Capítulo 29
1114palavras
2022-12-13 10:53
Ponto de vista da Ashley
Blake ficou em silêncio durante toda a volta para casa. Ele não estava tão feliz comigo.
Não depois de ouvir que eu não iria prestar queixa contra o garoto que descobrimos se chamar Peter William.
Suspirei e apoiei minha cabeça que estava protegida pelo capacete nas costas dele. Eu o senti se contrair antes de relaxar.
Minhas mãos seguravam a cintura dele, e adorava sentir seu abdômen definido através da camisa fina que ele usava.
Avistei minha casa e suspirei. Eu não queria ficar sozinha.
Na verdade, queria ficar assim com ele para sempre.
Embora fosse impossível, eu queria isso.
Blake estacionou a moto do lado da calçada.
A moto era da mãe dele, mas ela a deu de presente para o filho quando ele mostrou interesse no que muitos consideravam uma armadilha mortal.
Ele guardava isso com carinho em seu coração. Como ele dizia, a moto era "o bebê" dele.
Tirei o capacete e sacudi o cabelo. Não adiantou de nada, continuava tão bagunçado quanto antes. Blake tirou o capacete e me ajudou a descer.
"Obrigada", eu disse e fiquei com a cabeça baixa enquanto ajustava as alças da mochila.
"Tem certeza que está bem?", ele me perguntou pela segunda vez.
A primeira aconteceu depois que eu disse à mãe dele.
Quando ele me ouviu, expressou sua raiva pela minha decisão e ficou mudo.
Portanto, era fofo que ele me perguntasse mais uma vez, mesmo que ainda estivesse bravo.
Eu finalmente tive coragem de olhar para cima e, instantaneamente, nossos olhos se encontraram. Eu sentia falta disso, sentia falta de como éramos próximos antes de tudo mudar entre nós. Era ruim querer dizer a ele o quanto eu o amava ali mesmo?
Balancei a cabeça concordando como resposta à pergunta dele e acabei sorrindo um pouco.
"Prometo que estou bem, Blake", assegurei a ele.
Eu estava realmente bem?
Ainda podia sentir as mãos nojentas de Peter por todo o meu corpo. Me tocando onde eu só queria que um homem que eu amava tocasse.
A imagem voltou à minha cabeça e me esforcei muito para não vomitar.
Ele suspirou, sem acreditar em mim. Na verdade, eu também não acreditava em mim mesma.
"Sabe que estarei sempre aqui para o que precisar, Ley. Se precisar de mim, é só me ligar", ele me disse.
Sorri para ele e senti meu coração acelerar diante de suas palavras. 'Foi exatamente assim que me apaixonei por você, Blake.' Eu pensei.
"Eu sei, Blake, agora volte para casa antes que seu pai queime a cozinha", eu brinquei, mas saí forçada e desengonçada.
Ele bufou.
"Ah, cumprimente para o Reagan e dê um beijo na bochecha de Asta por mim", completei.
Reagan era a irmã mais nova de Blake, seis anos mais nova que ele. Ela foi basicamente concebida alguns meses depois que o pai de Blake saiu da prisão. Ela era muito madura para a idade, então era fácil achar que ela era a irmã mais velha.
Asta, por outro lado, era um garotinho muito problemático com cinco anos de idade. Ele era o caçula e Blake reclamava que ele recebia toda a atenção. Acho que Blake só estava agindo como um bebezão ciumento.
Blake me deu um sorriso torto.
"Sabe que estou começando a pensar que você tem uma queda pelo meu irmão de cinco anos? Você nunca me deu tanta atenção. Quer dizer, eu nem recebo um daqueles famosos beijos na bochecha. O mínimo que poderia fazer era me dar um pouco de carinho."
O jeito que ele disse soa brincalhão, mas então seus olhos cairam para os meus lábios e escureceram.
"Quer saber, acho que prefiro beijar seus lábios. Ambos." Ele completou em um tom rouco enquanto arrastava suas palavras.
Compreendendo suas palavras, meu rosto queimou de vergonha.
Tropeçando em minhas palavras, rapidamente me despedi antes de deixá-lo rindo atrás de mim.
Depois de ouvir o rugido da motocicleta, indicando sua partida, sorri como se tivesse ganhado na loteria.
Parecia que estávamos finalmente voltando a ser como éramos, com ele me provocando e eu gostando.
Mas no fundo eu temia que não fosse o suficiente, logo eu ia querer mais, mais do que isso.
Abri a porta e fiquei totalmente chocado ao ver meu pai já esperando por mim com os braços cruzados sobre o peito. Ele provavelmente tinha acabado de voltar do trabalho, porque ainda estava usando seu uniforme.
Fiz uma nota mental para dizer a ele que a camisa estava apertada demais.
Embora eu tivesse cem por cento de certeza de que ele usava porque sabia que a mamãe adorava quando elas ficavam justas.
Seus olhos me estudavam com raiva. "Onde esteve, mocinha? Está de castigo, lembra?"
Suspirei e fechei a porta. "Eu sei, papai, mas eu precisava fazer uma pesqusa, então fiquei depois da aula."
Eu conseguia me safar de tudo. Bastava um olhar para os meus olhos de cachorrinho que ele cairia em qualquer coisa que eu dissesse.
Eu o ouvi suspirar e sua raiva se dissipando. Devo admitir que ele era engraçado quando tentava agir como louco. Ele parecia um gatinho em vez de um leão. "Eu estava preocupado, querida. Você deveria ter ligado para avisar que iria se atrasar."
Minha garganta apertou vendo seu rosto preocupado. E sabia que se contasse o que aconteceu, ele ficaria dez vezes mais preocupado do que agora.
Esconder isso deles era algo bom. 'Um segredo não faria mal.' Eu disse a mim mesma repetidamente até decorar.
Mas por que sentia que estava fazendo algo atroz?
Eu ouvi passos vindo em nossa direção e na hora soube que era mamãe. E estava certa, seu cabelo castanho apareceu um segundo depois. Com leggings rosa e um top esportivo verde-limão, mamãe estava muito sexy, mesmo na idade dela. Disse que eu era exatamente como ela, algo que me deixava muito feliz.
Ela parou ao lado do pai e franziu a testa enquanto me encarava. "Onde estão seus óculos, querida? E o que aconteceu com seu cabelo?" Ela engasgou vindo para correr os dedos pelas minhas longas madeixas na tentativa de arrumá-las.
Meus ouvidos tremiam com as batidas do meu coração, tão rápidas que pensei que todos pudessem ouvir também.
A imagem dos meus óculos quebrados no chão da escola me fez gemer internamente. Como explicaria aquilo?
"Tropecei e eles quebraram. Devo ter esquecido de pegar depois porque já estava atrasada para a aula."
Essa era a melhor desculpa que eu poderia inventar?
"Ah, então vamos comprar um novo para você amanhã." Mamãe disse, mas papai continuou mudo, e meu medo era que ele tivesse me pegado na mentira.
Mas, mesmo que tivesse, ele não disse nada, então agradeci mentalmente por isso.