Capítulo 14
1114palavras
2022-04-28 03:44
Ele falou furiosamente, concentrando-se o máximo que podia em Kiku:
– Você está mentindo, não sinto nada em você.
– Não sente nada? Seu idiota, eu vou falar com sua noiva, ela certamente perceberá, não é tão imbecil quanto você.
– Você não ousaria. O que você quer afinal?
Ela sorri meiga, aproximando-se dele:
– Quero você, meu inu.
– O que quer é a mim?
– Sim, eu amo você.
– Veja, que linda!
Diz debochado e com o mesmo tom de raiva que sempre fala, a pegando pelo punho com força e arrastando para dentro do closet que modificara durante todo aquele dia. Kanji, no auge de sua loucura, havia criado uma prisão particular, jogou Kiku no chão, acorrentando seus punhos e tornozelos junto à parede, a amordaçou e prendeu seu pescoço com uma corda com nó corrediço, se a garota tentasse fazer algo que não fosse o desejado por ele, poderia a estrangular usando a corda. Pela primeira vez ela sentiu medo e chegou a se arrepender do que tinha desejado.
Kanji voltou ao quarto, pegou as coisas da garota, jogando-as no seu lado no cubículo, enquanto dizia:
– Você me quer? Eu vou te dar o que deseja. E você vai sofrer muito, eu prometo.
Disse isso segurando o queixo dela e sorrindo, o tom da voz em nada lembrava o príncipe inu, estava louco. Ele despedaçou a roupa de Kiku com as garras, enquanto essa se encolhia tentando se proteger dos cortes em sua pele, quanto mais se encolhia mais era arranhada. O príncipe parecia estar se divertindo com a dor dela, puxou a corda no pescoço da mestiça de Youkai com força, fazendo-a se desesperar com a falta de ar e o som de seu pescoço estralando, o rapaz ria assistindo-a tentando lutar, disse-lhe em tom quase carinhoso:
– Se você for boazinha, eu não te machucarei tanto. Ou posso fazer isso da pior forma possível.
Ela abriu um dos olhos, fazendo um leve sinal de positivo com a cabeça, para fazê-lo tentar parar de apertar a corda em seu pescoço. Kanji sorriu, quase como uma criança, passando as mãos pelos seus seios, afrouxando um pouco a pressão em seu pescoço, apertou as garras em um de seus mamilos, a garota tentou muito não gritar de dor, seu rosto se contorceu enquanto sentia o membro duro do príncipe invadindo-a sem nenhum aviso ou cuidado, Kiku sentiu-se partindo ao meio, sentia dor e desconforto que jamais havia experimentado na vida, enquanto os olhos dele assistiam a todo o seu sofrimento.
Em outro local no castelo, Takara estava exausta tentando de todas as formas possíveis desfazer a magia da mestiça de Youkai, sem sucesso, apenas conseguirá fortalecer o encantamento, não podendo libertar o filho. A rainha chorava ajoelhada no chão de seu quarto, sentia-se frustrada, inútil. Seus olhos negros estavam encobertos pelas lágrimas e pelo sofrimento. Takeo entrou no quarto, percebendo o cheiro das lágrimas em sua esposa, fechou a porta com pressa, abraçando-a pelas costas:
– Takara, minha rainha, o que está acontecendo?
– Eu não consigo, meu amor, por que eu não consigo?
– O que foi? Por que está assim?
– O feitiço daquela maldita mestiça, eu não consigo desfazê-lo. Por que, meu amor? Por que não consigo?
– Takara, do que está falando?
– Lembra-se do que me disse? O que acontecia quando se tentava usar magia com um inu youkai?
– Sim, a razão desse era anulada, o fazendo agir apenas por seus instintos demoníacos mais perversos.
– Kanji foi enfeitiçado. Eu não consigo desfazer o encanto. Por quê?
Takeo estava em silêncio olhando para o amuleto na mão da esposa, o rei conhecia bem aquele tipo de magia, era bem específica das feiticeiras de seu Clã, normalmente era da cor rosa ou vermelha para obter o amor de um macho, mas aquele estava negro. Não havia mais como ser desfeito, era tarde demais para seu filho. Perguntou à esposa, tentando parecer calmo:
– Onde está essa moça?
– A mandei embora do castelo, fiz mal?
– Não, Takara. Agiu sabiamente como sempre. Ele estará seguro longe de quem o enfeitiçou. Preciso me certificar de que ela deixou o castelo.
– Sim, por favor, meu amor. Faça isso.
Takeo afastou-se da esposa. Preocupado, assim que fechou a porta do quarto usou seu poder para ver o futuro, fechando seus olhos e caindo de joelhos logo após, nada conseguiu ver, apenas a escuridão profunda à sua frente. Um arrepio tomou conta de seu corpo, podia pressentir que acontecimentos sombrios cercavam sua família, tentou se recompor. Desceu as escadas com muita pressa, encontrando seu filho Shuji. Olhou rápido, ordenando:
– Shuji, pegue alguns homens, vasculhem todo nosso território atrás de uma mestiça de Inu Youkai de cabelos escuros. Se encontrar essa garota no castelo a mate sem hesitar. Entendeu minhas ordens?
– Sim, pai.
– Vá, imediatamente.
Takeo começou a revirar o castelo atrás da jovem, não podia correr o risco do futuro de sua família, de seu Clã, estar envolto em trevas, estava apavorado não permitiria que nenhum mal recaísse sobre os seus. Passou a madrugada vasculhando todos os locais do castelo, quando estava amanhecendo, já bastante cansado, foi procurar no quarto de Kanji.
O príncipe estava dormindo em sua cama, parecia exausto a ponto de sequer se mexer, quando o pai entrou em seu quarto. Takeo sentiu o cheiro de uma mestiça no filho, mas lembrou de que a pouco sua esposa a havia expulsado do castelo, acreditou que o filho havia se deitado com a garota como uma forma de se despedir, podia sentir um fraco cheiro dela no quarto, por esse motivo procurou em todos os locais, inclusive no closet, no qual apenas achou uma porção de entulhos e algumas velharias, o cheiro de mofo e um fedor de roupas sujas guardadas há muito tempo tomavam conta daquele cômodo, o olfato sensível do inu youkai só conseguia detectar aquele mau cheiro que lhe causava uma forte náusea, o fazendo sair com certa pressa daquele local.
Deixando logo após o quarto. Na cama, Kanji, abrindo os olhos, sorriu e pensou consigo, “Ninguém vai poder salvá-la de mim, nem meu poderoso pai. Sofra Kiku, sofra! Você será um lindo presente de casamento para minha Katherine, vai ser comida para suas crianças. Ela vai me amar mais e nunca vai me deixar.”
Estava planejando a entrega de Kiku como presente na noite de núpcias, tinha certeza de que a princesa gostaria, seria o exemplo vivo da fidelidade dele, o exemplo do que fazia com quem ousasse se intrometer no amor deles. Pensando nisso e sorrindo, voltou a adormecer e sonhar como a felicidade que lhe esperava.