Capítulo 24
1517palavras
2022-09-07 03:13
Após um banho gelado e um café quente e bem forte para amenizar a ressaca, Helena foi até a empresa francesa para mais uma reunião com os acionistas. Participou também de um treinamento com os funcionários. Já se sentia como parte da equipe.
Também encontrou Pierre. Tentou conversar com ele de boa, mas este não quis nem lhe ouvir. Precisou ser firme.
— Olha, eu sinto muito por você e minha amiga não terem dado certo. Mas antes vocês do que o acordo com as duas empresas e perdemos os nossos empregos.
Ele foi obrigado a concordar com ela e voltaram a se falar, mesmo que formalmente. Se tem algo que Helena aprendeu durante os seus anos de profissão era separar os problemas pessoais dos profissionais e não deixar que intrigas e fofocas atrapalhem o seu serviço.
E entre um intervalo e outro, ela trocava mensagens com Sabriel. Ele estava muito ansioso para vê-la... e ela também.
Após a reunião e o treinamento, foi realizada uma confraternização entre os funcionários. Helena ficou por alguns minutos só para não fazer desfeita para o pessoal. Não estava a fim de ficar, ainda mais com Pierre a olhando de cara feia.
Queria mesmo era se divertir um pouco com aquele caliente guapo! Chegou a sentir os ossos da sua pélvis latejarem. Nunca ficou tão ansiosa para se encontrar com alguém. O que está acontecendo com ela?
Mandou uma mensagem para suas amigas, dizendo que estava na festa da empresa e por isso chegaria tarde. Não queria mentir para elas, mas não queria contar nada por enquanto.
*
Finalmente ela chegou ao apartamento dele.
— Buenas noches chica! — Disse sorrindo de orelha a orelha ao vê-la.
— Buenas noches! Eu cheguei em má hora?
— Oh no, pelo contrário. Entre por favor. Mi casa és su casa! — Deu um passo para o lado e num gesto galanteador, a convidou para entrar. Ela entrou na pequena sala. Comparando com a sala de Dayane, era bem simples, mas muito acolhedora, tinha apenas um sofá de dois lugares e uma mesinha de centro.
— Sente-se por favor! — Pediu. Ele só a observou se sentar no sofá e cruzar as suas belas pernas. Mesmo estando de meia calça, começou a imaginar àquelas pernas em volta da sua cintura.
"Controle-se hombre!" Dizia para si mesmo.
— Como você está? — Helena perguntou, o tirando da sua hipnose.
— O quê? Ah voy bien, e você?
— Vou bem obrigada!
— Aceita uma taça de vinho?
Helena lembrou da noite passada, quando ela e suas amigas ficaram de ressaca por beberem até de madrugada. Além do mais, estava no apartamento dele e não queria arriscar. Recusou.
Sabriel a olhou de cima a baixo. Ela estava com um vestido social preto próprio para inverno, criação de sua amiga Dayane. Não era muito justo, mas valorizava as suas curvas. Se sentou ao lado dela e respirou fundo para não avançar o sinal, com medo de assustá-la. Ele começou a alisar seus longos cabelos negros. Com a outra mão, começou a acariciar a suave pele de seu rosto. Puxou o seu rosto para si e lhe deu um selinho.
Já sabia do que ela gostava.
Helena é claro, retribuiu com outro selinho. Mas em momento algum abaixou a guarda. Lembrando dos conselhos de sua avó, precisa fazer com que o homem se torne digno de sua confiança, mesmo sendo coisa de momento. E se Sabriel queria ganhar a sua confiança, precisaria muito mais do que beijinhos.
— Vem comigo, quero te mostrar uma coisa. — Disse a puxando pela mão e a levando para o quarto.
— Uma coisa? — Ela quase perdeu o fôlego, quando ele disse que ia mostrar uma coisa: — qual?
— Nada de mais, só quero te mostrar a casa.
“Vai lá... eu fico aqui esperando.” Ouviu a sua deusa interior.
E lá foi ela conhecer o restante da casa. A levou até um dos quartos, o que dava vista para o seu no prédio ao lado. Assim que entrou, deu de cara com um piano, o mesmo que ela o viu e o ouviu tocar.
— Oh que lindo!
— Eu sei, só aluguei o apartamento por causa dele.
Helena ficou encantada pelo objeto. Era um modelo de cauda longa com mais de trezentos anos, fabricado na Itália. O que estaria fazendo ali?
— Lembra daquela noite em que te vi tocando e cantando? Você canta muito bem.
— Oh sim, você me aplaudiu da sua varanda bem ali. — Olharam da varanda do quarto dele para a sua. Lembrou daquela noite, a primeira vez em que o viu. Logo após a festinha do pijama com suas amigas, sentou-se ali na varanda porque não conseguia dormir... ainda estava magoada com o fim do seu namoro. E ele estava lá. Era mais do que um colírio para os olhos... era um colírio para a alma.
— Era uma bela canção... La Vie Em Rose, de Edith Piaf, uma das minhas favoritas.
— Sério, que coincidência. É a minha também. — Comentou todo feliz para ela.
“Legal, gostamos da mesma música” Pensaram ao mesmo tempo.
— Agora me lembrei da primeira vez em que a vi. Você estava linda de camisola vermelha. Parecia uma pintura em óleo ou uma foto de revista. E eu também te vi caminhando pelas ruas de Paris.
Ela também se lembrou de três momentos em que o viu, quando passeava com suas amigas, da noite no bistrô com música ao vivo, onde ele se apresentava e na balada da Torre Eiffel. Chegou a comentar com ele:
— Oh sim, eu conheço o dono do local. Também é proprietário deste apartamento e ele havia contratado um outro músico, mas parece que aconteceu um imprevisto e o sujeito não pôde ir. Então eu me ofereci para tocar no bistrô e naquela mesma noite estavam os organizadores do evento, que me convidaram para cantar lá.
— Ah tá... eu queria ter ido te cumprimentar na noite em você cantava lá no bistrô, mas na hora precisei atender uma ligação do trabalho e quando voltei, você já tinha ido embora.
Foi aí que ela contou o outro motivo da sua estadia em Paris, que era uma viagem a negócios. Explicou sem dar muitos detalhes e ele não perguntou. Afinal, era assunto profissional dela e não estavam ali para conversar, pelo menos não sobre negócios. Mas em compensação, perguntou o que não deveria:
— Eu notei que naquela noite, você estava muito triste. O que houve?
"Droga, tava indo tão bem!"
— Eu e as minhas amigas demos uma festa do pijama para comemorar o nosso encontro. Era a minha primeira noite aqui em Paris e eu não conseguia dormir. Eu estava chateada...
— E seria com o que?
Não respondeu. Não queria mais tocar no assunto. Não queria lembrar que era para Luiz ter viajado com ela.
— Bom pelo seu silêncio, vou arriscar: foi com algum namorado?
Ela só balançou a cabeça afirmando.
— E pelo jeito, você não quer conversar sobre isso. Desculpe.
— Não, está tudo bem. É que é uma história muito chata, mas eu vou resumir: ele terminou comigo porque segundo ele, a gente não estava dando certo. E realmente, eu não quero falar sobre isso, se você não se importa...
Helena resumiu a sua história cheia de amargura. Por sua vez, ele se arrependeu de ter perguntado. Também não queria que ela falasse de outro homem, estando ao seu lado. Mas se questionou sobre o tal ex-namorado. Que tipo de homem termina com uma mulher como essa? Se fosse ele, jamais a deixaria escapar.
Tentou amenizar o clima entre eles, oferecendo-se para tocar. Ela aceitou. E fez questão de tocar e cantou a música preferida deles.
— Espero que goste.
Começou a tocar. O som das teclas do piano ressoou pelo quarto. Minutos depois foi a vez da voz dele. E quando menos se espera, ela estava o acompanhando em um dueto. Foi a vez dele se encantar com a sua voz.
— Um momento. — Pediu. Tirou o celular do bolso e pôs em cima do piano: — Vamos começar de novo. Preciso gravar isso.
— Não, a minha voz é horrível. Não canto nem mesmo embaixo do chuveiro!
— Ora vamos por favor chica, me dê esse prazer de ter você cantando junto comigo, ainda mais que es nuestra canción (é a nossa canção).
Decidiram naquele momento que aquela música seria a deles. Bem que ela relutou, mas no final acabou cedendo. E embora tenha desafinado algumas vezes, adorou cantar junto com ele. Foi uma experiência e tanto.
— Oh que lindo! Você canta tão bem. — Admirou Helena após o término da música.
— Gracias. E você também mandou bem. — Agradeceu e a elogiou. Era o que queria, fazê-la sorrir de novo.
— Você canta desde quando? — Perguntou muito curiosa.
— Canto desde criança. É uma longa história...
— Conte-me por favor. — Ela pediu com um brilho no olhar.
— Ok, mas não contarei aqui, vamos para o outro quarto.