Capítulo 92
2234palavras
2022-12-27 10:56
- Agora entendo o motivo do rei Stepjan não ter feito nada para resgatá-la. – disse Estevan perplexo. – Como ele pode ser assim? Como “você” pode ter suportado isso por tantos anos?
- Eu não tinha alternativa. – falei.
Mal você sabe que ele não é meu pai e que meu pai verdadeiro está aqui conosco, Estevan. E que ele é corajoso e perfeito. Olhei para Sean, que me fitava. Os olhos dele sempre estavam me observando, fosse de longe ou quando ele estava perto. E aquilo me trazia uma paz, uma segurança, que eu não era capaz de explicar. Era como se nada pudesse me atingir... Porque ele estaria sempre ali.

- Por que seu irmão não veio junto? – perguntou Samuel a Dereck.
- Sean disse que só Estevan deveria vir. Então optamos por vir um de nós junto, para não chamar tanto a atenção. Claro que assim que soubemos que a garota de Estevan estava com problemas, resolvemos apoiá-lo sem pensar duas vezes. Estevan e sua mãe, Deise, são os únicos parentes que conhecemos por parte de nosso pai, embora não nos visitemos com frequência, pois cada um de nós tem seus muitos problemas para resolver, que você deve entender bem quais são. – ele disse para Samuel. – Mas temos fortes laços sanguíneos que nos unem como família... E isso é para sempre.
De tudo que ele falou, eu só ouvi a seguinte parte: “a garota de Estevan”. Aquilo me encheu de orgulho e amor. Sim, eu era a garota de Estevan. Eu seria em breve a esposa dele. Olhá-lo ali, perto de mim, parecia um sonho novamente. Era como se nos encontrássemos sempre na certeza de uma despedida. E naquele momento eu também não sabia como seria depois. O que aconteceria? Ele iria embora? Eu iria com ele?
- Na verdade escolhi o primo Dereck porque há um lado rebelde dentro dele. – confessou Estevan. – Inclusive participa de encontros anti-monarquia em Noriah Sul.
- Mas você é a monarquia. – falei confusa.
- Ainda assim não concordo com a forma como minha mãe conduz.

- Disso eu entendo. Stepjan é um péssimo rei. Creio que o pior da história de Avalon. E pegou a coroa que não lhe pertencia. Então ele é pior que sua mãe, acredite.
- Caso os dois se conhecessem na juventude talvez teríamos um reino no qual fosse impossível de se viver. – disse Dereck.
- Que bom que isso não aconteceu. – falei.
- De tudo que ouvi, acho que só há uma alternativa neste momento: fazer um vídeo onde Emy Beaumont conte toda a verdade. – sugeriu Sean. – Não há mais o que possamos fazer para resolver tudo. Avalon está pegando fogo. E se não fizermos nada, teremos em breve uma guerra interna.

- Minhas tropas não chegaram a vir ainda. – disse Dereck. – Mas Magnus deixou todos de sobreaviso.
- Será que o povo de Avalon vendo o vídeo e tendo a certeza de que a verdadeira herdeira do trono não está morta não acalmaria os ânimos? – perguntou Estevan. – Então o rei Stepjan poderia largar o trono sem contestar, sabendo que está desmascarado. Uma guerra seria evitada.
- Você não conhece Stepjan Beaumont. – falei seriamente para ele.
- Jamais ele deixaria o trono por vontade própria. – disse Samuel. – Ele tentou matar a própria irmã e há indícios que esteja envolvido também na morte do pai.
- Acho que Sean tem razão. Emy precisa gravar o vídeo. Dizer que está viva. – falou Dereck. – Ela é a herdeira legítima do trono.
- E o que fazemos com Satini? – perguntou Sam.
- Você me devolve ela e fica tudo bem. – Estevan piscou.
Sean suspirou e disse seriamente:
- Estevan, acalme-se. Não vamos fazer nada errado agora que estamos quase no fim, resolvendo tudo.
- Não me importo de ser devolvida para ele. – tentei convencê-los.
- Crianças, terei que ser mais claro do que estou sendo? – perguntou Sean.
Não sei se Sean falava sério ou estava brincando. No entanto ninguém riu.
- Eu quero ver sua mãe e conversar com ela. – disse Dereck. – Acho que precisamos começar por esta parte. De nada adianta ficarmos discutindo tudo aqui sem que eu conheça a verdadeira herdeira do trono de Avalon.
- Minha mãe terá o maior prazer em conhecer um Chevalier. – falou Sam. – Não posso dizer o mesmo de um D’Auvergne Bretonne. – ironizou.
- Sou um Chevalier de sangue. – disse Estevan. – Então estou dentro da satisfação de sua mãe em conhecer um Chevalier.
Samuel saiu com Dereck na frente, ambos conversando seriamente sobre o que fazer. Estevan e eu ficamos mais atrás, com Sean.
- Estevan, não quero que deixe suas emoções e sentimentos pessoais falarem mais forte agora. Você é quase um rei. Precisa ter responsabilidade e tranquilidade nas suas decisões. – disse Sean.
- Nenhuma decisão pode ser tomada sem levar em conta Satini. – ele disse firmemente. – Ela é meu presente e meu futuro e sempre decidirei por estarmos juntos... E bem.
- O que eu posso dizer? – Sean nos olhou ternamente. – Nada além de que tenho certeza de que Satini estará feliz e protegida com você por toda sua vida.
- Pode estar certo disto, Sean. Eu seria capaz de protegê-la com minha própria vida, como Alexander fez. Mas eu não estava próximo dela quanto tudo aconteceu. E os guardas do rei Stepjan simplesmente montaram uma barreira instransponível. E quando eu vi o que acontecia, imediatamente percebi que algo estava errado. Quem é o pai que coloca todo seu exército para proteger a si e deixa a filha completamente desprotegida, nas mãos de “um”, um mínimo soldado? Parecia-me até que ele previa o que estava para acontecer e que Alexander tomaria o tiro.
- Isso... Não havia me passado pela cabeça. – eu disse pensativa.
- Satini, não havia como ele saber do plano. – falou Sean.
- Ele não me deixou sair do castelo naqueles últimos dias, Sean. Eu fiquei incomunicável. Achei que fosse por medo de eu fugir ou até mesmo de eu tentar conhecer Estevan antes do baile. Mas e se ele soubesse de tudo previamente e me prendeu justo com o intuito de que eu não tivesse contato com a Coroa Quebrada?
- Quem teria contado? – perguntou Estevan.
- Beatrice. – falei.
- Ela é aliada da Coroa Quebrada. – disse Sean. – Não faria isso. Não trairia eles.
- Por que não? Ela espera um filho de Alexander dizendo que é do rei.
- O filho é de Alexander? Mas seu pai anunciou que ela estava grávida dele... E por isso casaria com Beatrice. – falou Estevan. – Outra mentira?
- Sim, outra mentira. Mas isso é assunto para outra hora. – eu falei.
- Sim, melhor deixar esta parte para depois. – disse Sean me olhando.
- Vou fingir que Stepjan Beaumont não existe... Nunca existiu. E que você é você o único responsável por ela, Sean. – falou Estevan colocando o braço sobre meus ombros, meu puxando para perto de si, fazendo nossos corpos se tocarem. – Só não gosto da parte superproteção que tem com ela às vezes... E uma pitada de ciúme. – ele riu.
- Tem ciúme de mim, Estevan D’Auvergne Bretonne? – perguntou Sean.
- Na verdade só um pouquinho. No entanto do príncipe rebelde dali da frente tenho bastante. Eu já vi ela beijando-o. Mas gosto do jeito protetor com que você a trata, Sean.
- Estevan, já falamos sobre isso. – critiquei.
- Eu sei... Ainda assim eu sinto ciúme dele. Porque ele tocou em você.
Enlacei meus braços em torno dele, sentindo-o tão junto de mim que eu quase não conseguia me mover. Eu gostaria de dizer que eu era só dele... Sempre fui e nada mudaria isso. Mas eu fiquei sem jeito. Afinal, Sean estava ali.
- E sobre a questão da pílula do dia seguinte que ela tomou? – perguntou Sean. – E os preservativos que eu mesmo comprei... Não devia ter mais cuidado, futuro rei?
Porra, Sean estava sendo horrível. Fiquei completamente muda, sem saber o que dizer. Estevan demorou para responder:
- Eu... Não sabia da pílula. – ele me olhou. – Mas... Acho que este assunto deixo para resolver com o verdadeiro pai dela... Se um dia encontrá-lo.
Sean riu, balançou a cabeça e andou na nossa frente. Pai, se sua intenção foi me deixar completamente sem jeito e desmoralizada, conseguiu, parabéns.
- Pílula do dia seguinte? – Estevan me perguntou. – Preservativos? Por que pediu para ele comprar isso para você?
- Porque não havíamos usado preservativo na primeira vez, lembra?
- Sim, lembro. E depois só tínhamos um único. – ele riu.
- Exato.
- Então você comprou, mas deixou guardado? Porque quando nos encontramos você não tinha, não é mesmo?
- E eu ia saber que o encontraria naquele dia?
Ele parou e me virou para ele:
- Eu amo você... E sempre vou amar.
Ah, como eu queria beijá-lo. No entanto olhei para sua boca e simplesmente mordi meu lábio inferior.
- Se esta sua atitude não foi com a intenção de me enlouquecer, saiba que foi isso que aconteceu. Eu poderia tirar sua roupa e fazer amor com você aqui mesmo.
- Onde está o garoto tímido que corou quando eu o convidei para sair comigo sem pagar? Parece-me que ele até fugiu de medo naquele dia.
- Pelo que lembro ele voltou pouco tempo depois de perceber o erro que havia cometido.
- Mas não beijou a princesa. – eu ri.
- Mas a fodeu por quanto tempo conseguiu no encontro seguinte.
- Que porra, Estevan, quer me matar de tesão aqui mesmo?
- Sim, eu quero.
Olhei para frente e os três ainda andavam completamente compenetrados na conversa.
Eu lhe dei um beijo rápido, na certeza de que ninguém estava vendo. Quando fui sair ele mordeu meu lábio inferior, me impedindo de sair. E aquilo era altamente excitante e fez com que eu encharcasse a minha calcinha imediatamente. Consegui me soltar, me sentindo completamente entorpecida pelo cheiro dele, pelo seu gosto...
- Você não deveria estar com eles? – falei sem ter muita certeza se queria ele longe de mim.
- Sinceramente, sim. Mas no momento, só quero pegar minha princesa e voltar para casa.
Como você consegue ser tão fofo, Estevan? Fala tudo que eu quero ouvir, como se fosse programado para me satisfazer em todos os sentidos.
-Acho que deveria estar naquela conversa. – insisti.
- Quando estou com você, entre o dever e o prazer, eu escolho o prazer.
- Isso quer dizer que farei de você um péssimo rei?
- Não. Um rei feliz será sempre o melhor rei.
- Acredita em alma gêmea? – perguntei.
- Até conhecê-la, não.
- Porra, você me deixa sem palavras.
Ele riu:
- Amo quando você fala palavrões.
Arqueei minhas sobrancelhas e provoquei:
- Tenho muitos para lhe falar... Mas no seu ouvido, enquanto sinto você se enterrando em mim.
- Isso pode me fazer gozar aqui e agora. – ele disse seriamente.
- Ei, vocês não vem? – gritou Dereck.
- Estamos... Indo. – disse Estevan.
- Não é seguro ficarem ai. – gritou Sam para ser ouvido. – Venham.
Olhei para Estevan e vi que ele estava realmente excitado e teve uma ereção.
- O que fazemos mesmo neste momento, se você não pode me ajudar com isso? – ele perguntou.
- Bem, vamos ver... Falaremos sobre coisas broxantes.
- Tipo?
- Eu não sei... – falei nervosa. – Ao seu lado não há como pensar em coisas broxantes... Pelo contrário. Eu estou completamente encharcada.
- Você não iria me ajudar?
- Acho que não consigo.
- Isso é um crime... Estamos preparados um para o outro e temos que ficar aqui, nos olhando, enquanto isso simplesmente desaparece...
- Estevan, juro que não vou dizer nenhuma palavra... – falei me afastando.
- Ei, onde você vai?
- Fugir para não despi-lo agora mesmo.
- Estou pensando em coisas broxantes: Samuel, Dereck e Sean. – ele disse em voz alta.
Segui rapidamente até a ponte. Realmente eu não poderia mais ficar ali, próxima dele ou em segundos estaríamos sem roupa. Eu sentia meu corpo pegando fogo.
- Tudo bem? – perguntou Sean quando eu cheguei.
Assenti com a cabeça.
- Você está...
Olhei-o e ele desistiu de dizer. E eu não perguntei.
- Estevan está fazendo o que? – perguntou Dereck.
- Ele... Está atendendo uma ligação.
- Que ligação? Ele não tem celular?
Os três me olharam.
- Enfim, ele está resolvendo alguma coisa. – falei passando por eles e indo na frente.
- Ele não deveria estar resolvendo as coisas por aqui, conosco, como futuro rei de Alpemburg? – perguntou Samuel.
- As coisas em Alpemburg estão resolvidas, Samuel. – disse Estevan se juntando a eles. – Meu país não tem muitos problemas. Por sorte é bem governado.
- Por seu pai. – provocou Samuel.
- Assim como o seu será por sua mãe. – revidou Estevan.
Segui sozinha na frente deles. Aquela disputa não me agradava. Além do mais, Emy ficaria furiosa quando visse o que Estevan fez com Samuel.
- Acho que esta disputa de egos não nos ajuda em nada, Altezas. – falei sem olhá-los.