Capítulo 71
1135palavras
2023-01-25 00:01
Ponto de vista da Ryn
"Será que o capitão lembra de que tenho uma criança pequena esperando por mim em casa? Não posso fazer hora extra." Eu resmunguei enquanto levava a xícara de café aos meus lábios.
Deus, como eu precisava daquele líquido doce e amargo.
"Eu não acho que o capitão Steffen se importa." Nate bufou, levantando os pés sobre a mesa branca.
Revirei os olhos, colocando o copo na superfície da mesa.
"Ele deveria se importar porque fui eu quem tornou possível ele se tornar o capitão."
E era verdade. Fui escolhida para ser a próxima capitã do departamento, mas recusei. Tudo por um motivo: minha família.
Se eu tivesse assumido esse papel, não poderia passar tanto tempo com eles como gostaria. Minha família era a minha vida, não conseguia ficar muito tempo longe de casa.
Então recusei a função e recomendei Steffen. Que por acaso se mostrou um completo idiota.
"Policial Waters, há um pedido de ação na Willow Street," disse um dos novos recrutas que correu até nós.
Gemi olhando para o teto. "Juro, essa área parece o inferno."
Eu me viro para encarar o homem mais jovem com seu cabelo loiro cor de areia curto e olhos castanhos arregalados com alarme. Ele parecia hilário, mas eu me abstive de rir às custas dele.
"Mais alguma coisa que precisamos saber antes de irmos?" Eu questionei abrindo a gaveta para tirar minha arma. Nate fez o mesmo enquanto se levantava.
Otis balançou a cabeça. "Eles não deram muitas informações, apenas disse que era uma jovem pedindo ajuda."
"Ao menos sabe o local exato da ocorrência?" Eu perguntei com pressa.
"A mulher da Emergência disse que o número da casa era 223. Foi tudo que ela conseguiu quando rastreou o número que ligou," ele me informou.
Eu balancei a cabeça e rapidamente enquanto empurrava a arma na minha cintura. "Deve ser alguma pobre garota que foi assediada por algum daqueles criminosos que espreitam nesta parte da cidade," eu adivinhei.
"Pelo menos desta vez a garota teve tempo de pedir ajuda. Lembra da última vez?" Nate perguntou enquanto corríamos para fora do prédio.
Eu me encolhi ao lembrar da pobre garota que encontramos morta nua na estrada. Ela havia sido estuprada e espancada. O rapaz que a encontrou chegou tarde demais, ela havia morrido horas antes.
"Não me lembre disso," resmunguei abrindo a porta do carro e deslizando para dentro.
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Duas ambulâncias. Foi a primeira coisa que vi. Afastei os olhos e abri a porta.
"Parece que eles chegaram aqui antes de nós," eu indiquei com a cabeça para os muitos carros de polícia espalhados pela área.
O que diabos havia acontecido? Eu ainda não sabia exatamente, mas era algo terrível.
Nate e eu continuamos caminhando até que algo familiar chamou minha atenção e me fez parar. Meu sangue gelou quando vi a motocicleta que dei de presente para meu filho mais velho, Blake. Meu coração bateu forte enquanto sussurrei para Nate.
"Por favor, me diga que essa não é a moto de Blake?" Eu disse baixinho para Nate. Blake havia pintado seu nome com spray nas laterais e isso não passou despercebido.
"M*rda!" Ele xingou. Meus olhos se voltaram para a velha casa quando os paramédicos tiraram o que parecia ser um cadáver em uma maca.
"Ryn, m*rda, você não pode simplesmente..."
Eu já estava correndo em direção aos médicos sem prestar atenção nas palavras de Nate. "Você não pode entrar ainda." Outro policial gritou quando passei correndo por ele.
Eu não me importava. Precisava saber se era o meu filho debaixo daquele pano branco. "É  o meu filho? é o meu filho?!" Corri para os médicos sem perceber que já estava chorando.
Parei a maca e tirei o pano branco. Tinha cabelo preto. Um soluço pairou sobre mim até eu arrancar o resto. Suspirei. Era uma mulher.
"Tem um menino lá dentro? Um menino de cabelo preto?" Eu perguntei a uma das médicas com pressa.
"Sim, há um..."
Ela não teve sequer tempo de terminar enquanto eu corria para dentro da casa. Meu estômago revirou de desconforto e meu peito estava pesado de angústia. Lá jazia meu filho, ensopado de sangue enquanto o colocavam em uma das macas.
"Blake," eu sussurrei sem acreditar que era mesmo ele. Ouvi um grito de protesto e então senti a presença de Nate ao meu lado.
"P*rra," ele sussurrou dolorosamente quando seus olhos caíram sobre Blake.
Afastei meus olhos dele para ver que os médicos estavam colocando outra garota de cabelos escuros em maca.
Eu não podia ver exatamente o rosto dela por causa da médica na minha frente, mas tive um pressentimento de que foi ela quem pediu ajuda.
Eu andei até meu filho, meu coração ficando mais pesado quando me aproximei. "Ele ainda está vivo?" Eu sussurrei quando cheguei ao lado do corpo. Pisquei para clarear minha visão.
"Sim, mas o batimento cardíaco está fraco. Por favor, senhora, deixe-nos fazer nosso trabalho e saia do caminho para que possamos levá-lo ao hospital mais próximo," um homem respondeu.
Ele estava certo, meu bebê precisava de ir para o hospital. Então, concordei com a cabeça e agarrei a mão de Blake, apertando-a com força. "Estou aqui, filho, mamãe não vai deixar nada acontecer com você," eu chorei, e então o deixei ir.
Eu observei enquanto eles o empurravam para fora da casa, Nate estava chorando quando a maca passou por ele.
"Precisamos levá-la para o hospital o mais rápido possível, porque está tendo uma parada cardíaca," um médico gritou ao meu lado. Eu rapidamente me virei para essa garota ferida e meu rosto instantaneamente ficou pálido. Era a Ashley.
Precisava ligar para Ace, e especialmente para Asher e Lily. Oh, Deus, no que nossos filhos se meteram?
Eu rapidamente saí para alcançar os médicos. "Ligue para Ace e os pais de Ashley. Conte a eles o que aconteceu. Encontro vocês no hospital, vou com meu filho e Ashley," eu exotou a Nate por cima do ombro.
Eu não me importava se ainda estava de serviço e era necessária no local. Minha família vinha primeiro, meu filho vinha antes do meu trabalho. Preferia ser demitida do que não estar ao lado do meu filho enquanto ele lutava pela vida. Quem fez isso com eles ia pagar.
"Vou com meu filho," eu disse a um dos médicos quando colocaram Blake na parte de trás da ambulância. Ele não pareceu surpreso.
"Tá bom," ele respondeu, embora eu já estivesse dentro do veículo, sentada ao lado de Blake.
Alguns segundos depois, trouxeram Ashley para seu lado. Eu me abstive de segurar a mão de Blake, não querendo atrapalhar os paramédicos.
"Façam tudo ao seu alcance para salvar essas crianças. Por favor." Eu praticamente implorei enquanto eles corriam para usar o desfibrilador em Ashley enquanto ela tinha uma parada cardíaca.