Capítulo 10
1432palavras
2022-04-22 04:26
Era o início da noite, as duas princesas estavam no quarto. Ami falava pelos cotovelos, contando à irmã sobre o dia maravilhoso que tivera. Katherine, sentada na cama, apenas ouvia quase alheia ao relatado por ela:
– Katherine, está me ouvindo?
– Claro, Ami. As cerejeiras estavam lindas.
– Sim, foi tudo tão lindo! Mas acho que fui um pouco ousada.
– Como assim? O que você fez?
Diz Katherine, levantando-se da cama, andando até próximo à irmã, questionando:
– Quando estávamos voltando, eu quase cai de cima do meu cavalo e então o príncipe me salvou.
– O que tem isso demais?
– E... eu o beijei.
– Você o quê?
– Aí Katherine, ele é tão maravilhoso... e o beijo dele! Aí, o beijo daquele youkai é tão quente e profundo...
– Ami, pelos deuses, acalme-se. Não vá fazer nada impensado.
– Ele é meu noivo.
– Você não pode esperar até o casamento ao menos?
– Por que esperar? Eu quero tanto sentir aqueles lábios outra vez.
– Ami, ele é um youkai, não o provoque. Se mamãe souber disso, ficará presa até o dia do casamento.
– Mas irmã...
– Não, Ami, quando sair com seu príncipe, nós sairemos os quatro. Não posso deixa lá sozinha mesmo, não é?
Ami se surpreende e pergunta, maliciosa:
– Os quatro?
– Sim. Eu, você e os dois príncipes.
– Fez as pazes com seu Inu?
– Ele se desculpou e pediu mais uma chance...
– E você concedeu?
Perguntou a garota, colocando a mão sobre a boca muito surpresa com aquela possibilidade. Katherine jamais perdoava ninguém. A princesa rindo, respondeu:
– Sim, concedi.
– Você realmente está apaixonada por ele.
– Talvez, acho pouco provável.
– Estou tão contente por você, irmã.
Disse Ami, se jogando nos braços da irmã e a abraçando. Realmente ela estava contente com a possibilidade de sua irmã estar se apaixonando pelo noivo. Na parte de trás do castelo, Kanji e Ren conversavam enquanto arrumavam suas armas após um breve treino. Na verdade, o príncipe queria conversar com seu amigo sobre o que estava lhe acontecendo e Ren queria ouvi-lo, pois viu quando chegou acompanhado da princesa no castelo e parecia muito feliz:
– E então vai haver casamento mesmo, Inu?
– Claro que haverá casamento, o que pensa?
– Conseguiu domar a princesa Dragão?
– Não chame minha noiva assim, eu não quero brincadeiras com minha fêmea, entendeu?
Disse, bastante nervoso para Ren, que nunca o havia visto ficar daquela forma por causa de uma brincadeira. Respondeu, um pouco assustado:
– Tudo bem, eu não falo mais. Conte-me, o que aconteceu?
– Passei a tarde com ela, foi tão tranquilo e agradável. Ela é tão doce, nem parece aquela guerreira que usa máscara.
– Como ela é sem aquela máscara?
– Linda, tem olhos azuis bem claros, uma pele clara lisa, macia e delicada e os lábios mais macios que já beijei...
Ele falou suspirando e Ren disse:
– Kanji garanhão, beijou a fera e ainda comprovou a maciez da pele da princesa. Você não perde tempo, eu sabia.
– Não tem nada disso, eu só a beijei.
– Não precisa comentar, meu amigo. Já imagino como foi sua tarde. Por isso veio nas suas costas, deve ter esgotado as energias dela...
Um soco do lado da cabeça cala Ren abruptamente, Kanji estava uma fera com o que amigo insinuava:
– Seu tarado. A princesa não é dessas.
– Tudo bem, se você diz...
Ele é interrompido pela chegada de uma serva que se reporta ao príncipe:
– Majestade, sua mãe, mandou procurá-lo. Deseja falar lhe imediatamente.
Kanji estranha a presença daquela serva obviamente de origem Inu youkai.
– Quem é você, garota? Nunca a vi no castelo antes, desde quando trabalha aqui?
– Meu nome é Kiku. Kanji Sama, fui trazida há uma semana do castelo de Darak por seu exército e como não tenho para onde ir, me permitiram ficar trabalhando no castelo.
– De onde você é?
– Era de uma pequena vila da terra da magia, Kanji Sama. Mas Darak a destruiu.
– Isso parece comum nesses tempos de guerra. Ren meu amigo, vou indo, até mais.
– Até depois, Kanji.
Kiku observa o príncipe se afastando com muito interesse. Observando o olhar da jovem mestiça de youkai a sua frente, Ren pergunta:
– Algum problema, moça?
– Não, não, senhor, nenhum problema.
Diz ela, voltando para o castelo. Estava impressionada com a beleza do príncipe, não sabia que um dos príncipes Inu youkai era um mestiço de youkai como ela. Kiku era uma mestiça de youkai de Inu youkai da ilha, o que lhe conferia o cabelo negro característico dos Inu youkai daquele local e os olhos quase cor de mel. Podia ser considerada uma jovem bastante bela. Aquele fato chamou a atenção da ambiciosa moça, parecia que seus dias de concubina poderiam estar no fim, se tivesse um pouco de sorte e muita coragem, poderia se tornar a princesa daquele reino, casando-se com aquele príncipe tão belo.
Apressou-se o mais rápido que podia para alcançá-lo, só conseguindo aproximar-se um pouco quando ele cruzou as portas do palácio. Quando estava para alcançar sua mão no ombro, Cho a chamou com tom áspero na voz:
– Menina, venha cá agora.
– Sim, Cho Sama.
A garota a seguiu até o quarto do príncipe Kanji, onde ajudaria a velha a fazer uma rápida limpeza. A faxina estava atrasada naquele dia, quando entraram no quarto, Cho disse incisiva:
– O que estava tentando fazer, menina?
– Nada, Cho Sama.
– Menina, eu a vi tentando tocar no príncipe, seja lá qual for a ideia que teve, desista, ele se casará em breve.
– Mas senhora...
– Menina, eu entendo que pareça tentador para uma jovem mestiça de youkai bonita como você tentar ser a princesa deste Clã, mas advirto-lhe, não cause problemas ao príncipe ou eu tomarei minhas precauções.
– Sim, Cho Sama.
Respondeu a jovem, baixando a cabeça. A velha estava com um olhar mortal. Cho cuidava do príncipe desde que nasceu, gostava dele como um filho que nunca havia tido e não permitiria que ninguém fizesse mal a ele. Jogou uma pilha de roupa suja nos braços da jovem e disse:
– Faça a cama e leve as roupas para lavar, não se demore, menina.
– Sim, Cho Sama.
Kiku aproximou-se rápido da cama, afofou os travesseiros, estendeu os lençóis e sorriu ao perceber que os fios do cabelo prateado do príncipe estavam sobre toda a cama. Apenas os coletou e os guardou em uma espécie de bolsa, sem que Cho percebesse. Estava decidida, tiraria o príncipe de sua noiva antes do dia do casamento, seus conhecimentos e poderes a ajudariam.
Assim que terminaram, desceram as escadas. Kiku deixou as roupas para serem lavadas e se dirigiu para fora do castelo com pressa, iria fazer seu encantamento aquela noite mesmo. Juntou rapidamente as ervas que necessitava e andou para um bosque distante do castelo, acendeu uma fogueira e começou seu encantamento, usando os fios do cabelo do príncipe, enquanto preparava uma fusão, ria, dizendo:
– Kanji, você será meu a partir de hoje.
Enquanto isso, no castelo, Takara estava com Kanji no jardim de inverno, conversando:
– Então filho, o que decidiu?
– Quero me casar com ela, mãe.
– Por que, meu querido filho?
Ele suspirou, olhando para a lua pela janela:
– Porque ela me traz calma e porque me encanta com aquele sorriso lindo...
– Ela sorriu para você?
– Sim, quando me desculpei... acho que disse algo estranho.
– Típico do meu filhotinho. Que bom que tomou juízo, seu pai vai gostar de saber disso.
– Ele vai rir...
– E vai dizer que já sabia também.
– Como ele faz isso afinal? Ele sempre acerta.
– Você e seu pai são muito parecidos, meu filho. Você tem que entender isso logo.
– Deve ser isso então.
Diz ele, coçando a cabeça enquanto sua mãe sorria e saia da sala onde se encontravam, dizendo:
– Vá se preparar para o jantar, filho. Quero você bem lindo.
– Pode deixar, mãe. Eu sou muito lindo.
Takara ri, deixando o filho sozinho por alguns minutos. O rapaz volta a olhar para a lua mais um instante, quando a imagem de uma jovem mestiça de youkai de cabelos escuros vem à sua mente. Ficou confuso, não se lembrava de onde a havia visto, porém a figura daquela jovem parecia fascina-lo de alguma forma. Balançou a cabeça, tentando fazê-la desaparecer, saindo para seu quarto, sem imaginar do que se tratava.