Capítulo 15
1145palavras
2022-09-07 02:42
Uma valsa repentina começou a tocar. E a ficha de Helena demorou e muito para cair. O bonitão do prédio ao lado do seu estava ali bem na sua frente, em carne e osso... mais carne do que osso, é claro.
Quando ela tentou dizer algo, ele somente levou um de seus dedos até os seus lábios, como se estivesse pedindo silêncio e lhe estendeu a mão. Queria dançar com ela. Deu-lhe a mão como se estivesse em transe. Ele a encostou junto ao seu corpo e abraçou a sua cintura. Começaram a dançar.
Ela não conseguia tirar os olhos dele. Era muito mais bonito de perto, com aqueles olhos azuis da cor do mar caribenho. Era alto e forte, mas sabia segurá-la com gentileza. E ele também olhava fascinado para ela. Quando ela se deu conta, uma multidão havia se formado ao redor deles. Todos olhavam para aquele lindo casal dançando.

Quando a música terminou, ele a soltou e apontou para cima. Queria se encontrar com ela no alto da Torre Eiffel. De repente ele sumiu e uma batida tecno começou a tocar. Ela foi atrás dele como um míssil teleguiado. O viu em um dos elevadores e subir. Pegou o próximo e quase surtou com a demora.
"Credo, parece que não vai chegar nunca!"
E quando finalmente chegou, encontrou várias pessoas... menos ele.
No momento em que ia desistir, uma mão pousou em seu ombro, fazendo com que levasse um baita susto. O susto foi tão grande que chegou a cair sentida no chão e bem em cima do pé. Soltou uns mil palavrões em português.
— Você é brasileira? — Alguém perguntou.
— Sim porque, algum problema? — Disse com raiva. Quando ela viu que era ele, não sabia onde enfiar a cara. Se ele falava e entendia português, deve ter entendido o que ela disse.

— Desculpe me... não queria te assustar. — Ele lhe estendeu a mão para ajudá-la a se levantar: — está tudo bem?
— Não o meu pé tá doendo! — Reclamou se apegando ao tornozelo esquerdo.
— Deixe-me ver.
Ele a ajudou a se sentar num banco que estava por ali. Ele se sentou ao lado dela e lhe tirou a bota de cano alto para examinar melhor o tornozelo e fez uma massagem para aliviar a dor. Mesmo com dor, Helena não pôde deixar de sentir uma sensação maravilhosa ao toque daquelas mãos.

— Acho que nós começamos com o pé esquerdo... literalmente falando. _ Fez uma piada para quebrar a tensão do momento. Ela sorriu: — Nossa, o seu sorriso é muito mais bonito de perto. Aliás, você é muito linda!
— Obrigada... você é muito gentil. — Os dois ficaram ali se olhando, sem saber o que dizer. Havia mais de mil perguntas que Helena queria fazer na hora, mas não sabia pela qual deveria começar.
— Bom, acho que não aconteceu nada grave, mas por garantia seria melhor você ir ao pronto-socorro. Posso acompanhá-la se quiser... a não ser que você esteja com alguém.
— Não! — Helena não sabia qual pergunta tinha respondido ou se respondeu pelas duas: — Hã ... eu... eu ... vizinho misterioso...
— Como?
— Desculpe, é que não sei o seu nome... então te apelidei de vizinho misterioso.
Ele riu: — que coincidência, eu também te dei um apelido: La Chica de Paris. Significa "A Garota de Paris" em meu idioma natal.
Não era bem o encontro ideal que Helena sonhava em ter com ele, mas até que ela estava adorando. Tudo ia muito bem, quando a porta do elevador se abriu e alguém saiu praticamente se jogando de lá de dentro: era Pierre, com as roupas amassadas e todo suado. Isto porque estava muito frio. E com a cara toda suja de batom.
— Pierre? — Ela se espantou ao vê-lo e com o estado em que ele se encontrava: — O que houve? E onde está Sam?
— Oh mon dieu, mademoiselle Helena (Oh meu Deus, senhorita) me proteja da sua amiga! _ implorou de joelhos.
— O que aconteceu?
— Ela é mulher demais para mim!
Helena mais o seu vizinho não se aguentou e caiu na risada. Mesmo não estando por dentro do assunto, ele disse umas boas verdades ao Pierre:
— Se controle hombre! Para lidiar con una mujer de verdad, tiene que actuar como un hombre de verdad.
(controle-se homem! Para lidar com uma mulher de verdade, tem que agir como um homem de verdade.)
Mas Pierre só sabia fazer aquela cara de cachorro assustado que acabou de cair do caminhão de mudança. Isso porque era ele quem queria conhecê-la.
— Acho melhor eu ir procurar minha amiga, antes que ela assuste mais alguém! — Disse calçando a sua bota e se levantando.
— Não quer mesmo ajuda?
— Ah não obrigada. Além do mais, acho que ele ali é quem realmente precisa de ajuda. — Apontou para Pierre.
— Tudo bem... — disse um pouco desapontado: — então até mais Helena, ou melhor dizendo, chica de Paris!
Ao ouvi-lo dizer o seu nome, ela saiu flutuando, descendo pelo elevador. Caiu das nuvens quando o mesmo se abriu e deu de cara com Samantha, bufando de raiva.
— Onde está Pierre? Não estava com você, ou estava?
— Mais ou menos ... — Helena se segurou para não rir.
— Como assim "mais ou menos"?
— A gente estava lá em cima, mas NÃO estávamos juntos. Eu estava com um cara, quando ele apareceu, fugindo de você! — Ela deu risada: — O que você fez com ele, sua doida?
— Nada, aquele francês covarde metido a galã é que não quis fazer nada comigo. Tomei a iniciativa e ele saiu correndo! Vou te contar viu, tem homem que não sabe o que quer... — protestou.
— Deixa para lá Sam, vai ver que não era para ser... — Tentou consolar a amiga, só imaginando a cena de Pierre correndo dela.
— Tudo bem... — de repente Samantha levantou uma das sobrancelhas e deu um sorrisinho: — arrumou um peguete, hein? Mandou bem!
De repente, as duas receberam em seus smartphones uma mensagem de Dayane. Tiveram de ler e reler várias vezes para terem certeza do que estava escrito:
"Estou em casa com Mitchel. Não se preocupem estou bem. Não tenham pressa. Aproveitem a festa!"
Quando leu a mensagem, Helena sorriu. Ficou feliz pela amiga conseguir dar o “próximo passo” em seu namoro. Afinal de contas, ela merece.
— Acho a que a Day se deu bem melhor do que a gente.
— Para você vê... quer curtir mais um pouco?
— Ok! — E na falta de homens, as duas amigas curtiram o resto da noite juntas. Helena ainda olhava para os lados para ver se encontrava o seu vizinho misterioso. Lembrou que não havia perguntado o seu nome.