Capítulo 72
1401palavras
2023-01-26 00:01
Ponto de vista de Ashley
Dor- foi tudo o que senti, passando por todo o meu corpo como ondas de choque. Não era uma dor normal, era insuportável. Eu queria que parasse, queria que tudo parasse.
Ouvi vozes desconhecidas me chamando. Me diziam para ficar com eles, mas me senti esvair. Eu estava com muita dor. Meu coração doía, meu corpo estava dormente. Não conseguia me mover.
Senti como se estivesse flutuando, não na água, bem acima do céu. Era exatamente como eu imaginava que seria para um passarinho aprender a voar pela primeira vez.
Eu estava morrendo?
Não dava para saber. Se estivesse mesmo, por que parecia algo tão pacífico? Por que eu queria ficar na terra? Por que não estava lutando para voltar para minha família? Será que era demais?
Eu não conseguia ver nada, só um branco vazio. Por que não havia nada? Era isso o que chamavam de ver a luz? Paraíso?
Se fosse isso, era o que eu estava sentindo. Uma poderosa força elétrica tomava conta do meu peito. Meu coração tentava resistir, eu sentia. Meu peito se enchia, meus olhos e boca estavam fechados.
Queria gritar, dizer a eles que deviam me deixar partir. Eu estava em paz.
Mas estava mesmo? Eu estava sozinha, sem Blake, sem Arden, sem mamãe ou papai, sem Ryan, Rosalie ou Liam. Não havia o tio Luke, Noel ou a tia Rose. Não havia nada. Eu estava sozinha.
Senti outra descarga no meu peito. Era desconfortável, como um ímã batendo no metal. Meu peito levantava novamente enquanto os ouvia falando. Seriam anjos? Não, não poderia ser.
Talvez eu ainda não estivesse realmente morta, estava num limbo. Então ouvi, enquanto sucumbia ao sentimento de solidão, sua voz, a voz que mais amava, a voz de Blake, ele estava lá.
"Acho bom começar a lutar por nós, Ley."
"Não vou deixá-la ir embora."
"Volte para nós, Ley, Volte para mim."
"Preciso de você. Nós precisamos de você."
"Eu te amo."
Foi como um eco, que eu ouvi várias vezes até que um novo sentimento me envolvesse. Eu precisava lutar por nós. Não podia ficar nesse limbo, ainda não era a minha hora de partir. Eu precisava voltar para a minha família, precisava voltar para Blake.
Era Clara. A voz ficou mais clara quando senti a sensação elétrica tomar meu peito novamente. Diretou até meu coração, então senti um leve batimento, que viraram dois e três.
"Lute, Ley", eu dizia a mim mesma.
Quatro. Cinco.
"Ela está voltando!", um homem gritou.
Estavam falando de mim? Era eu que estava voltando? Consegui lutar? Esperava que sim, não queria desapontar ninguém.
O branco desapareceu, dando lugar a uma imagem embaçada de início, mas depois as memórias bombardearam em minha mente. "Agora, Ley, não é um pouco inocente demais para esses livros?", ele disse e sorriu para mim zombando, mas eu podia notar um certo desejo por trás disso.
Por que não tinha notado isso antes?
A memória se esvaiu e outra apareceu. "Disse que te pegaria", ele disse sorrindo para mim.
A memória desapareceu e foi substituída pela imagem do rosto de Blake bem perto do meu. Ele rapidamente puxou meu rosto para o dele e apoiou seus lábios quentes sobre os meus. A eletricidade zumbiu por todo o meu corpo, começando dos nossos lábios até os dedos dos pés. Era o nosso primeiro beijo.
Novamente, a memória desapareceu e outra ressurgiu. "Não consegui parar de pensar na noite passada", ele sussurou atrás de mim.
"O que você está fazendo comigo, Ley?", ele disse na primeira vez que deixei-me levar e obriguei ele a fazer o que ambos queríamos.
"Quero que me faça esquecer", a minha voz dizia dessa vez. Me lembrei da sensação de estar segura em seus braços, fui protegida do mundo cruel e de Peter.
"Eu te amo pra c*ralho, Ashley. Sempre amei. Para ser bem honesto, descobri isso depois que ajudei você a limpar os ovos podres no oitavo ano", ele desembuchou. Como não vimos que tínhamos nos apaixonado demais e não tinha mais volta?
"Quero te levar para sair", me lembrei dele dizendo, e de como estava nervoso quando me perguntou, mas fiquei tão chocada que ele ficou confuso. Sem dúvida achando que tinha feito algo errado.
"Quer que eu faça amor com você?", ouvi ele perguntar, e tinha tanta certeza sobre a decisão que nunca me arrependi de ter dito a ele que estava pronta. Eu estava pronta para ele.
"Quero sentir você, Blake. Dentro de mim, tomando tudo o que sempre foi seu", respondi, e foi o que ele fez, me mostrando como era incrível estarmos conectados. Duas almas que se amavam, conectadas como uma só. Foi mais do que felicidade, foi o paraíso.
A memória desapareceu até que eu me vi ao lado do meu armário. Assistindo Blake entrar no refeitório. "Vai me ignorar o dia todo?", ele disse por trás de mim, com seu corpo imponente perto do meu.
A memória desapareceu, outra surgiu. Raiva, eu senti raiva. "Me deixe em paz e não me siga", ouvi eu mesma dizendo.
A imagem dele ficando lá sozinho foi substituída e agora Blake estava diante de mim, com uma expressão de dor. "Eu queria ter te beijado uma última vez antes de partir", ele disse.
Meu coração começou a bater mais rápido. "Eu te amo, Ashley", ele disse antes de seus olhos revirarem, e caiu. Um grito penetranteu, dessa vez, era meu. Com Agonia, tristeza, sofrimento e angústia.
Dor.
"Blake?", chamei em pensamento. A memória desapareceu rapidamente e foi substituída.
Onde era isso?
Eu estava dentro de uma casa, ou o que parecia uma casa. Estava parando no meio da porta olhando para fora. Um jipe preto parou na frente.
Senti minhas mãos levantarem e respousarem em minha barriga que estava bem redonda. Rapidamente olhei para baixo e fiquei chocada. Estava grávida. E não só isso, tinha um anel de diamante no meu dedo. Estava casada. Levantei a cabeça quando ouvi a porta de um carro bater.
Felicidade e amor tomaram conta de mim quando Blake se aproximou de mim com um sorriso estampado no rosto. Meus olhos fitaram sua mão e vi uma faixa dourada em seu dedo anelar.
Ele me tomou em seus braços e disse: "Senti sua falta, amor. Como está o nosso menino?" Então colocou a palma da mão na minha barriga redonda. Senti um chute, depois dois, bem onde a palma da mão de Blake estava.
"Ele está chutando muito. Um encrenqueiro como o pai", me ouvi dizer. Era estranho, como se estivesse acontecendo agora, mas não tinha controle sobre mim mesma, pois me via em primeira pessoa.
"Ou ele sabe que o pai chegou", ele respondeu e riu se inclinando para me beijar. Amor e adoração transbordavam de mim. Seria esse o nosso futuro? Eu estava vendo nosso futuro?
Senti um puxão repentino, como se me puxassem para longe. Eu estava sendo puxada da memória. Eu não queria ir embora.
O amor que sentia por Blake e nosso filho ainda na barriga, queria sentir isso para sempre, queria ficar neste momento de felicidade para sempre.
"Espere aí, ainda não. Não vá embora", ouvi como um eco enquanto implorava para permanecer nesta visão.
Escuridão total. Bip. Bip. Bip.
Dor. Minhas pálpebras pareciam sustentar bigornas.
Tinha algo dentro do meu nariz que me fornecia oxigênio. Eu precisava me mexer. Forcei meu cérebro a trabalhar, até que conseguisse sentir meus dedos se mexerem. Um, dois, até que todos estivessem se movendo.
Minhas pálpebras ainda estavam pesadas, mas as forcei a abrir. Elas vibraram até se abrirem completamente. Fiquei feliz, até sentir a luz queimar meus olhos.
Gemi baixinho e pisquei rapidamente para ajustar meus olhos à luz. Quando senti que meus olhos não doíam mais por conta do brilho da luz, virei para a direita. Instantaneamente, senti meu coração acelerar ao ver Blake do meu lado.
Eu deitava numa cama com um acesso intravenoso. Ele grunhiu até que seus olhos se abriram. Ele deveria ter sentido meu olhar, porque rapidamente virou a cabeça para mim.
Lágrimas tomaram conta de seus olhos e eu tive certeza de que o mesmo acontecera comigo. Ele me lançou um sorriso maroto e disse: "Sabia que você sobreviveria. Você é minha lutadora." Ele estendeu a mão até a minha.
Estávamos perto o suficiente para que nossos dedos se tocassem. "Sempre", respondi, sentindo as lágrimas encharcando a fronha sob meu rosto.