Capítulo 30
1228palavras
2022-12-13 11:03
Ponto de vista da Ashley
Eu me revirei na cama, chutando o cobertor que queria me proteger em seu calor.
Não era o que eu queria naquele momento, eu só queria dormir em paz.
Mas a imagem da mão áspera de Peter em meu corpo me despertou.
A náusea instalou-se instantaneamente no meu estômago, rolando em ondas que me impediam de adormecer.
Lembrei da sensação de impotência, sentido-me fraca quando ele me prendeu sob seu corpo. Eu sabia que não teria sido capaz de lutar contra ele.
Veio também a lembrança do suor fino que cobria minha pele, a maneira como meu coração batia dolorosamente em meu peito.
Mesmo protegido pelo meu esterno, senti como se o tivessem arrancado do meu peito. Rolei de costas e olhei para o teto.
Já era noite e todos já tinham ido dormir. Mais cedo, perdi o jantar com minha família.
Eu estava muito ocupada esfregando minha pele até quase ficar em carne viva.
Passei pelo menos uma hora no chuveiro, e sabia que papai e mamãe estavam preocupados.
Eu estava certa, porque depois que saí do banheiro, dei de cara com mamãe me esperando.
Seus olhos examinaram minha pele e a preocupação iluminou suas feições.
Era isso que eu estava evitando, não queria preocupá-los, mas o fiz de qualquer jeito.
Senti vergonha e rapidamente procurei uma desculpa.
"Caí em algo nojento hoje, precisava daquele banho." Eu expliquei, rindo para aliviar suas preocupações, mas meu tom saiu tenso.
"Se algo aconteceu na escola hoje, pode me contar. Estou sempre aqui para você, amor. Seu pai também." Ela a confortou suavemente.
Meus lábios tremeram, então suguei-o inferior entre os dentes para que ela não percebesse.
Então, quando o tremor parou, respondi à pergunta disfarçada. "Estou bem mãe, é sério."
Ela não pareceu satisfeita ou convencida com a minha resposta, mas não me questionou mais.
Depois disso, ela me deixou sozinha e a culpa seguia nadando em meu corpo até aquele momento.
Suspirando, sentei-me na cama e olhei para a janela entreaberta. Meus esforços para tentar dormir eram infrutíferos.
Não fazia sentido tentar, não quando a imagem de Peter prendendo meu corpo ainda estava fresca em minha cabeça.
Então, saí da cama e caminhei até a janela. Abrindo ainda mais as cortinas, encarei a rua escura e vazia.
Encostei minha cabeça na vidraça fria da janela, suspirando enquanto o frescor aliviava minha carne aquecida.
Então minha cabeça foi tomada pelo pensamento de o que Blake estava fazendo naquele instante, sentindo sua falta.
Tirando minha cabeça do vidro, virei-me para olhar para o relógio.
Dez e meia.
Então me lembrei de que Blake tinha uma luta, que provavelmente iria começar logo.
Olhando pela janela novamente, um pensamento muito arriscado me veio à mente.
Mordi meu lábio e balancei minha cabeça.
Eu não poderia...
Poderia?
Enquanto pensava se seguia com minha ideia, a razão me lembrou que era arriscado e ainda estava de castigo.
Mas papai geralmente estava tão absorto na mamãe que não ouvia nem se alguém invadisse a casa.
Eu só precisava ficar o mais quieta possível e não deixar Arden me pegar no ato.
Meus olhos procuraram pela escada que meu pai geralmente deixava encostada no telhado.
Da última vez que vi não estava lá, mas felizmente naquela noite estava. Seria muito mais fácil de fugir assim.
Peguei meu moletom e o coloquei, não me importando se estava de pijama.
Eu estava realmente pensando em ir a uma luta de boxe de pijama.
Eu devia estar muito desesperada para ver Blake.
Sabia que era porque estava com medo essa noite, queria que sua presença acalmasse meu medo.
Do jeito que sempre fez.
E eu precisava muito disso naquele momento.
Calcei meus tênis e caminhei de volta para a janela, suspirando enquanto abria totalmente. O ar frio bateu no meu rosto e estremeci involuntariamente. Então, me puxei para fora da minha janela, virando-me para fechá-la.
Chupando meu lábio inferior, andei até a borda do telhado onde a escada era visível.
Ocasionalmente, olhava para trás para ver se Arden iria me flagrar. Mas sua janela estava fechada e as cortinas impediam que alguém visse o interior.
Dizendo a mim mesma para não olhar para baixo, eu me virei para poder descer.
Meus dedos envolveram firmemente o metal frio enquanto desci cautelosamente.
Finalmente sentindo a terra sob meus sapatos, soltei um suspiro aliviado.
Eu havia sobrevivido ao pior.
Então comecei a pensar em como exatamente chegaria lá. A academia de boxe ficava a uns bons dez minutos a pé.
Com o que aconteceu mais cedo, eu nunca teria coragem de andar sozinha àquela hora.
Então, rapidamente tive uma ideia.
Eu poderia ir de bicicleta lá. Com certeza daria certo.
Mas o fato era que eu tinha aquela bicicleta desde os seis anos de idade. Era rosa e não comportava uma garota do meu tamanho, mas eu poderia pelo menos tentar.
Então, fui até o lugar onde Mimi, minha vizinha de sete anos, deixava ela quando terminava de usar. Ela era uma criança doce a quem eu muitas vezes emprestava a bicicleta.
Não importava quantas vezes eu implorasse a ela para ficar com aquilo, seus pais recusavam.
A bicicleta rosa demais era chamativa com a luz da lua brilhando diretamente sobre ela. Eu estremeci, mas mantive minha resolução e segui pela estrada. Olhando para trás, vi minha casa uma última vez antes de seguir para o ginásio.
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Saltei da bicicleta e a apoiei na parede de pedra.
Então, percebi olhares curiosos das pessoas ao meu redor, mas não dei atenção a eles.
Em vez disso, segui para a entrada do ginásio, chocando-me com um peito enorme no caminho.
Eu tropecei para trás chocada enquanto meus olhos se arrastaram para ver quem era.
Engoli em seco quando o homem negro e volumoso cruzou os braços sobre o peito.
"Identidade?" Ele questionou.
Dr*ga.
Era a primeira vez que eu vinha aqui. Sim, eu sabia onde ficava, mas odiava a ideia de ver caras brigando.
Forcei um sorriso. "Bem, veja só..."
Eu disse arrastando meu cérebro atrás de uma desculpa, qualquer coisa.
"Meu amigo está me esperando, Blake Reed?" Blake nem sabia que eu estava ali.
O homem mais velho bufou e bloqueou a entrada completamente.
"Sim, certo. Você é amiga do Blake Reed? É algum tipo de piada ou algo assim?" Seu tom era cheio de humor.
Eu me senti ofendida, e com certeza ficou transparente em meu rosto.
Eu era tão feia assim para ele não acreditar que eu era amiga do Blake?
Talvez fossem minhas roupas.
Suspirei e absorvi meus sentimentos.
Quem se importava com o que alguém pensava?
Era hora de começar a pensar por mim e por mais ninguém.
"Olha só, alguém tentando quebrar aquela janela para entrar!" Eu corri apontando para a janela no fundo.
Havia alguns homens fumando e rindo.
Um deles estava perto da janela e olhava para ela como se estivesse contemplando alguma coisa.
Do meu ponto de vista, parecia que ele estava realmente quebrando a janela enquanto a socava levemente.
Eu não ficaria surpresa se esse cara estivesse chapado.
O segurança saiu rapidamente de seu posto, correndo para lá. Aproveitei essa deixa para entrar rapidamente no ginásio.
Passei por corpos suados enquanto caminhava para a parte mais animada da multidão.
Pelos gemidos altos de dor e xingamentos vindos do lado do ringue, eu sabia que a luta havia começado.