Capítulo 6
1387palavras
2022-08-10 18:44
DAIANA HEZERA NÚNEZ
Quando cheguei a casa, estava tudo em silêncio, nem sinal de nada ou do meu pai a gritar como se o mundo fosse acabar, as luzes estavam apagada apenas um lanterna acesa que dava uma pequena iluminação no interior da casa, olhei em volta e estranhei o facto de as lâmpadas estarem apagadas. Vi a minha mãe sentada num pequeno banco, e o meu pai deitado num pequeno sofá velho que temos. Não sei o que se passou, mas com certeza isso tem haver com o inclino do apartamento, minha mãe está com as duas mãos nas bochechas, pensativa, não gosto de ver ela neste estado, pois só lhe faz mal.
Sinto uma pequena movimentação vindo do sofá, eu ignoro já sabendo de quem vem, ando até a minha mãe que assim ergue a cabeça, levanta-se e abre os braços para mim, assim que aproximei-me dela, aconchego-me nos seu braços. Pois já sei que as coisas não estão bem por cá e eu estou cansada para lidar com isso no momento, meu dia foi estressante, e cheio de coisas desnecessárias.
— Olha só quem chegou, a trabalhadora do ano.– Disse o meu pai com deboche e ainda continua com a sua fala. — Então filha querida, diga-nos quanto fez hoje? Pois como pode ver estámos a escuras e sem comida. — Soltei-me da minha mãe e virei-me para o senhor José meu pai totalmente confusa por estarmos sem luz eléctrica e sem nada para comer. Quando eu saí deixei dinheiro para pagar a energía e para fazer algumas compra de casa.
— Como assim? Pai, se eu deixei dinheiro com o senhor para efectuar o pagamento da energia e ainda deixei algumas notas com a mamã para ir a feira comprar alimentos. — Afastei -me da minha mãe, e olhei tentando buscar respostas para esse pequeno problema que não deveria existir, mais o meu pai tratou de chamar a minha atenção para ele com as palavras.
— Você é patética ou quê? Achou mesmo que aquele miséria que deixou-me daria para pagar alguma coisa? Não seja burra.
— José! — Minha mãe tentou repreende o marido mais esse disse praticamente cuspindo as palavras para cima de mim.
— Cale-se mulher, não me dirigi a sua pessoa.
— Não fele assim com a minha mãe. — falei olhando com raiva para ele. — Aonde está o dinheiro que deixei para o senhor? — Perguntei fula da vida com o meu pai.
— Ouse falar assim comigo novamente e verá o que é doce. Eu ainda sou a porra do seu pai e não admito essa falta de respeito. — Proferiu meu pai, apontado o dedo no meu rosto ignorando a minha pergunta . Eu apenas ri dele ao falar sobre respeito.
— Quando o senhor saber o que essa palavra significa, talvez, só talvez, terá o meu respeito.
Vejo a cara do meu pai mudar para uma assustadora, engulo em seco e dou alguns passo para atrás, mais em vez dele aproximar-se de mim para bater-me o meu pai simplesmente da gargalhadas altas e diz.
— Mais é claro, as vadias não têm respeito, aposto que deitou-se com o seu chefe para conseguir o emprego de gente sem noção, você não vê que esse seu trabalho não dá em nada, o que deveria mesmo fazer é engravidar dele e assim nos tirar dessa vida de rato do esgoto. — Arregalei os meus olhos totalmente incrédula com tamanha ofensa e falsidade do homem que me deu a vida, isso é inaceitável, pois esse homem já não conheço mais ,sempre soube desse lado do meu pai, mas não que chegaria a tanto, as palavras entraram como lâmina cortando o meu coração, sinto as lagrimas quentes rolando pela minha face, isso doeu.
— O senhor realmente não me conhece, como pode pensar isso de mim? — Pergunto já deixando os soluço escapar da minha garganta.
— Não se faça de inocente que disso você não tem nada, é uma vadia igual a sua mãe, eu sempre soube que vocês duas não velem nada e esse dinheiro que você me deu com certeza saíu por entre as suas pernas e faz muito bem, ficou esperta e aprendeu a usar esse corpinho de boneca.
— CHEGA, JÁ CHEGA JOSÉ. — Interrompeu minha mãe, também aos gritos, ela chega pouco mais próximo a mim e me abraça de lado e completa. — José você não está cansado de implicar sempre com a nossa filha, ela faz de tudo por nós, o mínimo que podemos fazer é ajudá-la com o nosso amor, e eu, eu estou doente e nem por isso você consegue ajudar José.— Ao ver minha mãe nesse estado me parte o coração, ela não merece passar por isso e um marido horrivel como o meu pai, minha mãe faz de tudo para lhe agradar e em troca recebe xingamentos e ofensas.
— Amor?— Meu pai da uma pausa gargalhando depois diz. — Que amor mulher, você não sabe que essa família já não tem isso? Aliás, nunca teve e isso é culpa sua, porque essa rapariga saiu a você, pois se saísse a mim já estariamos em casa de luxo e não no fim de mundo como esse.
— Vai embora daqui.
— Como é que é? Está a expulsar-me da minha casa sua insolente, como se atreve ?— A expressão do seu rosto ficou transfigurada, meu pai da alguns passos, meio tropeçando nas suas próprios pernas, o cheiro de álcool fica mais forte, até então não havia percebido que ele está alcoolizado, pois desde que essa discussão começou o mesmo se mateu no mesmo lugar. Ele parou um pouco e disse :
— Vocês não são nada sem mim eu sou…
— Você é um peso para nós, não precisamos de você, por isso vai embora. — Eu não sei o que me deu para falar isso mais só sei que a minha mãe olhou para mim reprovado as minhas palavras, vejo pelos seu olhos que não gostou nada da forma como falei com o meu pai.
— Filha, não fale assim com o seu pai. — Disse ela triste comigo.
— Não, não deixa a sua filha falar, agora ela ganhou asas porque está a dormir com os chefões que lhe dão dinheiro.
— José por favor para, não diga isso da nossa filha.
— Quer saber eu vou, mas amanhã eu volto e quero dinheiro já que você abre as pernas para o seu chefe por dinheiro...
Eu e a minha mãe ficamos sentadas no chão frio, ainda as escuras, não consigo olhar para ela, estou meio chateada por ela deixar o meu pai trata-la dessa forma tão insensível, desde que ele saiu por aquela porta que a minha mãe não para de chorar, estou até com medo de isso fazer mal a ela.
— Mãe. — Chamo por ela e a mesma olha para mim com uma tristeza grande e isso partiu o meu coração.
— Sim filha.
— Desculpe por isso. – Digo e me aproximo dela e a abraço forte. — Eu prometo que vou dar uma vida boa para a senhora, eu prometo mãe.
— Oh meu bem, você está aqui, já é o melhor que eu posso ter. — Ela também me abraça forte, ainda chora e eu por outro lado tento me manter forte e não chorar mais também.
— Mamã, você sabe que aquilo que o José disse não é verdade né?
— O quê filha?— Perguntou ela confusa, também com tantas palavras que saíram da boca suja do José.
— Que eu dormi com o meu chefe, eu apenas pedi um adiantamento para pagar algumas coisas e comprar as coisas em falta. — Esclareci e ela desfez o abraço e olhou no fundo dos meus olhos, embora que não se consiga enxergar muito com a pouca iluminação da lanterna.
Com as duas mãos, minha mãe levou-as ao meu rosto e acariciou.
— Eu sei meu anjo, eu tenho certeza que dei-lhe uma boa educação, e o seu coração não tem disso.
Fiquei feliz por ouvir tais palavras vindas dela e não preciso de mais nada, a confiança dela e o amor da minha mãe já é o suficiente.
E eu prometo tirar-nos dessa vida custe o que custar.