Capítulo 87
1631palavras
2022-12-27 10:54
E foi assim que Emy Beaumont deu poder, perante toda a Coroa Quebrada, ao filho. Ela decidiu que Samuel precisava provar a todos que era capaz de liderar a guerra contra o rei Stepjan e os príncipes. E sinceramente eu não sabia que Samuel estando a frente disto era melhor ou pior para mim.
Eu sabia que quando disseram sobre ele colocar os assuntos pessoais acima dos sociais e políticos se referiam a mim. Percebi também que a alta cúpula do Coroa Quebrada, pelo menos a parte que estava reunida presencialmente ali naquele lugar, tinha idade igual ou superior à Emy.
Samuel era jovem. Eu entendia o fato de ele brincar com algumas situações sérias. E não acho que isso diminuísse sua capacidade de liderança. Mas pelo visto ali não tinha muita tolerância para nenhuma situação. E isso me preocupava bastante.
Tínhamos uma futura rainha que mandou matar a filha de sua melhor amiga por considerá-la uma traidora. E um futuro rei jovem, mas que aprenderia com o tempo. Eu apostava mais em Samuel do que em sua mãe. Se tem uma coisa que eu tinha certeza é que ele tinha coração. E era um homem justo. Lembrei que acolheu Alexander quando ele levou a surra. Também se preocupou com meus sentimentos quando me trouxe para conhecer a Coroa Quebrada, na vez que eu e Estevan nos desentendemos. Mesmo gostando de mim, ele tentou de alguma forma me fazer esquecer a situação ruim que eu havia passado com outro homem. Só uma pessoa com um coração enorme e sensata conseguiria fazer aquilo. Não sei se eu mesma seria capaz de acolher o amor da minha vida depois de ele ter sido rejeitado por outra mulher. Sim... Eu não acolhi Estevan. Eu sequer o escutei. Eu era uma péssima pessoa. O ciúme me cegou a ponto de não querer ouvir nada, sequer uma explicação. Tudo poderia ter sido diferente se eu tivesse ouvido Estevan naquele dia. E quando o encontrei no baile, dentro do castelo de Avalon, por que não pedi que saíssemos dali imediatamente? Poderíamos ter fugido. Mas isso seria um problema. A Coroa Quebrada invadiria o baile para pegar a princesa. E se ela não estivesse lá, o plano teria acabado. E eu os prejudicaria completamente. Eu não poderia fazer aquilo.
Voltei com Samuel até onde estava Sean.
- E então? O que decidiram? – perguntou ele curioso.
- Bem, decidiram que o futuro rei, Samuel Leeter Beaumont vai liderar esta causa e resolver o problema. – falei.
- Acha que não sou capaz? – ele me perguntou seriamente.
- Pelo contrário, Samuel. Acho você muito capaz. E tenho certeza de que você será um dos melhores reis que Avalon já teve. E sabe por que?
- Gostaria muito de saber, Alteza.
- Porque você tem algo muito importante aqui. – coloquei a mão em seu peito, na parte onde seu coração batia. – E um bom rei precisa fazer uso disto, antes de qualquer coisa.
- Sou grato por suas palavras... E sua confiança. – ele disse olhando nos meus olhos.
- Crianças, hora de descansarmos. Teremos um longo dia amanhã, pelo visto. – falou Sean.
- Certamente. Avalon acordará com Dereck e Magnus Chevalier em nosso reino. – falei suspirando.
- Se esta visita fosse por outro motivo, mesmo que cortesia, confesso que ficaria lisonjeado em conhecê-los. – admitiu Sean.
- E quem não? – revirei meus olhos e suspirei novamente.
- Nenhum príncipe supera meus olhos verdes estonteantes. – disse Samuel andando na frente.
- Você é muito convencido. – falei alcançando ele.
- Eu? Só falo verdades, Satini. – ele riu. – Acha que é fácil superar três príncipes sendo que ainda nem tenho a minha coroa?
- Você é tão perfeito quanto eles... Pelo menos para mim. – admiti.
- Se você quer que eu me mantenha na minha cama esta noite, é melhorar pararmos por aqui.
- Perdão... Já parei. – eu disse rapidamente.
- Pelo visto vou ter que levar Satini para me acompanhar esta noite. – brincou Sean.
- Minha mãe vai deixá-la junto de mim até o último minuto. Ela está me testando de todas as formas. – disse Samuel.
- O bom é que você está superando todas as expectativas. Então não reclame.
Assim que chegamos ao apartamento dele, Sam entrou. Encarei Sean e disse:
- Boa noite. Vou ficar com saudades até amanhã.
Ele riu:
- Sua bobinha.
- É verdade.
- Prometo que ainda vamos passar uma noite juntos... Conversando sobre a sua mãe.
- Promete? – falei empolgada.
- Sim... Eu já disse o quanto você se parece com ela?
- Não... Mas achei que fosse, ou teria pelo menos os seus olhos azuis.
- Não tem meus olhos, mas segundo Estevan, o meu sorriso e o meu olhar, não é mesmo?
- Parece que ele sabia, não é mesmo?
- Estevan é surpreendente algumas vezes.
- Sim...
- Eu... Preciso lhe contar uma coisa.
Olhei-o curiosa:
- Você tem outro segredo, Sean?
- Eu... Imaginava que Estevan era o príncipe prometido.
- Como... Como assim?
- Embora eu não tivesse certeza absoluta, juntei o que você me disse sobre ele... O fato de terem passado a noite juntos, ele estar comprometido com outra mulher e deixá-la, mesmo com a certeza de que a amava... E quando voltei ao loft, disposto a acabar com ele, o vi saindo com a mãe. De fato soube na hora que eram muito ricos. Então...
- Então...
- Eu o chamei para conversar. E perguntei por que ele havia feito o que fez com você. Vi o sofrimento nos olhos dele. Então ele me disse sobre um acordo de casamento, firmando há muitos anos. Mas também disse de sua intenção de romper o trato. Neste momento eu achei que vocês eram prometidos um ao outro. E seria muita coincidência se não fossem.
- Por que não me disse nada?
- Porque você não quis ouvir, lembra-se? Disse que nada que viesse dele lhe importava.
- Mas...
- E depois você ficou presa e não pudemos conversar. Então deixei o destino lhe fazer uma surpresa. – ele sorriu. – Uma bela surpresa. E eu não tinha certeza absoluta... Apenas achava que era ele.
Emília abriu a porta e andou alguns passos até nós. Estávamos no corredor, lado a lado, escorados na parede, conversando.
- Sean é o seu namorado? – ela perguntou curiosa.
Eu ri:
- Não... Ele é meu amigo. – menti.
- Ele é velho para você. Acho que Sean deve namorar a minha mãe. E você deve namorar Sam.
Eu a peguei no colo e dei um beijo em Sean, me dirigindo com ela para dentro do apartamento:
- Sabia que você é uma garotinha bem curiosa?
- Sabia. – ela disse.
- Ainda assim eu gosto de você. – lhe dei um beijo na bochecha fofa e delicada. Faltavam alguns dentinhos na boca dela, que começavam a serem trocados.
Fui para o quarto. Sam não estava lá. Troquei de roupa e deitei na cama. Logo ele abriu a porta. Estava usando só uma toalha enrolada na cintura.
- Você vai mesmo fazer isso? – perguntei.
- Tenho duas coisas para lhe dizer. Primeiro, você já me viu sem cueca e digamos que até já sentiu o que eu tenho aqui... – ele me olhou ironicamente. – Segundo... Você não se garante?
Virei para o lado e fechei meus olhos. Sim, eu me garantia. Mas ele também não precisava ficar me testando o tempo inteiro.
Enquanto eu continuava tentando não vê-lo, ele perguntou:
- Qual sua relação com Sean?
- Amizade. – respondi sem virar a cabeça na direção dele.
- Que tipo de amizade? – ele insistiu.
- Verdadeira.
- Em tão pouco tempo?
- Ele fez muito por mim. Confio plenamente nele.
- Não acha que confia muito rápido nas pessoas?
- Me diga você. Nossa relação de confiança foi mútua e aconteceu ao mesmo tempo, não foi Sam?
- Eu não diria que eu confiei em você no início... Eu só queria ficar perto de Satini Kane. Nada mais.
Olhei para ele:
- Me enganou então?
Ele riu:
- Sim... No início sim. Depois passei a acreditar um pouquinho.
- E no fim não devia ter acreditado, não é mesmo? Afinal, eu mentia. E você também.
- Acho que os Beaumont’s são todos mentirosos. – ele disse.
Voltei-me para ele, que já havia colocado a roupa:
- Sam, quando você vai me levar para ver Mia e Léia?
- Léia está com Mia, na Travessia.
- Isso é verdade? – perguntei nervosa.
- Sim.
- Ela deixou o castelo de Avalon? Eu nunca achei que isso pudesse acontecer...
- Parece que sim.
- Eu preciso vê-la... Agora mais do que nunca.
- Podemos sair amanhã bem cedo, ao amanhecer.
- Por mim pode ser qualquer horário. Eu só preciso muito vê-las.
- Minha mãe não pode saber... Em hipótese alguma.
- Eu juro não contar nada.
- Acordarei você bem cedo. Hora de dormir então.
- Boa noite, Sam.
- Boa noite, prima. – ele sorriu sedutoramente, piscando os olhos.
Virei para o lado da parede e fechei meus olhos. Eu não tinha dúvidas de meu amor por Estevan, mas não podia negar que Samuel Leeter era absolutamente lindo. E eu passei em todos os testes possíveis de fidelidade. E embora eu tivesse gostado muito dos beijos de Samuel e da forma como ele me tocava, só de lembrar de meu príncipe Estevan D’Auvergne Bretonne e a forma como ele fazia amor comigo eu já sentia meu coração bater mais forte e meu corpo arder em fogo. E eu faria sexo com aquele homem pelo resto da minha vida. Porra, eu era uma garota de sorte.