Capítulo 17
2024palavras
2022-12-11 07:24
A pergunta me pegou de surpresa, mas eu sabia que precisava falar mais sobre mim.
- Nós... Vamos tentar encontrar suas coisas? Ou voltar para casa?
- Para casa? – ele riu sarcasticamente – Quem dera fosse “nossa casa”. Esta frase doeu pra caralho. Porque sei que amanhã estaremos separados e talvez nunca mais nos encontremos novamente.
- Não... Isso não vai acontecer. Vamos voltar... E conversar... E aproveitar nossas últimas horas neste paraíso...
- Em casa... – Ele balançou a cabeça e sorriu tristemente.
- Em casa. – Repeti, tentando parecer confiante.
Ele me ajudou a subir na moto e colocou nossos capacetes, desistindo oficialmente de encontrar seus pertences. Eu no lugar dele estaria mais preocupada, o que não parecia ser o caso de Charles.
Sentindo o vento morno de encontro a nós, a estrada completamente deserta, tendo a lua cheia dando um espetáculo gratuito e as estrelas em volta, como se estivessem a aplaudir, senti as lágrimas descendo pelos meus olhos, sem serem convidadas, me surpreendendo.
Eu já sofria por antecedência a partida. E sabia que não importava o que acontecesse nem quanto tempo passasse... Jamais esqueceria as noites de verão que passei ao lado de Charles naquela praia.
Assim que chegamos de volta na casa, respirei fundo e torci para que ele não percebesse que eu havia chorado. Charles me ajudou a descer e pegou as sacolas, enquanto nos encaminhávamos para dentro.
Assim que entramos, ele fechou a porta e pôs as sacolas sobre a ilha da cozinha, retirando as coisas de dentro.
Fiquei a observá-lo, sentindo meu coração bater descompassado e ao mesmo tempo doloroso.
- Como se sente? Ainda dói muito? – Perguntou.
- Um pouco...
- Eu trouxe a pomada junto – Ele sorriu, retirando-a da sacola.
- Roubou a pomada da caixa de primeiros socorros do posto? – Arqueei a sobrancelha.
- Você é uma fugitiva... Eu um homem sem dinheiro nenhum, sequer celular. Queria que eu fizesse o que? Jamais a deixaria sofrer com esta porra na perna.
- De cada dez palavras que sai da sua boca, creio que seis sejam palavrões.
- Você não fala palavrões? Pensei ter ouvido que “foda” era sua palavra preferida. – Debochou, enquanto colocava as cervejas na geladeira.
- Sim, foda é minha palavra preferida, somente saindo da sua boca. Senão é um palavrão horrível.
- De inocente você não tem nada, garotinha.
- E você gosta disso...
- Eu gosto... Muito – Ele confessou, vindo na minha direção e colocando-me sobre a mesa gelada.
- Tira a minha roupa, “el cantante”. – Apoiei os cotovelos na mesa e deitei um pouco, elevando a cabeça, encarando-o enquanto abria as pernas sobre a superfície em mármore.
Charles abriu meu short e retirou-o habilidosamente, deixando a calcinha. Não conseguindo esperar, retirei a blusa, ficando com os seios nus.
- Você não cansa nunca, minha menina?
- Não... Não de você. – Puxei-o com minhas pernas, admirando o sorriso perfeito em sua boca.
Charles se livrou da jaqueta e em seguida da camiseta. Observei seu peito nu e imediatamente minha boceta umedeceu. Ele andou pela cozinha, só de jeans, pegando o espumante e a tequila, uma em cada mão.
- Vai me embebedar, “el cantante”?
- Você quer ser embebedada?
- Eu quero qualquer coisa... Desde que seja com você.
Ele sorriu e estourou o espumante, deixando a espuma jorrar sobre meu corpo, em seguida derramando o restante, até a última gota, desde o pescoço até a minúscula calcinha de renda vermelha.
- Eu vou me embebedar... No seu corpo perfeito.
- Eu... Posso gozar só de olhar para sua cara safada. – Confessei.
- Não vai gozar... Só quando eu permitir.
- Não consigo...
- Se estiver prestes a gozar, eu paro tudo que estiver fazendo. Só gozará quando eu ordenar, minha pequena.
Arqueei o corpo, ansiosa pela brincadeira.
Ele veio diretamente com a boca na minha barriga, lambendo o líquido que ficou retido no umbigo. Senti sua língua quente e desejosa e meu corpo estremeceu completamente.
- Tão machucada! Quem chupou você inteira, querida? – Perguntou, o queixo descansando sobre a minha barriga.
- Um safado... Que só pensa em me foder.
- Caralho... – Ele retirou a calça, junto da cueca, jogando longe.
- Quero que esta noite não acabe nunca mais, “el cantante”.
- Não vai acabar, meu amor. Viveremos cada segundo como se fosse o último... Eu juro.
- Quero que saiba que... Jamais vou esquecer este lugar e os momentos que passamos aqui.
- Precisa relaxar, garotinha! – Ele abriu a tequila com os dentes, bebendo um gole no gargalo.
- Não me convida, “el cantante”? – Provoquei.
- Abra a boca. – Ordenou.
Abri a boca e ele derramou o líquido nela, que engoli, sentindo descer queimando a garganta e chegar no estômago, como que ateando fogo em todo meu corpo.
- Mais... – Falei, lambendo os lábios.
Ele bebeu no gargalo novamente e levantei meu corpo, sentando sobre a mesa, as pernas envolvendo-o. A boca de Charles encontrou a minha e ele me deu mais tequila, me oferecendo junto sua língua. Engoli, sentindo o fogo e ao mesmo tempo o doce do espumante nos lábios dele.
Eu estava completamente encharcada e doce, a pele úmida e pegajosa. Suguei a língua dele e desci as unhas por suas costas, abafando o gemido masculino e intenso com a minha boca.
Me afastei dele e peguei a bebida de fogo, tomando um grande gole e guardando o restante na boca, para ele, que bebeu até a última gota.
Quando os lábios dele desceram pelo meu pescoço e uma das mãos foi direto ao meu seio enquanto a outra começou a me estimular sobre a calcinha, falei:
- Eu... Posso gozar em pouco tempo...
- Não... Sem gozar, amor.
- Não vou conseguir.
- Eu sei que consegue...
Joguei a cabeça para trás, deixando o pescoço completamente livre para ele, enquanto me escorava na mesa.
Charles desceu os lábios alternando entre beijos e leves chupões até meus seios, que literalmente lambeu cada centímetro de pele, saboreando todo o líquido doce e alcoólico que me envolvia.
Gemi alto e tentei me concentrar para não gozar. Não sabia qual era a brincadeira, mas era difícil de cumprir a regra.
- Posso gozar?
- Mas... Eu nem comecei. Mudando as regras do jogo, garotinha! Você vai gozar três vezes. Agora... Quando eu enfiar minha língua na sua boceta gostosa... E depois com meu pau dentro de você.
Sim, eu gozei só com as palavras safadas dele e seu dedo na minha boceta, sobre a calcinha. Arqueei o corpo trêmulo, sentindo cada centímetro do meu dele contrair-se de prazer.
- “El cantante”... Você está acabando comigo. – Confessei, ofegante.
Ele sorriu e desceu até a renda da minha calcinha, lambendo minha extensão sob o tecido. Peguei a tequila que estava ao meu lado e bebi, deixando o líquido escorrer pela minha boca.
Charles abriu minhas pernas e a visão que eu tinha quando olhava para frente era simplesmente esplêndida: um par de olhos verdes me encarando enquanto a língua explorava cada centímetro da minha intimidade.
- Tira esta porra logo! – Gritei, ansiosa, sentindo uma leve tontura da tequila fazendo efeito.
Charles sorriu e rasgou a calcinha, jogando longe. A partir daí, sua língua trabalhou perfeitamente em mim e recebi autorização para gozar pela segunda vez.
Meu coração batia violentamente e eu sentia que o ar podia faltar nos meus pulmões. Percebi que ele pegou uma embalagem de preservativo e abriu, colocando-o habilidosamente:
- Ouvi dizer que você gosta de chocolate, garotinha...
Levantei o corpo, sentando novamente sobre a mesa, sentindo o aroma de chocolate exalando da camisinha.
- Chocolate era meu alimento preferido... – falei calmamente – Até conhecer o seu corpo... – Olhei na direção do seu pau ereto, esperando pela minha boca.
- Quando você começou a namorar com ele? – Charles perguntou, curioso.
Me remexi no colo dele, ouvindo o som do estalar da poltrona, sabendo que era hora de contar um pouco sobre meu passado e presente.
Estávamos na sacada. Eu sobre o colo dele, que amparava meu corpo no seu, abraçando-me. Uma colcha fina cobria nossos corpos nus e perfumados depois de um banho com muito sabonete. Minha cabeça descansava em seu ombro enquanto meus olhos fitavam a escuridão do mar à nossa frente. Havia embalagens de chocolate e garrafas de cerveja espalhadas pelo chão.
- Começamos a namorar quando eu tinha 14 anos.
- Quatorze? – ele ficou impressionado. – Mas... Era muito jovem.
- Falou o homem que engravidou uma menina aos 16.
- Mas eu não venho de uma família como a sua...
- Isso não justifica.
- Seu pai aceitou?
- Meu pai e o dele eram melhores amigos. Eu conhecia Colin... Mas ele havia ficado alguns anos estudando no exterior. Quando voltou, nos reencontramos... Então...
- Você gostava dele antes de ter partido para estudar?
- Não. Mas se disser que nunca gostei dele, estaria mentindo. Por isso dói tanto... Porque ele era bom comigo. Sempre pareceu me amar de verdade.
- E você o amava? Ainda o ama?
- Acha que se eu o amasse estaria aqui com você neste momento, Charles? – Levantei a cabeça na sua direção, encarando-o.
- Foi tudo muito rápido entre nós... E talvez... Esteja me usando para se vingar dele.
Eu gargalhei:
- Você se sente usado? – Perguntei seriamente.
Ele passou o polegar pelos meus lábios, os olhos fixos neles. Depois me deu um beijo suave:
- Não.
- Enfim, não posso fingir que não estive quatro anos com Colin, porque eu estive. Passamos por muitas coisas juntos.
- Perdeu a virgindade com ele?
- Sim... E ele também foi meu primeiro beijo.
Ele suspirou e alisou meus cabelos, olhando para o nada.
- O quão rico ele é?
- Muito.
- E você?
- Muito mais que ele. – Confessei.
- Como parou no Cálice Efervescente naquela noite?
- Parei para fazer xixi... O destino era outro.
- Acho que o real destino sempre foi lá.
Sorri e o apertei contra mim. Não sei se houve um momento sequer na minha vida em que me senti tão feliz quanto aquele.
- Meu pai é um homem poderoso. E difícil.
- Você tem mais irmãos além da traidora filha da puta?
- Não, somos só nós duas.
- Tem mãe?
- Sim... Ela é doce e ao mesmo tempo forte. Meu pai é dez anos mais velho do que ela.
- Devo ver isso como uma esperança?
Eu ri:
- Confesso que me apego a isso.
- Quais as chances de ele aceitar o seu relacionamento com um homem que não é da mesma condição social que a sua?
- Zero... – Me ouvi falando, sentindo o coração doer.
Ele pegou meu queixo e fez-me encará-lo novamente:
- Não fale isso ou posso sequestrá-la e nunca mais a deixar sair daqui.
- Eu sempre fiz tudo que eles mandaram... Aceitei Colin muito mais porque sabia que era do gosto da família do que do meu. Eu não me arrependo de nada do que houve entre nós, Charles. E não sei o que você pensa sobre tudo que aconteceu nestes dois dias, mas sinto que não consigo mais viver sem você. É como se estivéssemos juntos a minha vida inteira. E se precisar jogar tudo para o alto, eu farei isso.
- Eu não aceitaria que abrisse mão de nada por minha causa.
Olhei no fundo dos olhos dele e disse:
- Eu estou completamente apaixonada por você, Charles.
- Que porra! Porra, porra, mil vezes porra!
- O que... Houve? – Perguntei, assustada.
- Está amanhecendo, garotinha!
Observei os primeiros raios de sol querendo ultrapassar as nuvens. A lua ainda estava no céu, junto das estrelas. Deixei a lágrima grossa escorrer pelo meu rosto e disse:
- Isso não acaba aqui, Charles.
- Não mesmo, meu amor! Isso não acaba... Nunca mais. Foi forte e intenso demais para terminar.
Amo você! Pensei enquanto aspirava o aroma vindo o corpo dele, sentindo os dedos suaves e doces nos meus cabelos embaraçados e sem brilho.