Capítulo 99
1703palavras
2022-12-27 11:01
Entrei sem esperar por Estevan ou meu pai. Eu estava muito ansiosa. E qual minha surpresa quando encontro Beatrice sozinha na entrada principal, sentada na escadaria que dava acesso ao segundo andar, amarrada ao aramado de ferro.
Eu fiquei imóvel enquanto Emy tentava retirar as amarras dela.
- O que houve? – perguntei a Samuel.

- Saberemos agora. – ele disse indo até lá.
- Como você está? – senti as mãos de Estevan sobre mim.
- Está tudo bem, Estevan. – tranquilizei-o.
Emy desamarrou Beatrice.
- Você está bem? – perguntou Samuel ajudando ela a levantar-se.
- Estou bem... Só ainda estou confusa por Stepjan ter me amarrado... Tentando entender...

- Vou pedir que algumas pessoas fechem a entrada principal e portões até que conversemos sobre o que está acontecendo.
- Mas precisamos achar Stepjan. – eu disse.
- Seu pai fugiu. – falou Emy furiosa.
- Como assim fugiu? Onde estão os guardas reais?

- Chamem Alexander. – pediu Beatrice.
- Como assim Alexander? – falou Samuel. – Ele está morto.
Estevan saiu e voltou depois de uns dez minutos com Alexander. Não foi só que eu achei ter visto uma assombração quando olhei para ele. Samuel e Sean ficaram da mesma forma.
- Mas... Você morreu. Eu mesmo dei a notícia a ela... Trazida por Mia. – falou Sam confuso.
- É uma longa história. Depois eu conto tudo. Mas agora não é tempo para discutirmos sobre Alexander. – falou Estevan.
- Agora você também ressuscita os mortos? Que porra de príncipe você é? Isto é extramente desleal. – reclamou Sam saindo furioso.
Estevan me olhou confuso com a atitude de Samuel. Beatrice abraçou Alexander:
- Você... Está bem?
- Obrigada por tudo. – ele disse dando um beijo no rosto dela.
Eu poderia apostar que havia algum afeto naquele casal. E do fundo do meu coração eu torcia para que Alexander pudesse se apaixonar por ela. Eu fiquei muito feliz por ele estar ali.
- Não foi muito justo você não ter sabido antes... – disse Sean no meu ouvido. – Sofreu tanto por ele... E ele estava vivo. E eu não sei se gosto de vê-lo em pé e respirando.
- Não me importo, Sean. Vê-lo bem compensa tudo.
- O que houve, afinal? – perguntou Samuel.
- Stepjan fugiu. Levou os guardas de confiança com o que tinha de valor... Inclusive todas as coroas.
- E os demais guardas? – perguntou Alexander.
- Dispensou-os assim que soube que vocês estavam vindo para cá.
- Por que ele a prendeu? – perguntei.
- Para que eu não pudesse contar sobre a fuga. Acho que ele desconfiou que o filho poderia não ser dele... E também que eu pudesse ser uma informante, afinal, ficamos só nós dois e uns poucos criados aqui, todos de confiança dele.
- Ele não tem como saber que o filho não é dele. – disse Emy. – Pode ser filho dele sim.
- O filho é meu. – disse Alexander.
- Não há como saber antes de fazer um teste de paternidade. – ela continuou.
- Não é preciso fazer teste. – eu disse olhando para Sean. – O filho é de Alexander.
Eles me olharam curiosos com minha afirmação. Sean balançou a cabeça, consentindo que eu dissesse a verdade. Aquela era a hora.
- Stepjan não pode ter filhos. – eu garanti.
- Como assim? – perguntou Beatrice.
- Mas você é filha dele. – disse Emy.
- Não, ela não é filha de Stepjan. Ela é minha filha. – confessou Sean.
- Isso... Não é possível. – disse Emy.
- É possível. Sou o pai de Satini. E posso provar, bem como fazer exame de DNA se quiserem ter certeza.
- Vai dizer que você também sabia disto? – perguntou Emy olhando para Samuel, que fez um gesto afirmativo com a cabeça.
Houve um longo silêncio, até que Beatrice afirmou, ainda confusa:
- Alexander... O filho é seu.
- Sim... Eu já sabia. Minha mãe havia me contado. – ele me olhou.
- Léia sabia? – perguntou Emy.
- Sim, ela ajudou minha mãe.
- Pauline perdeu 6 filhos, com abortos espontâneos. Léia me procurou dizendo que a rainha estava disposta a pagar para alguém engravidá-la, pois temia ter mais abortos e ser punida pelo rei. E Pauline descobriu que não era infértil, então o problema era mesmo com Stepjan. Eis que nos apaixonamos perdidamente. E ela teve Satini, seu primeiro filho que resistiu. Léia fez o possível para que Pauline tivesse o bebê longe de Avalon, para que pudesse ter sossego e ficar longe das garras do rei.
- Meu irmão é infértil? – Emy ficou pensativa. – O destino foi tão justo com ele... Stepjan Beaumont não poder ter filhos, nem filhas. Ele não poderia nunca ter gerado um herdeiro. – ela riu. – E além do mais foi traído dentro do seu próprio castelo? Diga-me que dormiu com Pauline na cama dele e eu lhe dou a coroa, Sean.
- Não, Emy... Isso não aconteceu. – falou Sean seriamente.
- Ouçam bem, todos vocês: eu darei a notícia ao meu irmão. Todos estão proibidos de dizer a ele a verdade. Ele fugiu, mas não pode ir longe. Iremos encontrá-lo. Duvido que ele tenha auxílio de qualquer pessoa depois de tudo que aconteceu. A cara dele está estampada em todas as televisões do mundo. E quando ele for encontrado, eu lhe direi que ele não tem nenhum filho... Que é impotente... Pensando melhor, vou mandar fazer uma coroa de chifres para colocar nele enquanto estiver atrás das grades. Em ouro maciço.
- Ela não está brincando. – disse Sam. – Ela é capaz de fazer isso.
- Me desculpe por mentir, Emy. – falei. – Sinto muito não ser sua sobrinha.
- Tudo bem, querida. Você nos ajudou muito. E sua intenção por Avalon foi sincera e leal, desde sempre. E você não ser filha dele é a maior segredo do mundo... E que eu que vou contar. Ele criou a filha do guarda com a própria esposa... Justo Stepjan, o homem que se achava mais homem que todos os outros.
Eu poderia me ofender de alguma forma com o jeito que ela falava de minha mãe e meu pai. Mas eu sabia exatamente o que Emy sentia naquele momento: vitoriosa, satisfeita e feliz. Foi como eu me senti quando soube.
Samuel e Estevan chamaram alguns homens para vasculharem o castelo e conferir se estava tudo sob controle e seguro. Em pouco tempo o castelo de Avalon estava tomado, mas de forma ordeira.
Emy começou a falar com sua cúpula, que eram os homens que a ajudavam efetivamente nos planejamentos da invasão. Sam foi com ela.
Alexander e Beatrice conversavam sem parar. Eu imaginava que eles tinham muito a dizer um ao outro. Meu pai acabou subindo para auxiliar, pois conhecia todos os lugares do castelo.
- O que faremos agora? – perguntei a Estevan.
Ele me abraçou:
- Agora iremos para Alpemburg, meu amor. E finalmente você será a minha esposa.
- Embora eu queira isso mais do que qualquer coisa, tenho um pouco de medo.
- Do que, Satini?
- De não ser aceita pela sua família... Principalmente pelo seu pai.
- Isso não vai acontecer. E mesmo que aconteça, daremos um jeito.
- Eu fui rejeitada por 17 anos... – falei tristemente. – Não quero que isso aconteça novamente.
Ele levantou meu rosto e me fez encará-lo:
- Não há rejeição contra você, nem nunca haverá. Alpemburg amará a rainha Satini. Será que você não entende que usar a coroa sempre foi o seu destino?
Eu sorri timidamente. Talvez ele tivesse razão.
- Estevan, eu preciso resolver algumas coisas antes.
- Conversar com Alexander, Mia e Léia.
Eu ri:
- Agora você lê pensamentos?
- Por que acha que eu fiz o que fiz por Alexander?
- Eu... Não sei.
- Acha que eu simpatizei com ele depois de tudo que ele fez no baile para impedir nosso encontro às escondidas?
- Não... Não acho. – lembrei do quanto Alexander havia colocado empecilhos.
- Eu fiz isso por você. Sabia o quanto você se culparia pela morte dele. E eu quero você livre de tudo que a liga a Avalon, Satini. Sairemos quando tudo que você precisar resolver aqui esteja resolvido.
- Nunca vou poder agradecê-lo por tudo que fez por mim.
- Acho que pode. – ele sorriu.
Eu o abracei:
- Se é da forma que estou pensando, faço questão de pagar com juros.
- E eu vou cobrar tudo...
Se o momento era ideal? Não. Mas depois de tudo que passamos, eu só queria beijá-lo. Então o fiz. Sem medo, sentindo como se só houvesse nós dois ali. O beijo foi doce, tranquilo e leve. Diferente das vezes que ele parecia querer me engolir com seus lábios. E eu, particularmente, gostava de qualquer beijo que ele tinha para me dar. Mas parecia que a nossa urgência em nos tocarmos, tirarmos nossas roupas como se tivéssemos tão pouco tempo, não existia mais. Havíamos transposto as barreiras. Éramos um do outro e nada mais poderia impedir isso.
- Você irá comigo para o Hotel onde estou hospedado. – ele disse.
- Quem sou eu para contestar? Posso ir a qualquer lugar, contanto que você esteja comigo, Estevan.
- Mas se preferir ficar no castelo... Não me oporei. No entanto ficarei também.
- Precisamos ver o que acontecerá... Há muitas coisas para serem feitas.
- Por onde você vai começar?
- Por Alexander. – falei olhando para ele conversando com Beatrice.
- Vai atrapalhar a conversa dos dois?
- Vou... Ele me deve algumas explicações.
- Eu vou mandar meus soldados descansarem. Estão há um tempo sem comer e dormir. E não acho prudente mandá-los embora, pois ainda não sabemos se está tudo certo por aqui. Vou providenciar para que se alimentem e fiquem confortáveis durante a noite.
- Tem razão. Poderia alocá-los nos alojamentos dos guardas de Avalon.
- Seria muito bom se pudesse. Poderia me mostrar onde fica?
Vi Sean descendo e expliquei a ele sobre minha ideia. Sean então foi mostrar a Estevan e os soldados onde ficava o local onde passariam a noite.