Capítulo 115
1962palavras
2022-07-25 06:14
Acordar com Nicolas envolvendo com o próprio corpo era sempre maravilhoso. Tentei retirar o braço dele, que me apertou com mais força, impedindo-me de sair.
- Você está acordado, senhor perfeito? – perguntei, sem virar para ele.
Ouvi a risada abafada nos meus cabelos:
- Nem pensar que vou deixar você escapar.
- E quem disse que eu quero escapar?
Ele me virou de frente para ele:
- Não seria a primeira noite que você passou comigo e sumiu na manhã seguinte.
Passei a mão na barba crescia e bem feita, descendo por seu peito:
- Tem Otto, Lorraine... Todo mundo lá em casa.
- Aposto que eles sabem que você está aqui... E sobrevivem sem você no café da manhã. Hoje você vai ficar aqui, até eu enjoar de você...
Ele me apertou novamente contra seu corpo.
- Então vai enjoar de mim uma hora?
- Eu não terminei... Até eu enjoar de você... Ou seja, nunca.
- Gosto de acordar ao seu lado. – confessei.
- Gosto de fazer qualquer coisa ao seu lado, Juliet.
Ele tomou meus lábios de forma calma, num beijo sem pressa. Quando me largou, passei o dedo no seu lábio arroxeado:
- Alguém fez um estrago em você, senhor perfeito.
- Isso significa que minha namorada gozou intensamente esta noite.
Eu ri e levantei:
- Vou para o banho.
- Juliet, semana que vem faremos um evento no resort.
- Que evento? – perguntei curiosa.
- Será uma pequena comemoração com a empresa com a qual fechamos o contrato do comercial.
- Legal.
- Fazia tempo que não dávamos uma festa assim... Você vai gostar.
- A parte ruim é a presença de Joana. Não dá para você impedir?
- Posso tentar convencer Tom, mas acho difícil.
- Quer que eu tente?
- Nem pensar. Quero você longe de Tom.
- Ok.
Assim que sai do banho ele já estava vestido.
- Desço para o café da manhã com sua mãe usando uma camisola sexy ou só o roupão? – perguntei olhando o que eu havia usado quando cheguei, jogado no chão do quarto.
Ele me jogou uma calcinha nova e uma camisa branca:
- Acho que isso serve... Pelo menos para mim. – ele sorriu lascivamente, analisando meu corpo despido.
- Se você comprou calcinhas para mim, o que custava comprar algumas roupinhas? – brinquei.
- Não era intenção vê-la de roupa no meu quarto... Só de calcinha mesmo.
Ele me ajudou a abotoar a camisa, que ficou na altura dos meus joelhos:
- Um vestido. – ele riu.
Eu estava indo em direção à porta quando ele me pegou no colo.
- Nick... Eu já não tenho mais uma perna quebrada. – lembrei, enlaçando meus braços no pescoço dele, enquanto descíamos as escadas.
- Eu gosto de pegar você no colo... Isso é “nós”, entende?
Beijei levemente os lábios dele?
- Vai me deixar mal acostumada.
- Não mesmo... Não me importo de carregar você nos meus braços em todos os lugares... Minha baixinha.
Chegamos à sala de jantar e a mesa estava preparada para o café da manhã. E a mãe dele já sentada, fazendo o desjejum.
- Agora ela não anda com as próprias pernas? – ela falou sem olhar nos meus olhos.
Nicolas me desceu de seu colo gentilmente, puxando a cadeira para mim e sentando-se ao meu lado.
- Bom dia para você também, mamãe. Dormiu bem? – ele perguntou servindo uma xícara com leite quente.
- Se eu dormi bem? Só pode ser algum tipo de brincadeira. Ouvi gritos e gemidos a noite inteira. Então não, eu não dormi bem.
Olhei para ele, que segurou o riso e logo disse:
- Acho que está na hora de providenciar uma casa na Villa só para você, mãe.
- Não quero me separar de você, Nicolas.
- Não? – perguntei enquanto pegava o leite. – Então por que tantos anos fora, dona Maria Emília?
Nicolas pegou o leite da minha mão e disse:
- Estou fazendo seu café.
- Obrigada.
Ela largou os talheres e nos olhou:
- Como assim você está fazendo o café dela? A traz no colo, faz o café dela... Qual o próximo passo?
- Casamento e filhos. – eu sorri.
Ele me entregou a xícara de café:
- Muito leite, pouco café...
- E muito açúcar. – completei.
- Aposto que você não sabe como eu gosto do meu café. – ela reclamou.
- Realmente não, mãe. – ele deu de ombros. – Pare de se vitimizar.
- Vitimizar, Nicolas? E, respondendo sua pergunta, menina: eu só fui viajar. Não o abandonei. – ela me encarou furiosa.
- Ela não é “menina”. – Nicolas falou seriamente. – Eu já disse que não quero que a chame assim.
- Quer que eu a chame de “rainha do drama”? – ela perguntou sarcasticamente.
- Pode ser só Juliet. – eu disse. – Rainha do drama é só para ele.
- O que houve na sua boca? – ela perguntou olhando atentamente para ele.
Ele passou a mão no lábio:
- Não... Foi nada.
Ela me olhou com desdém:
- Gostaria de entender o motivo de ela deixar marcas em você. Isso é coisa de...
- Não termine o que você pensa em dizer. – ele levantou da mesa, furioso.
Senti meu coração bater intensamente e fiquei imóvel, me encolhendo um pouco. Era difícil ver Nick daquele jeito com alguém. Ele sempre era gentil, mesmo quando estava bravo. Mas naquele momento era diferente... Eu não reconheci aquele Nicolas... E ele estava daquele jeito por mim.
- Me desculpe. – disse Maria Emília fingindo humildade.
- Estou cheio disso. Não tem nada mais interessante para fazer a não ser provocar a minha mulher? Não entende que eu a amo?
- Ela não lhe faz bem... Eu digo isso como mãe.
- Ela não me faz bem? – ele riu ironicamente. – Ela é a única capaz de me fazer bem... Nada nem ninguém mais é capaz de disso.
- Nem eu? – ela arriscou.
- Nem você, mãe.
Ficamos os três em silêncio. O clima cada vez mais tenso.
- Acho que você me quer longe daqui, não é mesmo, Nicolas?
- A escolha é sua. Pode viajar ou mudar de casa. Decida você o quão longe prefere ficar.
Ele pegou minha mão. Peguei a minha xícara de café e sai com ele.
- O mundo se acaba, mas o café vem com você. – ele riu quando percebeu a xícara na minha mão.
- O café que você faz não pode ser desperdiçado. É igual o que a minha mãe fazia.
- Vamos terminar o café da manhã no resort?
- Que tal na minha casa?
- Café com a sua família é sempre uma boa opção. Desculpe não poder lhe oferecer a mesma hospitalidade e acolhimento que sua família sempre me deu.
- Ei, está tudo bem. Não precisa se desculpar. Logo este ciúme dela vai passar. Maria Emília vai ter que entender que eu sou uma pessoa boa, sincera, honesta, correta, inteligente... E que amo o filho dela.
Ele riu:
- Você não tem jeito, rainha do drama.
- Falei alguma mentira?
- Ainda acho que é hipócrita, dissimulada...
- Vingativa e convencida. – completei.
Ele passou o braço sobre meu ombro, me puxando para perto dele:
- Confesso que eu realmente achava isso tudo de você.
Eu ri:
- Está falando sério?
- Estou, rainha do drama. E nunca vou esquecer que você vomitou em mim depois de me pedir um beijo.
- Esqueça, Nick... Eu estava bêbada.
- Quase a beijei naquela noite.
- Que bom que não o fez... Eu teria esquecido completamente.
- Esperei a hora certa.
- Quase um ano... Não acho que isso foi certo. Achei que nunca fosse acontecer.
Ele me levantou, fazendo com que eu ficasse na altura do seu rosto. Olhos nos meus olhos e disse:
- Eu sabia que quando provasse seu beijo, ficaria completamente viciado.
Ele puxou meu lábio com os dentes, suavemente, me fazendo estremecer.
- E ficou... Assim como eu.
Puxei sua nuca e coloquei minha língua dentro da boca dele, num beijo intenso e cheio de desejo e amor. A xícara se espatifou no chão enquanto passei minhas pernas ao redor dele.
- Isso já é uma pouca vergonha.
Ele me soltou imediatamente quando ouviu Otto na porta.
- Me desculpe, Otto.
- Quando você vai casar com ela, Nicolas? – ele perguntou seriamente.
- Pai... – critiquei morrendo de vergonha.
- Posso casar hoje mesmo se ela quiser, Otto.
- Porra, que vergonha. – falei.
- Depois do que ouvi ontem, deve mesmo morrer de vergonha, mocinha. – Otto lembrou.
- Espero que tenha sido com relação a mim. – Nicolas me olhou, divertidamente.
- Foi sim. – disse Otto. – Agora entrem logo e deixem de pouca vergonha na frente de casa.
- Tem café pronto? – perguntei.
- Sim... Lorraine e Felipe ainda devem estar na mesa.
Exatamente uma semana depois, num sábado, era a tal festa no Paradise Resort, onde estariam reunidos os principais acionistas e os donos da empresa que foi contratada para o comercial.
Usei um vestido longo azul, com leve transparência, que tinha por baixo um outro em tom uva. Fiz uma escova e caprichei na maquiagem.
Felipe e Lorraine foram conosco.
A festa era um evento muito importante e badalada em Paraíso. Não era nada simples, como Nicolas havia me dito que seria, tampouco um pequeno evento. Havia muitas pessoas bem vestidas e a comida e bebida era de qualidade. Nicolas logo foi conversar com pessoas importantes que estavam ali e Felipe o acompanhou.
- Acho que eles se dão bem. – eu disse vendo que Felipe não parecia deslocado.
- Felipe nunca gostou de Tom. E Nicolas sempre fez questão de acolhê-lo. Eu acho que Nicolas é uma das poucas pessoas que ficou rico e não mudou. Ele continua sendo o mesmo garoto de anos atrás. – falou Lorraine. – O seu amigo que pagava a minha entrada.
- Eu tenho orgulho do que Nick conquistou.
- Quem não teria, não é mesmo? E eu tenho orgulho de você, Juliet. – ela me abraçou. – Por tudo que você passou e toda superação e amadurecimento que vejo hoje. Achei que você não o perdoaria depois do que houve na festa de Joana.
- Eu tentei não perdoá-lo... Mas não consegui. – confessei.
- Que bom que não conseguiu. Agora vamos nos divertir... Isso aqui é simplesmente perfeito.
O salão que foi reservado para o evento era todo de vidro fumê e ficava no prédio principal do resort. Tanto o Buffet quanto a decoração, clássica e minimalista, estavam perfeitos. Haviam dois lustres gigantescos de cristal que pendiam do teto espelhado. O chão era branco brilhante e apesar de tudo, não escorregava, deixando as mulheres de salto completamente seguras e à vontade.
Vi Tom entrando com Joana. Ele vestia terno e ela um longo vermelho. Aposto que ela achava que vermelho lhe caía bem. Ou contrabandeou tecido naquela cor e mandou uma costureira fazer vários vestidos, só com modelos diferentes. Os peitos dela duros e siliconados a precediam. Ela tinha uma cintura fina e a bunda bem arredondada. Os cabelos estavam presos e a maquiagem brilhava.
- Puta que pariu, vou ter que virar espumante no vestido dela. – disse Lorraine.
- Teria coragem?
- Claro que sim... E não esqueça, sou uma mulher grávida. Pode me dar uma leve tontura e cair tudo do meu copo... No peito dela.
- Então ela teria que ir embora, eu imagino.
- Agora ou depois?
- Vamos esperar uns minutos... Só para ela ter o gostinho de ver que está bom.
- Você quem manda, senhora Welling.