Capítulo 51
966palavras
2022-12-07 21:54
Ouvir ela contar que Grey já havia resolvido tudo foi um alívio. Eu ainda estava fraca e tinha as minhas dúvidas se eu conseguiria andar sozinha se tentasse me levantar do colchão.
"Eu não sei como vou viver sem ela." As palavras suavemente emergiram, antes que eu pudesse me conter. Cerrei os punhos ao meu lado e tentei seguras as lágrimas. Mas por mais que tentasse, não consegui impedir que elas escorressem em meu rosto.
Celine pegou minha mão. Com lágrimas nos olhos, ela falou. "Eu sinto o mesmo, Lily. Eu me sinto perdida sem ela. Parece que uma parte de mim se foi quando ela morreu."
Por um momento, nenhuma de nós falou, usamos esse tempo para nos recompor.
"Mamãe te contou alguma coisa antes de morrer?" Celine perguntou de repente.
Meu olhar curiosamente pousou em seu rosto. "Não." Eu disse a ela, mas depois de um momento de hesitação, continuei. "Mas eu senti que mamãe estava escondendo algo de mim, Celine."
"Eu também senti isso, Lily." Celine respondeu com sinceridade. "Teve uma vez em que mamãe mencionou querer te contar alguma coisa. Quando perguntei o que ela queria contar, ela não respondeu e eu quis não insistir nisso."
"Eu me pergunto o que mamãe queria me dizer." Comentei, distraidamente, em voz alta.
"Talvez seja melhor não sabermos de tudo." Celine suspirou. "Além disso, se fosse realmente tão importante, mamãe teria já contado." Ela acrescentou, colocando uma mão reconfortante em meus ombros.
'Celine tem razão.' Eu refleti. Se fosse tão importante, mamãe teria me contado muito antes de tudo isso.
"Descanse, Lily. Você precisa se recuperar rápido. Depois que você receber alta, precisamos começar a nos preparar." Celine não disse diretamente sobre o enterro, mas sabia que ela estava falando sobre isso.
Engoli o nó na garganta e sacudi a cabeça.
Então, eu afundei minha cabeça no travesseiro. Celine, por outro lado, começou a ler uma revista para tentar se distrair.
O que mamãe queria me contar? Mesmo depois de garantir a mim mesma que não era nada, a pergunta ainda me incomodava porque, no fundo, sentia que era algo importante... Mesmo tentando me convencer do contrário.
Com um suspiro, eu finalmente limpei as dúvidas da minha mente. 'Arrependimentos não vão mudar nada.' Eu pensei, enquanto ao mesmo tempo me lembrava que talvez seria melhor eu não saber o que ela queria me falar.
...
"Vou sentir muita saudade de você, mamãe. A vida não é mais a mesma coisa sem você." Ajoelhei-me em frente ao túmulo de mamãe, enquanto coloquei seus lírios favoritos em sua lápide. Até agora, eu ainda não conseguia acreditar que ela não estava mais entre nós. Tudo me parecia um sonho. E "sonho" era um grande eufemismo. Aquilo tudo era um pesadelo.
Se não fosse por Celine, que ficou ao meu lado e me ajudou a preparar tudo depois que recebi alta do hospital, duvidava que conseguiria fazer tudo. Grey também estava lá. Fiquei surpresa por ele nunca ter saído do meu lado. Com o divórcio em mãos, eu me perguntei por que ele estava fazendo tudo isso. Talvez ele estivesse com pena de mim por ter perdido minha mãe.
"Você finalmente está com o papai e Dylan, mãe. Eu sei que você finalmente está feliz onde quer que esteja agora. Por favor, cuide da gente no céu."
Engoli o nó na garganta. Eu estava chorando há uma semana até meus olhos ficarem inchados, mas toda vez que pensava em mamãe, as lágrimas continuam descendo.
Meus dedos traçaram as letras esculpidas profundamente na lápide. Perceber pela primeira vez as letras e ver o nome de mamãe lá, fez a dor no meu peito triplicar. Ela realmente se foi e nunca mais voltaria. Lágrimas turvaram minha visão com esse pensamento.
Fiz o possível para não cair no choro, mas falhei. As lágrimas que tentei tanto reprimir começaram a cair.
Celine ficou ao meu lado, soluçando, enquanto enxugava o rosto com o lenço na mão. Ela estava chorando por um tempo agora e observá-la fez com que mais lágrimas corressem pelo meu rosto.
No túmulo próximo onde nosso filho foi enterrado, Grey estava com um buquê de rosas brancas na mão. Ele tinha colocado um buquê de lírios cor-de-rosa no túmulo da mamãe, há um tempo atrás, e agora ele colocou as rosas brancas em cima do túmulo de Dylan. Eu dolorosamente desviei o olhar enquanto ele se curvava no túmulo de Dylan e tocava sua lápide. Me doeu ver a dor em seus olhos. Já se passaram anos desde a morte de Dylan, mas a dor ainda parecia fresca e crua, como se tivesse acontecido ontem.
Os céus, como se expressassem suas condolências, escureceram lentamente, até que o sol escaldante desapareceu por trás da massa de nuvens cinzentas. A chuva caía do céu, encharcando meu rosto coberto de lágrimas. Ainda assim, permaneci no meu lugar, sem vontade de sair.
"Está chovendo, Lily." Grey, que eu não notei que tinha saído do lugar, já estava atrás de mim.
"Eu quero ficar aqui por um tempo. Apenas me deixe ficar aqui, por favor." Eu sussurrei, afastando-o quando ele tentou pegar minha mão.
"Não. Você vai ficar doente se insistir em ficar." Grey me lembrou enquanto pegava minha mão com firmeza, minha luta para me libertar não o fez soltar. "Não seja cabeça dura, Lily." Ele repreendeu: "Se você ficar doente, não poderá voltar ao trabalho."
Mencionar o trabalho interrompeu minhas lutas. Ele estava certo. Eu não podia me dar ao luxo de ficar doente agora. Tinha que voltar ao trabalho amanhã de manhã. Tenho contas a pagar e preciso de dinheiro para me alimentar. Se eu não for trabalhar, eu vou morrer de fome.
Quando Grey me puxou para dentro de seu carro, parei de resistir.
Celine silenciosamente seguiu logo atrás de nós.