Capítulo 16
2514palavras
2022-04-30 11:55
O tempo passou depressa naqueles dois dias, Ami estava ansiosa e enlouquecendo Katherine, que não se afastava dela naqueles dias. O nervosismo da princesa por não haver falado com Shuji sobre sua gravidez era palpável, estava tirando o foco de Katherine de outros assuntos, como o que seus instintos falavam sobre algo estar errado com seu noivo, naquele momento precisa manter Ami calma e longe de quem pudesse desconfiar de seu estado. Um pouco antes do casamento, Grinning Demon (leia-se o dragão que cismou com o telhado do castelo) avisou Katherine mentalmente, que o príncipe inu youkai estava entrando no castelo:
– Shuji chegou.
– Vou falar com ele agora.
Disse Ami, saindo com pressa do quarto onde se vestiam. Katherine nem percebeu o que a irmã havia dito, estava furiosa com quatro youkai e duas humanas à sua volta a arrumando no vestido de noiva e puxando seus cabelos, se sua mãe não a tivesse feito prometer que não mataria as camareiras, suas cabeças agora estariam rolando no chão.
A princesa correu até as escadas, onde quase esbarrou em Shuji, Ami parou na frente dele com os olhos brilhando e em silêncio por alguns instantes, sem entender o que estava acontecendo, apenas olhou-a sem nada dizer, a garota abraçou-o forte, quase o derrubando da escada, o coração dela batia muito forte, o youkai perguntou, assustado:
– O que foi, princesa?
– Preciso dizer uma coisa.
– Algum problema?
– Não, mas quero saber se pode sentir.
– Sentir?
Ela colocou sua mão sobre o ventre, apertando-o para que pudesse sentir a fraca emanação de energia, Shuji surpreendeu-se por um segundo e disse, surpreso:
– Desde quando?
– Para Katherine ter percebido, deve ser da nossa primeira noite. Ela me disse há pouco tempo.
– Minha cria!
– Sim, nosso filho.
Ele a abraçou apertado, Ami o beijou nos lábios delicadamente e apaixonadamente, estava feliz com a reação do noivo com aquela notícia, sentia como se fosse explodir de tanta felicidade, quando ouviu:
– Vocês não podem esperar nem a cerimônia? Shuji, solte a princesa, por favor, e vá se vestir.
Takeo surpreende o casal abraçado no alto da escada, passando por eles, dispersando-os, levando o filho ao seu lado. Curioso, questiona:
– Algo errado, filho?
– Não.
– Então... parabéns pelo filhote, com certeza ela lhe dará muitos.
Shuji olhou incrédulo para o pai, que se afastava para o quarto de Kanji, queria ter certeza de que o filho estava pronto para seu casamento, ao entrar no local, ficou surpreso e perguntou assustado:
– O que deu em você?
– Acha que exagerei?
Perguntou o jovem, coçando a cabeça. Kanji já estava pronto, com Cho e mais cinco ajudantes à sua volta, dando ordens expressas para prepararem o quarto do casal, queria a cama toda coberta por pétalas de flores de cerejeira. Ao ver as mulheres com uma quantidade absurda de flores, o rei inu youkai nem sabia o que dizer ao filho, sorriu, constatando:
– Você quer mesmo agradá-la, não é?
– Quero que seja uma noite inesquecível.
– Com certeza será! Você sabe que é uma noite importante para um casal.
– Sei, sim, hoje darei um presente único para ela.
– Qual?
– Só direi a ela, pai.
– Quanto mistério, desejo-lhe boa sorte... tente não esgotar nosso general em suas núpcias, por favor.
– Pai!
– Só estou sugerindo! Assim que terminar, desça, estamos querendo começar a cerimônia, seu irmão e a esposa ainda devem viajar hoje.
– Sim, pai.
Logo após isso, o príncipe desceu, foram trinta minutos de muita briga e discussão entre Kanji e seu pai sobre praticamente tudo naquela cerimônia, enfim conseguiram dar início ao casamento, não sem antes Katherine delicadamente sair conduzindo seu noivo, o segurando pelo cabelo sem que ninguém percebesse, ele sorriu, dizendo:
– Está doendo, princesa.
– Se não parar de brigar com seu pai, eu prometo que vai doer muito mais. Vamos logo, não aguento esse maldito vestido.
Por um minuto pensou em discutir, mas se lembrou da surra que tomou da noiva e de sua habilidade com as facas, permaneceu quieto ao seu lado, próximo ao altar do lado direito, ao lado esquerdo estava Ami e Shuji, a cerimônia de casamento transcorria tranquilamente, fora o fato de Katherine não conseguir parar quieta com aquela roupa.
Assim que foram declarados casados, começou a festa com todos os membros de ambos os Clãs.
Ami e Shuji dançavam felizes antes de terem de partir, Kanji sentou no colo de Katherine, bebia acompanhado por seu pai e o rei Hideki, todos estavam felizes naquele dia, enfim os dois Clãs agora eram uma enorme família.
No fim da tarde, Katherine se despediu da irmã, a abraçou apertado como se não desejasse a separação. Olhou em seu rosto e disse:
- Seja muito feliz, irmã! Volte para nos ver às vezes. Quando seu primogênito nascer, traga-o para podermos conhecê-lo.
Ami estava com lágrimas nos olhos, jamais se separou de Katherine em sua vida. Respondeu com um fio de voz:
– Você também, irmã, seja muito feliz! Espero que na próxima vez que nos virmos, você esteja esperando um lindo bebezinho com os olhos como os seus.
Katherine sorri, sem dizer nada, deixando que a irmã se afastasse, indo para perto da mãe, Shuji se aproximou para se despedir, a princesa segurou as mãos dele como mandava a tradição do seu Clã, já que a partir daquele momento, o youkai era seu irmão, beijou as costas de uma de suas mãos e falou o olhando nos olhos:
– Agora ela é sua responsabilidade como todo o Clã dos Dragões. Se algo acontecer a um dos dois, meu irmão, eu o matarei de forma lenta e cruel. Não encare isso como uma ameaça, mas como uma promessa.
Ela sorriu de modo doce e carinhoso, ele beijou-lhe o rosto, dizendo:
– Isso vale para você.
Katherine continuou sorrindo, enquanto Shuji se afastava, Ami o seguiu, transformaram-se em uma esfera de energia e partiram, velozes, rumo ao ocidente. A princesa ficou com os braços cruzados observando-os se afastar, sentiu um vazio tomar conta de seu peito por alguns minutos, mas as mãos de Kanji em seus ombros a despertaram, ele estava sorrindo carinhosamente:
– Vamos?
– Sim, vamos!
Era o momento do jovem casal se recolher aos seus aposentos. Kanji foi à frente de Katherine, rindo, conduzindo-a pela mão, foram aos beijos e abraços até a chegada ao quarto, Katherine abriu a porta e ficou estática olhando para dentro, a cama e o chão estavam cobertos por flores de Sakura, o quarto estava perfumado, tudo estava decorado para a noite mais romântica e perfeita possível entre duas pessoas, Kanji a pegou em seus braços e a levou para a cama, colocando-a delicadamente.
Os olhos de Katherine brilhavam, enquanto seu marido acariciava os seus cabelos, tudo estava perfeito, ambos encantados se admirando, Kanji disse, romanticamente:
– Tenho um presente para você.
– Meu maior presente é estar nos seus braços.
– O meu também, mas quero lhe dar algo que, para mim, é um sinal da minha fidelidade eterna.
Katherine sorriu meio sem jeito, enquanto ele se afastava até uma porta próxima da cama, quando reapareceu trouxe consigo uma garota mestiça de Youkai com as mãos amarradas às costas, a aparência da mulher era repugnante, coberta de machucados e feridas sem um dos olhos, o rosto estava tomado parcialmente por um gigantesco corte deformando as feições, o cheiro do corpo dela era fétido como se estivesse podre. Kanji a atirou sobre a cama aos pés Katherine, que deu um salto saindo da cama, questionando, abismada:
– O que significa isso?
Kanji sorria, tirando a parte de cima da roupa, sensualmente lhe respondendo:
– Venha, deixe ela te tocar. Quero que ambos a aproveitemos hoje, será a última mulher que terei sem ser você. Quero que divida o prazer de possuí-la comigo antes de a destruir.
– Mas ela...
– Venha, Katherine, por favor.
– Essa mulher está morrendo...
– Essa vadia é muito forte, não morrerá agora.
Disse ele arranhando as costas da mulher com muita força, tirando dela um filete grande de pele, Kiku sequer teve força para gritar. Katherine olhava assustada, jamais imaginou aquela cena em sua vida toda, quando percebeu que a esposa não se movia, Kanji fez o inacreditável, abriu as calças e penetrou Kiku com força, sob os olhos horrorizados da princesa, que o escutava dizendo entre seus gemidos de prazer:
– Vamos, Kiku, diga à sua senhora, o quanto a deseja.
A mestiça de Youkai nada disse, não conseguiria sequer se mover, Katherine olhava aturdida. Ao ver que a esposa não se movia nem um milímetro, Kanji jogou a serva da cama para o chão, dirigindo-se até a esposa para tentar seduzi-la e a convencer a entrar naquele jogo sexual. A mulher estava chocada demais naquele momento, só teve uma reação possível, puxou do pedestal da parede uma de suas espadas, apontou para o pescoço do príncipe, olhando em seus olhos, ameaçadora como nunca:
– Você está louco? O que significa isso?
Antes que ele respondesse algo, Katherine já estava na porta do quarto escancarando-a, gritando para Cho, que passava naquele momento:
– Serva, traga o rei imediatamente aqui.
Cho estava assustada com o tom de fúria da princesa, Katherine estava a ponto de cometer uma chacina, queria a presença de Takeo para testemunhar o acontecido em sua primeira noite de casada. A velha respondeu:
– Sim, Katherine Sama.
A velha saiu correndo com muita pressa pelas escadas, em alguns minutos o rei inu youkai estava entrando no quarto, fechando a porta atrás de si. Assim que entrou, viu Kanji de pé, seminu, Katherine apontando uma espada no pescoço dele e junto à cama, uma garota de aparência horrenda, encolhida e nua. Questionou:
– O que está acontecendo aqui, afinal? Quem é aquela mulher?
Katherine respirava irritada. Ela respondeu rápido:
– É isso que desejo saber, por que meu marido acha que devo participar com a amante moribunda de seus atos sexuais? Tradição de seu Clã?
– Kanji?
– Era meu presente, princesa. Essa mulher tentou me separar de você, então eu a trouxe para que sirva de exemplo.
– Você imaginava que eu faria o quê?
Disse Katherine, aproximando ainda mais a espada do pescoço de Kanji, fazendo o rei ficar apreensivo; ele se aproximou da mestiça de Youkai no chão, levantando-a pelo braço com nojo da aparência e do cheiro dela, ordenando:
– Fale algo, criatura.
Kiku cai aos pés de Takeo, segurando as suas pernas, reunindo suas forças, falou o mais alto que pôde em tom de arrependimento e cansaço:
– Meu senhor... minha senhora... perdão! Devia ter deixado o castelo... a rainha me ordenou, mas fui impedida pelo príncipe... fui trancada em um cômodo... Kanji Sama se negava... em me deixar partir... dizendo que me amava... que se livraria da princesa humana, eu implorei que não...
– Diga a verdade, sua maldita...
Gritou Kanji, que não conseguia se mover, pois Katherine em nenhum momento abaixou sua espada. Olhando para ele fixamente, Kiku continuou:
– Verdade... sofri muito nas mãos do príncipe... ele fez isso... ficou louco por mim.
Ela fez uma pausa para tentar puxar um pouco mais de ar para dentro de seus pulmões e terminou em um só fôlego:
– Ele desejava se casar comigo por eu ser uma mestiça de Youkai, mas foi forçado a casar com uma humana, a qual não amava... disse que logo a abandonaria.
O rei perguntou, impaciente:
– O que tem a dizer, Kanji? Você fez isso? Era por isso que se negou a casar?
– Não, nunca amei essa vagabunda. Katherine, acredite em mim mate-a se desejar, ela não é nada para mim.
Ele não pareceu estar mentindo. Katherine fez como seu marido implorou, tirou a espada do pescoço dele e andou até a garota, apontando a espada para ela, estava disposta a acabar com o sofrimento da amante de seu marido, quando se deteve no último instante. Engolindo em seco, falando a Kanji, sem tirar os olhos da mulher que estava no chão:
– Nenhum de vocês se importa se ela morrer?
– De forma alguma, lhe disse que deveria destruí-la...
Diz Kanji, afoito, sendo bruscamente interrompido por Katherine:
– Mesmo que seu filho morra com ela?
– Que filho? Isso é mentira dela...
– Eu posso sentir a criança no ventre dessa mulher, Kanji. Ela está muito fraca, mas a criança está viva.
Takeo se concentrava no quarto e também havia percebido. Indo na direção de Kanji, socou seu rosto com muita força, enquanto Katherine permanecia de pé, olhando para a jovem no chão que respirava com dificuldade. O rei socou o rosto do filho com raiva, queria matá-lo por lhe fazer passar tamanha vergonha, podia ter-lhe dito em qualquer momento, podia ter impedido o casamento, mas não, trouxe a amante grávida para junto de sua esposa.
Katherine disse:
– Majestade, já basta. Matá-lo não resolve nada agora. Essa criatura precisa de cuidados, antes que morra. Não desejo ter a lembrança da morte desse ser em minha mente.
O rei inu youkai se deteve, soltando o filho bastante ferido sobre o chão do quarto, indo na direção da porta, chamando Cho. Mais uma vez a serva estava do lado fora do quarto, Takara estava ali também, apreensivas, ambas entraram no quarto reconhecendo e se apavorando com o estado de Kiku. Takeo disse frio e severo:
– Levem-na para os médicos, para que seja tratada. Quando estiver melhor, acomodem essa jovem o mais confortavelmente possível, até o nascimento da cria em seu ventre, após isso, a quero fora desse castelo. Não aceitarei que seja feita mais nenhuma atrocidade com ela, entendeu? Se ousar desrespeitar minhas ordens, filho... sua esposa não será capaz de salvá-lo.
– Venha, garota, vamos levá-la aos médicos, depois ficará em um quarto.
Disse Cho para Kiku, mas foi interrompida por Katherine:
– De forma alguma, prepare um quarto para mim. O príncipe ficará feliz com a companhia dela.
A princesa saiu pela porta, intempestiva, levando consigo suas armas e a máscara que estavam naquele quarto e sem as quais jamais permanecia, desceu para o jardim de inverno do castelo, queria se esconder um minuto, mas foi seguida por Takeo, que estava preocupado.
– Princesa Katherine.
– Senhor, se importa em me deixar só?
– Princesa, por favor!
– O que deseja, majestade?
– Poderia perdoar meu filho ou, ao menos, considerar isso?
Ela fez silêncio por alguns instantes, colocando a máscara dourada sobre o rosto, respondendo logo que percebeu que o rei permaneceria ali a noite toda se não obtivesse uma resposta, disse fria e distante:
– Assim que amanhecer... deixarei as terras de Inu Youkai.
Takeo não teve coragem para dizer nada, sabia o tamanho da humilhação que aquela mulher enfrentou e podia imaginar o tamanho de sua dor e raiva, podia sentir o cheiro das lágrimas, embora a máscara o impedisse de ver o rosto dela. Ele a deixou só, saiu fechando a portas do jardim de inverno, agora era tudo que podia fazer.