Capítulo 11
2614palavras
2022-12-11 07:20
De repente, a estrada acabou e Charles seguiu caminho, subindo com a moto como que escalando um caminho mais íngreme. Fiquei ainda mais amedrontada e segurei-me com força a ele, temendo cairmos. Vez ou outra ele tinha que usar os pés para evitar a queda, enquanto as rodas derrapavam no chão por ora liso, ora pedregoso.
Eu sabia que estávamos na praia, pois sentia o cheiro do mar e a brisa fresca. Mas não exatamente onde era, devido à escuridão.
O caminho não era tão íngreme, mas as subidas leves na espécie de pedra arenosa eram assustadoras. Para minha surpresa, Charles não era só um bom cantor, mas também um ótimo motorista de motocicleta... Além de outras “cositas” que ele “mandava bem”.
Ele desligou a moto e avistei a enorme casa, construída na pedra, de frente para o mar. Não estava iluminada, mas dava para perceber o quanto era imponente.
Charles desceu e retirou o capacete e em seguida auxiliou-me a descer da moto. Estiquei o corpo, cansada e com os músculos um pouco doloridos em função da tensão e desconforto.
Tentei retirar o capacete, mas não fazia ideia de como abrir aquela coisa na parte abaixo do queixo. Ele deu uma risada, enquanto desafivelava para mim.
- Como se sente? – Perguntou.
- Um pouco cansada da viagem tensa – confessei – Um caminho longo para estreia num veículo de duas rodas.
- Quer saber como me sinto?
- Como? – Fiquei curiosa.
- Dolorido aqui – apontou para o abdômen - Acho que minha barriga pode ter ficado com hematomas das suas mãos fortes. – Começou a rir debochadamente.
- Eu... Fiquei com medo, seu bobo. – Dei um tapa no braço dele, que pegou minha mão no ar antes que eu a recolhesse.
Charles me puxou, fazendo meu corpo ir de encontro ao dele. Seus braços envolveram-me e nossos olhos se encontraram, na escuridão da noite, somente a luz da lua e das estrelas como testemunha daquele momento, vivido no meio da nada.
- Quero que lembre pra sempre da nossa lua de mel, minha garotinha.
- Eu... Acho que será difícil esquecer estes momentos desde que nos encontramos, “el cantante”. – Debochei, sabendo que no íntimo eu falava sério.
Ele não riu. Pelo contrário, ficou me encarando e eu conseguia ver o reflexo das estrelas do céu nos olhos dele. Senti meu corpo estremecer e não foi de frio.
Charles me soltou imediatamente, retirando a jaqueta de couro e colocando sobre meus ombros. Como explicar-lhe que eu não estava com frio? Havia como dizer com palavras que meu tremor era causado por ele e não pela brisa fresca vindo do mar?
- Vamos entrar... Está frio aqui. – Ele pegou minha mão, enquanto seguimos andando pelo caminho sobre a pedra na qual a casa havia sido construída.
Andávamos silenciosamente, cada um com seus próprios pensamentos. Os meus? Deus, eu só pensava nele e no quanto aquele dia aconteceu exatamente da forma como era para acontecer. Se voltasse no tempo, eu não mudaria nada... Um segundo sequer de cada momento que passou. Porque foi preciso ser traída em dose dupla para chegar onde eu estava àquela hora, com os dedos entrelaçados ao homem que me deixava completamente sem noção do certo e errado... Que me fazia estremecer com um simples olhar e ser incapaz de dizer “não” a qualquer pedido que me fizesse.
Subimos uma escadaria íngreme, feita na própria pedra que compunha o chão e incrivelmente nossos pés encontraram grama fofa, em volta da casa, iluminada somente pela luz da lua.
Senti meu salto do sapato pink afundando na terra, que cresceu sobre a pedra... Aquilo era natural ou artificial? Enfim, vi tantas belas paisagens e lugares incríveis e diferentes no mundo todo ao longo dos meus dezoito anos de vida. Mas ali, com ele, tudo era completamente novo.
Alguns pequenos arbustos espalhados davam um ar ainda mais bonito. Fiquei curiosa sobre como era o lugar à luz do dia.
Entramos pela varanda. Aspirei fundo o ar com cheirando maresia, que me remetia à infância e nossas férias em família anualmente, quando meu pai tinha tempo para nós e se dava ao luxo de sentar na areia e nos observar, com um sorriso nos lábios, bobo e despretensioso, ao mesmo tempo orgulhoso de sua prole.
Olhei para meus dedos enlaçados nos de Charles. Desde que o conheci, há pouco mais de vinte e quatro horas, passei quase mais tempo de mãos dadas com ele do que com meu noivo. De alguma forma, aquilo me dava segurança. Era como se, não importasse o que acontecesse, ele estaria ali, junto de mim.
Ele abriu a porta com a chave e adentramos no completo breu.
Sem soltar minha mão, andando devagar para que eu conseguisse acompanhá-lo, Charles ligou as luzes, que acenderam todas ao mesmo tempo, clareando de tal forma que chegou a ofuscar minha visão.
Pude voltar a ver os verdes magníficos dos seus olhos nos meus e sorri, feliz por estar ali.
Soltei-o e andei um pouco pela casa, sentindo o olhar dele sobre mim. O espaço interno era amplo e tinha escadas, o que indicava um segundo andar. A sala, apesar de simples, era aconchegante e a decoração de muito bom gosto, certamente feita por um profissional. Paredes brancas, janelas da mesma cor. Por fora me pareceu um cinza escuro, mas eu não tinha certeza, em função da pouca claridade.
- Esta casa... É sua? – Perguntei, dando uma volta no centro da sala, admirada com a simplicidade elegante.
Ele riu gostosamente:
- Não... Definitivamente não.
- Por que riu?
- Porque... Eu jamais teria uma casa assim.
- Acha ruim?
- Não, pelo contrário. É muito para mim.
- Nunca almeje menos, “el cantante”. Onde você mora? Por que estamos aqui, se não é sua?
- Muitas perguntas, garotinha.
- E pelo visto você não gosta de responder perguntas, não é mesmo, “el cantante”?
- Quanto tempo vai me chamar assim? – Cruzou os braços, me encarando.
- Enquanto você me chamar de “garotinha”.
- Ok, vai me chamar de “el cantante” para toda eternidade.
Retirei a jaqueta dele que estava sobre mim e joguei na sua direção, fazendo-o apará-la no ar.
- De quem é a casa?
- Aquele barman com quem eu peguei a chave... É meu amigo. Ele cuida da casa durante a semana.
- Ele não é o dono então?
- Não... Só um cuidador.
- E os verdadeiros donos?
- Aparecem vez ou outra. São de Noriah Sul.
- Por que eles são de Noriah Sul e têm uma casa na praia de Noriah Norte?
Ele riu novamente:
- Como eu vou saber? Sequer os conheço.
- Bem... Eles têm bom gosto. – Toquei o sofá macio.
- E dinheiro... Afinal, estamos quase numa ilha.
- Por que me trouxe para cá?
- Porque eu queria ficar sozinho com você... Sem nenhuma interferência. Na verdade, desde ontem, quando nos conhecemos. Só não imaginei que isso pudesse acontecer... Afinal, era sua despedida de solteira. E agora, cá estou eu... Com a noiva.
- Devo estar horrível... – Tentei inutilmente encontrar um espelho.
- Eu acho que não é possível você ficar horrível, Sabrina. Você é a garota mais linda que eu já conheci.
Eu ri ironicamente:
- Jura? Você pode ser iniciante ou aspirante à cantor famoso, mas sua legião de fãs do sexo feminino é forte... E posso apostar que deve ter ficado com muitas delas, várias idades, nacionalidades... – Abaixei os olhos, lembrando das tantas que enfrentei só naquela noite.
- Isso não tira o fato de eu achar você ainda a mais bela de todas.
Encarei o olhar sério dele.
- A propósito, não sou iniciante na música. Faz no mínimo uns quatorze anos que toco e canto na noite. E meus dias são dedicados aos ensaios.
- Quatorze anos? É tempo...
- Tempo demais, não é? Minhas esperanças de ser descoberto um dia se tornam cada vez mais difíceis.
- Eu não quis dizer isso. É muito tempo, mas você canta bem... Muito bem. E deve saber disso, afinal, não é o tipo modesto.
Ele riu:
- Modéstia não faz parte do meu ser, realmente. Mas não desisto de cair nas graças do todo poderoso J.R e sua gravadora.
Senti um frio percorrer minha barriga. Não lembro de ter dito que eu era uma Rockfeller. E mesmo que tentasse manter sigilo sobre quem eu realmente era, se dissesse o sobrenome, era como me entregar, pois eu não conhecia nenhuma outra família com o mesmo sobrenome nas redondezas.
- Por que ele? – Me ouvi perguntando.
- Ele é o melhor de todos... E quem passou pela J.R Recording não ficou no anonimato.
- Com qual objetivo quer alcançar a fama? – Fiquei curiosa.
- Além de mostrar meu talento? – ele cruzou os braços novamente – Bem, eu componho alguma coisa.
- Hum, me interessei. – Falei, sentando no sofá.
- Quero levar minha música ao mundo... Não só a minha voz, mas o meu pensamento, as linhas que consegui escrever, que vieram do fundo do meu coração.
- Isso é... Bonito, “el cantante”.
- Mas claro que quero também os bônus que isso traz.
- Fama?
- Não... O dinheiro.
Estremeci repentinamente. Um caçador de fama e dinheiro? Aquele sempre foi o grande medo do meu pai: nos envolvermos com alguém pobre e esta pessoa estar conosco apenas por interesse. Aliás, ele sempre nos deixou bem claro que só poderíamos namorar alguém do nosso nível e condição social, pois se não fosse assim, era só interesse da outra parte.
- Dinheiro não é tudo.
- Falou a garota que tem mais do que precisa.
Olhei seriamente na direção dele:
- Como sabe? Pesquisou sobre mim ou minha vida?
- Não é necessário. Basta olhar para você.
- E desde quando isso vem escrito na testa das pessoas?
- Não vem escrito... Basta ficar atento às minúcias.
- Jura? E quais são elas?
- Você usa perfume caro... Sapatos de marca – ele olhou para os meus pés – E cheira bem. As unhas são bem-feitas. Sua pele é bem cuidada. Agora não está usando brincos, mas os que usava ontem eram de ouro. O colar do seu pescoço deve valer mais do que a minha moto.
Toquei o colar, dado pela mãe de Colin e suspirei. Teria que devolver aquela coisa para ela e rever a família Monaghan de alguma forma depois do ocorrido. Mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar todos, inclusive Colin. Mas no momento, eu não queria sequer pensar neles.
- Foi “ele” que lhe deu o colar?
- Não... Foi a mãe dele.
Charles veio até mim, sentando ao meu lado no sofá. Pegou minha mão e deu um beijo nela:
- Você não parece muito triste com o que houve hoje na sua vida.
- Eu realmente não estou... E de certa forma me culpo, pois deveria estar.
- Deveria?
- Acho que sim... Foram quatro anos de um relacionamento que não me parecia ruim.
- Há coisas que acontecem na vida da gente que são simplesmente “livramentos”.
- E eu entrei na fase do “se alguém te magoar, hidrate os cabelos, faça as unhas, fique linda e tire fotos”. O problema é que um desconhecido rasgou meu vestido, deixou-me sem calcinha, estragou meus cabelos com um capacete e se bobear vai fazer eu quebrar as unhas.
- Quero que quebre suas unhas, Sabrina... – ele aproximou-se, quase tocando a boca na minha – Nas minhas costas... Enquanto as enterra na minha carne.
- Você gosta de marcas, “el cantante”... – Observei, tocando meu pescoço e sentindo o chupão que ele havia dado horas antes.
- Gosto... De deixá-las, para marcar meu território.
Passei meus braços em volta do pescoço dele:
- Posso marcar o “meu território” também? – Toquei o nariz dele com o meu, num gesto despretensioso.
- Não entendo muito de espanhol, mas creio que você já marcou, garotinha. – Mordeu meu lábio inferior.
Desvencilhei-me dele e deitei no sofá, recostando a cabeça nas almofadas, colocando as mãos sob ela.
- Vai tirar uma soneca agora? – Ele arqueou a sobrancelha.
Abri as pernas levemente, deixando a visão da minha intimidade livre de calcinha.
- Eu não tenho certeza do que quero fazer esta noite, “el cantante”... Mas dormir definitivamente não está nos meus planos.
- Garotinha, você me surpreende... O tempo todo.
- Eu não sou uma garotinha, “el cantante”... – levantei e o empurrei com força sobre o braço do sofá – E vou provar isso... Agora...
Abri o botão da calça de Charles, puxando o zíper e abaixando-a com rapidez. Tentei descer a cueca e ele imobilizou minhas mãos:
- Por que tanta pressa, minha garotinha?
- Justo para lhe provar que não sou garotinha... Mas “sua”... Bem, eu posso ser... – Sorri, sentindo um frio na barriga e o coração completamente amolecido e quente.
- Minha... Unicamente minha... De mais ninguém.
Retirei minhas mãos que estavam em posse das dele e alisei seu peito, descendo pelo abdômen perfeito, brincando com a cavidade do umbigo e chegando na parte elástica da cueca boxer, onde enfiei o dedo, deslizando vagorosamente sua circunferência da cintura na parte interior, analisando cuidadosamente seu pau ficando cada vez mais duro e volumoso.
Umedeci meus lábios, já imaginando o sabor de Charles. Eu nunca me senti tão a vontade em fazer sexo na minha vida. Não era nada planejado, nada combinado, não tinha horário marcado. Não havia receios... Nem bloqueios... Tampouco medos idiotas. Eu cruzava uma linha onde tudo era permitido... Não o via me inibindo em nada, absolutamente nada que eu e meu corpo desejasse.
Ele arqueou o corpo, retirando a camiseta.
- Sou todo seu, Sabrina... Faça de mim o que quiser.
- O que quiser? – Olhei nos olhos dele.
- Sim... Qualquer coisa... – Ouvi da boca perfeita.
Levantei e puxei a cueca, junto do restante da calça jeans, deixando-o completamente nu sobre o sofá. Jamais senti tanta vontade de fazer sexo com um homem... E de chupá-lo.
- Gosta do que vê, garotinha?
- Gosto... Muito...
Voltei para o sofá macio e afastei as pernas dele, ficando entre elas. Desci o rosto e passei a língua na extensão de seu pau que pulsava intensamente, como se o coração dele estivesse batendo ali. Ele gemeu imediatamente e fechou os olhos, remexendo-se, excitado e inquieto.
- Isso é só o começo do que eu posso fazer. – Falei baixinho, enquanto com as duas mãos tomava seu membro.
Minha boca quente e úmida encontrou seu pau duro e ereto, grosso, saboroso, sentindo a minha boceta contrair-se e encharcar. Suguei até cansar, repetidas vezes, sem pressa, até que meu desejo enlouquecedor fosse saciado. Ouvir os gemidos de Charles era como música para os meus ouvidos. Eu queria que ele gozasse para mim. Precisava lhe provar que eu não era uma garotinha inexperiente. Eu poderia ser tão boa quanto as mulheres que ele já “fodeu” ao longo da vida. Só aquela palavra “fodeu” vinda da boca dele era capaz de me fazer gozar. Era proibida, carregada de luxúria, desejo, perversão... Nunca dita para mim anteriormente.
- Você acaba comigo, garotinha... – Ele remexeu-se e eu conseguia ver seu peito tentando tomar ar.
Segui os movimentos com as mãos, sincronizando com a boca e língua ao mesmo tempo, cada vez aprofundando-o mais, chegando quase na minha garganta.
Ele segurou meu rosto entre seus dedos e eu senti seu tremor.
- Assim eu não vou conseguir... Me segurar... – Encarou-me, enrubescido.
- Você poderia... Gozar na minha boca? – Pedi, sem jeito.