Capítulo 40
1325palavras
2022-12-19 14:20
Ponto de vista de Ashley
Abri a porta lentamente, com uma ansiedade revirando meu estômago. A casa estava estranhamente silenciosa, o que era estranho.
Normalmente teria gritos de raiva do papai direcionados ao Arden, Dizendo a ele que o que ele fez era errado e desnecessário. Mas não tinha nada, apenas silêncio.
Fechei a porta suavemente e reajustei a alça da mochila. Ryan tinha acabado de me deixar em casa alguns segundos atrás.
Mas estava faltando alguém, Arden. Me levou a acreditar que ele não tinha escapado dessa vez e provavelmente estava em casa.
Procurei por ele em toda a escola com a ajuda de Blake e Rosalie que estava preocupada. Mas não o vimos e não conseguimos entrar em contato porque ele não atendia o telefone.
Liam não foi para a escola por causa de uma fratura no tornozelo na noite passada, então não havia como ele saber onde Arden estava.
Nas palavras de Rosalie: "O idiota tentou andar de skate, mas acabou caindo sobre o tornozelo". Prometi visitá-lo quando tivesse oportunidade.
Afinal, ele Era como um irmãozinho e seria bom rever Roro e o tio Luke, que me proibiu de chamá-lo de Lukey.
Ao me aproximar da cozinha, ouvi um barulho de metais se batendo. Era um som muito desagradável e, quando me aproximei da porta, vi mamãe raspando freneticamente uma panela de macarrão com queijo. Seu cabelo estava preso mas caiu sobre os ombros.
Ela parecia atordoada e preocupada enquanto raspava a panela com força. Era como se ela não tivesse notado minha presença.
Mordi meu lábio inferior e caminhei para a cozinha até ficar em frente a ela, a poucos metros de distância, separadas apenas pelo balcão da cozinha.
"Mamãe", a chamei baixinho a observando colocar uma mecha para trás da orelha e voltar a raspar.
Seus olhos verdes, que eram idênticos aos meus, estavam focados na tarefa que, pelo que pude perceber, era deixar aquela panela o mais impecável possível.
"Mamãe", eu disse mais alto, já que ela não tinha me ouvido da primeira vez. Ela parou e sua cabeça lentamente se levantou. Seus olhos verdes estavam repletos de preocupação enquanto ela olhava para mim. Ela parecia perturbada.
"Ah, querida, não ouvi você entrar", ela disse e forçou uma risada, mas pude ver uma profunda preocupação em seu rosto.
"Claramente", eu respondi e sorri. "Arden está em casa?", perguntei. E então entendi porque ela estava tão preocupada, pois, quando vi, seus olhos estavam cheios de lágrimas.
Joguei a mochila no balcão e corri para o lado dela. "O que houve, mãe?", perguntei enquanto a puxava para o meu peito e a abraçava. Era irônico, já que deveria acontecer o contrário.
"O diretor me ligou hoje. Arden entrou em outra briga", ela fungou e soltou do meu abraço. Ela suspirou e foi até a pia para continuar a esfregar.
"Ele foi expulso", ela disse tão baixo que pensei ter ouvido outra coisa.
Quando finalmente entendi, senti meu rosto ficar branco como um fantasma. Estava sem palavras, não esperava esse tipo de notícia. Claro que Arden já foi suspenso várias vezes, mas entendi que essa foi a gota d'água.
"Então, onde está o Arden?", perguntei e olhei em volta.
"Ele está no quarto. O diretor me pediu para buscá-lo, e fiz isso", ela disse e fungou novamente antes de raspar a panela.
Ela agarrou a borda do balcão com força e respirou fundo.
Então, ela se virou para mim e disse: "Eu sou uma mãe ruim? Eu falhei com ele de alguma forma? Eu..." Sua voz falhou no final.
Estava chocada com suas palavras. Uma mãe ruim? Falhou com ele? Eu balancei minha cabeça e coloquei minha mão em cima da mão dela.
"Mamãe não é uma mãe ruim, nunca será. Mamãe é a melhor mãe que alguém poderia querer. Você pode não achar isso agora, mas Arden admira você e o papai, ele te ama muito. Nunca falhou com ele e nunca falhará", eu a confortei como se implorasse para que ela entendesse.
Ela olhou para a minha mão sobre a dela e pude sentir a tensão deixar seu corpo. "Você vai me avisar se tiver algum problema na escola, certo? Vai me avisar se algo estiver errado?", ela perguntou.
Sua pergunta me surpreendeu tanto que eu não consegui pensar direito. Me senti extremamente culpada e isso me consumia.
Ela achava que era uma mãe ruim porque Arden e eu nunca buscamos a orientação dela ou do papai. Em vez disso, engolimos nossas emoções e nossos segredos até que ficasse pesado demais de suportar.
Mas isso não fazia deles pais ruins, eles eram os melhores. Nós escolhemos manter as coisas longe deles porque achávamos que estaríamos protegendo eles de saber a verdade.
Então, em vez de contar à mamãe tudo o que aconteceu, me contentei com uma mentira e disse: "Sempre vou lhe dizer se algo estiver errado, mãe."
Ela pareceu satisfeita e aliviada com a minha resposta. O que me fez sentir ainda mais culpa, imersa num mar amargo de culpa.
"Papai sabe sobre Arden?", questionei, querendo redirecionar a conversa.
Ela acenou com a cabeça e sorriu tristemente. "Ele está realmente preocupado e bravo. Não com Arden, mas com a situação. Ele deve chegar a qualquer minuto...", ela disse.
Mas nem conseguiu terminar a frase antes de ouvirmos a porta abrir, bater na parede e ser fechada.
"Arden!", papai gritou. "Venha aqui embaixo!", ele continuou.
Sua voz foi seguida pela batida de uma porta no andar de cima. Sabendo que era Arden, mamãe e eu estremecemos. Entramos na sala de estar e vimos papai tirar a gravata. Um Arden resmungão desceu as escadas e não parecia nem um pouco satisfeito com os gritos.
"A que devo o prazer de ser convocado?", ele questionou e se jogou no sofá. Ele apoiou a perna sobre a mesa de centro como se não ligasse para nada.
O rosto do pai estava contraído de irritação e a mamãe parecia confusa sobre o que fazer. Estava feliz por não ser mãe de ninguém. Papai caminhou até ele, empurrou sua perna para fora da mesa e se sentou onde Arden estava com os pés. Ele cruzou os braços sobre o peito e olhou para Arden.
"Se importa em me dizer por que meu filho foi expulso da escola?", ele perguntou em um tom mais suave. Pude ver a preocupação em seu rosto enquanto olhava para meu irmão, que era a réplica dele.
Arden deu de ombros com indiferença e se acomodou ainda mais no sofá. "Não aja como se o Diretor William não tivesse lhe contado tudo", ele disse e revirou os olhos.
"Ele contou e eu não gostei. Arden, você foi expulso e está agindo como se estivesse tudo bem", papai afirmou.
"Não tenho problemas com isso. Pai, pare de se preocupar comigo, eu posso cuidar de mim mesmo...", Arden tentou continuar argumentando.
"Não é o seu trabalho agora!", papai rugiu cortando Arden. Mamãe e eu ficamos em estado de choque, não esperávamos tamanha raiva.
Até Arden parecia surpreso. Papai suspirou e continuou: "Não é seu trabalho cuidar de si mesmo, Arden. Isso é trabalho meu e de sua mãe."
Ele olhou para Arden por um segundo antes de assentir e disse: "Terei uma conversa com seu diretor amanhã cedo para ver se ele pode mudar de decisão."
"Mas você não tem uma reunião importante amanhã de manhã?", Arden questionou confuso.
"Nada é mais importante do que você e Ashley, Arden. Vocês sempre vêm em primeiro lugar", ele disse honestamente. "Rezemos para que eu consiga persuadi-lo", ele disse antes de suspirar. Eu também esperava que desse certo.
Então, um breve pensamento veio à minha mente. Como poderia pedir ao papai para me deixar treinar com Blake? Eu disse a Blake mais cedo que pediria permissão ao meu pai, afinal ainda estava de castigo.
Mas esperava conseguir, pelo menos, fazê-lo concordar. Mas com a situação de Arden, duvidei que ele me deixaria. Papai era muito protetor.