – Resgatar o tempo que perdeu longe dele. Isso quer dizer a época de bebê também.
- Pode me abraçar se quiser. – Olhei para Yuna, rindo.
- Nem pensar... Eu não gosto de abraçar você.
- Gosta sim... – Tentei abraçá-la, mas ela deu um passo para trás, também rindo.
- Yuna, tenho uma surpresa para vocês. – Charles falou.
- Para mim também? Tem certeza?
- Tenho sim – ele sorriu – Você esteve com minhas garotinhas o tempo todo. Seremos gratos para sempre.
- Não fiz por gratidão... Era o certo.
- Não é qualquer pessoa que acolhe um desconhecido da forma como você me acolheu – a olhei, seriamente – Minha irmã, sangue do meu sangue, que deveria ter me ajudado, puxou meu tapete. Você o ajeitou... Impedindo que eu escorregasse nele e caísse. Me ensinou sobre valores... E família.
Ela me abraçou. Eu ri. Era raro Yuna ter um ato de emoção ou afeto do nada.
- Ok, todas prontas... Vamos lá, garotinhas. – Charles levantou-se, já com Melody no colo.
Um carro nos pegou na saída do Hotel. Enquanto nos encaminhávamos para o local da tal surpresa, perguntei:
- “El cantante”, você não tem um carro?
Ele virou-se para mim e riu:
- Pasme: eu não tenho um carro.
- Como faz?
- Uso as pernas... Ou a moto.
- A mesma?
- Não... Comprei uma nova, ao menos. Mas creio que agora vou precisar comprar um carro. A família está aumentando. Será que você também vai precisar de cadeira de contenção, Yuna? – Debochou.
- Acho que você vai precisar. Afinal, Sabrina tem carro e quem anda na frente com ela sou eu.
- Você tem um carro, meu amor?
- Um carro, uma casa, um peixe Beta...
- Que Do-Yoon está cuidando. – Melody explicou.
- Mas não tenho mais meu emprego em Noriah Sul. Em função do... Vídeo. – Abaixei os olhos, envergonhada.
- Vai encontrar outro.
- Já encontrei. Vou para J.R Recording.
Ele suspirou:
- Você é cabeça dura.
- Sou mesmo.
Fiquei impressionada quando o carro parou em frente ao Cálice Efervescente. Senti meu coração bater descompassadamente. Descemos e ficamos olhando a fachada, que estava exatamente do mesmo jeito, de anos atrás, como se nunca tivesse sido fechado.
- Um bar de beira de estrada... – Ele me olhou.
Peguei sua mão e apertei-a contra a minha:
- Pelo menos o cantor não é mais decadente. – Sorri.
- O que é isso? O Cálice Efervescente? – Melody perguntou, curiosa.
- Sim... Eu gostaria de lhe mostrar onde papai e mamãe se conheceram. – Ele pegou-a novamente no colo, como se ficar separado dela fosse impossível.
Abracei-os, sentindo toda a emoção daquele momento.
- Isso foi legal, Charles. – Yuna disse, observando atentamente o local.
- Obrigado.
- Podemos entrar, papai?
- Não... Não podemos. Ainda está fechado e não podemos entrar sem autorização. Mas o papai sonha em um dia comprar este lugar.
Olhei para ele:
- Isso é sério?
- Sim. – Confessou.
- Mas... Não há dinheiro suficiente ainda?
- Na verdade, tinha... Mas precisei fazer uma escolha.
- Uma escolha? – Arqueei a sobrancelha.
- Sim... Escolhi a surpresa.
- Esta não é surpresa? – Yuna perguntou, confusa.
- Não.
- Qual é a surpresa? – Melody perguntou.
- Bem, aqui sua mamãe apareceu pela primeira vez na vida do papai... Numa noite de sexta-feira, usando um véu de noiva na cabeça.
- Ela ia casar? – Melody ficou confusa.
- Sim... Com o papai... Acontece que ela ainda não sabia. – Ele riu, enquanto a levava de volta para o carro.
Balancei a cabeça, sentindo como se andasse em nuvens.
- Eu vou na frente. – Yuna ocupou o banco onde Charles havia vindo.
- Não precisa, Yuna... – Falei.
- Vocês merecem cada momento que estão vivendo. – Ela fechou a porta, sorrindo.
Sim, Yuna sabia o quanto eu sofri por Charles e talvez agora entendia o motivo pelo qual eu nunca desisti dele: pelo amor, que era recíproco, sem precedentes, sem explicações palpáveis.
Quando percebi que fazíamos o caminho para a praia, onde ficamos juntos naquele final de semana, apertei a mão dele com força. Ele sorriu, certamente sabendo o que passava na minha cabeça.
Senti uma lágrima rolando pelo meu rosto, que ele limpou, falando no meu ouvido:
- Sem lágrimas, meu amor. É tempo de sorrisos.
Melody pegou minha mão, sorrindo, ansiosa. Estávamos sentadas uma de cada lado, Charles no meio.
O caminho pareceu ser mais rápido do que das outras vezes... Talvez porque eu já o conhecesse bem. O carro estacionou na frente da pedra gigantesca, onde acima havia uma casa maravilhosa, que abrigou um casal apaixonado, anos atrás.
Descemos, Melody já abrindo os braços e deixando o vento querer levá-la com sua força.
- Isso é um sonho? – Perguntei.
- Não... É nossa. – Ele sorriu.
Abracei-me a ele, sem pensar duas vezes, sentindo a força dos seus braços em volta de mim.
- Esta casa é nossa, papai? – Melody perguntou, já subindo os degraus feitos na própria pedra, que levavam para a residência.
- É linda... – Yuna observou a paisagem atentamente.
Charles pegou a mão da filha, fazendo-a parar, abaixando-se para ficar na altura dela:
- Depois do Cálice Efervescente, eu e sua mãe viemos para cá. Foi aqui que eu lhe dei a concha... – tocou o cordão do pescoço dela – Mal sabendo que um dia voltaria com nossa filha, depois de a termos concebido aqui, neste mesmo local.
- Aqui que você ouviu a melodia da mamãe? – Ela perguntou, ansiosa, correndo novamente, sem esperar a explicação.
- Bem, esta parte eu acho que não podemos explicar para ela. – Comecei a rir.
- Não pensei em explicar... – Ele balançou a cabeça.
Subimos até a casa, entrando na varanda. Charles pegou a chave do bolso e entregou para Melody:
- Você que vai abrir a nossa casa.
Ela sorriu e olhou para ele, em seguida demorou-se com os olhos verdes nos meus:
- Você estava certa, mamãe... Nós ficaríamos junto do papai.
Olhei para Yuna, que sorriu, comprimindo os lábios para não demonstrar a emoção do momento.
Melody pôs a chave na porta e entrou:
- Venha, tia Yuna... Vamos escolher os nossos quartos primeiro.
Yuna aceitou a mão da pequena e foram andando pela casa, explorando os cômodos.
Suspirei antes de perguntar:
- E as lembranças ruins?
- As boas sobressaíram-se.
- Eu voltei aqui... E fui recebida pelo dono. Antes que ele abrisse, achei que pudesse ser você.
- Foram tantos desencontros, Sabrina.
- Tive meu carro roubado naquela noite... Com o celular, que continha seu número.
- Seu carro roubado? Aqui?
- Na cidade...
- Esta cidade é minúscula. Como lhe roubaram o carro?
- Assim como lhe roubaram a carteira na loja de conveniência.
Ele coçou a cabeça, enrugando a testa:
- Aquilo deve ter sido forjado. Este lugar é basicamente casas de veraneio. Se alguém fosse roubar algo, seriam as casas, que estão sem os proprietários praticamente o ano inteiro.
De repente minha mente começou a fervilhar:
- O homem do posto... O lugar estratégico onde me levaram o carro... Não havia ninguém na cidade, praticamente só eu – balancei a cabeça – Foi planejado, Charles... Para que eu não voltasse, para que não pudesse fazer uso do meu celular. Assim como o casal que do nada roubou sua carteira e celular do balcão. Foi ele... Foi J.R.