Capítulo 25
2344palavras
2022-12-24 14:49
- Achou mesmo que ia me dopar e eu não faria nada quanto a isso?
Ouvi a voz de Alexander e não sei se aquilo me deu esperanças ou seria pior que alguém enviado por meu pai para acabar com a minha vida. Tentei responder, mas as palavras não saíam pela minha garganta, tamanha força com que ele apertava o meu pescoço. Eu senti dor... Ele seria capaz de me matar? Sofreria a consequência da minha morte pelo resto da sua vida...
Tentei me desvencilhar tirando as mãos dele com as minhas... Então ele as pegou e colocou para cima do meu corpo, imobilizando-as e eu consegui recuperar o ar e voltar a respirar, mesmo sentindo um desconforto horrível na minha garganta.
- A.. Alex...ander... – minha voz mal saía. Eu não sabia se era por medo ou porque o que ele havia feito teve consequência na minha voz.
- Sua louca, desvairada, vadia...
- Eu vou gritar... E os guardas virão... E você será preso... – falei num fio de voz, tão baixo que não tenho certeza se ele me ouviu.
Ele riu cinicamente e subiu na minha cama, ajoelhando-se sobre mim, ainda a segurar minhas mãos. E tentou me beijar. Eu o mordi com força, a fim de me defender.
- O meu beijo não é igual ao dos outros, não é mesmo? Sou o plebeu, o homem que você vai banir porque não beija os seus pés...
- Eu... Não sei do que você... Está falando. Me solte, por favor.
Ele soltou minhas mãos, mas eu não tinha forças para nada. Ainda estava tonta e sentia dor no pescoço e na garganta.
Percebi na penumbra ele abrindo a calça. Senti as lágrimas inundando meu rosto, ardendo como fogo.
- Eu... Não quero... Por favor.
- Tudo que você quer é ser fodida, por qualquer um que cruzar o seu caminho, não é mesmo?
- Não... – implorei tentando aumentar o tom da minha voz que mal saía.
- Por que eu não posso fodê-la também? – ele riu sarcasticamente. – Você gosta de me provocar o tempo todo, dorme até com os guardas e não vai me dar o prazer de comer a princesa de Avalon, como todos até agora o fizeram? Guardou seu primeiro beijo para mim... Achei que seria eu o escolhido para tirar a sua virgindade também. Quem foi, me conte? O guarda da ala leste? Ou teria sido o da oeste? Ou quem sabe os dois ou até três... Você gosta de orgias, não é mesmo, princesa?
Ele se deitou sobre mim e senti seu membro duro tentando atravessar a minha calcinha, preste a entrar em mim violentamente, machucando-me. Ele passou os dedos na minha vagina, por fora da calcinha, repetidas vezes.
- Eu... Nunca dormi com ninguém... Eu sou virgem... – falei. – Eu não quero que seja assim... Por favor.
Imediatamente ele ficou imóvel, mas sem sair de cima de mim. Colocou as suas mãos no meu rosto, percebendo as lágrimas que escorriam, limpando-as.
- Eu vi você nua com ele... É a única coisa que eu lembro depois de você ter me seduzido e depois me dopado.
- Não aconteceu nada entre mim e Samuel... Eu juro.
- Eu não acredito em você.
- Eu... – eu não tinha o que dizer... Eu não devia satisfações a Alexander. Se ele queria me estuprar, sofreria as consequências de seus atos.
- Um rei que é o demônio em pessoa: narcisista, egocêntrico, egoísta... Uma princesa vagabunda, que até casar já dormiu com metade de Avalon... Este reino está perdido nas mãos dos Beaumont. No fim, a Coroa Quebrada é o que resta ao povo...
Eu ainda sentia o membro duro dele tentando entrar em mim. Mas não falei nada. Fiquei quieta, rezando para que ele se fosse logo ou que tudo não passasse de um pesadelo.
- Não tenho que provar a você... Nada... Nem minha virgindade.
Ele ajoelhou-se e levantou a minha camisola. Senti pavor e medo novamente. Com uma das mãos ele me imobilizou, pressionando levemente o meu pescoço e com a outra passou a tocar-se. Então o vi, na penumbra, começando a se masturbar enquanto me observava. Fiquei imóvel, ouvindo os gemidos dele, sua respiração ofegante, incapaz de falar qualquer coisa ou me mexer. Ele só parou quando chegou ao ápice de seu prazer, fazendo-me sentir seu líquido quente sendo expelido sobre a minha barriga.
Ele fechou o botão da calça e disse:
- Estou vingado. Cada vez que brincar com fogo, eu vou queimá-la...
- Não ficará impune, Alexander...
- Prove o que eu fiz... – ele disse sarcasticamente e eu sentia ódio nas suas palavras.
- Há câmeras de segurança em todos os corredores... – observei.
- Da próxima vez vou fodê-la no corredor então. Para que todos vejam quem você realmente é...
Dizendo isso ele saiu e eu fiquei ali, incapaz de fazer qualquer coisa. Não sei quanto tempo eu permaneci deitada na cama, com medo de minhas pernas não conseguirem me levar até o toalete. Quando minhas lágrimas cessaram eu levantei e fui até o banheiro, me sentindo a pior mulher do mundo...
Liguei o chuveiro e deixei a água quente cair sobre mim por tanto tempo que minha pele suportasse. Depois joguei todo o sabonete líquido que havia disponível sobre o meu corpo, deixando que ele caísse pela minha pele, escorrendo pelo chão, misturando-se ao líquido viscoso que ele havia jorrado em mim. Passei a esponja por tantas vezes, com força, até que a pele sensível da minha barriga começasse a ficar vermelha e machucada.
Sequei-me, coloquei meu roupão e sentei sobre a minha cama, colocando minhas pernas para cima, descansando minha cabeça sobre meus joelhos. E fiquei assim, até os primeiros raios de sol invadirem o meu quarto sob a grossa cortina.
Levantei-me, sentindo dor nas costas e pernas e puxei com força as cortinas, arrancando-as. Eu não queria mais impedir que a claridade entrasse no meu quarto. Nunca mais as janelas ficariam fechadas... Nem para o dia, muito menos para a noite. E eu queria Alexander fora do castelo, da minha casa e da minha vida... Para sempre.
Eram sete horas quando Léia entrou no quarto com a bandeja repleta dos meus alimentos preferidos para o desjejum. Ela colocou sobre a mesa e veio até mim, percebendo que eu ainda estava de roupão sobre a cama e olhando tudo ao redor, o estrago que eu havia feito.
Léia sentou-se ao meu lado e alisou meus cabelos, que ainda estavam úmidos e embaraçados.
- Meu bem, o que aconteceu? Eu... Nunca a vi assim...
Fitei-a, encontrando seus olhos claros penetrantes e reconfortantes sobre mim e a abracei, sendo acolhida com seus braços quentes.
- Mia também não esteve bem ontem... O que exatamente aconteceu com vocês, minha querida?
- Léia... Eu... Eu...
Eu não era capaz de dizer a ela o que havia acontecido. Sabia o quanto ela ficaria triste se soubesse quem realmente era seu filho e o que ele havia feito comigo. Léia era tudo que eu conhecia sobre amor e família. Ela era minha base, o único carinho que eu tinha de alguém. Como eu poderia fazê-la sofrer?
Ainda assim eu não poderia continuar andando com Alexander para cima e para baixo em Avalon como se ele fosse uma pessoa normal. Ele era desprezível, doente.
Eu até entendia no início que ele poderia ter algum tipo de sentimento por mim e tentava aceitar suas brigas e xingamentos desnecessários. Agora eu já tinha certeza que não. Era inconcebível alguém gostar de uma pessoa e fazê-la sofrer de qualquer forma.
Sim, eu havia feito errado em lhe dar drogas para dormir, sendo que a responsabilidade dele era ficar atento e me cuidar. Eu brinquei com fogo. Mas nada justificava o que ele me fez... Nada. Eu jamais o perdoaria. E me vingaria, nem que fosse a última coisa que eu faria no mundo. Mas minha vingança seria de uma força que não prejudicasse minha amada Léia e minha querida amiga Mia. Era inacreditável que ele pudesse vir daquela família.
- Eu não quero mais estas cortinas. – eu disse.
- Querida... O que houve no seu pescoço? – ela perguntou aflita.
Levantei e olhei-me no espelho, vendo as marcas roxas e avermelhadas.
Querida Léia, seu filho fez isso comigo, enquanto tentava me estuprar ou talvez me matar. Como eu poderia dizer a ela que Alexander era o responsável por aquilo?
- Quem fez isso com você? – ela levantou nervosa e ao mesmo tempo vi a fúria em seus olhos.
- Não... Foi nada.
- Foi... Seu pai? Me diga, por favor...
- Não foi nada sério, acredite. – levantei e fui até o closet, procurando uma roupa.
Ela foi atrás de mim:
- Princesa, eu não posso deixar isso assim. Se foi alguém de dentro do castelo, vou falar para o rei.
- Não, Léia, por favor. Você não pode fazer isso... – implorei.
- Não posso fingir que não vi isso... Você é a princesa. Por onde andou que fizeram isso com você? Eu sabia que esta ideia era absurda...
- Isso aconteceu dentro do castelo, Léia. Não foi fora...
- Quem?
Eu senti as lágrimas escorrerem novamente. Eu não falaria e isso estava decidido. Não para proteger Alexander, mas para não causar dor em Léia. Eu não podia fazer isso com ela. E se tudo viesse à tona, talvez eu nem mais pudesse sair de dentro do castelo novamente.
- Eu não vou falar, Léia. Mas não foi nada grave. Não tentaram me... Matar.
- Se isso não foi uma tentativa de enforcá-la eu não sei o que seria, Satini.
- Eu não vou perdoá-la se intervir com meu pai, acredite. Você sabe o quanto é importante para mim viver fora destes muros. E se eu não fizer isso agora, jamais farei novamente. Eu estou muito mais segura lá fora do que aqui dentro... Esta é a verdade.
Ela me observou calada enquanto eu escolhia um conjunto de calça e blazer bege, com sapatos na mesma tonalidade e uma blusa branca de gola alta que cobria todo o meu pescoço. Coloquei minhas joias habituais e depois sentei na mesa, fingindo para mim mesma que tomava café enquanto ela me observava.
Ela balançou a cabeça:
- Deus... E todos os dias alguém prova a comida antes de ser servida para vocês... Enquanto alguém entra no seu quarto e tenta estrangulá-la... Eu estou... Apavorada, minha menina. Pelo visto veneno é o que menos mataria neste castelo.
Eu sorri timidamente. Entendia o que ela falava. E talvez um dia eu tivesse coragem de dizer a ela o que realmente aconteceu, caso ele nunca mostrasse a própria mãe quem ele realmente era.
- Tenho um compromisso na sala de imprensa. – falei.
- Sim, com Beatrice. – ela disse.
- Minha futura madrasta. – brinquei.
Ela riu:
- Não duvido.
- Não duvide mesmo. Pode anotar o que eu falei.
Outra coisa que vou lhe ocultar, querida Léia: meu pai come Beatrice e quer fazer nela um filho homem. Ah, ele também quer que eu morra. Seu filho acha que sou uma vagabunda e meu pai que mereço morrer porque simplesmente ele não quer me ver rainha, mesmo eu nunca tendo pedido para que isso acontecesse.
Manter-me viva dentro do castelo de Avalon passou a ficar cada vez mais difícil. Por ironia do destino, talvez o que salvasse fosse o meu casamento e minha partida para longe do meu próprio reino. E eu nem poderia dizer que eu me afastaria das pessoas que eu tanto amava... Porque só existia Léia e Mia para isso.
A sala de imprensa ficava no segundo andar do castelo. Era ampla e tinha uma espécie de palco elevado onde ficava uma enorme mesa branca coberta com vidro grosso e três microfones dispostos na altura de quem falaria. A cadeira do rei era enorme e destacava-se das demais. Duas escadas laterais, exatamente iguais, levavam ao espaço onde a realeza dava entrevistas. Na parte superior, toda acarpetada, várias cadeiras metálicas, mas confortáveis, de frente para o palco, onde ficavam os repórteres.
Embora a sala fosse perfeita e destinada à entrevistas coletivas, meu pai não a usava com frequência. Ele não dava entrevistas coletivas... Nunca. Jamais ele deixaria entrarem repórteres dentro do castelo, temendo que tivessem armas ou qualquer coisa que pudesse feri-lo ou de alguma forma matá-lo. E eu começava a sentir na pele o risco que a coroa trazia à vida de quem a carregava ou um dia carregaria. Stepjan Beaumont só dava entrevistas de forma individual, à pessoas que ele realmente conhecia, simpatizava ou confiava. Aquela sala era usada para transmissões em cadeia nacional.
Quando cheguei Beatrice estava sentada na primeira fileira, com alguns papéis, caneta e um celular. Assim que me aproximei, ela levantou-se, fazendo uma reverência rápida.
- Alteza...
- Você tem um celular dentro do castelo? – não pude deixar de perguntar. – Meu pai sabe disto?
- Claro, Alteza... Jamais usaria sem o consentimento dele. Faz parte do meu trabalho.
- E qual é mesmo o seu trabalho? – perguntei ironicamente. A prostituta de luxo do meu pai? Pensei e não pude deixar de sorrir.
Ela se limitou a sorrir e depois de um tempo, disse:
- Fico feliz em ser a primeira pessoa a lhe entrevistar, Alteza.
- Isso não foi escolha minha.
- Confesso que tento entender porque parece não gostar de mim.
- Não parece... Eu não gosto de você, Beatrice. – confessei sem receio.
Ela abaixou a cabeça. Eu continuei:
- Vamos terminar logo isso que eu não tenho tempo para perder.
- Vou provar que sou uma boa pessoa, Alteza.
Eu arqueei minhas sobrancelhas divertidamente:
- Terá tempo para isso? Será que ficará aqui por cinco a seis meses... Ou mais tempo do que isso? Eu vou embora depois do casamento. Meu pai não lhe disse isso?
- Sim...
- Então, afinal, o que você quer de mim? A primeira entrevista da futura rainha de Avalon ou provar que é uma boa pessoa?