Ponto de vista da Ashley
"Já perguntou a ele?" A voz rouca de Blake vibrou do outro lado.
Eu segurei o telefone no meu ouvido entre minhas omoplatas e bochecha enquanto puxava o material macio da minha calça de moletom.
"Não, ainda não, ele está ocupado conversando com Arden lá embaixo." Eu resmunguei e soltei um gritinho quando quase caí.
Endireitando-me, segurei o telefone da maneira certa, com a mão. "Arden foi expulso. Acho que papai não estaria disposto a me deixar treinar." Suspirei e me joguei na minha cama na posição de uma estrela do mar e coloquei Blake no viva-voz enquanto olhava para o teto alto.
"Dr*ga, acho que o diretor William foi um pouco duro ao expulsar Arden. Seus pais falaram com ele?" Blake perguntou, preocupado.
Eu balancei a cabeça, então percebi que ele não poderia me ver exatamente a menos que fosse um Deus enviado para ficar de olho em mim... Certo, me perdi nos meus pensamentos.
"Sim, falaram. Mas para eu responder sua pergunta corretamente, eu preciso saber a qual 'ele' você está se referindo?" Eu sorri e mesmo que eu não pudesse vê-lo, sabia que ele havia revirado os olhos com a minha pergunta.
"O diretor, amor." Ele riu e o som desceu direto para a parte entre as minhas pernas.
"Sabe, acho que não me acostumaria com você me chamando de 'amor'. E, respondendo à sua pergunta pela segunda vez, sim, minha mãe falou, mas não teve sorte.
"E meu pai, porém, vai falar com ele amanhã de manhã cedo. Conhece meu pai, Blake, ele sempre consegue o que quer." Eu ri.
Blake riu, concordando comigo. Era verdade, papai sabia como conseguir exatamente o que queria, basicamente por isso ele era um empresário de sucesso.
"É melhor se acostumar comigo chamando você de 'amor' de agora em diante, porque você definitivamente vai ouvir muito. E tente persuadir seu pai a deixar você treinar, estou meio que ansioso." Sua voz soou travessa, com uma promessa de infinitas coisas perversas que eu não ousaria mencionar em voz alta.
Isso fez com que minhas coxas se apertassem deliciosamente, lembrando-me de como ele me dava prazer. Senti a umidade começar a acumular entre as minhas pernas e apertei-as. Era isso que Blake fazia comigo.
"Onde você está?" Eu questionei, me sentando. Meu corpo ficou quente de repente e eu queria Blake naquele exato momento.
"Na Academia." Ele respondeu, então ouvi o baque surdo de uma bolsa sendo jogada em uma superfície. Eu balancei a cabeça e peguei meu telefone, colocando-o no viva-voz, então o aproximei do meu ouvido.
"Tá, vou falar com meu pai e tentar convencê-lo a me deixar ir. Se ele disser sim, eu te aviso." Saí correndo e pulei da cama.
"Uau, parece ansiosa para começar a treinar, bambina." Ele riu. Sim, eu também estava ansiosa, mas não pelo motivo que ele pensava. Eu ri e nós dois nos despedimos depois de dizer "te amo".
Então o fogo se apagou quando percebi que tinha que falar com meu pai. Como diabos eu deveria começar? Talvez eu devesse esquecer de aprender boxe e tentar fazer bonecas Barbie lutarem contra estupradores.
Mas eu não teria o bônus de ficar sozinha com Blake. Suspirei em derrota e caminhei até a porta. Eu endireitei minha postura e tentei absorver o máximo de confiança possível.
Desci as escadas lentamente ganhando tempo para pelo menos pensar em como eu pediria ao meu pai. Eu podia ouvi-lo ainda falando com Arden e pensei se era a hora certa de conversar com ele. Eu não queria perturbá-los, ainda mais sabendo que papai provavelmente estava dando um sermão sobre algo importante.
Mas, quando virei a esquina para entrar na sala de estar, Arden passou por mim. "Arden." Eu o chamei enquanto ele subia as escadas. "Vou dormir." Foi sua resposta contundente antes de desaparecer da minha vista.
Eu me virei para encarar meu pai, que agarrou os cabelos e gemeu grustrado. Ele ainda estava sentado perto da mesa de centro e parecia estressado. Mamãe não estava à vista e não era surpreendente, já que papai nos disse para deixar ele e Arden sozinhos para conversar. E pelo som fraco do fluxo de água batendo nos ladrilhos do andar de cima, eu sabia que ela estava tomando banho.
Papai levantou a cabeça e nossos olhos se encontraram. Ele parecia cansado, mas ainda sorriu para mim. "Quer alguma coisa, filhinha?"
Talvez fosse uma má ideia. Eu deveria esperar para perguntar a ele, até porque ele já estava com problemas suficientes. Então balancei a cabeça e me preparei para me virar. "Não é tão importante, papai."
"Pare e venha aqui Ashley." Ele ordenou.
Suspirei, meus ombros caídos, e então me arrastei até ele. Seus braços agora estavam cruzados sobre o ombro, de suas sobrancelhas levantada em questão. "Bem, vá em frente e me pergunte."
Cruzei a mão sob o peito e gemi. "Como sabia que eu queria te perguntar alguma coisa?"
Ele me lançou um olhar sério e revirou os olhos. "Você é minha filha, Ashley, e tem a mesma expressão de cachorrinho perdido que sua mãe faz quando quer alguma coisa." Ele sorriu, então seu olhar ficou sério. "Agora pode me perguntar."
Suspirei derrotada, em seguida, baixei meus olhos para olhar para o tapete sob nossos pés. "Posso aprender a lutar boxe?" Eu disse sem pausar. A frase soou meio incoerente.
"Eu não posso responder exatamente se eu não entender uma palavra do que você acabou de dizer." Papai riu.
Suspirei e olhei para ele, reunindo coragem abri minha boca para perguntar. "Posso aprender a lutar boxe? Não se preocupe, Blake vai me treinar." Eu disse rapidamente.
Houve uma pausa estranha de um minuto inteiro antes de ele responder. "Está louca? Boxe? Ashley, você pode se machucar!" Ele sibilou descontente.
"Eu sei. Mas, pai, por favor, eu quero isso, quero aprender a me defender." Eu implorei.
"Se defender? Existe algo que você não nos contou? Por que está tão empenhada em aprender a lutar, Ashley?" Ele questionou.
Meu coração bateu forte sabendo exatamente por que eu queria aprender a me defender. Eu não queria me sentir impotente mais uma vez. Eu odiava a sensação de ser fraco e não ser capaz de empurrar Peter. Eu precisava disso.
"Pai, por favor." Eu implorei. "Eu não quero Arden ou ninguém lutando minhas batalhas. Eu quero ser capaz de me proteger se algo acontecer. Você não vai estar comigo o tempo todo, pai, nem Blake, Ryan ou Arden." Era uma meia verdade. Não dei a ele o principal motivo pelo qual queria lutar boxe.
Ele pareceu pensar por um instante enquanto me fitava, então acenou com relutância. "Pronto. Só com uma condição: você chega em casa antes das 19h, e Blake não vai permitir que você lute com ninguém, além dele." Ele afirmou.
"Ah, e ele não vai exagerar no treinamento. Quero você inteira quando voltar para casa."
Eu sorri e o abracei. "Obrigada, papai." Então, me afastei. "Então isso significa que não estou mais de castigo?"
Seus olhos se estreitaram. "Não force."