Capítulo 127
2526palavras
2022-07-25 06:22
Ele começou a colocar a roupa rapidamente:
- Vamos ao hospital... Avisou Nicolas?
- Bem, Nicolas está literalmente dopado. É uma longa história. Eu conto no caminho.
- Vai trocar de roupa? – ele me olhou rapidamente.
- Sim. – falei olhando minha roupa toda amassada.
Eu troquei de roupa e encontrei Otto já na porta.
- Otto, não fique tão nervoso. É uma dor fraca, mas como nunca senti antes, estou um pouco receosa.
Ligamos para Felipe, que chegou em minutos.
Quando chegamos ao hospital de Paraíso eu já havia explicado a Otto tudo que havia acontecido com Nicolas e Joana. Ele ficou temeroso:
- Talvez tenha sido a discussão com Joana que tenha deixado você nervosa e com dor.
- Eu não acho que tenha sido isso. – disse Felipe. – Acho que é normal esta dor no início... Pelo menos Lorraine reclamava um pouco.
- Isso me deixa mais tranquila, Felipe.
- Estou com medo do que Simon venha a fazer. Joana pode ter sido amadora, mas certamente não agiu sozinha. Os dois estão sempre juntos em tudo.
Fui atendida logo que fiz o cadastro, deixando Otto e Felipe preocupados quando deixei a recepção.
A médica que me examinou perguntou:
- É sua primeira gravidez?
- Sim.
- Já iniciou as consultas de pré-natal?
- Descobri há pouco tempo. Está agendada a primeira consulta para o início da próxima semana.
- Fará aqui mesmo no hospital?
- Eu marquei numa clínica em outra cidade... Por opção do pai da criança.
- Entendo... Mas temos bons profissionais de pré-natal aqui também.
- Fico feliz em saber.
Nicolas realmente havia feito questão de marcar com um renomado médico obstetra na capital. No entanto ele era muito procurado e não conseguimos consulta de imediato. Eu gostei da médica que me atendia. Seria interessante fazer o pré-natal com uma médica em vez de um médico.
- E então, doutora? – perguntei preocupada enquanto ela sentava em sua mesa e começava a digitar no computador.
- É normal ter dores pélvicas no início da gravidez, Juliet. Eu mesma tive muito isso quando engravidei. A gravidez muda seu corpo e suas articulações, levando ao desconforto frequentemente. A dor deve ser tipo uma cólica menstrual. Pode durar de 2 a 3 dias e geralmente para sozinha, sem precisar nenhum medicamento para isso.
- Eu nunca tive cólicas menstruais, acho que por isso fiquei apavorada.
- Se sinta uma privilegiada por não ter cólicas. – ela sorriu. – Creio que não tenha feito uma ecografia, não é mesmo?
- Não.
- Que acha de ver seu bebê para termos certeza se está tudo bem?
- Eu... Gostaria muito, doutora. – falei emocionada.
- Vou ligar e solicitar. O pai do bebê está na recepção? Ele pode acompanhar.
- Vou tentar ligar para Nick. – peguei meu celular. – Ele não está aqui, mas consegue vir rapidamente.
Liguei para o celular de Nicolas, que não atendeu. Fiquei um pouco preocupada e tentei Maria Emília, que estava desligado.
- Pode aguardar na recepção, Juliet. Assim que estiver tudo preparado, chamarão você.
- Obrigada.
Saí para a recepção e Otto estava de pé, andando de um lado para o outro.
O abracei:
- Está tudo certo, pai. Agora eu vou ver o meu bebê... Na ecografia.
- Ah, estou tão feliz.
- Eu imaginei que estava tudo certo. – disse Felipe.
- Alguém conseguiu falar com Nick hoje? – perguntei.
- Não. – disse Felipe.
Tentei novamente e nada. Voltei para o telefone de Maria Emília, que atendeu desta vez.
- Maria Emília, me diga, por favor que está tudo bem com Nick.
- Sim, Juliet. Ele já acordou e está bem. Teve um problema no resort e ele saiu para resolver. Acho que é importante.
- Ele não me atende.
- Provavelmente stá em reunião.
- Porra! Quer dizer, que droga. – lembrei que ela detestava palavrões. – Eu... Estou no hospital.
- Meu Deus, aconteceu alguma coisa?
- Nada sério. Senti um dorzinha. Iniciou quando eu estava saindo daí hoje pela manhã, mas fiquei preocupada. A médica já me garantiu que é normal e que está tudo bem com o bebê.
- Fico aliviada. Vou tentar ligar para Nicolas também.
- Não... Tudo bem. Deixe ele resolver o problema do resort. Depois eu falo com ele.
- Mas... O bebê é mais importante.
- Está tudo bem, como a médica mesma afirmou. Depois conto a ele como foi.
- Qualquer coisa, me avise, por favor.
Desliguei e ri:
- A bruxa parece estar querendo se redimir depois de ter me maltratado pela manhã.
- Como assim? Depois de ter visto Nicolas com Joana, ter pegado a garota pelos cabelos e cuidado dele a noite toda você ainda enfrentou a mal amada da mãe dele na saída? – Otto perguntou.
- Acho que sou uma mulher forte, Otto. – ri.
- Muito... Nunca duvidei disto, filha. – ele me abraçou.
- Vou avisar Lorraine que está tudo bem. – disse Felipe. – Antes que ela pegue um uber ou vá até Nicolas para chegar aqui.
Eu disse:
- Entendo Lorraine. Eu também faria isso por ela.
- Acho que você “fez” isso.
Lembrei do encontro com Simon naquele dia e me preocupei novamente. Mas minha preocupação não durou muito tempo. Foi interrompida pela recepcionista, que me chamou para a ecografia.
- Ei, Otto, que acha de conhecer o seu neto hoje?
Ele me olhou com os olhos brilhando:
- Jura?
- Sim. – entreguei minha mão a ele, que a apertou.
Seguimos até a sala de ecografia. Deitei-me numa cama confortável e à frente havia uma tela grande. Otto sentou-se ao meu lado. A sala não chegava a ser escura, mas também não tinha claridade. A médica me deixou tranquila e depois colocou um gel frio na minha barriga.
- Preparada para ver seu bebê?
- Sim. – respondi sentindo meu coração batendo forte.
Assim que vi a imagem na tela senti as lágrimas escorrendo. Queria muito que Nicolas estivesse ali comigo, mas ver Otto compartilhar da mesma emoção que eu sentia também era incrível.
- Seu bebê não é mais um embrião. – ela disse. – Está com cerca de três centímetros. Pelos meus cálculos você está com cerca de dez semanas. Está se formando dentro do que se espera para a idade gestacional.
- Isso é surreal. – falei sem desviar meus olhos do meu bebê
- Vamos ouvir o coração?
- Conseguirei ouvir o coração dele? Isso é possível?
- Sim. – ela riu.
Assim que ouvi as batidas fortes e rápidas me derramei ainda mais em lágrimas.
- Não sei explicar a sensação... – olhei para Otto.
- Nem eu. – ele pegou a minha mão.
Infelizmente a ecografia acabou. Porque eu poderia ficar ali para sempre vendo ele crescer dentro de mim. Será que era possível comprar um aparelho daqueles para ter em casa e passar vinte e quatro horas conectada a ele?
Quando saímos do hospital meus olhos estavam vermelhos de tanto chorar. A parte boa é que chorei de emoção e não tristeza. Ainda lamentava Nicolas não poder ter visto, mas eu sabia que em breve estaríamos juntos vendo nosso bebê crescer na minha barriga.
Minha vontade era ir falar com Nicolas na empresa, mas sabia que ele estava resolvendo algo sério e eu não queria atrapalhar. Então fui para a casa dele e esperei-o no quarto. Por sorte Maria Emília não estava em casa.
Deitei na cama dele e fiquei ali, até escurecer. E ele não apareceu. Acabei adormecendo, pois eu tinha sono o tempo todo.
Despertei com o quarto escuro e os beijos de Nicolas. Espreguicei-me:
- Que horas são?
- Mais de meia noite. Eu poderia deixá-la dormindo... Mas não resisti. E sei que precisamos conversar.
Levantei ainda sonolenta. Nicolas estava com os cabelos molhados.
- Você chegou agora?
- Faz pouco tempo.
- Teve problemas?
- Sim... Mas vou resolver.
- O que houve?
- Um dos acionistas quer vender a parte dele para outro. Isso não é permitido, mas ele tem um bom advogado e está quase conseguindo romper a cláusula.
- Isso deve ser ruim... – falei sem entender muito bem.
- Eu vou precisar me ausentar por uns dias, rainha do drama. Isso é ruim...
- Quantos dias? – olhei preocupada para ele. – Não consigo ficar sem você.
Ele me abraçou:
- No máximo dois. Tentarei fazer tudo o mais rápido possível. Mas preciso ir até o acionista. E convencê-lo a não romper o contrato.
- Mas...
- Eu não quero mais falar sobre negócios e o resort, rainha do drama. Quero falar sobre o que aconteceu esta noite... E sobre a sua dor durante o dia.
- Sua mãe contou?
- Sim. E desta vez ela fez o correto.
- Bem, eu recebi a ligação e vim até sua casa. Então encontrei Joana sentada no seu colo... Quase sem roupa.
Ele suspirou:
- E você está aqui, na minha cama, mesmo tendo visto isso?
- Eu sabia que era uma armação, Nick.
Ele alisou meu rosto:
- Lembro de tão pouco. Mas sim, ela esteve aqui. E eu a deixei entrar na minha casa. Porque ela me disse que Simon tramava contra você. Como fui idiota...
- Ela deu algo para você beber?
- Eu estava bebendo vinho com minha mãe. Ela acabou indo deitar e eu fiquei. Quando ela chegou eu ainda não havia acabado. Certamente num momento de distração ela colocou algo na minha bebida. Eu não deveria tê-la deixado entrar. Ela nunca vai mudar. Sequer sei como cheguei ao meu quarto...
- Não lembra de nada?
- Alguns flashes... E sim, lembro de você entrando no quarto... E me colocando no banho.
- Está tudo bem agora.
- Juliet, quando isso vai acabar?
- Parece que nunca, Nick.
- O que exatamente aconteceu?
Expliquei a ele tudo que havia acontecido desde o momento que ele me ligou até a parte que o coloquei na cama na noite anterior. Depois contei sobre a dor e a ecografia.
- Porra, você confiou em mim sem nenhuma sombra de dúvida?
- Sim...
- Por que eu não consegui agir assim com você naquela vez, mesmo sabendo o quanto você me amava? Como pude ficar tão cego pelo ciúme e pela raiva?
- Nick, não precisamos mais discutir o passado... Você mesmo me alertou quanto a isso. O que passou, passou.
- Não quando você confia em mim mesmo me vendo com outra mulher nos braços. Como eu pude ser tão tolo? Como pude deixar você sair da minha vida naquela noite?
- Foi diferente... Eu sei da índole de Joana.
- Eu amo você, Juliet... Perdoe-me por não estar com você na primeira vez que viu nosso bebê... Bem como na sua consulta. E me perdoe por não estar com você quando perdeu Olga.
- Nosso bebê tem o tamanho de um morango. – comecei a rir, trocando de assunto.
- O que você acha que é?
- Eu acho que é um menino. Ele tem formato de menino.
Ele riu:
- Existe formato de menino?
- Eu acho que sim. Nick, será que podemos comprar uma máquina daquelas e ver nosso bebê o tempo inteiro?
- Eu acho que tudo é comprável, rainha do drama. Vou ver como faço para adquirir uma máquina desta.
- Será que vou ter que ficar deitada o tempo todo com aquele gel na minha barriga?
Ele puxou minhas pernas lentamente e retirou minha blusa, deixando minha barriga nua. Depois começou a beijá-la sem parar.
- Isso faz cócegas, Nick.
- Quero que ele perceba que eu estou aqui.
- Claro que ele percebe. Ele ouve sua voz.
Ele subiu os beijos pelos meus seios, meu pescoço e chegando na minha boca, onde colocou sua língua quente e macia. Acompanhei seu ritmo frenético, envolvendo seus lábios no mesmo tempo que senti minha calcinha molhar. Ele sempre fazia aquilo comigo... Bastava me tocar.
- Eu nunca trairia você... Jamais. – ele me olhou, com a boca a centímetros da minha.
- Quero um bebê com os seus olhos. – falei.
- Quero um bebê nosso... Como for.
- Sentirei saudades de você quando estiver fora.
- Eu também. Prometo voltar o mais rápido possível.
- Vai de carro?
- Até o aeroporto. Em breve vou providenciar um heliporto no resort. Será útil não só para minha locomoção como também para os hóspedes.
- Isso é interessante. E adivinha? Tenho outra novidade.
- Outra? Vamos ter gêmeos? – ele brincou.
- Não... – eu comecei a rir. – Mas acho que você vai ter uma namorada famosa.
- Como assim?
- Preparado para uma longa história?
- Sempre...
Contei sobre a escrita e a pessoa que entrou em contato comigo, bem como a conversa com Tom.
- O que acha? – perguntei.
- Estou feliz por você, rainha do drama. Aposto que se sairá muito bem... Afinal, você sempre foi a rainha do drama. – ele riu. – Mas não quero que cite o nome de Simon Dawson no seu livro.
Levantei e olhei-o seriamente:
- Nick, é uma oportunidade de pegarmos ele.
- Não... Você não pode se arriscar desta forma.
- Eu realmente pensei em fazer isso: usar o nome dele.
- Não. Provocá-lo é ainda pior. Temos um bebê aqui. – ele colocou a mão na minha barriga. – Joana não veio até aqui por nada. Eles não desistiram de nós, Juliet. E mais cedo ou mais tarde vão conseguir o que querem.
- Então não faremos nada e os deixaremos darem as ordens em Paraíso?
- Somos honestos, Juliet. Não somos mau caráter como eles. Não estamos lidando com Simon Dawson, o homem que engravidou sua mãe. Estamos falando de um traficante forte e perigoso... E que ameaçou a própria filha.
- Talvez você tenha razão.
- Invente um nome fictício para ele.
- E para você?
- Faça como preferir. Se quiser citar meu nome, aceito. Se não quiser, melhor ainda.
- Mas Tom aparecerá como ele mesmo.
- Tom tem algo para mostrar. Eu não.
- Como você não tem nada para mostrar, Nick?
- Ele pode ajudar alguém de alguma forma, entende?
- Mas você é o amor da minha vida.
- Eu sei... Por isso você pode fazer como preferir... Porque eu vou continuar sendo o amor da sua vida. – ele me deitou na cama e se ajoelhou sobre mim, como costumava fazer.
Retirei a camiseta dele.
- Eu quero muito fazer amor com você, Juliet. Mas tenho medo... Pelas suas dores recentes.
- Mas a médica disse que vai passar.
- E ela disse se podíamos fazer sexo?
- Eu não perguntei. – confessei.
- Então não vamos arriscar. Amanhã você liga ou vai ao hospital e pergunta.
- Tem razão...
- Mas eu posso fazer você gozar... – ele sorriu lascivamente. – Sem oferecer risco algum...
- Ah, eu acho que pode mesmo.
Ele retirou minha roupa lentamente e passou a me beijar e chupar, começando pelo pescoço. E eu tinha certeza que gozaria logo. Porque Nicolas sempre conseguia me deixar enlouquecida.