Devolvi o velho álbum de fotos ao armário, enquanto ainda me perguntava quem eram aquelas duas pessoas. Mamãe nunca os mencionou antes e era isso que me deixava ainda mais curiosa. Ela me contou uma vez que trabalhou para uma família rica como empregada doméstica, mas nunca me deu nenhuma informação sobre eles.
Por que ela esconderia esses detalhes de mim? A experiência dela com eles foi tão ruim que ela nem queria compartilhar comigo?
A mulher na fotografia parecia familiar, mas não me lembrei de onde tinha visto o seu rosto. E o homem parecia familiar também, e tive certeza de que já o vi algum dia.
Com um encolher de ombros, deixei o assunto sumir da minha cabeça. Já que seria melhor se eu perguntasse a mamãe sobre o casal. Tive certeza de que ela ia me contar tudo o que queria saber, se não estivesse tentando esconder alguma coisa. Mas se ela não quisesse me contar, não ia forçá-la também.
Saí de casa pouco depois, mas não fui direto para o hospital. Em vez disso, fui à padaria favorita de mamãe e comprei seu bolo de baunilha predileto. Era um bolo de camada única, decorado com rosas cor de rosa. As palavras "FELIZ ANIVERSÁRIO, MÃE" estavam escritas no topo, feitas com glacê rosa.
'Com certeza mamãe vai amar o bolo.' Eu refleti para mim mesma. O sabor de bolo preferido dela era chocolate, mas ela não pôde comer algo muito doce. Perguntei ao médico se poderia ser de baunilha e ele disse que tudo bem, desde que ela não comesse muito. Além do bolo, também trouxe cupcakes de mocha para mim e para Celine.
Com a caixa de bolo e cupcake em mãos, voltei para o meu carro.
A caminho do hospital, passei por um famoso restaurante conhecido por seus cardápios saborosos. Eu queria ir lá e comprar algo chique para comemorar o aniversário da mamãe, mas suas palavras exatas de repente soaram em meus ouvidos. "Eu só queria um bolo, Lily. Se você quer me fazer feliz, não compre um presente ou qualquer comida chique. Vamos economizar o dinheiro para pagar as minhas contas do hospital. Não quero que você fique gastando mais dinheiro comigo."
Um suspiro emergiu de meus lábios, estava incapaz de decidir o que fazer. O aniversário da mamãe acontecia apenas uma vez por ano e queria comprar algo legal para ela, mas mamãe sabia dos meus planos e me avisou com antecedência. No final, passei reto pelo restaurante para que o pedido de mamãe fosse realizado. Talvez quando eu chegasse ao hospital, poderia convencer mamãe de pedir algo chique para tornar sua comemoração mais especial. Ela não ia gostar da ideia no começo, mas tinha certeza de que ia convencê-la de qualquer maneira.
Quinze minutos depois, eu estava estacionando meu carro em frente ao hospital. Com duas caixas na mão e uma sacola na outra, deslizei pela calçada de cimento, animada para parabenizar mamãe com um feliz aniversário.
Um sorriso gentil emergiu dos meus lábios enquanto eu corria para o quarto dela. Em segundos, cheguei ao quarto da mamãe e o abri. A primeira coisa que saudou meus olhos foi a cama vazia. A cor escapou do meu rosto, e meu peito arfou em alarme. A sala estava completamente vazia. Nem mesmo Celine estava lá dentro.
Um medo feroz tomou conta de mim. Fiquei congelada no lugar, ofegando por ar.
"Mamãe?"
"Celine?"
Ninguém me respondeu. Quando verifiquei o banheiro, também estava vazio.
Joguei minha bolsa descuidadamente no sofá e deixei as caixas em cima da mesa de vidro. Sem demora, eu corri para fora, minhas mãos puxando meu cabelo em pânico enquanto eu corria para o posto de enfermagem, mas antes que eu pudesse alcançá-lo, encontrei Grey no corredor.
"Onde está a mamãe?" Eu perguntei enquanto reprimia um soluço. Minhas pernas estavam tão fracas e à beira do colapso, mas eu me obriguei a me manter imóvel.
"Na sala de emergência." Grey respondeu. Seu rosto não mostrava nenhuma emoção, mas ele parecia um pouco pálido. "Acabei de chegar e encontrei o quarto vazio. Fui imediatamente ao posto de enfermagem perguntar." Grey explicou como se tivesse lido meus pensamentos.
Corremos para a sala de emergência e encontramos Celine sentada no banco do lado de fora. Quando ela nos viu se aproximando, ela imediatamente se levantou da cadeira enquanto ainda segurava o telefone na mão.
"Eu estava prestes a te ligar Lily, mas estou feliz que você já chegou aqui." Celine disse, seu rosto pálido de terror.
"O que aconteceu?" Foi Grey quem perguntou.
Celine respondeu rapidamente: "Tentei acordá-la, Lily, mas ela não queria acordar. Fiquei preocupada e liguei para a enfermeira que chamou um médico depois de examiná-la. Seu nível de oxigênio caiu, assim como sua frequência cardíaca, e ela foi levada às pressas para cá. Aconteceu tudo alguns minutos antes de vocês dois chegarem." Celine explicou, dominada pelas lágrimas.
Minhas pernas estavam fracas e, antes que eu pudesse desabar no chão, caí no banco em estado de choque, entorpecida de dor.