Capítulo 46
1745palavras
2022-08-26 01:04
DAIANA HEREZA NÚNEZ
Eu simplesmente deixo com que as lágrimas caíssem sem eu tentar impedi-lá, não há mais que ter medo que a vida a qualquer momento poder me derrubar, e aí já não poderei me levantar. Dizer que estou cansado de tudo isso, não iria fazer com que fique aliviada, então aceitar que sou apenas um fardo para vida é a única opção que tenho, pois não há mais palavras, lágrima para dizer ou lamentar, viver e continuar a suportar a dor do coração até onde dê.
Deitei a minha cabeça no ombro do Aleksei e deixei que ele me envolvesse em seu braços. Estavam em um silêncio perturbador, eu sabia que ele queria dizer alguma coisa, mas o mesmo não o fez. Nada disse, apenas deixou que eu chorasse até não poder mais.

- Daiana, eu sinto muito.
- Não, por favor, Aleksei não diga isso por favor eu te peço não diga isso. -Ergo minha cabeça do seu ombro para olhar nos seus olhos, seu semblante também é de sofrimento e seu olhar é de tristeza. Não o posso culpa disso, afinal eu é que preciso de ajuda. - Me ajuda!- Peço em um tom totalmente desesperada em meio a sussurros eu anseio por sua ajuda. - Esta a dor muito, eu não sei se consigo mais viver sabendo que tenho outra guerra por lutar. - Impossível segurar as lágrimas, cabisbaixa eu choro em silêncio como se o mesmo fosse o meu único refúgio e no momento ele é.
Aleksei por sua vez, hastea meu queixo para cima vozeando com a sua voz rouca.
- Não chores faz favor, não a gasto de vê-la neste estado. Eu estou aqui para o que de e vir, sempre. - Aleksei diz calmo e sereno, ao mesmo tempo que suas mãos ásperas limpam cada lágrima que meus olhos derramam. - O mais importante agora é descansar e amanhã terás a a consulta com a psicóloga e de seguida pedirei que André venha para cá e dar-nos-as, mas informações sobre o vírus.
Após isso ninguém disse mais nada, apenas fomos dormir junto, eu me sentia segura em seus braços fortes e Aleksei, fazia de tudo para me deixar melhor e confortável. Os dias foram passados virando semanas, continuei com o tratamento com a psicóloga, e indo às consultas com Aleksei no hospital onde o Doutor André trabalhava. Nestes dias Aleksei, tem agido de forma muito estranha isso porque sempre que chegáva dia para a consulta éramos sempre acompanhados de homens estranhos e não posso deixar de mencionar que também há um montes dele por cada canto de casa.
Achei muito estranho essas atitudes dele pois pelo me lembro nunca o vi desse jeito. Também ele tem ficado muito mais tempo no seu escritório e só vinha se deitar quando eu já estava no sono profundo. Neste preciso momento estou a encarar a psicóloga Natália que acaba de anotar algo seu caderno de notas. Ela ergue sua cabeça e fala.

- Como se sente hoje,Daiana?- Sua pergunta me trouxe a realidade fazendo-me encontrar seus olhos verdes. Fiquei a olhá-lo por um bom tempo, tentando encontrar respostas para a sua questão, a verdade é que essa é uma pergunta que venho buscar respostas para ela todos os dias.
Pois ultimamente não sei como me sentir. Parece tudo estranho demais para ser verdade, ou que eu estivesse em uma realidade alternativa, ainda não estou bem isso eu posso afirmar com toda a certeza.
- Eu não sei. - Respondi sincera, e ao mesmo tempo desviei meu olhar dela para um ponto qualquer. Não quero que ninguém sinta pena de mim, Já passei por demais coisas e ainda estou aqui, então não preciso de pena de ninguém.
- Porquê? - Perguntou ela ainda com os olhos ficado em mim, estou a ficar muito irritada com essas perguntas dela, tudo tem que ter um Porquê?

- Eu já disse que não sei. - Fui rude, pois seu suspiro veio logo assim que a respondi.
-Hoje, hoje você consegue saber o que tem aí dentro?- Ela dá uma pausa apontando no meu coração com seu dedo indicador. Olhei onde seu dedo indica por alguns segundos, um silêncio nos envolve fazendo com os únicos sons a se ouvir são das nossas respirações e as batida do coração. - Sabe como descrever o esse sentimento que a deixa sem rumo Daiana? - Sua voz me tira da pequena bolha que havia se formando por alguns instantes. Ergo meu olhar para ela, e sinto os mesmo molhados.
- Não!- Exclamei incerta da resposta, engoli em seco e senti minha mãos suar frio. Respirei fundo e tentei me acalmar e transmitir uma confiança que não existe.
- Você se sente culpada?- Voltou a perguntar ela ganhando agora minha total atenção.
- Eu não sei tá, eu não sei de nada. Minha cabeça está um turbilhão de pensamento, eu ... Eu.- Parei de falar vendo após sentir as unhas perfurarem minha própria carne. Já não consigo mais segurar mais as lágrimas. Nem a minha respiração ajuda. Senti-Me sufocada tudo aqui me sufoca. - Eu..Eu. - Não consigo parar de chorar pois as lembranças de como eu estava nas mãos de um carrasco ainda estão vivas, como se fosse fantasmas em volta de mim rindo como eu estou agora. Acabada sem salvação.
Cobrir meu rosto com as minhas mãos envergonhadas demais para encarar a mulher ao minha frente que tem seus olhos verdes cravados em mim.
- Acalme-se, Daiana, eu não estou aqui para te condenar ou julgar pelo que você passou, apenas estou cá para ajudar-te a enfrentar toda essa turbulência, você sabe que não está sozinha né? Tem um homem lindo que ama-te e faria qualquer coisa por ti então não precisa se sentir sozinha. - Aconselha ela erguendo meu rosto para que olhe para ela, Seu olhar não é de pena nem de julgamento coisa que achei que encontraria nela.
- Suas palavras são lindas, entretanto não consigo me sentir assim. Cada dia que passa me sinto mais um peso do que outra coisa. - Levantei-me da cadeira e andei até a janela, minha concentração vai ao mar e um misto de sentimento se apodera sobre mim. Pois queria ser como ele que cada dia se renova. Ondas vão e vêm, nada o abala, todos temem ela se sente segura capaz de se afogar até os mais carentes da natação. Não importa quem seja, a única intenção é proteger quem ele ama . Quanto a mim, quem me protege do passado que me faz sentir fragilizada até para o mais fraco ser? - Você não entende, é difícil entender. Minha vida agora se tornou um pó de cinzas que com um simples vento se dez. Quero eu dizer com isso que estou cansada de ser forte fingir que estou bem para que ele não se sinta na obrigação de deixar suas coisas por mim. Acredito que já não há mais salvação para a minha Alma impura. - Finalizo minha fala com um respiração ofegante, causado pelo choro, Aleksei tem sido uma pessoa maravilhosa e eu o agradeço imensamente mas acho que chegou a hora de ir. Não posso permitir que ele também seja levado pelos meus demônios.
- Daiana, desde que começamos esse trapéia, você sequer falar algumas coisas, mas ultimamente tenho notado um quadro de melhoria do seu caso. Você pediu uma ajuda, isso foi um grande passo reconhecer que não estamos bem não é coisa de fraco apenas os mais corajosos conseguem dizer isso. - Disse ela depois deu uma pausa na fala, sinto seus passos próximos assim o que me faz constar que ele vem em minha direção. Sinto sua mão no meu ombro e a mesma dá um aperto de leve. - Eu sei que apesar de todas as coisas que já passaram em sua vida ainda há esperança. Deixe-me ajudá-lo. - Eu não ousei olhar para ela, apenas deixei que o silêncio fosse a minha resposta. - Tudo bem,Daiana, terminou meu tempo por aqui hoje, quarta eu volto à mesma hora. - Disse ela voltando para onde saiu, três minutos depois sinto a porta do quarto ser fechada e mas uma vez sou abraçada pelo silêncio.
***
Estava deitada de barriga para baixo, com a cabeça afundando nas almofadas, não sei que horas são nem quero saber, Kelle veio três vezes por cá na tentativa de me fazer sair do quarto mas sem sucesso. Estou a me sentir deprimida ao mesmo tempo que quero, Aleksei por perto também o quero longe. Desde a saída da psicóloga que cai em um choro silencioso e compulsivo, fechei o quarto de banho onde me derramei mares e rios de lágrimas. Esse sentimento de angústia não sai de mim, cada vez mas sinto que algo de errado vai acontecer. Ouço a porta se aberta e pelo perfume único constato ser ele, fingia dormir para que ele não viesse aqui e me obrigar a comer.
Mas não ele simplesmente vai ao quarto de banho, porque depois de uns minutos ouço água do chuveiro bater contra o chão. Após isso senti a cama afundar e seus braços fortes me envolver, me viro de frente para ele é analiso sua fisionomia, o mesmo parece cansado e abatido.
Ergo minha mão e passeio pelo seu rosto belíssimo, Aleksei faz o mesmo colocando algumas mechas do meu cabelo por trás da orelha, então questiono o que para mim já era óbvio.
- Não estava a dormir?
- Não!- Neguei ainda com as mãos sobre o seu rosto. Aleksei pega na mesma e a beija. - Não consigo dormir. -Completei após me aconchegar mais ao seu corpo.
- Kelle, me disse que não saiu hoje, e nem quis comer Porque em ? Não faça isso por favor, Daiana.
- Estava sem fome e também não quis sair hoje. - Justifiquei minha acção, apesar de ser imprudente vendo pela minha condição de saúde.
- Você precisa se alimentar devidamente Daiana, ouviu o que André disse. - Disse ele no tom de repreensão. - Venha, vamos para a cozinha agora .
- O que? O que faremos lá,Aleksei? -Estava a levantar-me abismada com que acabo de ouvir, Aleksei não pode estar normal hoje.
- Venha, eu não poderei permitir que dorma a fome, você não é nenhuma desamparada. - Disse firme puxando- me para a porta fora.
- Aleksei!!- Ainda tentei protestar fazendo biquinho mas o mesmo parece determinado.
- Vamos querida.