Capítulo 118
2335palavras
2022-07-25 06:16
Naquela semana recebi várias mensagens de Simon. Todas pedindo que queria me ver... E que tínhamos que conversar. Bloqueei o número dele, o impedindo de ter qualquer contato. E não avisei Nicolas e Otto, pois não queria preocupá-los.
Eu tinha fixo na minha mente a vingança contra Simon por tudo que ele me fez e por acreditar que ele pudesse ser o culpado pela morte da minha mãe. No entanto, acabar com uma pessoa era algo bem mais difícil do que eu imaginava.
Nicolas havia prometido me ajudar, mas estava muito atarefado com os negócios. E eu não queria perturbá-lo com meus problemas... Quando ele já tinha os dele para resolver. No fim, vingança era coisa de filme ou novela. Mesmo com todo dinheiro do mundo disponível, ainda assim era algo complicado.
O fato de Simon ter entrado em contato novamente me assustava um pouco. Talvez ele nunca fosse me deixar em paz. E eu sabia o que ele queria... Como se eu fosse capaz de lhe dar um resort que não era meu... Nem mesmo a casa que eu morava era minha. Nicolas era dono de tudo e não eu. E jamais eu o deixaria fazer qualquer coisa com Nicolas por minha causa. Eu era capaz de morrer para defender o homem que eu amava, assim como ele faria por mim.
Joana continuava na empresa, mas se trancou em sua sala o tempo todo que Tom estava no hospital. Acho que ele sabia que era culpada pelo que havia acontecido com ele e que seus dias ali dentro estavam contados quando ele voltasse.
Eu ia todos os dias ver Tom. E por sorte ele estava cada dia melhor. No oitavo dia ele deixou a Unidade de Terapia Intensiva e foi para o quarto. A família Panetiere, que se resumia na irmã e no pai, não veio visitá-lo. Sequer sei se ligaram. E nem perguntei a ele para não deixá-lo triste caso não o tivessem feito. Por sorte Tom não falou mais sobre nós. E sem o efeito das drogas, ele era o homem que conheci há oito anos atrás: divertido, preocupado com o mundo ao redor dele... E gentil.
Nicolas ficava enciumado algumas vezes... Mas nada que uma boa noite de sexo não o fizesse esquecer por completo.
Meu apetite estava insaciável naquela semana. E a balança me deu um quilo a mais em sete dias.
Coloquei um vestido longo praiano, estampado e confortável. Nicolas e Lorraine haviam preparado uma festa na beira da praia para comemorar o meu aniversário de 27 anos.
- Ei, você ainda não está pronta? – perguntou Lorraine entrando no meu quarto, comendo um pirulito.
- Você está comendo o pirulito da Vi? – perguntei incrédula.
- Não mesmo... Este é do bebê que está dentro da minha barriga.
- Por sinal, ele cresceu um bocado. – obervei. – Agora me ajude a fechar o vestido que não estou conseguindo.
Virei de costas e ela tentou fechar o zíper:
- Puta que pariu... O que você comeu nos últimos dias? Fermento? Esta porra não fecha... Suas costas engordaram.
- Obrigada por dizer que foram minhas costas e não a minha barriga e minhas coxas.
Retirei o vestido e fui ao armário encontrar outro.
- Você só pode estar grávida, Juliet.
Olhei para ela confusa:
- Não pode... Estou menstruando normalmente.
- Vai ver você é daquelas que menstruam mesmo grávidas.
- Mas... Eu tomo anticoncepcionais.
- Pode ter esquecido um dia ou outro.
- Não... Eu não esqueço.
- Bem, então pare de comer, ou você vai virar baleia no resort de Nicolas, que nem eu.
- A partir de amanhã vou trocar toda minha alimentação...
- Começando pelo refrigerante? Engorda pra cacete.
- Isso vai doer tanto no meu coração... Mas vou começar por esta parte.
- O bom de estar grávida é que pode comer sem culpa.
- No meu caso, que não estou, preciso emagrecer.
- E se você fizesse um teste?
- Para quê? Não falhei a pílula, estou menstruando normalmente... Não há bebê.
- Não sentiu nada estranho nos últimos dias?
- Cansaço...
- Acho que você nasceu assim. – ela riu.
Não comentei dos enjoos que sentia na semana que Tom infartou, nem sobre a ânsia repentina do perfume de Nicolas. Porque isso faria com que Lorraine me deixasse louca. E eu não estava grávida... Ao menos eu achava que era impossível.
Tive que optar por um vestido com elástico na parte das costas, que não tinha problemas para fechar.
- Gostou? – perguntei para Lorraine, que estava deitada na minha cama, chupando seu pirulito de forma apelativamente sexual.
- Quantos quilos você engordou? – ela perguntou.
- Porra, você come pirulito de forma nojenta. – observei.
Ela riu ironicamente:
- Faço outras coisas bem mais nojentas.
- Mesmo grávida? – me impressionei.
- Tenho desejos loucos... E vontade de foder 24 horas.
- Isso é nojento... Bizarro.
- Bizarro é você ficar gorda deste jeito em tão pouco tempo. O personal da academia vai ter trabalho com você.
- Não me ofendo... – dei de ombros. – Sei que você me ama.
- Estou vendo até barriga saliente. Aposto que é o meu afilhado.
Olhei-me no espelho novamente:
- Sim... Você tem razão. É porque o vestido é solto na parte de baixo dos seios. Não ficou legal. Vou botar outro.
- Cinco quilos? – ela perguntou.
- Quatro.
Ela sentou rapidamente:
- Quatro quilos? Senhor... Parece oito, juro.
- Lorraine, acho melhor você sair ou juro que mato você.
- Eu posso sair... Mas isso não fará você fica magra, porra. Vou comprar o teste.
- Que parte de “eu não estou grávida” você não entendeu?
Joguei o vestido nela, que gargalhou e saiu, dizendo:
- Você vai ter um bebeeeê... Da idade do meeeeu...
- Se você comentar sobre isso com Nicolas eu juro que afogo você na piscina.
- Não vou contar... Só quando tiver certeza. Daí vou correndo dizer para ele que vai ser papai. Quero filmar a reação de Nick... E saber se você não fará sexo por oito meses por ser “bizarro”.
Ela fechou a porta e o sapato que joguei pegou na porta. Desta vez peguei um corpete extremamente justo e um vestido leve, mas não solto para usar por cima.
Ouvi batidas na porta e logo Nicolas entrou. Ele usava uma calça leve com elástico na cintura e uma camisa branca e tênis da mesma cor.
- Não me diga que não usou bermuda por minha causa, Nick.
- Seu aniversário, rainha do drama. Como vou usar bermuda?
- Ah, Nick, eu amo você. Mas amaria ainda mais se você fechasse o zíper do meu vestido.
Ele veio até mim e fechou, em seguida acariciando meu corpo de forma convidativa, fazendo minha calcinha molhar.
- Acha que estou muito gorda? – perguntei,
- Não... Com este vestido você não está.
- Sem ele estou? – perguntou confusa.
Ele riu:
- Está perfeita.
- Vou fazer dieta.
- Não precisa, meu amor.
- Nick, eu engordei quatro quilos.
- Tudo isso? – ele se impressionou. – Juro que não percebi. – ele riu.
- Bobo... Você disse que seus braços sentiram.
- Era... Brincadeira. Ei, Rainha do drama, eu não me importo com isso. – ele levantou meu queixo, fazendo encará-lo.
- Não quero ficar gorda no seu resort.
- Ah, literalmente minha rainha do drama... – ele balançou a cabeça, me empurrando até a cama e se ajoelhando sobre mim.
- Podemos dar uma rapidinha antes de sair? – perguntou puxando o pescoço dele para mim.
Senti sua língua dentro da minha boca e suguei seus lábios com voracidade.
Batidas na porta nos interromperam. Poderia se qualquer pessoa, menos Otto, que nos olhou intrigado:
- Por que será que eu achei que isso poderia estar acontecendo?
Nicolas levantou rapidamente, se arrumando:
- Nós vamos casar, Otto.
- Quando, Nicolas?
- Mês que vem? – ele me olhou.
- Não... É muito cedo. Tem muita coisa para organizar.
- Dois meses?
- Um ano.
- Um ano? – os dois me olharam.
- Um ano é suficiente para organizar um casamento... Afinal, vou ser esposa do dono do Paradise Resort. Pensei até em contratar uma banda internacional para toca no nosso casamento. Além do mais, Nick nem me deu um anel...
- Se o anel é o problema, vou buscar agora mesmo. – ele disse.
- Acho que já está mais que na hora de começar os preparativos para esta união... – falou Otto. – Agora vamos, pois todos estão esperando por vocês lá embaixo. – ele fechou a porta.
- Ninguém bate na sua porta? – Nicolas perguntou.
- Por isso é necessário trancar. Minha família não tem noção.
Ele riu:
- Acho que tem sim, até demais.
Ele pegou minha mão e enquanto descíamos as escadas, perguntei:
- Sua mãe irá?
- Ela não se sente bem.
Eu ri:
- Jura?
Ele me olhou e começou a rir. Bem sabíamos que Maria Emília havia inventado aquilo para não participar da minha festa. E sinceramente, eu pouco me importava com a presença dela.
Felipe, Lorraine, Otto com Vitória no colo... E Nicolas ao meu lado. Não era toda minha família, mas a parte mais importante dela. Faltava minha querida vó, minhas tias... Mas eu sabia que o coração delas estava comigo naquele momento, pois recebi ligações de cada uma delas pela passagem do meu aniversário. Com um puxão de orelha de minha tia: Ei, você está tentando roubar Lorraine de mim?
Assim que cheguei à praia particular do resort, fiquei impressionada com o que vi. Era uma espécie de luau... Tinha fogueira, um cantor com violão, todo tipo de comida possível e poucas pessoas, mas as que eu gostava. Pequenos sofás brancos ficavam debaixo dos pergolados montados perfeitamente com suas cortinas brancas voando com o vento e seguido o som do mar. Retirei meus sapatos vermelhos com salto alto e toquei meus pés na areia fina e ainda quente do sol que havia feito durante o dia. A luz cheia brilhava alta no céu, me presenteando com seu show particular.
- Gostou? – Nicolas perguntou, me abraçando por trás.
- A luz você também comprou deste jeito? – perguntei.
- Sim... – ele colocou o queixo no meu ombro e senti seu perfume, aspirando seu doce aroma para dentro de mim.
- Obrigada, senhor perfeito.
- Sei que não é um show do TNT, mas eles não estavam disponíveis neste final de semana.
- Bobinho... – eu ri, tocando o nariz dele. – Você é incrível.
- Aproveite cada momento... A festa é sua. Depois vem o seu presente.
- Como assim, Nick? Ainda tem mais? Você sabe que eu amo presentes.
- Ah, eu sei sim.
Senti meu telefone vibrar na bolsa fina que coloquei na transversal, nada combinando com a minha roupa. Enfim, a bolsa estava escolhida, assim como o vestido. O problema é que o primeiro vestido não serviu e o segundo não ficou bom. Então peguei outro que apareceu na frente e não deu tempo de escolher uma bolsa combinando.
- Deve ser alguém da família... – sorri atendendo.
- Vou ver se está tudo certo por aí.
Pisquei para ele:
- Oi...
- Feliz aniversário, filha.
Senti o sangue fervendo dentro de mim e o meu coração disparando.
- Eu bloqueei você. – falei.
- Não pode bloquear seu pai, bebê.
- Como sabia que era meu aniversário.
- Porque sou seu pai... Esta é a explicação mais razoável, não acha?
- Não quero que me chame de filha.
- E eu não quero que me bloqueie nos seus contatos, bebê.
- Não sou bebê... Estou fazendo 27 anos. Ou seja, 26 anos que você não me ligou para dar os parabéns.
- Nunca é tarde, filha.
- Para você, é.
- Enfim, quero lhe desejar um ano de muito sucesso, afinal, seu sucesso é também o meu.
- Jamais... Não tenho nada a ver com você. Esqueça-me.
- É impossível um pai esquecer um filho, querida.
Se eu pudesse, me teletransportava pela linha telefônica e acabava com ele.
- Quero você longe de mim.
- Juntos para sempre, como deve ser um pai e uma filha.
Dizendo isso ele desligou. Dei alguns passos para longe de todos e liguei para a Polícia, anonimamente, e denunciei venda de drogas, dando o endereço dele. Eu não podia deixar assim... Ele estava tentando me amedrontar. Eu não deixaria ele acabar com a minha festa... Nem com a minha vida, como ele fez com a da minha mãe. E eu não falava do infarto... Eu me referia a ele ter entrado na vida dela.
- Tudo bem? – Otto perguntou, me dando um beijo no rosto.
- Tudo certo. – menti.
Ele me abraçou com carinho:
- Quero estar ao seu lado nos próximos aniversários. Assim como estive ao longo destes 22 anos.
- Estará sempre, pai. Obrigada por nunca me abandonar.
Ele riu:
- Por que eu abandonaria minha própria filha? Eu não seria louco de deixá-la, Juliet Franco.
Começamos a rir. Nicolas chegou com uma taça com um líquido escuro. Cheirei antes de beber:
- Coca cola?
Ele me olhou:
- Seria sua bebida favorita?
- Estou de dieta.
- Otto, o que faço com a sua filha? Confesso que às vezes tenho vontade de afogá-la no mar.
- Entre na fila, Nicolas. Eu mesmo já pensei em fazer isso... Mas daí olho para ela e sinceramente, só tenho vontade de abraçá-la.
- Isso é muito fofo, pai. – o abracei novamente. – E você não foi fofo, senhor perfeito. – reclamei enquanto ele pegou o refrigerante da minha mão.
- Bebe o que agora? Suco natural?
- Sim, ou água.
Ele pegou a taça e deu alguns passos e voltou, me encarando:
- Você tem algo para me contar, Juliet? - ele olhou para a taça.
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