Capítulo 50
893palavras
2022-12-07 21:49
Por que isso tinha que acontecer hoje? Por que tinha que acontecer bem no aniversário da mamãe, quando iríamos comemorar uma ocasião tão feliz? Fiz essas perguntas a mim mesma, imaginando se isso seria uma punição divina.
Enterrei meu rosto em minhas mãos e tentei me acalmar. Mas, apesar de tentar manter minhas emoções sob controle, uma cascata de lágrimas começou a descer pelo meu rosto avermelhado.
Era impossível não chorar quando a vida de mamãe estava em perigo. Ela era a única família que tinha agora. Se ela me deixasse, minha vida ia perder o sentido. Sem ela de apoio, qual seria o sentido de continuar vivendo?
Grey sentou-se no banco ao meu lado. Sua mão foi para minhas costas como se ele estivesse tentando me lembrar que ele ainda estava aqui, mas eu mal o notei. Caí em um limbo escuro, enquanto um grito dentro de mim ecoava implorando para sair desse pesadelo.
Não sabia quanto tempo fiquei sentada no banco, quando a porta do pronto-socorro se abriu e o médico saiu. Eu me levantei e corri em sua direção. "C-como está a minha mãe?" Eu perguntei, incapaz de manter minha voz firme.
Seus olhos tristes e cansados olharam para mim. Apenas o olhar de dor naqueles olhos inteligentes confirmou meu maior medo. Quando ele falou, senti o meu mundo cair no chão.
"Eu sinto muito. Ela não aguentou. Fizemos o possível para salvá-la, mas não conseguimos. Eu sinto muito."
As palavras dele chegaram e me derrubaram com força.
'Isso não está acontecendo! Isso não está acontecendo!' Eu gritei interiormente, mas nenhuma voz saiu da minha boca. Meu olhar horrorizado voltou para o rosto do médico, e eu testemunhei pena e tristeza emergindo de seus olhos.
Como um castelo de cartas, desabei no chão, ofegante. Mas antes que o chão frio pudesse pegar me pegar, algo quente me segurou. Era Grey? Mas antes que eu pudesse confirmar, a escuridão me devorou.
Antes de perder a consciência, ouvi o grito de pânico de uma mulher, então tudo se escureceu.
"Seja forte, Lily." Uma voz suave sussurrou em meus ouvidos, fazendo-me arregalar os olhos. No entanto, quando os abri, uma luz ofuscante os queimou e meus olhos se fecharam.
"É você, mãe?" Eu choraminguei miseravelmente, mas a voz não me respondeu. Em vez disso, algo macio e quente tocou minhas bochechas.
"Eu tenho que ir, querida. Nunca esqueça que a mamãe te ama muito. Sei que você também me ama, querida, e só quero que saiba que sou a mãe mais sortuda do mundo por ter você como filha. Quando chegar o dia e você souber de toda a verdade, espero que me perdoe ao se lembrar do quanto eu te amei."
Abri meus lábios para dizer uma palavra, mas nada saiu. Lágrimas escorriam pelo meu rosto como uma cachoeira. Abri os olhos e finalmente vi o rosto sereno e suave de mamãe sorrindo para mim. Estendi a mão, mas ela voou para longe. Então ela se foi, nunca mais ninguém iria vê-la de novo.
Meus olhos se abriram lentamente, eu me vi olhando para um teto branco sólido. A sala estava silenciosa, exceto pelo zumbido do aparelho de ar condicionado e o bipe suave do monitor ao meu lado. Eu ainda estava dentro do hospital, pensei comigo mesma, examinando o meu arredor pela primeira vez e notando um pequeno tubo de plástico preso às costas da minha mão.
Quando meu olhar parou na porta, ela se abriu de repente e Celine entrou com uma bandeja de comida na mão. Como se ela sentisse que alguém estava olhando para ela, seus olhos foram para a cama e nossos olhos se encontraram.
"Lily." Ela deixou escapar em voz alta, deslizando pela sala, quase derramando o conteúdo da bandeja. Ela baixou a bandeja sobre a mesa e foi apressadamente até onde eu estava.
"Você deixou todos nós preocupados." Celine murmurou chorando, enquanto envolvia minha mão com as suas. Seus dedos eram quentes enquanto os meus estavam gelados. O gesto não apenas aqueceu minha mão, mas também meu coração.
"Faz quanto tempo que estou aqui?" Eu perguntei.
"Três dias." Ela respondeu. Olhei para ela incrédula, esperando que ela estivesse brincando. A expressão de Celine permaneceu séria, então o que ela estava dizendo era verdade.
"Tudo isso?" Eu murmurei. Todo esse tempo deitada explicava as dores que sentia nos meus ombros e costas.
"Sim." Ela respondeu. "Grey não saiu nenhuma vez do seu lado, enquanto você estava inconsciente. Ele estava tão preocupado com você. Se eu não o tivesse forçado, ele não teria ido para casa para trocar de roupa."
As memórias antes de ficar inconsciente retornaram. Eu pulei para fora do colchão e me forcei a me levantar.
"Não levante, por favor." Celine implorou, segurando-me com força para impedir minha tentativa sair da maca.
"Não! Deixa eu levantar, Celine. Preciso assinar os papéis do hospital e pagar a conta." Eu insisti histericamente. Eu a empurrei, mas ela era tão forte que, por mais que eu a empurrasse, ela não se mexia.
"Por favor, me deixa ir." Eu choraminguei enquanto as lágrimas nublavam a minha visão.
"Não." Celine respondeu com firmeza. "Você não precisa se preocupar com nada. Grey já deu conta dos papéis. Ele pagou as contas também." Ela acrescentou, desta vez ela me empurrou de volta até que eu me deitasse de costas na maca.