Capítulo 58
1602palavras
2022-12-27 10:36
Quando voltamos ao carro, perguntei imediatamente a Sean:
- Quem é você na verdade, Sean?
- Seu guarda-costas. – ele se limitou a dizer enquanto me guiava de volta para o castelo.
- Um homem que viveu vinte anos dentro do castelo de Avalon querer fazer parte de um plano contra o rei?
- E o que dizer da filha do rei, princesa e futura rainha de Avalon querer sequestrar a si mesma? – ele perguntou ironicamente. – Também estou surpreso com você, Alteza.
- Eu não posso casar com o príncipe desconhecido.
- E pretende mobilizar a Coroa Quebrada inteira e iniciar uma guerra de poderes em Avalon novamente por causa disto?
- Não é só por causa disto... Vou aproveitar a situação somente. Esta guerra precisava ter começado a bem mais tempo...
- Ela só deu uma trégua, Alteza. Sempre existiu, forte.
- Precisamos colocar um fim nisto, Sean. Meu pai... Pretende me matar.
Ele parou o carro abruptamente, fazendo eu quase bater minha cabeça do vidro dianteiro.
- Sean, você está louco?
Ele me encarou:
- Como assim o rei pretende matá-la?
- Eu ouvi isso da boca dele.
- Ele... Disse-lhe isso?
- Claro que não... Ouvi ele falando com Beatrice. Eu... Estava escondida...
- Como ele pode querer matar a própria filha?
- Sean, por que acha que ele me autorizou a fazer esta loucura de andar por Avalon?
- Eu... Sempre achei isso bem estranho, confesso.
- A intenção dele era que eu me envolvesse em qualquer confusão... E tivesse problemas, até mesmo a morte. Isso o pouparia de fazer o serviço sujo.
- Isso é inacreditável.
- Agora eu já não sei se ele continua com a ideia de me ver morta ou decidiu que me mandar embora do reino com meu futuro desconhecido marido será a solução. Ele quer um filho homem com Beatrice... E pretende que este bastardo assuma o poder quando tiver crescido.
- E... Se ele mandar invadir a Coroa Quebrada para pegá-la de volta, Alteza?
- Ele jamais faria isso.
- Ainda assim é um risco. Não se sentiria culpada caso fosse responsável por uma guerra onde morressem pessoas inocentes?
- Desde que o mundo é mundo há guerras para que haja mudanças no poder. E nenhuma guerra é pacífica. E nem sempre morrem somente as pessoas que deveriam. Ainda assim eu farei tudo que for possível para que ninguém inocente se machuque por minha causa. Eu só quero o fim do rei Stepjan no poder. E para isso eu preciso sair de vez do castelo e mostrar ao mundo quem ele é.
- Quando Vossa Alteza decidiu voltar-se contra seu pai?
- Quando vi ele comendo Beatrice na Biblioteca e dizendo que me queria morta. Isso basta, Sean?
- Basta.
Ele ligou o carro novamente e voltamos para o castelo de Avalon.
E eu tinha um novo aliado, tanto na guerra que eu começaria quanto dentro do castelo.
No dia seguinte, quando acordei, fiz meu desjejum e fui atrás de Beatrice.
A encontrei novamente na Biblioteca, lendo e fazendo algumas anotações.
- Parece que você gosta de ler. – falei ironicamente.
- E Vossa Alteza parece que deseja algo, ou não me procuraria. – ela disse levantando os olhos na minha direção.
Sentei-me na frente dela, que me encarou.
- Meu pai vai dar um baile dentro de um mês, onde conhecerei meu futuro marido antes do casamento.
- Eu soube.
- Quero que anuncie em todos os lugares. Desejo que seja um grande evento.
- Como desejar, Alteza. Desde que seu pai autorize.
- Acho que ele não se oporá.
- Pelo visto Vossa alteza falou com ele sobre minha visita a Alexander.
Eu arqueei minhas sobrancelhas. Meu pai havia mesmo feito algo com relação a isso.
- Realmente fiquei muito impressionada com o que vi naquele dia. – confessei.
- Nós dois conversando, sentados um de frente para o outro? – ela perguntou sarcasticamente.
- Alexander não é um homem de se jogar fora.
- Eu poderia apostar que é sim, Alteza. Ou você não exigiria ele tão longe de si.
Beatrice, você está ficando atrevida hein? E é uma garota esperta. Tenho que ter cuidado com você.
- De onde você é, Beatrice? – me vi perguntando.
- De Avalon?
- Que parte de Avalon?
Ela me fitou surpresa e respondeu:
- Perto do castelo... Bem longe da Coroa Quebrada, Alteza.
- Já conheceu alguém da Coroa Quebrada?
- Não... Pode não parecer, mas venho da Classe Alta de Avalon. Meu pai possui título de nobreza, inclusive.
- Mas você não se satisfez com este título, não é mesmo? Prefere o de rainha. – afirmei.
- Alteza, eu não quero falar sobre isso, acredite. Não lhe ofereço perigo. Não sou sua inimiga.
- Não é minha amiga.
- Eu nunca quis ser sua amiga, mas se fosse sua inimiga não teria feito tudo que me pediu até agora.
- Faz para ganhar a minha confiança.
- E o que isso me beneficia, afinal? Eu tenho o rei Stepjan do meu lado.
Nisso ela tinha razão. Ainda assim eu não iria abaixar a guarda com ela.
- O que acha sobre a divulgação do baile? – troquei de assunto.
- Posso fazer.
- E... Poderia me ajudar? Eu nunca organizei um baile.
- Nem eu... – ela confessou. – Mas posso tentar.
- Obrigada.
Eu levantei e quando fui sair ela me chamou:
- Alteza?
Virei-me para ela:
- Sim?
- Eu disse ao seu pai que não houve nada entre mim e Alexander.
- E ele acreditou. – afirmei sorrindo debochadamente.
- Sim... Também acreditou quando eu disse que ele tentou me seduzir.
Eu arregalei meus olhos e ela disse, piscando:
- Se Vossa Alteza fez tudo que fez para mantê-lo afastado, eu tenho certeza de que ele realmente não merece minha confiança... E que não é uma boa pessoa.
- Bem, eu poderia pensar que jogou a culpa nele para se inocentar.
- No fundo, Vossa Alteza sabe que isso não é verdade. O objetivo sempre foi a desconfiança do rei sobre ele.
- Obrigada, Beatrice.
Falei saindo confusa e transtornada com tudo que ela me disse. Quem era Beatrice, afinal?
Enquanto eu andava pelo corredor, imersa em meus pensamentos sobre a amante de meu pai, não me dei conta de ia diretamente para o inferno. E lá estava ele: o próprio diabo escorado na parede.
Eu tinha duas opções: gritar pedindo escandalosamente por ajuda. Ou enfrentá-lo de igual para igual, mostrando que eu não tinha medo dele.
Então optei pela segunda alternativa. Respirei fundo e segui meu caminho. Achei que ele fosse puxar-me violentamente, mas não. Ele simplesmente seguiu atrás de mim.
- Tentado acabar comigo, Alteza? – ele perguntou.
- Quem sou eu para acabar com você, Alexander? Você já nasceu acabado.
Pois isso foi suficiente para atiçar a fúria dele, que em segundo me pôs contra a parede, com as mãos no meu pescoço. Quantas vezes Alexander faria aquilo dentro da minha própria casa? Eu começava a achar que ele era doente. Aquilo não podia ser normal.
- Primeiro manda baterem em mim até quase me matar... Ok, eu mereci. Mas dizer que eu estou seduzindo Beatrice? Isso foi demais. Estou começando a imaginar que está com ciúme de mim, Satini Beaumont.
Peguei uma mão livre e passei sobre o membro dele, em cima da calça. Em minutos ele ficou duro e suavizou a mão no meu pescoço.
Eu ri:
- Temos pouco tempo, Alexander... Em um mês eu vou conhecer o meu futuro marido.
Ele me encarou e aos poucos soltou o meu pescoço. Continuei tocando-o de forma sensual, deixando-o completamente entregue a mim.
- Eu mato ele se você quiser.
Suspirei e disse:
- Você me deixa tão confusa, Alexander...
- Satini, eu amo você.
Ele me pegou pela cintura e tentou me beijar. Eu não suportaria ele tocando nos meus lábios.
- Pode me desculpar por tudo, Satini? Foi por amor... Eu juro.
Olhei no fundo dos olhos dele e disse:
- Eu não mandei baterem em você, Alexander, embora eu quisesse muito que isso acontecesse. E eu não posso desculpá-lo. Acho que morrerei levando a tristeza de tudo que você fez comigo. E sobre o amor... Ah, Alexander, meu coração está completamente preenchido... Eu estou completamente apaixonada, como nunca imaginei estar em toda a minha vida. E este homem não é e nunca será você.
- Sua vagabunda.
- Vagabunda loucamente fodida por todos, menos por você.
- Eu mandei não brincar com fogo...
- Eu adoro brincar com fogo... – sorri debochadamente. – Vai fazer o que, me matar no corredor do castelo de Avalon? Ou vai tentar me estuprar, como fez naquela noite?
- Eu não a estuprei.
- Porque eu disse que era virgem.
- Eu respeitei isso.
- Não precisa mais então...
Ele me olhou feroz como um animal a ponto de matar a presa:
- O que você fez, sua louca pervertida?
- Tente adivinhar minha primeira noite de prazer... Fui tocada de todas as formas possíveis... Senti tantos orgasmos quanto meu corpo suportou. Fiz sexo até não meu corpo não aguentar mais e eu entrar em êxtase.
Olhei para baixo e ele ainda estava duro. Eu ri debochadamente:
- Dói isso no seu coração? – coloquei a mão no peito dele. – Ou o que você sente é só tesão? – toquei no seu membro novamente. – Que pena que eu não sinto tesão nenhum por você.
- Sua...
- Alteza? – falou Beatrice andando rapidamente até mim.
Alexander me soltou imediatamente.