Capítulo 106
2351palavras
2022-12-29 23:50
Assim que desembarcamos do avião, ainda na pista de pouso, havia um carro com a bandeira de Alpemburg nos esperando. O motorista foi até Estevan e cumprimentou:
- Bom dia, Alteza. Sejam bem-vindos a Alpemburg. – ele se dirigiu a nós.
- Obrigada.

Sean acenou com a cabeça.
- Peça para pegarem as malas de Satini Beaumont. – falou Estevan.
O motorista falou com o outro homem que o acompanhava e os dois foram buscar minhas coisas. Sentei com Estevan e meu pai no banco de trás do carro confortável e grande. Os dois homens usavam uniformes iguais, pretos e discretos. O sol começava a aparecer. Do aeroporto eu não conseguia ver nada sobre aquele lugar. Eu estava ansiosa.
- Estevan, eu gostaria de lhe pedir uma coisa. – disse Sean.
Nós dois olhamos para ele, curiosos:
- Pois não, Sean.

- Eu gostaria de passar o dia e a noite com minha filha... A sós.
Estevan me olhou e percebi que ele ficou um pouco apreensivo. Eu poderia dizer que não, mas eu entendia meu pai. Em breve eu seria a esposa de Estevan e estaria envolvida com ele e seus compromissos e talvez não tivesse mais o tempo todo para meu pai. Aliás, nós nunca tivemos tempo. Isso nos foi tirados por muitos e muitos anos. Sim, eu queria tomar sorvete de casquinha com ele novamente. E queria que ele me pusesse para dormir e me contasse a minha primeira história. Nós merecíamos isso.
- Sean... Eu... Acho que posso esperar por Satini até amanhã. – ele disse.
- Há algumas coisas que precisamos fazer juntos... Ou nunca mais haverá possibilidade novamente.

- Queremos explorar Alpemburg juntos... E como pessoas normais. – eu disse sorrindo. – Quero saber o que pensam deste príncipe.
Estevan me abraçou:
- Aposto que você vai amar nosso pequeno reino.
- Assim espero, Alteza.
- Vou deixá-los no melhor hotel de Alpemburg. No entanto amanhã, assim que o dia amanhecer, eu estarei lá para buscá-los e levá-los para casa.
Eu deitei minha cabeça no ombro de Estevan. Seu braço enlaçou meu corpo e partimos. Eu estava no meio dos dois. Assim que o carro deixou o aeroporto eu levantei a cabeça curiosa para ver tudo. Mas era apenas estrada normal, com fluxo de carros e pessoas.
Estevan riu:
- É um aeroporto normal. E o principal de Alpemburg. Em menos de uma hora de voo você pode chegar à França.
- Isso é maravilhoso! Eu nunca saí de Avalon. E pensar que estou próxima de tantos lugares que sempre sonhei conhecer.
- Vamos conhecer cada um dos países próximos, eu prometo.
O caminho até o hotel foi tranquilo. O que eu podia observar é que tudo era muito limpo e organizado. Havia placas explicativas em todos os lugares, então se perder em Alpemburg era praticamente impossível. Também me chamou a atenção a quantidade de árvores plantadas por todos os lugares. Um lugar completamente arborizado. Era um dia de sol, mas não estava calor, nem frio. Um clima agradável.
Estacionamos em frente ao enorme hotel de nome Alpemburg. Tinha vários andares e a fachada era todo em vidro fumê. A bandeira do país estava erguida orgulhosamente na entrada, voando levemente no vento fraco que soprava.
- Não precisa descer se não quiser. – eu disse para Estevan.
- Eu não os deixaria sozinhos. – ele me disse. – Já volto. – falou para o motorista.
- Vai levar quantas malas para passar o dia, Alteza? – ele me perguntou ironicamente.
- Uma basta. – pisquei. – Pode ser qualquer uma.
Assim que descemos do carro um dos empregados veio nos receber, curvando-se:
- Alteza, é um prazer recebê-los em nosso Hotel. Fico feliz com a surpresa.
- Pode levar esta mala. – ele disse entregando ao homem. – E obrigado. – sorriu.
Fomos conduzidos ao enorme hall envidraçado e com o piso tão brilhante que dava para ver a própria imagem enquanto se caminhava nele. O lustre de cristal pendia enorme no topo da escadaria em mármore.
Claro que enquanto caminhávamos todos nos olhavam curiosos. E creio que fosse pela presença de Estevan.
Quando chegamos a recepção, ele disse:
- Quero o melhor quarto, por favor. Uma diária. Para minha futura esposa e o pai dela.
Olhei para ele, que pouco se importou de revelar que Sean era meu pai. Estevan me parecia muito seguro com esta situação. Talvez eu não devesse temer tanto. Mas eu não queria que ele tivesse qualquer tipo de desavença com os pais por minha causa.
- Com certeza estarão na suíte principal, Alteza. – disse o recepcionista. – É um prazer conhecê-la, futura rainha de Alpemburg.
- O prazer é meu. Obrigada. – falei.
Logo um empregado veio nos acompanhar ao quarto.
- Pai, eu já vou.
- Ok... Não fuja que encontro você. – ele brincou. – Até amanhã, Estevan.
- Até amanhã, Sean.
Meu pai subiu com o homem e eu fiquei ali, ao pé da escadaria.
- Estevan, eu não falei com você sobre uma coisa. Sei que talvez não seja o momento, mas não quero chegar ao castelo sem saber sobre seu irmão.
- Meu irmão?
- Sim... Eu soube que ele morreu. E gostaria de ficar a par de como isso aconteceu.
Ele suspirou:
- Ele estava doente há um tempo. Teve um tumor no cérebro. Não quis fazer a cirurgia. Havia muita chance de dar errado, então ele optou por aproveitar o tempo que tinha. Ele era mais velho do que eu. E o primeiro na linha de sucessão ao trono.
- Então você nunca esperou ser o rei, não é mesmo?
- Não... Então nunca me importei em quando chegasse o nosso casamento viver aqui ou em Avalon. Mas Stepjan sempre fez questão que ficássemos aqui. Depois da morte de meu irmão não havia alternativa, pois eu teria que ficar com o trono.
- E seus pais?
- Sempre fomos muito unidos. Meus pais, embora num casamento também arranjado, se respeitam e se gostam. Se não é amor, eles mentem muito bem. – ele sorriu. – Então eu poderia afirmar que sempre fomos uma família feliz... Uma família real feliz. Depois da morte dele as coisas ficaram um pouco ruins. Mas então veio a questão de conhecermos você... E minha busca por Satini fez minha mãe esquecer um pouco a situação.
- Ela sabia sobre nós?
- Sim.
- A viúva de meu irmão mora no castelo ainda. Ela é educada e acho que você vai gostar dela, embora tenha ficado um pouco amarga depois da perda.
- Devo me preocupar com ela?
- Não, claro que não.
- Eu queria ter estado ao seu lado quando tudo aconteceu. No entanto quando você partiu e voltou após a morte dele, tudo que eu fiz foi culpá-lo por ter me deixado. Desculpe-me.
- Você não sabia... Não tem que se desculpar.
- Mas tudo que você viu foi eu beijando Samuel naquele dia... Sinto-me horrível.
Ele pegou meu queixo e me fez olhar para ele:
- Não vamos relembrar isso. Já passou. Tudo que eu sinto agora é felicidade por você estar aqui.
Ele me abraçou e meu deu um beijo. Tentei colocar minha língua na boca dele, mas ele afastou-se rapidamente, dizendo no meu ouvido:
- Aqui não... Por favor.
Olhei e vi que várias pessoas nos observavam. Na verdade “todos” que estavam ali nos olhavam. E vi uma pessoa tirando foto pelo lado de fora da porta giratória, sendo levada por um empregado.
- Isso acontece o tempo todo? – perguntei vendo a mulher sendo arrastada.
- Infelizmente. Eu não me importo muito. Não fazem por mal. Só são curiosos. Isso passou a acontecer depois que meu irmão morreu e eu ganhar a posição de futuro rei. Então eu tento fazer minha melhor pose e responder sempre que possível.
- Ok, vou tentar lembrar disso.
- Vou beijá-la muito quando nos encontrarmos amanhã.
- Vou cobrar isso.
Ele me deu um beijo no rosto e foi. O recepcionista veio até mim:
- Alteza, posso conduzi-la a sua suíte, junto de seu pai?
- Claro. – falei sorrindo.
Subimos a escadaria e entramos no elevador de vidro que enquanto subia mostrava Alpemburg do alto. Era uma cidade alegre e colorida.
- Já sabem a data do casamento? – ele perguntou.
- O mais breve possível. – falei.
Paramos no 15º andar, de frente para uma porta.
- Este andar todo é a sua suíte, Alteza.
- Obrigada por me acompanhar. Daqui sigo sozinha.
- Como preferir. – disse ele curvando-se.
Abri a porta e vi meu pai parado, observando da janela gigantesca. Fui até ele:
- Um belo lugar. – ele disse.
- Também achei. Alegre... Colorido...
- Diferente de Avalon.
- Espero que Tia Emy mude Avalon... Quer dizer, ela não é minha tia. – sorri.
- Não é mesmo.
Abracei-o:
- Pai, estou feliz de passar o dia com você.
- Peço desculpas por deixá-la longe de Estevan por um dia e uma noite. Mas para mim isso é muito importante.
- Para mim também, acredite. Eu vou tomar um banho e nós iremos descer e almoçar num lugar legal.
- Você ainda está com fome?
- Muita... Louca para provar a culinária de Alpemburg. E confesso que andar por aqui sem saberem quem eu sou é ainda mais excitante.
Fui até o banheiro, que era absurdamente gigante. Confesso que muito maior que o do meu quarto em Avalon. A banheira era convidativa. Mas preferi o chuveiro. Tomei um banho quente e demorado. Minha mala estava num dos quartos, que era grande também e com uma cama king size muito bem arrumada. Minha mala estava sobre a cama. Peguei um vestido leve, mas de uma das minhas marcas favoritas. Era simples, mas de muito bom gosto. E um bom e confortável salto, que há muito eu não usava. Penteei meus cabelos e não sequei. Adorava secá-los naturalmente agora que estavam mais curtos.
Saí de braços dados com meu lindo pai. Tivemos um dia agradável em na capital de Alpemburg. Quando eu o soltava, percebia várias mulheres olhando para ele. Sean era o mais lindo homem de todos os lugares que entrávamos. Almoçamos num bom restaurante, tomamos sorvete numa praça à tarde e ele colocou sorvete derretido no meu rosto. Eu andei de balanço. Ri muito, pois eu nunca havia feito aquilo. Deitei na perna dele debaixo de uma sombra enquanto falávamos sobre a família dele, neste caso, minha também. Para minha surpresa a mãe dele e o pai já estavam mortos e ele tinha duas irmãs, com as quais não tinha contato. Porque ele largou tudo ao entrar no castelo de Avalon. Ele me prometeu procurá-las o mais breve possível, tentando recriar os laços afetivos entre a família. Quando chegou a noite voltamos para o hotel.
Tomei um banho na hidro enorme. Coloquei um roupão confortável e quando estava indo para o quarto, Sean avisou:
- Estevan no telefone... No seu quarto.
- Estevan? – falei já sentindo saudade.
- Ele não consegue se manter longe. – ele riu.
- Ele é um fofo.
Fui rapidamente ao quarto e peguei o fone.
ESTEVAN: Como foi seu dia?
SATINI: Perfeito, Estevan.
ESTEVAN: E Alpemburg?
SATINI: Bonita e colorida. Eu gostei.
ESTEVAN: O que significa colorida? – ele riu.
SATINI: Um lugar com várias cores. Eu comi sorvete numa praça e andei num balanço.
ESTEVAN: Fico feliz que tenha se divertido. Mas já estou sentindo sua falta.
SATINI: Se eu disser que não estou sentindo a sua, estaria mentindo.
ESTEVAN: O que você está vestindo?
SATINI: Na verdade, nada.
ESTEVAN: Como assim? Está nua na sua cama?
SATINI: Sim... Acabei de sair do banho. Minha pele ainda está molhada... E cheirando a espuma de banho... Aliás, estou toda molhada.
ESTEVAN: Você gosta de me provocar?
SATINI: Eu nem comecei ainda, meu amor. – falei sentindo-me encharcando de desejo.
ESTEVAN: Por sorte estou no meu quarto... Ou melhor, no “nosso” quarto. Duro de ouvir você.
SATINI: Eu queria você aqui, dentro de mim...
ESTEVAN: Posso ir ai?
Respirei fundo:
SATINI: Acho que não... Prometemos ao meu pai. Ainda falta ele me contar uma história e me colocar para dormir.
ESTEVAN: E se eu entrasse no seu quarto à noite sem ele ver?
SATINI: Não estaríamos descumprindo o trato?
ESTEVAN: Mas seria excitante... Porque estaríamos escondidos.
SATINI: Porra, estarei esperando por você... Nua na minha cama.
ESTEVAN: Eu vou tentar fingir que não sou eu. Não quero que saibam que fui para a sua suíte no meio da noite... Poderiam fazer suposições ou algo do tipo.
SATINI: Tudo bem, vou avisar na recepção que estou esperando uma visita à noite e que devem autorizar a entrada sem precisar anunciar. Assim serei surpreendida por você, no meio da noite. O que acha?
ESTEVAN: Vou iniciar beijando cada parte do seu corpo quente... E depois quero que você goze para mim... Sem fazer barulho.
SATINI: Você sabe que não consigo fazer isso...
ESTEVAN: Vou tapar a sua boca enquanto você geme loucamente.
SATINI: Vou chupar qualquer coisa que você colocar na minha boca, Estevan.
ESTEVAN: Estou indo... Estou louco de desejo.
SATINI: Amo você. – eu ri.
ESTEVAN: Também te amo.
Desliguei o telefone e fui até o hall. Peguei uma fruta e sentei no sofá branco confortável. Meu pai ficou com a suíte maior e eu preferi o quarto que ficava próximo do banheiro de cinema.
- O que ele queria? – perguntou Sean.
Me propor quebrarmos o acordo que fizemos com você e vir me foder na calada da noite. Porque somos loucos e pervertidos e não podemos ficar longe um do outro por muito tempo. No entanto eu sorri inocentemente e disse:
- Dizer que estava morrendo de saudade.
- Mas não faz nem doze horas que vocês se viram.
- Ainda assim... Também estou com saudade dele.
- Esta ligação que vocês tem é muito forte... Tanto afetiva quanto... – ele parou de falar porque alguém bateu na porta. Eu ri. Sabia que ele diria algo físico ou sexual, mas não completou.