Capítulo 15
2017palavras
2022-12-11 07:23
Charles não só era lindo, dono de uma voz perfeita, mas também um ótimo cozinheiro. Fiquei a imaginar se havia alguma coisa na qual ele não fosse expert. E me peguei pensando no filho dele, pela primeira vez desde que soube de seu passado. Separar um filho do pai era uma tremenda crueldade. Me senti um pouco triste e impotente por não estar num estágio mais avançado na faculdade e poder ajudá-lo de alguma forma.
Depois do almoço, transamos e dormimos por horas.
Despertei sentindo um vento morno vindo de encontro ao meu corpo. Avistei de onde estava, na cama, a porta entreaberta e a lua cheia iluminando não só o céu e a noite, mas também o quarto. Pela primeira vez, eu, uma adoradora de estrelas, as vi e achei-as insignificantes frente ao espetáculo da lua.

Eu conseguia ouvir as ondas quebrando na areia, como se estivesse dormindo na beira da praia.
Virei-me e encontrei Charles com a cabeça descansando na mão, o cotovelo apoiado no travesseiro.
- Você não dorme nunca? – Questionei.
- Esqueceu que sou um homem da noite, garotinha?
- Estou a dormir com um vampiro?
Ele riu antes de morder meu pescoço com força, fazendo-me reclamar:

- Isso doeu.
- Agora você também é uma vampira, Sabrina. E seu sangue me pertence.
Toquei seu rosto, deslizando pela barba macia, parando nos lábios quentes:
- Pertenço inteiramente a você, “el cantante”.

A mão livre dele deslizou pela minha coxa, encontrando minha intimidade quente e úmida:
- Você sempre está assim? – Fez movimentos circulares no meu clitóris.
Gemi e remexi-me, mal respondendo:
- Acho... Que para você, sim.
Ele intensificou os movimentos e apertei as pernas com força, deixando o prazer tomar conta de mim.
Charles pôs a cabeça sobre o travesseiro e me beijou, enquanto os dedos me estimulavam fervorosamente. Mordi seus lábios com força, descarregando a eletricidade que tomava conta de todo meu ser.
Quando percebeu que eu estava em êxtase, ele enfiou dois dedos, finalmente conseguindo fazer com que eu abrisse as pernas um pouco mais relaxada. Gemia a cada toque, sabendo que não havia nada nem ninguém ali, a não ser nós dois.
- Cante minha melodia preferida, Sabrina... – Os lábios dele voltaram para meu pescoço, alternando entre lambidas e chupadas.
- Qual é sua melodia preferida? – Perguntei, com a voz fraca, me apossando de seu membro duro e pulsante, controlando com minha mão conforme os dedos dele se movimentavam dentro de mim.
- Minha melodia preferida é o seu gemido, o som de você chegando ao orgasmo, gozando para mim...
Aquilo literalmente acabou comigo e senti meu coração derretendo completamente. Sabia que poderia passar quanto tempo fosse, jamais esqueceria aquela frase, que o som do meu prazer era a melodia preferida dele.
Com dificuldade de sair daquele frenesi, o segurei pelos ombros, fazendo-o deitar-se na cama e me encaixei nele, sentindo seu pau entrar cada centímetro, dando-me um prazer ainda maior, não conseguindo evitar os gemidos melódicos que ecoavam no ambiente.
Eu estava no controle... Do meu prazer, do seu prazer. Dancei minha própria música, fechando os olhos completamente e sentindo meu corpo entregue ao momento perfeito que era a união que nossos corpos nos proporcionavam.
- Estou a ponto de gozar... – abri os olhos e falei, percebendo minha voz fraca – Precisa pegar o preservativo.
Sem mover o corpo, Charles pôs a mão debaixo do travesseiro e voltou com ela vazia. Não satisfeito, disse:
- Um minuto, meu amor... Preciso encontrar...
Segui seu corpo, sem retirá-lo de dentro de mim, esperando enquanto ele levantava o travesseiro e depois olhava pelo chão:
- Eu... Acho que acabou. – Falou, confuso.
- Mas... Não tem como! Tinham várias!
- Nós usamos, minha garotinha... Tudo.
Pensei em levantar, mas para voltar ao lugar onde estávamos antes, que no caso era o centro do colchão. Charles pegou minha bunda, sem mover-se de dentro de mim.
Olhei nossas silhuetas na parede, refletidas pela luz da lua, o corpo perfeito dele, a barriga sem saliência alguma, meus seios empinados, que na sombra tocavam sua boca entreaberta...
As mãos dele seguiam na minha bunda, apertando o músculo com força, o pau se enfiando ainda mais dentro de mim.
- Temos que parar... – Ele disse, ofegante.
- Sim, temos que parar. – Confirmei, certa de que rebolaria sobre seu pau uma última vez.
Gemi, arqueando o corpo para trás.
- Deixe-me ouvir minha melodia preferida... – As duas mãos grandes encontraram meus seios pequenos e endurecidos.
- Você é o maestro... – Senti meu corpo se contorcendo de prazer, o sentimento do proibido e do medo tomando conta de mim.
- Não devemos seguir...
- Não... Não devemos... – Falei, sem me mover, sabendo que gozar era questão de segundos.
- Diga que quer que eu pare... E eu paro. – Apertou meus seios, elevando o quadril, fazendo-me ver estrelas.
- Nunca... Gozaram dentro de mim... – Falei num fio de voz.
- Sabrina... Não me provoque, por Deus, porra!
- Não meta Deus e porra na mesma palavra, “el cantante”... – Tentei encontrar minha sanidade.
- Puta que pariu, eu vou gozar dentro de você... Não aguento me segurar... Você me destrói... Acaba comigo.
Eu poderia ter saído de cima dele. Mas não o fiz. Senti seu líquido quente jorrar dentro de mim e fiquei imóvel, esperando até a última gota. Meu coração batia tão forte que parecia que eu teria um ataque. Meu corpo tremia e o orgasmo foi tão intenso que gritei, sem nenhum pudor.
Não aguentei muito tempo e deixei meu corpo cair sobre o dele, sentindo o ar faltar nos meus pulmões.
Charles me abraçou. Eu continuava sobre ele. Envolvi sua boca com a minha, finalizando o ato perfeito com um beijo no qual entreguei todo meu sentimento...
Quando nossas bocas se separaram, ele pegou meu rosto entre seus dedos e disse, me encarando:
- Estou louco... Completamente louco por você. Eu não quero ir embora, Sabrina.
Eu sorri:
- Eu também, Charles... Não quero ir embora nunca mais. Ainda há tempo de eu retirar meu vestido de noiva do lixo... – Ri, tentando ser engraçada.
- Sabrina, isso não pode acabar aqui.
Sai de cima dele, sentindo o líquido viscoso escorrer pelas minhas pernas enquanto me encaminhava para o banheiro, confusa, tentando recobrar minha consciência.
Assim que entrei no chuveiro, o vi me observando pelo vidro, completamente nu. Virei para o outro lado, porque olhá-lo daquele jeito fazia eu não pensar direito.
- Falei algo errado? – Perguntou.
Respirei fundo e me lavei rapidamente. Desliguei o chuveiro e abri a porta do box, pegando uma toalha:
- Caramba, como acha que estou me sentindo com isso tudo, Charles? Eu... Estou confusa. Há vinte e quatro horas atrás eu estava quase casando com um homem que conheço há quatro anos. E agora estou aqui, com você, que conheço há... Quarenta e oito horas.
- O que quer dizer com isso?
- Que são 1460 dias comparados com 48 horas.
- Que porra você quer dizer?
- Que acho que estamos loucos.
Passei por ele, que pegou meu braço, encarando-me:
- Achei que você estava sentindo o mesmo que eu...
De uma hora para outra, senti uma dor no peito e percebi lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
- Porra, me perdoe... Eu não queria fazê-la chorar.
- Estou com medo, Charles... Medo de quando isso acabar... Medo do futuro... Medo do que tenho que enfrentar quando sair daqui e sei que isso vai ser difícil... Mas meu maior medo é... Perder você. Porque estas 48 horas significaram mais do que 1460 dias... 48 horas que foram mais importantes que outras 35.040 que já vivi em um relacionamento com outro homem.
- Você conta isso... De cabeça?
- Eu estou tentando dizer que me encontro completamente apaixonada por você, “el cantante”... E você está preocupado com números?
Ele fez um breve silêncio antes de responder:
- Eu... Não me preocupo com números, garotinha. Mas... Você parece que sim... Afinal, conta tudo... Transforma meses em dias, dias em horas... Mas não vai conseguir transformar o que eu sinto neste momento por você... Nunca.
Nossos olhos se encontraram e as mãos se enlaçaram, instantaneamente, sem nos pedir permissão.
- Eu quero ficar com você, Sabrina. Eu sei que nos conhecemos a não sei quantas horas... Tampouco minutos... Não sei transformar tudo em números como você... Mas posso transformar tudo que sinto numa música, isso eu garanto.
O abracei e encostei a cabeça no seu peito coberto de pelos macios. Até naquilo ele e Colin se diferenciavam completamente.
- Você acha que isso é possível, Charles? Nos apaixonarmos assim... Em tão pouco tempo?
- Eu não sei, Sabrina. A única certeza que tenho é que jamais senti isso antes.
- Não temos muito tempo mais... E você sabe disso.
- Mesmo quando tudo isso acabar, ainda assim nós vamos ficar juntos, Sabrina. – Ele alisou meus cabelos molhados.
- Eu farei o possível para que isso aconteça. – Garanti, sorrindo e sentindo meu coração aquecido e uma sensação jamais sentida antes.
- Minha garotinha...
- Que horas são, “el cantante”?
- Deve ser umas dez horas da noite.
- Acho que precisamos sair... E comprar preservativos.
- Sim, tem razão. Vamos lá.
Pus a única roupa que tinha e garanti:
- Vou comprar outra calcinha.
- Não vai precisar, garotinha... Não quero que use roupas dentro de casa.
- Charles eu já perdi as contas de quantas vezes transamos...
- Eu avisei que a foderia até que não aguentasse mais...
- A questão é... Eu aguento. – Sorri debochadamente.
- Estamos apenas começando... – Garantiu.
- Que bom. Pensei que estava velho demais para continuar.
Ele gargalhou:
- Vou lhe mostrar minha velhice na volta... Se prepare.
Comecei a rir e segui-o para a área externa. Andamos pelas pedras até chegar na moto. Os capacetes estavam pendurados no guidão. Ele ajustou o meu e depois colocou o seu próprio.
Assim que Charles deu partida na moto, apertei seu abdômen e deitei a cabeça nas suas costas, sabendo que o tempo poderia parar naquele momento... Para sempre.
Para minha surpresa, a cidade era tão minúscula que em menos de dez minutos estávamos numa rua pouco movimentada, com todos os pontos comerciais.
Ele parou em frente a uma farmácia, mas estava fechada.
- Por que porra alguém fecharia uma farmácia esta hora? – Ouvi Charles reclamar com a voz abafada pelo capacete.
- O que vamos fazer agora?
Ele acelerou e rodamos mais um pouco, parando num posto de combustível. Estacionou próximo da loja de conveniência e me ajudou a descer:
- Aqui tem tudo que precisamos... Exceto calcinhas confortáveis. – Debochou.
Revirei os olhos e esperei que ele retirasse o capacete da minha cabeça. Charles pegou minha mão e entramos na loja, onde havia somente o atendente e um homem cuidando das bombas de gasolina.
- Eu... Vou aproveitar e ligar para o meu pai – falei, quando vi um telefone público – Preciso dizer que estou bem. Eles devem estar preocupados.
- Já passou mais de 24 horas que você literalmente sumiu... Se eu fosse seu pai, lhe dava uma surra.
- Acontece que você não é... – Sai, balançando os cabelos enquanto o via se dirigir para a prateleira de preservativos.
Assim que tirei o fone do gancho senti meu coração bater mais forte. Eu temia meu pai e não podia negar aquilo. Não usei o telefone de Charles com medo de que ele rastreasse a ligação, mas dali era tranquilo, pois J.R poderia até encontrar a cidade que eu estava, mas não tinha como me localizar.
Disquei o número do celular, que atendeu em seguida:
- Alô.
- Pai?
Observei um casal entrando pela porta de vidro, que anunciou presença de pessoas recém-chegadas, com um aviso sonoro. Cada um pegou um cesto e começaram a colocar coisas dentro, aleatoriamente, o que me chamou a atenção.
- Sabrina? Onde você está?
Gelei com o tom de voz de meu pai. Como dizia meu lindo “el cantante”: eu estava fodida.