Capítulo 28
1305palavras
2022-12-12 11:39
Ponto de vista de Ashley
Ficámos sentados numa mesa por aproximadamente cinco minutos. Meus olhos não desgrudaram do relógio a cada segundo que passava. Era desesperador ter que esperar a polícia chegar.
Meus braços estavam cruzados sob o peito, como uma barreira protetora para o que poderia acontecer. Eu sabia que, eventualmente, teria que explicar o que aconteceu.
Mas isso não facilitava nada. Na verdade, fiquei revoltada só de pensar em falar sobre isso.
O segurança passou um pano úmido no rosto do menino.
E esse cr*tino finalmente recuperou a consciência e começou a xingar baixinho enquanto o homem pressionava o pano em sua bochecha.
Blake estava em silêncio, mas eu pude sentir a raiva irradiando dele em ondas.
Sabia que ele estava chateado e, pela maneira como olhou para o cara que tentou me estuprar, sabia que ele ainda estava pensando em maneiras de assassinar aquele cara.
O som das sirenes me deixou formigando de ansiedade e comecei a suar muito. Eles estavam aqui.
"Blake, estou com medo", sussurrei no ouvido dele.
Ele saiu da mesa e veio na minha direção, puxando minha cabeça para seu peito.
"Está tudo bem, bambina, nada de ruim vai acontecer", ele confortou.
Sabia que ele estava tentando aliviar minhas preocupações, mas nem ele acreditou em suas próprias palavras.
Não havia garantia de que os policiais acreditariam em nós ou ouviriam o que aconteceu.
Pelo que sabíamos, o cara poderia inventar a coisa mais ridícula e sair impune.
"Tenho medo que prendam você...", comecei a dizer mas engasguei pressionando meu nariz na camisa preta dele.
"Não vão", ele me assegurou passando a mão pelo meu cabelo me confortando.
"É melhor não estarem planejando escapar disso. Os policiais estão aqui e vão descobrir o que aconteceu", o segurança murmurou.
Me afastei de Blake e olhei para o segurança. Ele sequer pensou que eu pudesse ser a vítima, e não o garoto que ele estava cuidando.
Eu não podia culpá-lo, não expliquei exatamente a ele o que aconteceu.
"Policiais?!", o menino que tentou me estuprar gritou. Era como se ele agora entendesse o que estava acontecendo ao seu redor e não parecia nem um pouco feliz em ouvir a notícia.
Nesse segundo, a porta se abriu e um dos policiais mais bonitos que já vi na vida entrou.
Minha ansiedade e medo diminuíram quando o oficial Ryn e o oficial Nate entram.
Blake visivelmente suspirou aliviado quando viu sua mãe e seu tio.
"Blake Tyler Reed, o que você fez!?", gritou Ryn num misto de aborrecimento e raiva.
Atrás dela, Nate abafou o riso.
O rosto do segurança estava confuso.
"Por que sempre acha que sou o culpado, mãe?", Blake suspirou reclamando.
Ela cerrou os olhos e disse: "Você é filho do seu pai. A cópia exata dele em todos os sentidos." Então, ela caminhou até nós, mas parou quando viu um adolescente no chão com um rosto quase irreconhecível.
"Meu Deus, Blake, o que você fez?", ela sussurrou horrorizada.
Blake ficou grunhindo do meu lado e disse: "Não fui eu que errei dessa vez. Esse safado..."
"Posso falar com você a sós, oficial Ryn?", perguntei, interrompendo Blake. Eu sabia que ele estava confuso, mas não disse nada.
Os olhos de Ryn se arregalam em choque, como se tivesse acabado de perceber que eu estava lá. Recuperando a compostura, ela acena com a cabeça rapidamente. Ela cutuca até o canto da sala e diz algo para Nate antes de caminhar até o canto.
Blake segurou meu braço, me parando, e disse preocupado: "Quer que eu vá com você?"
Me virei para ele e dei um sorriso tranquilizador.
"Está tudo bem, deixa comigo", eu respondi e fui até Ryn que estava me esperando.
Parecia que eu mesma estava me tranquilizando. Confesso que tive medo de contar a alguém o que aconteceu.
Me senti imunda e quis esfregar minha pele até ficar vermelha. Mas isso teria que esperar.
Bastou apenas um olhar para o meu corpo tenso e cabelo despenteado para que o rosto de Ryn se transformasse, ficando da cor de um fantasma.
"Por favor, me diga que não foi isso que aconteceu aqui", ela disse como um apelo, e meus olhos se encheram de lágrimas.
"Nossa", Ryn sussurrou com pena.
Respirei fundo e evitei seu olhar. Agora parecia tão real. Eu era uma vítima de agressão sexual e odiei isso. "Blake não tem culpa", comecei a dizer, e pigarreei para limpar a garganta.
"Eu tinha ficado para trás para obter informações sobre um assunto. Estava saindo quando ele...", eu disse trêmula, apontando para o cara que agora parecia assustado. "Me puxou para uma sala de aula vazia e tentou me estuprar", concluí.
As lágrimas que segurei agora corriam livremente.
Finalmente, tive coragem de olhar para Ryn e ver a raiva em seus olhos.
"Blake chegou bem a tempo, antes que a situação piorasse", eu continuei.
Ela me puxou para seus braços, acariciando minhas costas para me confortar enquanto eu chorava em seu uniforme.
"Querida, eu sinto muito que isso tenha acontecido com você. Vamos fazê-lo pagar, eu prometo", ela sussurrou ao meu ouvido.
Ela se afastou, me olhou preocupada e disse: "Quer que eu ligue para os seus pais?"
"Não!", eu disse logo. "Por favor, não conte a eles o que aconteceu, quero contar a eles quando eu estiver pronta. Por favor, não envolva eles", eu implorei.
Eu não sabia como iria enfrentá-los sabendo que estive tão perto de ser estuprada.
Senti vergonha por isso ter acontecido comigo. E de certa forma, eu estava com medo de que mamãe e papai não me olhassem da mesma forma novamente. Eu sabia que eles começariam a pisar em ovos ao meu redor.
Eu não queria isso e, definitivamente, não queria preocupá-los também. Meu pai eu não deveria nem sair de casa e estudaria em casa pelo resto do semestre.
As sobrancelhas de Ryn franziram em confusão e ela aconselhou: "Eles serão envolvidos, Ashley, quando fizer a denúncia..."
Balancei a cabeça, sentindo o medo subir pela minha espinha, e interrompi: "Não, não, eu não quero isso." Saí correndo.
Ryn ficou pálida em estado de choque.
Fui burra por não querer que o menino pagasse pelo que fez?
"Apenas faça com que ele fique longe de mim, por favor, é tudo que eu quero", sussurrei.
Ela suspirou e olhou para o menino que parecia ter visto um fantasma. Nate se aproximou dele e começou a interrogá-lo.
"Olha, Ashley, está confusa demais para tomar uma decisão. Vou te dar um tempo, mas aconselho você a fazer a queixa. Não gosto do fato de você não querer informar seus pais sobre isso, mas me prometa que contará a eles quando estiver pronta", ela disse com um tom severo.
"Bem, aquele idiota não parece que precisa de um hospital, precisa de uma cela de prisão", ela resmungou e começa a caminhar até o menino machucado.
Meus olhos se arregalam, comecei a segui-la rapidamente e disse: "Mas não fiz a queixa..."
"Ele ainda agrediu você sexualmente, Ashley, ele merece ficar numa cela. Olha, eu disse que vou manter seus pais fora disso, mas nunca concordei em manter esse abusador livre. Vá para casa que eu cuidarei disso", ela disse e forçou o menino a se levantar de forma rude.
Ela o virou e se virou para seu filho, dizendo: "Fez um estrago nele, filho. Ensinei bem a você."
Ela sorriu, ficou séria e continuou: "Leve Ashley para casa e comece a preparar o jantar antes que seu pai queime a cozinha novamente. Ah, e se sua irmã precisar de ajuda com o dever de casa, ajude ela."
Ela virou o menino bruscamente e ele soltou um gemido de dor.
"Não é muito bom ser a pessoa indefesa agora, não é, garotinho?", ela perguntou.
"Ryn, vai quebrar o braço do cara", Nate disse com uma risada divertida.
"Opa!", Ryn respondeu.