Capítulo 48
2249palavras
2023-02-08 10:05
Faltava quinze minutos para às 22 horas quando eu e Melody chegamos à porta de entrada no Ginásio de Esportes.
Entreguei os ingressos à pessoa responsável, que disse:
- Sinto muito, senhora. A menina não pode entrar.

Fiquei olhando para a mulher, confusa. Como assim ela não podia entrar? Melody era filha de Charles.
- Ela... É minha filha. – Comecei a retirar nossos documentos da bolsa e tentei lhe entregar.
Ela se recusou a pegar:
- Não. A menina não entra.
- Sou a responsável por ela. Como lhe disse, é minha filha e autorizo a entrada dela.
- Só pode entrar a partir de dezoito anos.

- Mas ele canta a porra de uma música sobre a Garota Riquinha que a minha filha escuta o tempo todo.
- Mamãe, você falou palavrão. – Melody puxou minha mão, lembrando-me do “porra”.
- Péssimo exemplo, senhora. Agora, por favor, saia da fila que há mais pessoa para entrar. Estamos atrasados.
- Paguei o ingresso e vamos entrar. – Falei, tentando empurrá-la com meu corpo e entrar, sem permissão.

Não demorou muito e dois seguranças já estavam na minha frente:
- A senhora não pode entrar com a criança.
- É minha filha... – Tentei explicar.
- Não pode. E pronto. Se continuar, vamos chamar a Polícia.
- Ela é filho de Charles, porra! – Gritei.
Eles começaram a rir, junto dos próximos da fila.
- Sim, acredito. – Disse um dos seguranças, debochadamente.
- Chame a assessoria de imprensa dele. Quem é o empresário? Qual a gravadora? – Perguntei.
- A senhora sabe realmente quem é Charlie B.? – A mulher me perguntou, não olhando na minha direção enquanto pegava ingressos e autorizava entrada de várias pessoas.
- Ele é o meu papai. – Melody falou, os lábios abertos num sorriso tão lindo que chegou a amolecer as minhas pernas.
Felizmente não tripudiaram na minha filha, como fizeram comigo. Respirei fundo e peguei meu celular. Meus olhos arregalaram quando vi a gravadora dele: J.R. Recording.
- J.R. Recording? – Quase gritei.
- Sim, senhora. Agora, por favor, afaste-se. A senhora está atrapalhando a passagem.
- Quem é o empresário dele dentro da J.R Recording? Jordan Rockfeller?
- Senhora, eu não sei. Meu papel aqui não é esse. E mesmo que fosse o todo poderoso J.R, acha que eu o chamaria até aqui para a senhora? – O outro segurança falou, visivelmente irritado.
- Olha aqui, eu vou falar com “el cantante” e dizer que vocês barraram a minha entrada e da filha dele. E vocês se arrependerão.
Agora sim eles gargalharam de verdade. Me senti ridícula. Mas ao mesmo tempo não poderia fracassar. Tinha que continuar tentando entrar. Não sabia quanto tempo ele permaneceria naquele país.
- Diga a ele que é Sabrina... Por favor. Eu imploro. Você pode ligar do seu telefone para assessoria de imprensa ou assessoria pessoal dele, que certamente estão juntos neste momento, antes da entrada no palco. Só peço que diga que Sabrina está aqui... A “garotinha”. Se ele não quiser me atender, juro que viro as costas e vou embora.
- Senhora, se não for embora agora, eu vou chamar a polícia. Está perturbando.
Respirei fundo, tentando me conter:
- Entra na fila para o teste de paternidade – a mulher que estava esperando para entrar, aguardando na fila, falou-me – Aliás, também quero um teste de paternidade. Sabia que ele tocava num boteco antes de se tornar famoso?
- Cálice Efervescente. – Melody disse, chamando a atenção de todos.
- Menina fã... Que fofa! – Uma das mulheres gritou da fila – Que mal tem ela entrar?
- Tira esta fanática daqui ou teremos problemas. – A que pegava os ingressos avisou aos seguranças.
Peguei minha filha no colo e saí, dando a volta ao redor do ginásio de esportes, tentando encontrar outro lugar pelo qual pudesse entrar.
Sim, havia a porta dos fundos, mas muito bem guardada por seguranças. Tentei chamar alguns e iniciar uma conversa amiga, cheia de interesse, mas não resolveu. Quando vi, tinha outras pessoas ali, junto de mim, tentando a mesma coisa.
Sim, eu e Medy éramos só mais duas fãs, como todas as outras pessoas que estavam ali por Charlie B.
Desisti, levando-a para sentar no ponto de ônibus, do outro lado da rua, atravessando a avenida movimentada com ela no colo.
Charlie B. começou a tocar passando das 23 horas. Uma hora de atraso, exatamente, como eu previa.
Assim que ouvi a voz dele, senti meu coração bater tão forte que parecia explodir. Minha pele arrepiou-se. Era ele... Meu Charles, meu “el cantante”.
Ele iniciou pela minha música... A que compôs para marcar nosso encontro. Era impossível me conter e não me derramar em emoção. Abracei minha filha com força, dizendo:
- Não foi hoje... Mas será outro dia. Você sabe disso, não é mesmo?
- Eu sei. – Ela me apertou.
Ficamos ali, ouvindo as músicas dele, do lado de fora, como duas doidas: eu chorando e ela dormindo, logo em seguida.
Eu queria ficar mais... Até o final. A voz dele no microfone era maravilhosa. E eu podia vê-lo no palco se fechasse meus olhos. Cada grito da plateia me dava a certeza da simpatia e sucesso dele. Só não tinha certeza se todos viam o quanto ele era realmente talentoso ou idolatravam meu “el cantante” por seus olhos verdes estonteantes, o corpo perfeito e a boca que simplesmente exigia um beijo de língua.
O vento começou a soprar mais fresco. E eu não ficaria com minha filha ali, ao relento, passando da meia-noite. O vestido dela era fino e sem mangas e o corpinho estava arrepiado.
Peguei-a com dificuldade, deitando-a, como fazia quando ela era um bebê. E a levei para o carro, deitando-a no banco traseiro e pondo dois cintos envolta dela.
Fechei a porta e ouvi a voz dele pela última vez:
- Não me dei por vencida, “el cantante”. Eu vou voltar... E você sabe que vou. O que sinto por você é forte demais para deixá-lo ir...
Entrei no carro e dirigi de volta para casa. Nosso jantar se transformou numa loucura. E nada mais importava: ele nunca esteve tão próximo de nós. Era agora ou nunca. Hora de lhe revelar a verdade.
E não importava se ele lembrava ou não de mim. Se estava casado. Se a fama tinha lhe subido à cabeça. Ainda assim eu lhe contaria que tinha uma filha. Porque era direito de Melody conhecer o pai.
Chegamos em casa e pus Melody na cama. Deitei do jeito que estava na minha cama, ainda de sapatos de salto. Sequer a maquiagem fui capaz de desfazer. Minha cabeça dava mil voltas e cheguei a sentir náusea. Meu estômago doía.
Olhei no relógio. Pensei em ligar para Yuna ou Do-Yoon, mas era muito tarde. Eles dormiam cedo. Como eu gostaria de compartilhar com eles o que tinha acontecido naquela noite.
Peguei meu notebook e digitei o nome dele. Num caderno comecei a anotar tudo que era importante. Ao final, ficou claro que ele havia começado há menos de seis meses sua carreira oficialmente. Antes deste período, ele era só um borrão na minha lembrança, como se nunca tivesse existido. Charlie B. parecia não ter nenhuma ligação com Charles. Aliás, Charles era um fantasma nas redes, tendo tudo que um dia existiu sobre ele simplesmente apagado.
Era agenciado pela J.R Recording, mas todos os dados do contrato eram sigilosos. Ele não tinha rede social própria e dava para ver que tudo que era postado sobre ele era feito por uma assessoria. Estritamente profissional.
Muitas fotos de fãs que o marcavam. Fiquei pasma quando li que tanto a música da Garota riquinha quanto a minha eram as duas primeiras na lista das mais ouvidas em Noriah Norte.
A imprensa o via como um dos artistas com mais potencial da J.R Recording atualmente. O descreviam como simpático, reservado e misterioso. Se recusava a falar da vida pessoal, em qualquer hipótese.
Ouvi a campainha tocando e olhei no relógio. Era quase duas da manhã.
Desci, deixando os sapatos nos degraus da escada, para não fazer barulho e acordar Melody.
Abri a porta e dei de cara com Guilherme, com um skate numa mão e na outra uma garrafa térmica. Arqueei a sobrancelha, curiosa:
- O que você está fazendo aqui?
- Trouxe chocolate quente – me entregou a garrafa – Posso entrar?
- Não... – Falei, com a voz fraca, incerta se tinha sido tão enfática da negativa.
- Pus chocolate em barra derretido. – Sorriu.
Olhei para a garrafa e meu estômago roncou. Como assim, corpo? Não me traia, por favor.
- Gui, veja só... São quase duas horas.
- Por favor, Sabrina... Só um chocolate. Eu fiz com tanto carinho. Você não vai recusar, não é mesmo?
- Você é meu aluno. Não pode frequentar a minha casa numa hora destas, Gui.
Ele uniu as mãos, em sinal de prece, enquanto o skate ficava sob seu braço.
- Entra... – Suspirei, abrindo passagem para ele.
Guilherme pôs o skate escorado na parede e olhou rapidamente pelo ambiente:
- Sua casa tem seu cheiro, como eu imaginava.
- Gui... Você sabe que...
Ele fechou a porta com a chave, pegou a garrafa da minha mão e pôs sobre o aparador, vindo na minha direção, imprensando-me sobre a madeira da porta.
Os olhos dele estavam fixos nos meus e tentei desviar, mas meu corpo não obedeceu. Senti seus lábios, gelados, mas a língua quente, exigente, as mãos descendo pelo meu quadril, explorando cada curva do meu corpo.
Claro que eu poderia e deveria ter impedido aquilo. Meus olhos estavam fechados e eu não tinha certeza se era Guilherme ou Charles que eu sentia naquele momento.
A mão dele pegou minha bunda, apertando-a. Senti seu membro completamente endurecido sob a calça jeans, seu cheiro gostoso. Levantei a camisa e alisei a pele quente e macia, sem nenhum pelo.
Ele mordeu meu lábio inferior levemente, enquanto abria o zíper da minha calça.
Não... Não deixa, Sabrina. Minha mente ficava a repetir isso o tempo todo.
Mas meu corpo não pensava da mesma foram. Eu não transava fazia mais de cinco anos. O último homem a me tocar foi Charles, na casa de praia, quando fizemos nossa filha. Sim, cinco anos sendo fiel a um vibrador, que foi usado tão poucas vezes que sequer estragou.
Minha intimidade latejava, completamente úmida. Era como se eu precisasse dele dentro de mim, para provar que eu ainda estava viva, que aquela Sabrina fogosa não tinha sumido para sempre.
Nunca pensei que sexo fosse me fazer falta... Até ter aquele menino me tocando daquela forma. Sim, não senti falta porque não saí com ninguém... Não fui tocada nem toquei... A não ser uns beijos em Do-Yoon, puramente técnicos, que nem contavam.
Ele levantou minha blusa e desceu os lábios pelo meu rosto, alcançando o pescoço. Minha pele se arrepiou e senti ele abrindo o sutiã.
- Gui, aqui não. Medy está lá em cima... Dormindo e...
- Pode ser outro lugar... Qualquer um... – A boca dele seguia no meu pescoço e a mão entrou por dentro da calça, tocando minha intimidade, fazendo-me enlouquecer.
Desvencilhe-me dele com dificuldade e peguei sua mão, puxando-o para o banheiro. Tranquei a porta com a chave e deixei o sutiã cair, percebendo olhar levado e desejoso dele.
Não precisei fazer mais nada. Os lábios de Gui encontraram meus seios rijos, que ele lambeu sem pressa para em seguida começar a chupar, um por vez, revezando-se com rapidez.
A mão adentrou pelo jeans, sob a calcinha. O dedo ágil sentiu minha umidade antes de pedir passagem na fenda quente.
Retirei a camisa dele e desci a calça, junto da cueca. Toquei seu membro endurecido e pulsante, já sentindo por antemão como seria tê-lo dentro de mim.
Isso é uma loucura! Me ouvi dizendo, sem proferir as palavras.
Pare, Sabrina! Não pode transpor esta barreira, porque depois não terá volta.
- Você é muito gostosa, Sabrina... – Ele me afastou um pouco, os olhos fixos nos meus, lambendo o dedo que tinha me tocado anteriormente.
- Me fode, Gui... – Puxei-o para mim.
- Mamãe! – Ouvi a voz de Melody ao longe e empurrei-o rapidamente.
Nos olhamos apavorados. Meu corpo pegava fogo e o rosto estava completamente vermelho. Guilherme pegou sua camisa rapidamente e eu tentei vesti-me, sem sucesso.
O vi pondo meu sutiã e abotoando, com habilidade. Abri a porta, sem saber exatamente o que dizer ou fazer, pois não tinha passado por aquela situação até então com Melody: de ter um homem em casa.
Ela estava de pijama e os cabelos amassados. Me deu os braços e a peguei no colo. Melody escorou o queixo no meu ombro e disse:
- Gui?
Imediatamente o rosto ergueu-se e os pezinhos ansiosos me chutavam para descer.
Correu na direção dele e abraçou-o:
- Você veio dormir aqui?
Ele riu:
- Não... Na verdade, eu vim trazer chocolate quente para você e sua mamãe.
- Chocolate quente? – ela me olhou – Mamãe ama...
- Mas acho que vamos deixar para vocês beberem no café da manhã, porque já é muito tarde. O que você acha? – Ele sugeriu.
- Não, eu quero agora. Não estou com sono. Eu tive um pesadelo.
- Um pesadelo? – Perguntei.
- Sim... Mas eu não quero contar. Tia Yuna disse que os sonhos são nossos e não podemos compartilhar.
- Pode sim...
- Não pode não.