Capítulo 122
2215palavras
2022-07-25 06:18
Eu estava ansiosa esperando todos para o jantar. Felipe e Lorraine estavam quase mudados de casa. Um pouco das coisas já estavam na casa nova e o restante ainda na minha. Estávamos na sala de estar aguardando Nicolas e a mãe, que eu não tinha certeza se viria.
A campainha tocou e eu levantei nervosa e antes que Lu chegasse na sala, eu já havia aberto a porta. Era Nicolas... Acompanhado de Maria Emília.
Ele me deu um beijo:
- Obrigado pelo convite, rainha do drama. Estou curioso. – ele me levantou com um forte abraço.
- Não me aperte muito, Nick. – pedi.
- Mas você sempre gostou que eu a apertasse com força... – ele falou confuso.
- Agora eu não gosto. – sorri.
- Agora ela gosta de bater em você de bolsa. – disse Felipe ironicamente.
Nicolas serviu-se de um copo de uísque e entregou um para Felipe:
- Um brinde ao dono do Paradise Resort, que levou mais de 30 bolsadas em menos de três minutos.
Olhei para a mãe dele, que me encarava seriamente enquanto todos gargalhavam.
- Eu achei que o filho era dele. – tentei me defender sentando ao lado de Nicolas.
- Vai ficar de pé, mãe de Nicolas? – perguntou Lorraine debochadamente. – Acho que vai cansar seus belos pezinhos... Juliet quando resolver fazer um drama se prepare... Aposto que vamos ficar um bom tempo por aqui, esperando até que ela diga qual é o assunto.
- Por isso “rainha do drama”. – disse Felipe. – Ela sempre foi assim?
- Sempre... – explicou Nicolas me puxando para perto dele, deixando seu braço sobre meus ombros.
- E ele ainda acha engraçado. – Maria Emília reclamou, sentando no sofá.
Vitória foi para o colo dela, sem ser convidada:
- Oi... – Vi cumprimentou, mexendo nos cabelos dela.
- Oi... – ela falou docemente, em nada parecendo a velha rabugenta de segundos atrás.
- Você é bonita. – Vi elogiou.
- E você linda... Parece uma princesa.
- Acho que ela é uma péssima sogra, mas pode ser uma boa avó. – me ouvi falando.
- Acho que sim. Afinal, uma criança é mais fofa do que você. – ele riu.
- Mas ela está fofa... Literalmente. – Lorraine aproveitou-se da situação.
- Sua... – pensei no que dizer para ofender sem querer ser dura com uma grávida.
- Baleia? Somos duas. – ela disse antes de mim.
- Ei, não chame Juliet de baleia... – reclamou Nicolas. – Ela está linda assim... Mesmo um pouco mais “cheinha”.
- Quer levar outra bolsada, Nicolas? – ameacei.
Meu telefone tocou. Quando fui atender, a ligação caiu, mas havia uma mensagem. Eu não costumava ler, mas acabei ficando curiosa em função de ter sido logo após a chamada: “É feio denunciar o papai. Acho que é hora de levar aquelas palmadas que sua mãe não lhe deu.”
Eu não queria importunar ninguém com aquela pessoa horrível que era o meu pai... Mas fiquei tão preocupada ao ler que todos notaram.
- O que houve? – perguntou Otto pegando o telefone da minha mão e lendo a mensagem. – Eu vou matar este desgraçado.
Nicolas pegou o telefone leu também:
- O que você fez?
- Eu... Fiz uma ligação anônima para a polícia. E disse que ele vendia drogas.
- Juliet, eu contratei um detetive para investigar tudo e conseguir provas. Por que você fez isso?
- Nick, ele me importou com várias mensagens no dia do meu aniversário... Eu fiquei furiosa.
- Por que você não nos avisa das coisas? – reclamou Otto alterado.
- Puta que pariu, você pisou na bola. – Lorraine argumentou.
- A menina não deve ouvir isso. Tenham modos. – Maria Emília tapou os ouvidos de Vitória.
- Vão fazer o que, me pôr na cruz? – perguntei levantando. – Denunciei e não estou arrependida.
- Agora ele vai vir atrás de você como um lobo de novo. – falou Nicolas.
- Vou matá-lo antes de ele encostar um dedo nela. – Otto ficou vermelho de raiva.
Abracei Otto, tentando acalmá-lo:
- É só uma ameaça... Ele não vai fazer nada. Se tivesse que fazer, já teria feito. Joana está diariamente comigo...
- Tom deixou ela no comando de tudo. – disse Nicolas. – Foi o que ela me disse hoje no final da tarde. E parece que ele não volta.
- Desgraçado... Vai embora e deixa a garota para ficar importunando no lugar dele. – falou Otto.
- Eu não tenho medo de Joana. – falei firmemente.
- Deveria. – disse Nicolas. – Simon é um bandido.
- O pai dela é um bandido? – perguntou Maria Emília.
- Sim... – falei. – Assim como o dele era um alcoólatra. Famílias do bem, não? – eu ri ironicamente, passando a mão no meu ventre: - Viu, bebê, seus vovôs devem sair da nossa árvore genealógica.
Todo mundo ficou em silêncio:
- Eu sei que não se pode simplesmente tirar da árvore genealógica. – me justifiquei, envergonhada.
- Você tem um bebê aí? – Nicolas perguntou confuso e ao mesmo tempo docemente.
- Porra, eu não queria contar assim... – lamentei. – Preparei todo o jantar... E agora vocês me fizeram contar tudo da forma errada.
- O que é porra? – perguntou Vitória para Maria Emília.
- Porra é uma coisa que não existe... – ela disse me encarando... – Um bebê?
- Meu Deus... Eu vou ter um neto... – Otto passou a mão na cabeça nervosamente.
- Você vai ficar ainda mais gorda... E vamos virar baleias juntas. – Lorraine me abraçou com força, falando aos gritos. – Prima, nossos bebês vão ter a mesma idade praticamente.
Olhei para Nicolas:
- Eu disse que lhe daria um menino... Só não tenho certeza se vai ser menino ou menina... Talvez eu possa ter errado quando afirmei o sexo... – falei timidamente.
- Por isso o desmaio... Você já sabia pela manhã?
- Não. Eu soube quando fui ao banheiro. Fiz o teste e deu positivo. Então fui embora.
- E nem me avisou...
- Não queria que fosse assim... – justifiquei.
- O exame que eu lhe dei de aniversário? – perguntou Lorraine.
- Sim.
- Você já sabia? – Nicolas perguntou para Lorraine.
- Claro que não. Mas como ela só coube no terceiro vestido, eu pedi um teste e dei pra ela. E você levou mais de uma semana para fazer, Juliet?
- Não achei que fosse possível... Porque eu estou menstruando... E tomando anticoncepcionais. Mas uma prostituta me disse que engravidou assim... Que pode acontecer.
- Uma prostituta? – perguntou Maria Emília em choque. – Nicolas, o que está acontecendo aqui?
- Eu vou ter um filho, mãe... É isso que está acontecendo. – ele veio até mim e me abraçou com força, me levantando e girando comigo em seus braços.
Em seguida me deu um beijo:
- Eu nunca imaginei ser tão feliz na minha vida como me sinto neste momento.
- Sei exatamente o que você sente, Nick. Depois do choque inicial, meu coração se encheu de amor. Nós vamos ter um bebê... Nosso.
Olhei para Otto e vi que ele estava chorando, emocionado. Fui até ele e o abracei:
- Ei, está tudo bem.
- Não pensei que eu fosse sentir o que sinto por este bebê que ainda nem nasceu. Posso tocar? – ele perguntou.
- Claro, pai.
Otto tocou na minha barriga carinhosamente.
- Eu vi no Google que ele está medindo uns 4 centímetros. Mas em breve minha barriga vai ficar igual a de Lorraine. E acho que ele vai até se mexer.
- Você não acha... Ele vai. – ela disse revirando os olhos.
- E quando se mexer, todo o seu mundo vai virar de cabeça para baixo... – disse Maria Emília. – Então você se dará conta de que é real... E o amará mais que qualquer coisa na sua vida.
Fiquei sem palavras. Enfim, algo tocou o coração de pedra da bruxa.
- O jantar está servido. – disse Lu.
O jantar seria o momento que eu anunciaria a gravidez. Mas minha boca grande não permitiu guardar até lá. Mas acho que a refeição teve um sabor diferente naquela noite. O assunto foi em torno do nosso bebê. E a felicidade reinava na casa, como nunca. Nicolas não seria só um ótimo pai... Um companheiro e parceiro perfeito. Já começou controlando minha alimentação... Porque ele era o senhor perfeito em tudo. Eu sabia que eu e o filho que carregava seríamos muito mimados. Porque minha família era a mais especial que havia no mundo inteiro... Assim como meu Nicolas... A mãe dele poderia ser tirada da lista de pessoas especiais.
Claro que Nicolas decidiu que não iria embora naquela noite. Antes que eu entrasse no meu quarto, ele já estava lá, deitado na cama. Eu sorri maliciosamente e deitei ao lado dele, alisando seu peito com movimentos circulares dos meus dedos.
- Juliet, você precisa começar a providenciar os preparativos para o nosso casamento.
- Por que eu? Não podemos fazer isso juntos?
- Eu mal tenho tempo para dormir, meu amor. Mas se é importante para você, prometo que farei isso. Ou melhor, faremos juntos.
- Eu nunca organizei um casamento.
- Acho que é possível pagar alguém que organize tudo... Eu também nunca fiz isso.
Começamos a rir.
- No fim, será antes dos 30. – ele disse.
- Pois então... Acho que quando chegar a idade do pacto, já estaremos casados... Quer dizer, tenho certeza. A melhor parte disso tudo é que não será com outros parceiros...
Ele se ajoelhou sobre meu corpo na cama, com as pernas abertas sobre as minhas.
- Eu já pensava em ter um bebê com você quando a gente namorava... Há alguns anos atrás. – ele confessou.
- Eu lembro de ter ouvido algo a respeito... – sorri. – Mas eu tinha um certo trauma.
- Nada nem ninguém vai estar entre nós, meu amor. Eu juro.
- Nick... Sobre você ter mandado um detetive investigar Simon...
- Eu achei que tudo isso seria rápido. A intenção era lhe dar um dossiê com todas as provas no seu aniversário. Mas seu pai é escorregadio... Ou muito esperto. Até agora não foi conseguido nada que o incrimine.
- E eu fiquei sem saber sobre a denúncia. Mas acho que realmente foram até a casa dele... Ou ele não me mandaria aquela mensagem.
- O problema é que ele tem certeza de que foi você.
- Nick, você tem medo dele?
- Não por mim... Mas por você, rainha do drama... E principalmente pelo nosso bebê agora. – ele colocou a mão na minha barriga pela primeira vez depois da notícia.
Coloquei minha mão sobre a dele:
- Nick... Nós temos um pedacinho de nós dentro de mim... Vivo.
Ele riu:
- É engraçada a forma como você fala.
- Eu não sei muito sobre bebês... Sempre mantive distância, na verdade. Vitória foi o primeiro bebê que eu peguei no colo... Porque Lorraine me obrigou. E claro que me afeiçoei a ela. E hoje, quando vi aquele menino fofo no elevador, que ficou me olhando e falando comigo, eu fiquei simplesmente encantada. Eu estou preparada para ser mãe.
- Eu não tenho dúvidas disso. – ele me deu um beijo na testa.
- Nós vamos superar Simon Dawson... Assim como enfrentamos tudo que veio para nos separar.
- Só que novamente é ele na jogada... Isso que me deixa doido... E com tanto ódio.
- Acho que a bruxa... Digo, a sua mãe, gostou da notícia.
- Sim, a bruxa da minha mãe adorou a notícia. – ele riu.
- Acha que ela pode deixar de ser bruxa comigo?
- Espero que sim... Assim como também espero que o nosso bebê não a faça ficar em Paraíso para sempre... Muito menos na minha casa.
O olhei confusa.
- Ela é sufocante às vezes. – ele confessou. – Esteve tão pouco por perto, mas o tempo que está é controladora. Não gosto disso... Muito menos de ouvi-la falando mal de você.
- Porra, eu sou muito mal falada neste lugar. Até pela sua mãe.
- Você sempre esteve na boca do povo, rainha do drama. E acho que você gosta disso. Assim com aposto que vai querer um casamento gigantesco e cheio de holofotes sobre você.
- Eu mereço... Vou ser uma noiva grávida usando swarovski. Posso?
- O que é isso?
- São cristais... Caros, perfeitos... E que brilham muito.
- Eu não esperava menos de você, meu amor.
- Nick, acho que estou com meu primeiro desejo...
Ele me olhou preocupado:
- Qual?
- Quero fazer amor com você.
Ele riu e balançou a cabeça:
- Mas palmadas nem pensar... Não encosto um dedo na sua bundinha preciosa.
- Nove meses sem palmadas? – lamentei.
- Nove meses sem palmadas. – ele confirmou. – Nem que você mereça.
- Podemos fazer a despedida das palmadas hoje? – perguntei puxando o rosto dele para o meu.
- Nem pensar... Você não vai me convencer.
O beijei com ardor, sentindo sua língua quente e macia na minha. Beijar Nicolas era uma das coisas que eu mais gostava de fazer na vida.