Capítulo 113
1973palavras
2022-12-29 23:56
- Léia, é você mesmo? – perguntei quando a senti junto de mim, quase não acreditando.
- Minha querida, sim, sou eu. Não perderia seu aniversário por nada neste mundo. Afinal, foram 18 anos juntas.
A abracei novamente. Senti tanta saudade...
- Quem é o responsável por isso? – perguntei.
- Estevan e eu. – disse Sean.
- Este foi o melhor presente que eu poderia ter ganhado neste dia.
O jantar foi agradável, mas eu mal esperava para ele acabar e eu ficar com Léia. Queria tanto saber sobre Mia e Alexander, bem como estava tudo em Avalon.
Depois da sobremesa, fomos para a sala onde tradicionalmente o rei servia-se de licor para si e seus convidados. Havia um bolo decorado na mesa com dezoito velas. Achei fofo e carinhoso o gesto dos D’Auvergne Bretonne.
Cantaram parabéns e depois saboreamos o bolo de chocolate, que estava muito bom. Estevan me abraçou por trás, me surpreendendo enquanto dizia no meu ouvido:
- Tenho outro presente.
Virei para ele, que me entregou a pequena caixa em veludo vermelho. Abri curiosa e me deparei um uma linda pulseira circular, de ouro, com pequenos símbolos: um coração, um brinco de argola, um sol, uma lua, uma moto e um castelo. Parece-me que toda nossa história estava ali.
- Isso é tão lindo, Estevan. Obrigada.
Coloquei no meu pulso e fiquei admirando o presente que ele preparou carinhosamente para mim. A rainha me presenteou com um lindo conjunto de colar e brincos de pérolas com pequenos diamantes.
Foi uma noite alegre e divertida. Até mesmo Aline me pareceu mais agradável. Ela não tinha muito afeto por mim, mas como nos cruzávamos várias vezes nos corredores do castelo e fazíamos praticamente todas as refeições juntas ela acabava não tendo muita alternativa a não ser me suportar. Não sei o que ela achava da minha boa relação com Deise, que foi assim desde que nos vimos pela primeira vez. Mas era visível que elas não tinham a mesma intimidade, apesar de Aline estar a mais tempo ali do que eu.
Antes de irmos dormir eu puxei Léia comigo, levando-a até meu quarto. Ela sentou-se na minha cama e eu deitei minha cabeça nas pernas dela, que carinhosamente alisou meus cabelos.
- Você quer saber de Mia? – ela perguntou.
- Sim... – falei curiosa e ao mesmo tempo com um pouco de medo do que ela diria.
- Mia perdeu o bebê.
- Como assim, Léia? Quando foi isso? Por que você não me disse antes?
- Faz poucos dias... Não quis importuná-la, sabendo de tudo que estava acontecendo aqui também com a prisão de Stepjan e a vinda de Isabella.
- Mas o que houve, afinal?
- Um aborto espontâneo, sem motivo aparente. E um dia depois ela e Théo terminaram o relacionamento.
- Eu... Confesso que não estou muito surpresa com esta parte. Nunca tive certeza se havia amor entre eles..
- Eu achei que sim no início. Depois percebi que tudo que Mia queria era fugir do castelo e viver sua vida fora de lá.
- Ela... Fala em mim?
- Infelizmente não, querida.
- Por que Mia não me perdoou, mesmo Alexander estando vivo?
- Não sei se é uma questão de perdão, Satini. Mia ficou diferente depois que vocês passaram ao sair do castelo de Avalon.
- Eu não queria que acabássemos assim. Mia foi muito importante para mim... Embora hoje eu tenha entendido que ela e Alexander não são meus irmãos. Ainda assim sou grata por você ter me criado como filha. E por ter me deixado crescer ao lado deles.
- Peço desculpa pelas atitudes de Mia e Alexander.
- Não quero que faça isso, Léia. Você não deve desculpas. E... Como ele está?
Ela sorriu:
- Eu sabia que você perguntaria dele.
- Apesar de tudo, ele tem um lugar dentro do meu coração. E por mais que eu tente, não consigo tirá-lo de lá. – confessei.
- Ele partiu com Beatrice há alguns dias. Sei que chegaram bem. Espero que consigam formar uma família feliz.
- E você? Ficará com Mia ou com ele?
- Emy me convidou para morar no castelo e ser sua dama de companhia.
- Como se ela precisasse de uma... – eu ri.
- Sim... Emy não precisa de nada. Sempre atenta a tudo, não descansa um minuto sequer. Em poucos anos ela levará Avalon ao topo, acredite.
- Não tenho dúvidas.
- Eu não aceitei. Estar no castelo de Avalon sem Pauline já foi bem difícil para mim. Mas sem você é impossível.
- E onde Mia está agora?
- Ela está morando sozinha. Tenho tentado ajudá-la, mas quero que ela seja mais responsável. Não somos ricos para ela viver ganhando dinheiro de mim ou Alexander. Está na hora de ela crescer.
- Entendo...
- Sempre moramos no castelo, mas nunca fomos da realeza. Às vezes me parece que Mia não se deu conta disto.
- Achei que ela pudesse morar com Théo no castelo, pela proximidade que ele tinha com Samuel.
- Emy o convidou, mas Théo não aceitou. Em breve ele irá se formar e acho que seu objetivo é viver sua vida junto da família. Ele tem uma boa relação com os pais e gosta muito do Rock Bar. Não sei se consegue abrir mão disto. É um bom garoto... Pena que não deu certo. Tenho minhas dúvidas se ela encontrará alguém como ele.
- Espero que sim. Aliás, espero que tanto Mia quanto Alexander sejam muito felizes. Ainda assim, acho que não cruzarei com eles novamente. Nossos caminhos foram por lados diferentes.
- Infelizmente.
- Léia, se você quiser ficar aqui, sempre haverá lugar.
Ela me deu um beijo:
- Obrigada, minha princesa. Mas não. Está na hora de eu viver minha vida. Sem você, sem Emy, sem Pauline... E talvez sem meus filhos.
- Solitária? Você sempre foi rodeada de tantas pessoas e agora quer viver sozinha?
- Às vezes é preciso ficar sozinha para depois descobrir onde se quer estar. Solidão não significa tristeza, entende?
- Sim... Acho que entendo. Quanto tempo você vai ficar, Léia?
- Se importa se eu ficar até o casamento?
- Léia... Seria um prazer. Eu ficaria imensamente feliz.
Ela retirou minha cabeça cuidadosamente e depositou um beijo no meu rosto.
- Boa noite, querida.
- Boa noite, Léia. É bom ter você aqui.
- Melhor ainda é vê-la feliz, Satini.
- Eu estou... Como nunca fui em toda minha vida.
- Eu vou dormir... Acredita que tenho um criado só para me auxiliar enquanto eu estiver aqui?
Eu ri:
- Acredito. Os D’Auvergne Bretonne são muito gentis. Estão me ensinando muito sobre como receber pessoas especiais na nossa casa, o que eu não sabia até então.
Ela me deu outro beijo e saiu. Um criado a esperava mesmo à porta.
Tomei um longo banho e me deitei. Enquanto pensava sobre o longo dia que tive, vi a porta se abrindo e Estevan entrando, com uma garrafa de vinho e duas taças. Sentei sobre a cama e sorri:
- Não acredito que você levou a sério meu pedido.
- E não era para levar? – ele perguntou.
Estevan sentou-se sobre a cama e me serviu o vinho rosé numa taça. Sorvi tudo sem saborear muito. Ele me olhou divertidamente:
- Quer ficar bêbada rápido?
- Não... Eu só quero que acabe logo esta parte da bebida para eu ganhar o meu verdadeiro presente: você.
Ele riu e retirou a camisa, deixando o peito à mostra. Eu vestia uma camisola simples, mas decotada.
- Certeza que quer quebrar a promessa?
- Eu acho que meu pai me perdoaria por ser meu aniversário. – falei enquanto desabotoava sua calça, abaixando lentamente enquanto continuava ajoelhada sobre a cama.
- Sinceramente, vamos esquecer Sean. Acho que nunca conseguimos obedecê-lo, não é mesmo?
- Não... Sabe por quê? – perguntei enquanto beijava lentamente seu peito, sentindo seu cheiro e seu gosto que me deixaram louca de saudade, depois de tantos dias longe de mim.
- Por quê? – ele perguntou retirando minha camisola sem pressa, com os olhos brilhando de desejo ao me ver nua.
- Porque eu sou uma puta pervertida.
- “Minha puta pervertida”. – ele disse enquanto me jogava sobre a cama e se deitava sobre mim, descendo os lábios do meu pescoço até meus seios, saboreando cada um como se fosse o alimento que ele mais desejava nos últimos tempos. Sua língua encontrou minha barriga e eu comecei a rir.
Ele me olhou e disse:
- Isso deveria ser brochante... Mas não é. Sua risada me excita.
Ele foi descendo até minha intimidade, já em chamas e completamente molhada para ele. Quando sua língua quente adentrou em mim, arqueei meu corpo e gemi. Sua mão tapou minha boca e ele advertiu:
- Sem sons... Embora eu ame ouvi-la gemer para mim.
- Acha que eu posso acordar o castelo inteiro, meu amor?
- Não acho... Tenho certeza. – ele disse enquanto sua língua voltava a me dar atenção e seu dedo me mimava no meu ponto de prazer.
Sem dúvida era o melhor presente de aniversário. Meu homem apagando meu fogo de uma semana. Para não começar a gritar de prazer com meu orgasmo, mordi meu dedo com força, a fim de não emitir sons. Eu não queria acordar meu pai, muito menos todo o castelo de Alpemburg.
- Goze para mim, princesa.
Senti meu corpo se contrair violentamente e depois todos os músculos relaxarem, com meu coração batendo descompassadamente.
- Antes que me peça tudo de novo, vou me antecipar. – ele disse tomando meus lábios violentamente.
Nosso beijo era intenso e cheio de luxúria. Nossas línguas se encontravam num mesmo ritmo, se tocando, se descobrindo. Lábios eram sugados apaixonadamente. Então ele se enterrou em mim, enquanto minhas pernas enlaçaram o corpo dele, trazendo-o ainda mais de encontro a mim. Ele sempre iniciava lentamente, até me deixar absolutamente louca, implorando por ele. Então intensificava os movimentos até não suportarmos mais de tanto prazer.
- Quero tudo dentro de mim... E não se preocupe que fiz as pazes com os métodos contraceptivos.
- Eis a melhor notícia do dia. – ele disse enquanto se derramava dentro de mim, com seus olhos dentro dos meus.
Deitamos um ao lado do outro, sentindo nossos corpos pesados e nossos corações batendo num mesmo ritmo.
- Não vejo a hora de dormir e acordar com você todos os dias. – ele disse alisando meu rosto.
Meus olhos encontraram os dele e confessei:
- Eu também, contando os dias. Uma semana obedecendo meu pai foi cruel... Não sei se suporto mais. Ou melhor, um mês certamente me faria subir pelas paredes.
Estevan me abraçou enquanto me aconcheguei a ele:
- Acho que nunca fomos obedientes quando a questão foi ficarmos longe um do outro.
Coloquei a minha mão no pescoço e percebi que não estava com minha gargantilha.
- Acho que perdi meu brinco, quer dizer, seu brinco na cama.
Levantei e o fiz procurar comigo por todos os lugares do quarto. Mas não encontramos.
- Se eu não encontrar, vou morrer. – falei quase chorando.
- Vamos encontrar, não se preocupe. – ele garantiu.
- Estevan, é o símbolo do nosso amor.
Ele riu:
- Estamos juntos, meu amor... Não precisamos mais de um símbolo para lembrar um do outro.
- Então por que você me de esta pulseira com todos estes símbolos?
- Relaxe, vamos encontrar. – ele suspirou.
- É uma das coisas mais importantes para mim. – confessei. – Foi quando nos conhecemos.
- Eu sei... Mas ainda assim lembro deste momento como se tivesse sido ontem. Estão guardado na minha memória e no meu coração.
- No meu também. Ainda assim quero a gargantilha e o brinco. – afirmei, não me dando por vencida.