Capítulo 42
2069palavras
2022-12-27 10:23
- Como assim, Mia? – perguntei perplexa.
- É mesmo o que você ouviu. – ela afirmou.
- Mas...
- Mas... – ela me olhou. – Vai me dizer o que? Que eu conheci ele ontem? Que eu dormi com ele e me apaixonei? Que eu não sei nada sobre ele para ir embora e mudar todos os meus planos? Eu acho que você mesma tem as respostas para todas estas perguntas, não é mesmo?
Eu respirei repetidas vezes e sentia meu coração dando saltos no meu peito:
- Sim, você o conheceu ontem... No mesmo dia eu conheci Estevan. Se você dormiu com ele e se apaixonou eu não sei... Mas eu me apaixonei por Estevan antes mesmo de dormir com ele. Se você mal o conhece para ir embora com ele? Sei exatamente o que é isso. Estou preste a mudar um casamento planejado por mais de dezoito anos em nome de um homem que mal conheço. E você pode fazer isso sem ter o mundo atrás de você... Porque você não é a princesa de Avalon. Embora eu vá sentir sua falta mais que qualquer coisa na minha vida... Eu fico feliz por você estar apaixonada e pela sua coragem. Só nós duas sabemos tudo que já passamos trancafiadas neste castelo.
Ela riu e me abraçou:
- Sabia que você me apoiaria, princesa.
- Sempre... E vamos nos ver para sempre, Mia.
- Uma pena que você não escolheu Samuel. – ela disse. – Então estaríamos ainda mais próximas.
Eu ri:
- Confesso que Samuel me balança sim. Ele é lindo... Não há como ficar imune ao charme dele. Até entendo as suas fãs... E acho que elas não se importam com a forma como ele toca... Elas só querem ele. Mas não é possível escolher, não é mesmo? Parece que meu encontro com Estevan estava predestinado a acontecer.
- Quando eu vou conhecê-lo? Afinal, só vi a moto e o capacete tapando o rosto dele.
- Acho que você pode conhecê-lo antes de fugir. – eu pisquei. – Já sei onde ele mora, ou melhor, se hospeda.
- Como assim? Ele não mora em Avalon.
- Eu confesso que não entendi direito esta parte. Às vezes eu acho que sim, outras eu acho que não...
- Não perguntou?
- Não deu tempo.
- Como assim não deu tempo? Vocês passaram uma noite inteira juntos.
- Literalmente fazendo sexo e falando sobre amor... Só isso.
- Fizeram... A noite inteira? – ela me olhou curiosa.
- Até eu quase não ter mais forças da última vez.
- Isso é normal?
- Não foi assim com você? – perguntei confusa.
- Foram duas vezes seguidas. Depois não mais.
- Então nem vou dizer quantas eu fiz.
- E como aguentou?
- Como eu disse, no final eu já não aguentei mais.
- E... Usou preservativo, não é mesmo?
Eu respirei fundo e confessei:
- Não.
- Como assim, Alteza?
- A primeira vez foi sem e só me dei em conta depois. A segunda foi no chuveiro e nem pensamos nisso. Nas demais eu não me preocupei, já que tinha acontecido duas vezes sem.
- E se... Você ficar grávida? – ela perguntou com os olhos arregalados.
- Seria mais fácil para mim... Talvez meu pai desistisse do casamento arranjado.
- Duvido... Acho que ele faria você tirar a criança.
- Eu jamais tiraria um filho de dentro de mim... Ainda mais de Estevan...
- Então o homem com carinha de “bebê da mamãe” manda bem? – ela riu, lembrando do que eu havia falado anteriormente.
- Ele não é “o bebê da mamãe” na cama, acredite. Não dá para julgar, não é mesmo? – eu ri. – Ele é perfeito.
- E onde está a princesa que queria dormir com vários homens antes do casamento?
- Hum... Não sei de que princesa estamos falando. Esta aqui não consegue mais olhar para nenhum outro homem a não ser o seu príncipe encantado.
- Sim... E ele não vem num cavalo branco. Na verdade ele tem um moto que conta com 326 cavalos de potência.
- Como assim? Você entende de potência de moto agora? – perguntei impressionada.
- Eu não entendo nada... Mas Samuel falou isso quando você simplesmente subiu na moto e partiu sem olhar para trás. Ele conseguiu saber a potência da moto do seu príncipe encantado só de escutar o ronco do motor. – ela riu.
- Como foi depois que eu saí? Acabei deixando Samuel ali, sem olhar para trás...
- Ele ficou confuso... Mas depois aceitou. Ele ainda disse que achava que você saiu com o homem que esteve na Travessia.
- Então ele sabia que era Estevan?
- Não sabia ao certo, mas imaginava. Samuel é esperto, experiente... É difícil enganá-lo.
- Sim, já percebi isso. Ele é muito inteligente.
- E ele é bem interessado por você.
- E Alexander?
- Bem, meu irmão sempre é um problema. Ele ficou furioso. Colocou-me no carro e moveu mundos e fundos atrás de você. Fez uma revolução dentro da guarda real querendo a princesa a qualquer custo de volta. Disse até que você foi sequestrada, sendo que todos viram que você foi por livre e espontânea vontade.
- Ele contou ao meu pai?
- Sim... Mas acho que seu pai não se importou não. Senão creio que você estaria de volta naquela mesma noite.
- Meu pai não se importa mesmo.
- Isso é estranho, não acha?
- Acho... Mas ao mesmo tempo fico aliviada.
- Eu avisei minha mãe que você não havia sido raptada.
- E Léia perguntou sobre Estevan?
- Sim, mas eu não disse nada. Se você quiser, conte a ela, mas eu não falei. Só disse que você conhecia o homem que a levou. E falei isso para Alexander também.
- Então ele não deve ter acreditado muito na história de que eu fui ao cinema e na praia.
- Claro que ele não acreditou.
Suspirei. Não queria falar sobre Alexander. Já era meio dia.
- Que tal comermos juntas no centro de Avalon? – convidei.
- Com esta chuva? – ela perguntou.
- O que tem? Aliás, já tomamos banho de chuva juntas? Isso tem que ir para a minha lista.
- Ainda não. E temos pouco tempo para isso. – Mia disse levantando.
Nos arrumamos e saímos até a garagem. Sean estava lá, ao meu dispor. Assim que nos avistou, ele levantou-se rapidamente, arrumando a roupa.
- Sean, obrigada pela ajuda... Eu não sei porque você fez isso por mim, mas foi muito importante. Eu não teria pensado em nada melhor. Você me salvou.
- Acho que Alexander se preocupa mais com você do que o próprio rei, Alteza.
- Eu creio que sim. – falei sorrindo tristemente.
- Um dia ele vai ter que esquecer a princesa. – disse Mia.
- Sean, gostaríamos de ir a um restaurante almoçar.
- Sim, Alteza.
Ele abriu a porta e eu e Mia sentamos no banco de trás. Quando ele fechou a própria porta, Alexander embarcou. Ele virou para mim e não pude evitar revirar meus olhos, em desagrado:
- Aonde você pensa que vai? Seu turno é o da noite e hoje eu só vou sair durante o dia.
- O capitão da guarda mandou eu ir junto, depois do ocorrido ontem, Alteza.
Fiquei furiosa, mas fingi que acreditava. Então hora do início da vingança contra Alexander. Eu não tinha dúvidas dos sentimentos dele por mim... Ou pelo menos da possessividade e ciúme que sentia pela princesa de Avalon, achando-se o dono dela. E isso seria o que mais o magoaria: ser dispensado, de todas as formas possíveis. Eu iria machucá-lo dentro do seu coração, fazendo com que ele se partisse em tantos pedaços que ele jamais conseguiria juntar novamente.
Saímos com Sean dirigindo e Alexander sem dizer nada sentado na frente com ele. Mia me lançou um olhar preocupado e eu pisquei, certificando-a de que estava tudo bem.
Quando chegamos ao centro de Avalon eu percebi que realmente não sabia exatamente como chegar novamente ao loft de Estevan. Como o encontraria novamente?
- O rei realmente partiu esta manhã? – perguntou Alexander aleatoriamente.
Eu decidi responder:
- Sim. Foi ao funeral do irmão do meu futuro marido. Parece que meu príncipe assumirá o trono como rei muito em breve. Então meu pai pensa em antecipar ainda mais o casamento.
- Como assim? Menos de cinco meses?
- Sim. E agora não mais serei desposada por um príncipe e sim por um rei. – falei fingindo felicidade.
Ele não falou nada. Sean disse:
- Fico feliz por vossa Alteza. Espero que seu futuro marido seja um bom homem, como a senhorita.
- Tenho certeza de que ele será, Sean.
- Para onde, Alteza? – ele perguntou.
- Me indicaria um restaurante, Sean? Algo simples, mas com boa comida.
- Sim...
- Eu conheço um. – disse Alexander.
- Não, obrigada, Alexander.
Ele virou-se, não conseguindo deixar de demonstrar sua insatisfação.
- Eu gostaria de alguns itens da farmácia. Seria possível, Sean?
- Claro, Alteza. Há uma aqui nesta quadra mesmo.
Em poucos minutos ele estacionou em frente à farmácia. Ainda chovia bastante.
- O que deseja, Alteza? – ele perguntou, virando-se para mim.
Peguei dinheiro na bolsa e entreguei a ele:
- Preciso de preservativos masculinhos e duas pílulas do dia seguinte.
- Perfeitamente, Alteza.
Ele desceu. Alexander me encarou:
- Me diga que isso é uma brincadeira.
- Não posso... Porque não é. Eu preciso mesmo disto. – falei ironicamente.
- Que diabos você fez?
- Como assim? Não estou entendendo, Alexander. Pelo que sei, você não tem nada a ver com a minha vida.
- E não tem mesmo. – disse Mia. – Ele tem a vida dele para cuidar. Você é só o trabalho dele à noite... Ou melhor, dirigir para você. Ele não foi contratado para nada além de dirigir.
- Eu sou responsável pela segurança da princesa. – ele quase gritou.
- Sim, pela minha segurança, Alexander. O fato de eu foder com alguém não significa que eu não esteja segura.
Eu sabia que ele odiava quando eu dizia palavrões ou falava de forma pejorativa. Ele chegou ficar vermelho de tanta raiva. E eu sabia que ele estava sofrendo e que a dúvida doeria nele como se fosse ferido com uma faca.
Sean voltou ao carro e me entregou o pacote com os itens solicitados, que na verdade eu realmente precisava:
- Obrigada, Sean. Vai livrar o reino de ter uma princesa grávida antes de casar. – eu disse sarcasticamente.
- Fico feliz em pode ajudá-la, Alteza.
- Use conscientemente, princesa. – entrou Mia na brincadeira.
- Pode deixar... E vou tentar não esquecer da próxima vez. – eu disse rindo alto.
Abri a pílula do dia seguinte e perguntei:
- Alexander, temos água no carro?
- Sim, Alteza. – ele disse pegando uma garrafa com água mineral gelada no console refrigerado e me entregando.
Tomei a pílula. Eu havia lido que ela poderia ter efeito positivo em até 48 horas, então eu realmente precisava tomar.
Mia me encarou confusa. Eu peguei a mão dela e respirei fundo. Que desse tudo certo.
Sean estacionou em frente a um restaurante com uma fachada bonita e elegante:
- A melhor comida italiana servida em Avalon. – ele disse.
- Porra, eu jamais pensei numa comida italiana... Isso é perfeito, Sean.
Tudo que eu queria era me empanturrar de massas até não conseguir caminhar. Ele abriu a porta com o guarda-chuva para mim e Alexander foi buscar Mia. Quando chegamos na entrada do restaurante, Sean estava se retirando e eu disse:
- Não, Sean, você fica para comer conosco.
- Eu... Não posso aceitar, Alteza. Meu trabalho é simplesmente dirigir.
- É uma ordem, Sean. Você não pode dizer não para mim.
Ele me fitou confuso e preocupado. Alexander ficou parado me encarando. Virei e segui em frente. Ele que ficasse na chuva. Ele não merecia frequentar o mesmo ambiente que eu. Já não chegava ter que olhar para a cara dele dentro do castelo. Fora de lá eu não era obrigada... Não mesmo. Eu estava sentindo tanto ódio e nojo dele que eu já não conseguia mais suportar olhar nos olhos daquele homem. Tudo que eu via nele era seu sêmen quente e nojento escorrendo pela minha barriga enquanto ele tentava me sufocar.