Capítulo 12
2622palavras
2022-12-11 07:21
- Você... Realmente está me pedindo isso? – Ficou confuso.
- Se não quiser ou não se sentir à vontade, tudo bem.
- Não sei se isso é uma brincadeira... Mas se for, ainda assim minha resposta é sim, Sabrina. Se você se sente à vontade com isso... Vai fundo.
Eu sorri, provocante:
- Neste caso, quem vai fundo é você.
Ficamos nos encarando um tempo, questão de segundos, como se aquela conexão fosse necessária e indispensável aos nossos olhos. Como eu poderia mal conhecer aquele homem e me sentir tão à vontade com ele? Era como se Charles conseguisse ver através dos meus olhos, da minha roupa, desnudar-me com um simples olhar.
Talvez eu nunca entendesse de fato o que acontecia entre nós. Ainda assim não queria que aquilo acabasse nunca. Por mais que soubesse que mais cedo ou mais tarde teria que partir e voltar a vida real, tinha necessidade de poder mentir para mim mesma que duraria para sempre.
Ele começou a masturbar-se enquanto me observava. Fiquei olhando-o, sentindo a excitação tomar conta não só da minha intimidade, mas de cada pedaço do meu ser.
Enquanto Charles se tocava com uma mão, a outra alcançou meus lábios, descendo lentamente pelo queixo, pescoço e colo.
Fechei meus olhos e gemi quando ele apertou meu seio sob o tecido do vestido. Me dirigi ao seu membro, que obedecia ao comando dele naquele momento e retirei sua mão, colocando-a atrás da minha cabeça, sabendo que ele me entenderia com um simples olhar.
Quando enfiei seu pau na minha boca e comecei a sugar, a mão do cantor empurrou minha cabeça em direção ao seu corpo, enquanto um gemido alto foi ouvido na sala, ecoando no cômodo amplo e com poucos móveis. Intensifiquei os movimentos com minha boca, finalmente sentindo a força dele, que me fazia ir o mais profundamente possível. A precipitação do seu orgasmo veio em forma de um tremor intenso, seguido do jato morno e viscoso, que desceu diretamente pela minha garganta. Fiz questão de engolir até a última gota, não deixando nada para trás.
Quando levantei a cabeça, senti meus lábios inchados e sorri, ao ver o estado de prazer no qual ele se encontrava, os olhos inebriados de luxúria e mais brilhantes que o normal.
Charles novamente tocou meus lábios. Suas pernas envolveram meu corpo e ele puxou-me para cima de si, completamente nu.
Senti seu corpo quente e alisei a lateral do abdômen, demorando um tempo na nádega e deslizando pela coxa coberta de pelos macios. Minha cabeça estava deitada sobre seu peito e eu não só ouvia, mas sentia o coração dele batendo forte.
- Acho que você é capaz de me causar um infarto, garotinha... Pois sei que está sentindo o quanto meu coração está batendo por você.
Sorri, ainda aconchegada a ele, sem dizer nada, só vivendo o momento, terno, doce, gostoso, intenso, cheio de paixão e desejo.
As mãos dele começaram a alisar meus cabelos, vagarosamente. Não lembro de ter me sentido tão segura durante a minha vida. E sentia aquela sensação ali, nos braços daquele homem que conheci na noite passada. Nunca me imaginei mulher de uma noite. Minha vida amorosa e sexual foi sempre ao lado de Colin. E muitas vezes critiquei minha irmã por dormir com homens que mal conhecia. No entanto, naquele momento, era eu no lugar que tanto julguei. E o mais incrível é que o desejei desde o primeiro momento que o vi, naquele palco, afinando a guitarra.
Repentinamente Charles levantou-se e eu acabei rolando pelo sofá. Com todas as luzes acesas e sem explorar nem conhecer nada da casa, me vi no colo dele, que andava em direção à escadaria em madeira nobre, tão lustrosa que chegava a arder os olhos.
Já no primeiro degrau, aconcheguei-me ao peito dele e pus meus braços em volta de seu pescoço. Enquanto ele subia a escada em forma de “L”, com paredes vazias, completamente clean, conduzindo meu corpo de forma segura e firme, me ouvi dizendo, sem pensar antes:
- Começo a temer meus sentimentos por você, Charles.
Ele não disse nada, mas eu ainda conseguia sentir seu coração junto de mim e tive a impressão de que acelerou. Não tenho certeza se eu esperava uma resposta, pois nem sequer devia ter confessado aquilo em voz alta.
Charles abriu a primeira porta do corredor e adentrou num dormitório amplo e bem iluminado. Tinha uma janela grande, que estava fechada e uma porta de aproximadamente uns quatro metros, que certamente dava para o mar, pois eu conseguia ouvir o som da água batendo nas pedras.
Ele me pôs no chão e encarou-me demoradamente. Fiquei a pensar que das tantas coisas nele que me encantava, a forma como me olhava estava no topo da lista.
Tocou meu rosto carinhosamente e disse:
- Não quero temer meus sentimentos... Nem as batidas mais fortes que o meu coração tem dado ao seu lado nas últimas horas.
Naquele momento, algo queimou dentro do meu estômago, descendo pela barriga e ficando um tempo ali, fazendo eu sentir algo novo, jamais experimentado antes.
- Quero que saiba que, não importa quanto tempo passe, jamais vou esquecer os momentos loucos que vivi ao seu lado, Charles.
Charles virou-me de costas para ele, de forma delicada. Meus cabelos foram erguidos e o pescoço beijado docemente.
- E quem disse que precisamos esquecer, garotinha? – Falou, rouco, a boca descendo pelas minhas costas.
- Tire o meu vestido, Charles... Por favor... – Pedi, sem olhar na direção dele, pendendo minha cabeça para o lado, deixando meu pescoço livre, enquanto fechava os olhos.
Ele foi descendo lentamente o zíper invisível do vestido. Quando chegou ao final, disse, enquanto o tecido encorpado caía por inteiro do meu corpo, parando no chão, como um amontoado branco:
- Enfim, consegui desembrulhar meu presente.
Virei na sua direção, completamente nua, sem sentir vergonha do meu corpo ou do que fazíamos naquele momento.
- Você é linda, Sabrina!
Nossos corpos estavam desprovidos de roupas, finalmente. E eu não conseguia decidir entre jogar-me nos braços dele e ser “fodida” rápido e com força ou ser acariciada e acariciar por horas, sem pressa, fazendo sexo de forma lenta e delicada.
- No que está pensando? – Ele perguntou.
- Que jamais esquecerei minha lua de mel. – Sorri.
Ele retribuiu o sorriso e deu um passo para frente. O dedo indicador tocou meu mamilo esquerdo, que ficou ereto e sensível, espalhando eletricidade por todo o meu corpo.
- Creio que nossa lua de mel será inesquecível, garotinha.
Dizendo isso, ele me puxou de encontro a si, segurando-me pelas costas e deixando parte do meu corpo inclinar-se para trás.
Senti seu sexo junto do meu e nossos olhos se encontraram brevemente antes de ele saborear meu seio esquerdo, sem rodeios, explorando com a ponta da língua cada centímetro da aréola escura e retesada. Depois ele dispensou a mesma atenção ao direito, que foi sugado até que eu sentisse certa dor, que causou ainda mais excitação.
Não satisfeito em acabar comigo daquela forma sórdida, Charles abriu minhas pernas com uma mão, enquanto o outro braço ainda segurava meu corpo pendido e a boca seguia ocupada com meu mamilo. Senti seus dedos explorando minha extensão úmida e quente e gemi alto, incontida.
Percebi um leve sorriso sacana enquanto ele ainda me chupava, intensificado a trilha que fazia com os dedos precisos, alcançando meu clitóris ao mesmo tempo que entrou em mim, sabendo usar habilidosamente a mão.
Aquele homem parecia ter mais de dois braços e dez dedos. Porque mexia com todo meu corpo ao mesmo tempo, como se fosse me fazer gozar ali mesmo, sem sequer me tocar com seu pau.
Meus gemidos aumentaram conforme a intensidade dos dedos dele. E sim, eu gozei neles, deixando-os completamente encharcados do meu orgasmo rápido e intenso.
Habilidosamente fui posta na cama, sem nem dar tempo de perceber como aquilo aconteceu. Minhas pernas estavam na lateral do colchão, o corpo deitado confortavelmente. Charles pôs-se na minha frente e foi colocando os próprios dedos na boca, um a um, enquanto me encarava:
- Seu gosto é perfeito... Como seu corpo, seu beijo, seu cheiro...
- Me faça gozar novamente, Charles... Diga que vai me “foder”...
- Eu vou beijá-la, garotinha... Iniciando pela boca e depois descendo pelo seu corpo. Não haverá um centímetro da sua pele macia onde minha boca não chegará... E depois eu vou fodê-la... Fodê-la por tantas vezes que implorará para eu parar, pois seu corpo não aguentará tantos orgasmos. Levarei você até as estrelas... E não garanto volta.
Sorri e entreabri meus lábios, esperando ansiosamente pela boca dele.
Ouvi ao longe o som das ondas. Abri os olhos e dei de cara com um par de pupilas verdes fixas nas minhas. Pisquei repetidas vezes, para me certificar de que tudo tinha sido real e não era um sonho. Sim, ele continuava ali.
- Bom dia, garotinha! – Cumprimentou, sentado numa poltrona almofadada, os pés sobre o colchão, os braços cruzados.
- Que horas são? – Perguntei, confusa, sentando, puxando o lençol branco para cobrir minha nudez.
- O que importa que horas são? – Ele deu de ombros.
Vi que a janela estava aberta e o ar fresco, com cheiro da maresia, invadia o quarto. A porta dava para uma sacada e eu conseguia ver o mar dali.
- Bela vista, não acha?
Olhei na direção dele, incerta se a vista do mar era mais bela do que a do homem sentado na minha frente, vestindo calça jeans, sem camisa.
- Pensei em fazer um café da manhã, como você merece... Mas não tem nada para comer nesta casa. Sinto muito, meu bem, mas vamos ter que encarar o supermercado em plena lua de mel. – Riu debochadamente.
- Não precisamos... Temos que ir. Você precisa me levar de volta.
Ele saiu da cadeira e deitou-se na cama, ao meu lado, cruzando os braços e repousando a cabeça sobre eles.
- Me dê um bom motivo para eu levá-la embora e prometo que farei isso.
- Eu... Estou incomunicável... Sem celular, sem documentos. Meus pais devem estar preocupados comigo.
- Seus pais? Se importa com eles ou com “ele”?
- Eu... Não me importo com “ele”. – Afirmei, tentando levantar e sentindo uma ardência nas partes íntimas.
Gemi baixinho. Sim, foi muito sexo... Ou “foda”, como ele dizia lindamente. Jamais imaginei que aquilo fosse possível, embora ele tenha me prevenido antes. Eu não sei se Charles era anormal por fazer sexo demais ou Colin por fazer de menos.
Meu ex noivo jamais conseguiu dar duas consecutivas. Quando conseguia na mesma noite, precisava de um bom tempo de descanso entre uma e outra.
Quando Colin percebia que não me satisfazia a contento depois do sexo, dava a desculpa de que eu era muito jovem e por isso tinha muito “fogo”. Ainda usava este fato ao afirmar que com o tempo aquela excitação passaria.
Deitei novamente, olhando para o teto pintado perfeitamente de branco e me peguei rindo sozinha.
- Falei algo engraçado? – Charles perguntou.
- Lembrei de uma coisa... Só isso.
Charles pegou meu rosto e me fez virar na sua direção. Nossas cabeças estavam nos travesseiros e as bocas a centímetros de distância.
- Fique comigo mais uns dias... Por favor. – Pediu.
Eu poderia dizer não. Eu deveria dizer não. No entanto eu disse:
- Sim, eu fico.
Ele veio na minha direção e virei o rosto.
- Fiz algo errado? Você acorda de mau humor? Está arrependida? Sou tão ruim de cama assim?
- Não... – olhei-o novamente – Só não... Bem, eu não escovei os dentes.
Ele enrugou a testa e disse, levantando o braço e apoiando o cotovelo na cama, descansando a cabeça na mão:
- Eu pouco me importo... Acho que fizemos coisas bem piores ontem do que um beijo sem escovar os dentes.
Tentei relaxar o corpo e tirar da mente as manias de Colin. Afinal, era ele que se recusava a beijar pela manhã... Ou durante as refeições... Muito menos depois, sem que antes escovássemos os dentes.
Que porra eu estava pensando? É sério que eu pensei “porra”? sim, eu podia pelo menos falar palavrões em pensamento, porque o idiota do meu ex traidor não estava mais na minha vida. E sim, eu podia beijar a boca perfeita do “el cantante” a hora que eu quisesse, inclusive na madrugada e pela manhã, usando a saliva dele como desjejum.
Imitei a posição dele, com a cabeça apoiada no braço e toquei seu ombro, descendo pelo peito. Umedeci os lábios ao flagrar o abdômen perfeito.
- Tenho uma garotinha insaciável na minha cama pelo visto! – Ele sorriu de forma luxuriosa.
- Me beije, Charles. – Falei, encarando-o.
Não precisei repetir. Imediatamente ele veio para cima de mim, tomando meus lábios como se fossem a comida de um desesperado que fez jejum por dias. A língua era exigente e eu correspondi, sentindo sua saliva, a pele quente e macia dos lábios que se esfregavam nos meus, a barba roçando minha pele, certamente fazendo um rastro avermelhado com a fricção.
Quando ficamos quase sem ar, afastamos nossas bocas. Ele ficou sobre mim e sorriu:
- Você beija perfeitamente bem pela manhã, garotinha.
- Você também.
Senti seu membro endurecido e embora tivesse louca de vontade de fazer sexo novamente e minha intimidade já umedecida desde que ele me tocou, sabia que precisava dar um tempo.
- Preciso me recuperar... – falei – Bandeira branca, “el cantante”.
Ele riu:
- Concedida... Por hora.
Saiu de cima de mim e deitou-se novamente.
- Precisamos comer.
- Não estou com fome. – Falei.
Ele passou o dedo indicador nos meus lábios e perguntou:
- O que exatamente houve ontem? Por que fui presenteado com a noiva?
Olhei-o, curioso, e me senti à vontade para contar o ocorrido. Não havia motivos para esconder.
- Ele dormiu com a minha irmã... Na noite da despedida de solteiro.
Charles ficou um tempo em silêncio, mas percebi que ficou impressionado.
- Sem palavras para descrever tamanha canalhice, não é mesmo? – Observei.
- Um filho da puta, desgraçado. Não sabe dar valor ao que tem.
- Sabe o que é mais estranho?
- O quê?
- Eu não me sinto mal com tudo isso. Não sinto vontade de chorar, nem raiva, ódio... Eu simplesmente não sinto nada... E isso é estranho.
- Sim, isso é estranho pra caralho.
- Você sempre fala tantos palavrões assim?
- Tento me conter vez ou outra. – Sorriu.
- De onde eu venho palavrões não são permitidos. Fui ensinada a vida toda por meu pai a não dizer estas sacanagens... No entanto ele mesmo disse ontem, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- Como seus pais reagiram? Fizeram o que com sua irmã? Ele chegou a bater no desgraçado?
Eu gargalhei, lembrando do que havia acontecido:
- Meu pai achou que eu devia voltar para igreja e casar.
- Isso é brincadeira?
- Não... Isso é sério. Na minha família a opinião das outras pessoas vem antes de qualquer coisa, inclusive do nosso bem-estar, valores, crenças e sentimentos.
- Que bando de filhos da puta.
- Mas... Me fale de você, Charles. Além de cantor, o que mais você faz? Onde mora? De onde você vem? – Perguntei, curiosa.
- Não tenho certeza se você gostaria de ouvir minha história. Muito menos se me aceitaria com toda bagagem que carrego.
Levantei a cabeça, curiosa, encarando-o:
- Tente... Sou mais forte do que pareço. E tive a prova disto ontem.
- Eu tenho uma pergunta antes, Sabrina.
- Qual?
- Por que você foi parar no Cálice Efervescente depois que soube que foi traída?