Capítulo 17
940palavras
2022-05-01 02:55
No amanhecer do dia após o desastroso casamento, ninguém parecia ter conseguido dormir. Assim que ouviu as serviçais se movendo no castelo, Katherine deu ordens a Cho para que fosse ao quarto de seu marido e recolhesse seus pertences, o mais rápido possível, estava partindo dentro de uma hora, não desejava ficar nem mais um segundo naquele castelo, a velha serva a ouviu atentamente, obedecendo-a imediatamente, enquanto Katherine reunia seus dragões.
Quando Cho e outras duas servas entraram no quarto de Kanji, depararam-se com uma cena horripilante, o príncipe estava sentado no meio de sua cama, as mãos sobre as pernas, Kiku estava pendurada do lado de fora da sacada pelo pescoço, quase entregue à sua morte. Apavoradas, as mulheres a arrastaram até a enfermaria, algo podia acontecer a ela ou ao seu filho, o rei inu não as perdoaria. Assim que a deixaram sob cuidados médicos, avisaram o rei sobre o que havia acontecido, pois suas ordens eram para que zelassem pelo bem-estar daquela mulher até o nascimento da criança.
Ao ser informado do acontecido, Takeo procurou o filho, que permanecia imóvel sobre a cama. Ele socou seu rosto com força, segurando-o pelos cabelos e o arrastando para a sacada, dizendo:
– Covarde, infeliz, como ousa espancar e tentar matar uma mulher que carrega seu próprio filho?
– Ela acabou com a minha vida.
– Você acabou com sua própria vida e com a vida de sua esposa.
– Ela tem que me perdoar.
– Idiota, ela está indo embora!
O mestiço de Youkai se desespera ao ouvir aquilo. Puxando a espada de seu pai de sua bainha, correu para o lado de fora do castelo, Takeo não conseguiu alcançá-lo.
O rapaz gritava:
– Katherine! Katherine!
Do lado de fora, já se preparando para partir, a princesa reconheceu sua voz, não se moveu, apenas olhou para a porta do castelo, quando viu seu marido sair por ela com uma espada na mão, Kanji gritou:
– Katherine, me perdoe, por favor!
– Eu lhe disse que só o perdoaria uma única vez.
– Não vá embora, por favor, não me abandone.
– Se eu for agora, poderá se casar com sua amante e logo terá uma família.
– Eu não quero isso... eu amo você.
Gritou ele, chorando desesperado. Katherine subiu nas costas de Morning Star, sem dizer nada ou olhar para trás. Os dragões estavam levantando voo, Kanji não podia acreditar que a perderia para sempre. Tomado de loucura, desespero e de dor, enfiou a espada em seu peito, fazendo-a atravessar seu coração, enquanto dizia:
– Eu não quero viver sem você ao meu lado... Katherine.
Takara se aproximou e, ao ver o marido correndo e o filho caindo na frente da porta, sangrando, com uma espada transpassada em seu corpo, a mulher gritou, apavorada; o grito fez Katherine olhar para Kanji, percebendo que estava agonizando com uma espada em seu peito, desceu com Morning Star, apressada, aproximou-se dele, dizendo:
– O que houve?
– Ele enterrou a espada em seu peito para não viver sem você.
Respondeu Takeo, tentando conter a raiva que sentia da fraqueza de seu filho e que o havia levado à morte.
Katherine responde friamente, para não demonstrar seu desespero:
– Macho idiota.
Ela retirou a máscara de seu rosto, logo após, tirando a espada do peito dele com cuidado, ferindo o próprio pulso, pingando seu sangue no ferimento de Kanji, enquanto soprava em seu nariz e sua boca ao mesmo tempo, o trazendo de volta à vida imediatamente. O rei que assistia a isso de muito próximo, não pôde acreditar no que havia visto, Katherine havia ressuscitado Kanji.
Ao ver Katherine em sua frente, ainda muito fraco, lhe disse:
– Por favor, não me deixe.
– Descanse, agora.
– Se você me deixar, eu tentarei de novo... e não falharei.
– Não diga bobagens.
– Se não deseja minha morte, fique. Não precisa me perdoar, mas, por favor, me deixe, ao menos, ter sua presença na minha vida.
Ela nada disse, o pegou nos braços e o levou para o quarto, seguida por Takeo, que apoiaria qualquer decisão que tomasse, nada lhe pediria, estava impressionado e surpreso. O mestiço de Youkai mantinha o rosto junto ao peito dela, implorando:
– Por favor, Katherine. Eu te amo, não me abandone. Não me deixe aqui sem você.
Katherine o deitou sobre a cama do quarto de solteiro do príncipe, ele a abraçou, desesperado, fazendo seu ferimento sangrar muito, daquela forma, certamente morreria novamente, com a grande perda de sangue.
Ela disse-lhe calmamente:
– Kanji, vai piorar seu estado dessa maneira.
– Katherine, por favor. Se for embora, eu prefiro morrer, então.
Por um segundo Katherine olhou para o rosto de Takeo, era um misto de dor e tristeza, lembrou-se do apreço que o pai tinha por aquele rei que considerava um irmão, lembrou-se da promessa feita para Shuji, que colocava o bem-estar de seu irmão mais novo e do Clã Inu nas mãos dela, talvez por tudo isso e pelo amor que sentia por Kanji e pela dor que sentiu ao vê-lo morto, enterrou qualquer possibilidade de felicidade em sua vida, qualquer tipo de orgulho, apenas para não o ver morrer, prometeu:
– Eu estarei sempre ao seu lado, eu prometo. Descanse, quando acordar, me encontrará aqui.
– Você me perdoa?
Ela nada disse, Kanji desmaiou em seus braços. Katherine o ajeitou na cama, fez seus curativos e lá permaneceu, imóvel, até que ele retomasse a consciência, sem dizer uma única palavra. Takeo estava perplexo, mas não a questionou, apenas a deixou com seu marido e partiu, torcendo para que fossem felizes em algum momento.